VIDA ZERO: reflexões sobre jouissance e frustração no hipercapitalismo
Palavras-chave:
hipercapitalismo, psicanalise, gozoResumo
O presente artigo tem como objetivo analisar o uso da palavra zero como signo capaz de exercer uma força sugestiva na cultura atual. Embora designe um número, tanto o uso do signo linguístico zero como o uso do símbolo matemático tem aparecido na publicidade de maneira crescente, como forma de fazer diversas sugestões, cuja aceitação tem consequências psíquicas para o sujeito contemporâneo. A fim de compreender como se dá essa influência, serão colocados em diálogo conceitos da semiótica e da psicanálise a partir da perspectiva de uma clínica da cultura destinada a colocar em foco alguns de seus sintomas.
Nesse sentido, o conceito peirceano de signo, especialmente o de ícone e seu modo peculiar de funcionamento no processo interpretante, é capaz de elucidar a forma como esse recurso publicitário sugestivo é captado e processado em diversos níveis pelo sujeito. Concomitantemente, as implicações e consequências da adesão a tais apelos podem ser compreendidas a partir dos conceitos psicanalíticos de jouissance (gozo) e de sua contraparte, a frustração. Ao deslindar essa semiose específica, espera-se viabilizar uma reflexão acerca de um estilo de vida cuja adoção tem se mostrado progressiva no contexto do capitalismo tardio, levando o sujeito a sintomatizar as consequências da falta de limites para a descarga libinal.
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