QUE PARTICIPAÇÃO É ESSA? DO INSTRUMENTALISMO LEGITIMADOR À AUTOPROMOÇÃO EMANCIPADORA

Resumo

Este artigo objetiva construir uma proposta de delimitação teórico-conceitual da noção de participação para o campo da Gestão Social. A justificativa para esse intento decorre da noção implícita e incompleta de participação derivada da perspectiva habermasiana, presente na teoria da ação comunicativa e na noção de esfera pública, adotada como fundamento teórico e epistemológico da Gestão Social, pelo menos por sua corrente mais representativa. A questão foi enfrentada pela via da complementação, trazendo elementos que preservassem a condição antitética e emancipadora da Gestão Social. Inicialmente, descerrou-se o caráter ideológico da participação como concebida pela mainstream organizacional e política. Após, optou-se, no esforço de complementação, por apresentar aprofundamentos coerentes com a obra de Habermas. Para tanto, usou-se de três expedientes. Na caracterização do modo de conceber essa participação mais explícita e abrangente, usou-se da chamada teoria clássica de participação, mediante as obras de Rousseau e John Stuart Mill. Na caracterização do modo de produzir a participação, explorou-se a obra de Demo (2001) e, na caracterização do modo de praticar a participação, inseriu-se a abordagem de Freire (2011). Ao final, construíram-se treze caracteres teórico-conceituais de orientação para a concepção, produção e prática da participação em contextos convergentes com a Gestão Social, desenvolvidos numa perspectiva de redução do conhecimento (Ramos, 1965), como alternativa de entendimento do fenômeno, passível, portanto, de outras apreensões, aprofundamentos e desenvolvimentos, desde que concebidos na direção da autopromoção emancipadora.