O problema do tempo no romance modernista e nas narrativas populares
Abstract
Este trabalho faz uma análise sobre as diferenças existentes entre o tempo cronológico e o tempo interior. Na literatura, o tempo pode ser analisado sob essas duas perspectivas, mas a importância do tempo interior aumenta consideravelmente no romance modernista. Essa importância se deve ao fato de o tempo cronológico passar a ser visto, com o fim da visão transcendental da escolástica, apenas como um dos aspectos do tempo. Com isso, surgem novas percepções sobre o tempo, como o conceito de duração, de Bérgson (2005), que afirma o tempo como dependente da consciência. Ao adotar essas novas percepções sobre o tempo, a narrativa se torna mais voltada para o interior da personagem, procedimento que pode ser exemplificado pelo recurso do fluxo de consciência. Essa nova relação da literatura com o tempo revela também um retorno aos mitos como forma de se opor ao curso da história e à racionalidade do positivismo.