Diante do abismo: arte contemporânea e gesto
Palavras-chave:
atividade humana, gesto, arte contemporânea, Giorgio Agamben, AlientoResumo
Ao longo de sua obra, o filosófo italiano Giorgio Agamben mapeia as três dimensões nas quais a atividade humana pode ser compreendida – fazer, agir, gerir- para diferenciá-las e entender o estatuto de cada uma delas. A partir de um estudo arqueológico que remonta ao mundo grego, passa pela modernidade e culmina, finalmente, na relevância dessa diferenciação para a contemporaneidade, Agamben sanciona a tese de que é impossível aceder a uma nova política sem levar em conta como as principais categorias nas quais nos constituímos como seres políticos foram forjadas historicamente. Sendo assim, o presente artigo, ao recuperar a exposição de Agamben, investiga a implicação dessa distinção no que diz respeito à atividade artística, enquanto um exemplo eminente de todo fazer humano, a fim de compreender como a arte se mostra como um campo paradigmático para colocarmos em xeque nossas ações no mundo e repensarmos nossos próprios papéis sociais.Desse modo, pretende-se inferir como a formulação do conceito agambeniano de gesto – palavra que deriva do verbo latino gerere(gerir) – é fundamental para pensar a esfera mais própria da arte no mundo contemporâneo.Além disso, o conceito de gesto será exemplificado a partir de um estudo de caso da obra Aliento, do artista colombiano Oscar Muñoz, que consiste em uma série de espelhos circulares que, caso sejam soprados, apresentam fotografias retiradas de obtuários.Sendo assim, pretendo correlacionar o gesto do artista, a recepção do espectador e o fato da obra de arte só poder advir enquanto obra a partir do lugar limítrofe no qual estas três instâncias se situam, apontando assim para o fim do regime estético como modo de compreensão da arte.
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Cedo à revista Paralaxe os direitos autorais de publicação de meu artigo e consultarei o editor científico da revista caso queira republicá-lo depois em livro.