Psicanálise e política revolucionária

uma análise da "esquerda psicanalítica" de Freud a Lacan

Autores

  • Rubens Díodoro Ferreira Cardoso Universidade do Estado do Pará / Hospital de Clínicas Gaspar Vianna
  • Elisa Gonçalves Rodrigues Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) na Universidade Federal do Pará (UFPA)

DOI:

https://doi.org/10.23925/lf.v15i2.63306

Palavras-chave:

Psicanálise, Política, Revolução

Resumo

Este artigo examina a profícua interseção entre a política revolucionária e a psicanálise desde Freud até a "esquerda lacaniana". Investigamos as condições históricas e teóricas que permitiram a conjugação entre estes campos, tratando-se de uma análise na/da psicanálise. Entrelaçamos investigação teórica com o materialismo histórico-dialético, rastreando a evolução conceitual em jogo nesta relação, bem como os contextos sociais que possibilitaram a concepção de uma psicanálise politicamente revolucionária. Nutrimos a aposta de que reavivar as raízes populares da psicanálise poderá salvaguardá-la de derivar para a defesa do capitalismo liberal em cenários de crises políticas concretas.

Biografia do Autor

Rubens Díodoro Ferreira Cardoso, Universidade do Estado do Pará / Hospital de Clínicas Gaspar Vianna

Psicólogo e psicanalista. Residente do Programa de Atenção à Saúde Mental pela Universidade do Estado do Pará (UEPA) e Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FHCGV). Membro do Grupo de Pesquisa sobre Saúde Mental Contemporânea e suas Implicações na Saúde Pública da FHCGV.

Elisa Gonçalves Rodrigues, Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) na Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutoranda e Mestra em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) na Universidade Federal do Pará (UFPA), Psicanalista em formação pelo Corpo Freudiano - Seção Belém, e Graduada em Ciências Sociais (UFPA). É pesquisadora vinculada à Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC). Integra o Grupo de Pesquisa Antropologia das Paisagens: memórias e imaginários na Amazônia (NAVERRÂNCIAS) e o Grupo de Pesquisa Milagreiros, Santos Populares e lugares de devoção (ABEC). É líder do Grupo de Estudos em Antropologia da Morte (GEAM). Possui experiência na área de Ciências Sociais com ênfase em Antropologia. Desenvolve estudos e pesquisa nas áreas Cemiteriais, de Antropologia e Psicanálise, especialmente nos campos relacionados à Antropologia da Morte ou Mortuária, Antropologia das Emoções, Antropologia Urbana, Imaginário, Memória, Morte, Luto, ritos funerários e santos populares ou milagreiros.

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Publicado

2024-01-29