GOVERNAMENTALIDADE, NEOLIBERALISMO E A CULTURA ORGANIZACIONAL COMO FERRAMENTA DE CONTROLE

Autores

  • Daiana Sarmento Silva Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
  • Alessandro Gomes Enoque Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
  • Alex Fernando Borges Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

DOI:

https://doi.org/10.23925/2237-4418.2019v34i2p3-22

Palavras-chave:

Foucault, Racionalidade, Cultura Organizacional.

Resumo

Este ensaio teórico tem, por objetivo principal, estabelecer uma relação entre a racionalidade neoliberal e o advento da gestão da cultura organizacional como uma ferramenta de controle indireto das condutas individuais, a partir da ideia de liberdade, que instaura uma nova governamentalidade empresarial (Foucault, 2008b). Para tanto, retomamos as mudanças históricas provocadas pela crise econômica da década de 70, que deram início a era neoliberal, com o intuito de analisar, a partir dos conceitos de Foucault (2008a, 2008b) de governamentalidade e do conceito de racionalidade (Dardot & Laval, 2016), o conceito de cultura organizacional.

Biografia do Autor

Daiana Sarmento Silva, Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Mestranda em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).  Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Alessandro Gomes Enoque, Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Professor Associado da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia do Pontal (PPGEP/PONTAL) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pós-Doutor em Sciences Humaines pela École des Sciences de la Gestion (ESQ) da Université du Québec à Montréal (UQAM). Doutor em Ciências Humanas (Sociologia e Ciência Política) pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (FAFICH/UFMG). Mestre em Administração de Empresas (Área de Concentração: Organizações e Recursos Humanos) pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (FACE/UFMG).

Alex Fernando Borges, Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Doutor em Administração no Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras (PPGA/UFLA). Professor Adjunto Nível II da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) - Faculdade de Ciências Integradas do Pontal (FACIP). Professor do Programa de Pós-Graduação em Administração da Faculdade de Gestão e Negócios/Universidade Federal de Uberlândia (PPGA/FAGEN/UFU).

Referências

Alcadipani, R. (2008). Dinâmicas de poder nas organizações: a contribuição da governamentalidade. Revista Comportamento Organizacional e Gestão, 14(1), 97-114.

Alvesson, M. (2007). Understanding organizational culture. London: Sage.

Anderson, P. (1995). Balanço do neoliberalismo. In: E. Sader & P. Gentili (Orgs.). Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra. (pp. 09-23).

Antunes, R. (1997). Adeus ao Trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade no mundo do trabalho. Campinas: Cortez.

Antunes, R. (2000). Os sentidos do trabalho. Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo.

Antunes, R. (2017). A fábrica da educação: da especialização taylorista à flexibilização toyotista. São Paulo: Cortez.

Barbosa, L. N. H. (1996). Cultura administrativa: uma nova perspectiva das relações entre antropologia e administração. Revista de Administração de Empresas, 36(4), 06-19.

Becker, G. S. (1964). Human capital: a theoretical and empirical analysis, with special reference to education. Chicago: The University of Chicago Press.

Boltanski, L., & Chiapello, È. (2009). O novo espírito do capitalismo. São Paulo: Martins Fontes.

Carrieri, A, Cavedon, N. R., & Leite da Silva, A. R.. (2008). Cultura nas organizações: uma abordagem contemporânea. Curitiba: Juruá.

Chanlat, J. F. (1994). O Indivíduo na Organização: dimensões esquecidas. V.3. São Paulo: Editora Atlas S.A.

Costa, I. S. A., & Campos, A. M. M. (2003). Pós-modernismo e teoria organizacional: um ensaio bibliográfico. Revista de Administração Pública, 37(3), 627-639.

Costa, S. S. (2009). Governamentalidade neoliberal, Teoria do Capital Humano e empreendedorismo. Revista Educação & Realidade, 34(2), 171-186.

Cuche, D. (1999). A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru: EDUSC.

Cunha, J. V. A., Cornacione Jr., E. B. & Martins, G. A. (2008). Pós-graduação: o curso de doutorado em ciências contábeis da FEA/USP. Revista Contabilidade & Finanças,(19) 48 , 6-26.

Daft, R. L. (2003). Organizações: teorias e projetos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning.

Dardot, P, & Laval, C. (2016). A nova razão do mundo: ensaios sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo.

Du Gay, P. (1991). Enterprise culture and the ideology of excellence. New Formations, 13(1), 45-61, 1991.

Fimyar, O. (2009). Governamentalidade como Ferramenta Conceitual na Pesquisa de Políticas Educacionais. Educação & Realidade, 34 (3), 35-45.

