O Acompanhamento Terapêutico no Envelhecimento – interfaces entre Psicogerontologia e a clínica do AT
DOI:
https://doi.org/10.23925/2176-901X.2019v22i1p437-445Palavras-chave:
Acompanhamento Terapêutico (AT), Envelhecimento, Saúde Mental, Psicogerontologia.Resumo
O Acompanhamento Terapêutico (AT) é uma modalidade de atendimento clínico extra-consultório voltado àqueles que, por algum motivo, se encontram excluídos do laço social, por restrições de quadros emocionais ou limitações físicas. O AT constitui-se de um dispositivo de intervenção clínica desenvolvido no cotidiano do acompanhado, proporcionando reconstruções na relação entre o sujeito e seu meio social, considerando sua singularidade. Objetivamos articular a teoria da clínica do AT com a prática do acompanhamento através de um relato de caso, possibilitando reflexões acerca da importância desse dispositivo para a área da psicogerontologia. O idoso pode ser excluído e marginalizado por trazer em si os sinais da fragilidade que contradizem com os valores contemporâneos de nossa cultura, como a produtividade e a jovialidade. Um idoso que, além de suas características pertinentes à própria idade, traz também marcas de adoecimento psicológico, como esquizofrenia e depressão, carrega em si um estigma potencializado. Uma velhice vivida sob a perspectiva da loucura consiste em uma imagem social negativa que resulta na discriminação e isolamento social. O AT no contexto da psicogerontologia visa a proporcionar maior visibilidade e empoderamento à subjetividade de quem envelhece à margem do padrão aceitável de velhice. O estudo se realizou através de relato de caso de uma paciente idosa acompanhada em seu domicílio situado na zona norte de São Paulo, entre fevereiro de 2016 até o presente momento. A intervenção clínica através do AT possibilitou uma melhora emocional de seus sintomas depressivos e psicóticos, permitindo a retomada de tarefas domésticas e sua reinserção social.