Religião e Política: análise dos possíveis intercâmbios e atravessamentos entre esferas supostamente antagônicas
Keywords:
Religião, PolíticaAbstract
Desde sua origem, a modernidade prenunciava a privatização do sagrado, a descentralização da religião, a secularização da cultura, o fim da tradição e do monopólio da fé, a liberdade de culto e o relativismo ético. O colapso da religião oficial tornou o Estado uma instituição secular, laica e plural, garantindo, assim, a diversidade simbólica e a liberdade de culto. A hegemonia religiosa e a universalidade moral foram fortemente contestadas em nome da laicidade estatal. Acreditava-se que, para preservar a democracia, seria imprescindível evitar o intercâmbio entre religião e política, mantendo ambos os fenômenos enraizados em seus territórios tradicionais. Contudo, nas sociedades contemporâneas, verifica-se o processo inverso: a religião e a política realizam constantes deslocamentos, que lhes permitem atravessar fronteiras permeáveis e ocupar territorialidades móveis. O breve ensaio discute as formas de articulação entre os campos religiosos e político, os desdobramentos do ingresso da religião na vida pública e, mais especificamente, as consequências para a democracia da presença dos evangélicos nas instituições políticas.