Foucault, M. (2008a). Nascimento da Biopolítica. Curso dado no Collège de France (1978-1979). Martins Fontes: São Paulo.

Foucault, M. (2008b). Segurança, Território, População. Curso dado no Collège de France (1977 - 1978). São Paulo: Martins Fontes.

Freitas, M. E. (2007). Cultura organizacional: evolução e crítica. São Paulo: Thomson Learning.

Geertz, C. (1978). A interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar.

Gordon, C. Governamentality. (1991). In: G. Burchell, C. Gordon, & P. Miller (Orgs.). The Foucault effect: studies in governamentality. Chicago: The University of Chicago Press.

Hamann, T. (2012). Neoliberalismo, governamentalidade e ética. Ecopolítica, 3(1), 99-133.

Harvey, D. (1992). A condição pós-moderna. São Paulo: Loyola.

Hayek, F. (1994). The Road to Serfdom. Chicago: The University of Chicago Press.

Leite-da-Silva, A.R. et al. (2006). Contradições gerenciais na disseminação da "cultura corporativa": o caso de uma estatal brasileira. Revista de Administração Pública, 40(3), 357-384.

López-Ruiz, O. (2009). O consumo como investimento: a teoria do capital humano e o capital humano como ethos. Mediaciones, 14(2), 217-230.

Machado, L. R. S. (1996). Racionalização produtiva e formação no trabalho. Trabalho & Educação, 0(2), 41-61.

Martin, J., & Frost, P. (2001). Jogos de guerra da cultura organizacional: a luta pelo domínio intelectual. In: S. Clegg, C. Hardy, & W. R. Nord. (Orgs.). Handbook de estudos organizacionais: reflexões e novas direções. São Paulo: Atlas. (pp. 219-251).

Mascarenhas, A. O. (2002). Etnografia e cultura organizacional: uma contribuição da antropologia à administração de empresas. Revista de Administração de Empresas, 42(2), 88-94.

Mendes, C. & Lima, G.P.C. (2015, outubro). Neoliberalismo, Capital Humano e Currículo. Anais da 37ª Reunião Nacional da ANPED, Florianópolis, SC, Brasil, 37.

Meyerson, D., & Martin, J. (1987). Cultural change: an integration of three different views. Journal of Management Studies, 24(6), 623-647.

Mils, T., Boylstein, C.A., & Lorean, S. (2001). ‘Doing’ Organizational Culture in the Saturn Corporation. Organization Studies, 22(1), 117-143.

Ortega, F. (2002). Genealogias da Amizade. São Paulo: Iluminuras.

Ouchi, W. G., & Wilkins, A. L. (1985). Organizational culture. Ann. Rev. Social., 11(2), 457-483.

Santos, L. G. (2007). Apresentação. In: López-Ruiz, O. (Org.). Os executivos das transnacionais e o espírito do capitalismo: capital humano e empreendedorismo como valores sociais. Rio de Janeiro: Azougue Editorial. (pp. 11-21).

SANTOS, G. S. C. dos (2017). A cultura organizacional como forma de controle invisível nas organizações modernas e pós-modernas. Revista Espaço Acadêmico, 17(194).

Schein, E. H. (2001). Guia de Sobrevivência da Cultura Corporativa. Rio de Janeiro: Ed. Jose Olímpio.

Schultz, T. W. (1959). Investment in man: an economist view. The Social Service Review, 32(2), 109-117.

Smircich, L. (1983). Concepts of culture and analysis organizational. Administrative Science Quartely, 28(3), 339-358.

Sousa, J. S. (2003). A “nova” cultura do trabalho e seus mecanismos de obtenção do consentimento operário: os fundamentos da nova pedagogia do capital. In: R. L. Batista, R. L., & R. Araújo. (Org.). Desafios do trabalho-Capital e luta de classes no século XXI. Londrina: Práxis.

Souza, S. P., & Barros, M. E. B. (2012, maio). Governamentalidade de empresas e saberes da administração. Anais do VII Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD, Curitiba, PR, Brasil, 07.

Spínola, V. (2004). Neoliberalismo: Considerações acerca da origem e da história de um pensamento único. Revista de Desenvolvimento Econômico, 6(9), 104-114.

Willmott, H. (1993). Strength is ignorance, slavery is freedom: managing culture in modern organizations. Journal of Management Studies, 30(4), 199-239.

Wright, S. (1994). “Culture” in anthropology and organizational studies. In: Wright, S. (Org.). Anthropology in organizations. London: Routledge.

Downloads

Publicado

2019-12-31