A função da partícula δe como conjunção copulativa no processo narrativo da perícope de at 2,1-13 e sua função pragmática
The function of the particle δe as a copulative conjunction in the narrative process of the pericope of at 2,1-13 and its pragmatic function

João Claudio Rufino
Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Professor de Teologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Contato: 
jclaudiorufino@hotmail.com


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Resumo: Este artigo apresenta, sob uma perspectiva do método da pragmática linguística, de que maneira a partícula δέ é utilizada como conjunção copulativa no processo narrativo de At 2,1-13, contribuindo tanto em sua cadência, como também na construção do processo da estratégia do autor cuja finalidade consiste em performar, colocando as bases para a condição de fortuna, em sua linguagem na afirmação da existência de uma nova realidade inaugurada com o evento de Pentecostes.

Palavras-chave: Atos dos Apóstolos; conjunção; Pentecostes

Abstract: This article presents, from a linguistic pragmatic method perspective, how the δέ particle is used as a copulative conjunction in the narrative process of Ac 2,1-13, contributing both in its cadence, as well as in the construction of the process of the strategy of the author whose purpose is to perform, laying the foundations for the condition of fortune, in his language in the affirmation of the existence of a new reality inaugurated with the Pentecost event.

Keywords: Acts of the Apostles; conjunction; Pentecost

Introdução

Muitas vezes, a função partícula δέ é negligenciada, no que tange à sua função num discurso de língua grega, sobretudo, na koiné, no Novo Testamento, visto que, em muitos estudos bíblicos acadêmicos, apenas é feita sua tradução. No presente artigo, elucidarei sua função copulativa, apresentando como exemplo de que maneira o texto de At 2,1-13, a perícope que narra a primeira parte do evento de Pentecostes, a utiliza de a modo a dar maior clareza à estratégia comunicativa empregada pelo autor, trazendo à tona sua função pragmática.

A diferença de função das conjunções “καi” e “δe” nos discursos

De acordo com RUNGE, as conjunções – as pequenas partículas usadas para juntar cláusulas – consistem em palavras que não transmitem significado da mesma maneira que substantivos ou verbos; mas, expressam funções, instruindo os leitores a relacionar duas partes de um determinado discurso[1].

Diante disso, é importante ressaltar que, em grego, a distinção significativa entre καί e δέ não é continuidade e/ou descontinuidade, mas desenvolvimento temático. Δέ sinaliza que o que se segue é o próximo passo ou segmento no enredo ou argumento.

De acordo com o BDAG, δέ é usado para conectar uma cláusula a outra, para expressar contraste ou continuação simples. Quando se sente que existe algum contraste entre cláusulas - embora o contraste seja frequente, mas dificilmente discernível - a tradução mais comum é 'mas'. Quando um conectivo simples é desejado, sem que o contraste seja claramente implícito, 'e' será suficiente e, em certas ocorrências, o marcador pode ficar sem tradução[2].

A descrição da função de δέ, exposta acima, é muito próxima da de καί. Porém, δέ se difere por sinalizar um novo desenvolvimento. Ele aponta que há uma transição; alerta o leitor para que esteja ciente de que há uma mudança. Portanto, dentro de um processo narrativo ou argumentativo, o que lê o texto sabe que começará um novo pedaço. Então, δέ, simplesmente, marca uma nova etapa, um novo passo, um novo desenvolvimento.

Assim, existem autores que apresentam a função narrativa e/ou argumentativa de δέ, da seguinte forma:

A função básica dessa partícula conectiva pós-positiva é indicar "uma mudança para um novo segmento de texto distinto". Ele pode conectar cláusulas e / ou sentenças ao passar para um novo ponto ou argumento, ou um novo passo em uma história. Geralmente, é melhor não traduzido. Δέ apodótico não tem função conectiva sintática, mas sua função básica é a mesma. (VAN EMDE BOAS, RIJKSBARON, et al., 2019)

Diante disso, é importante ressaltar que, ao utilizar δέ, o autor faz uma escolha significativa. Se o leitor-ouvinte estiver tentando entender a intenção do autor, esse dispositivo como marcador de desenvolvimento merece atenção. Por isso, demonstrarei que dentro da narrativa do evento de Pentecostes, em At 2,1-13, o autor emprega δέ por cinco vezes (cf. At 2,5.6.7.12.13), com uma intenção muito clara.

Isso é particularmente verdadeiro no que tange à estratégia comunicativa do autor de Atos dos Apóstolos. Em sua obra, estatisticamente, o δέ é usado para introduzir algo “distinto”. 90% dos exemplos denotam uma mudança no cenário temporal ou uma mudança no “sujeito subjacente”. Os 10% restantes denotam uma mudança de participantes, um “retorno à história da narrativa, após um comentário de fundo” ou vice-versa, uma mudança nas circunstâncias e uma mudança no cenário espacial, de acordo com LEVINSOHN (1987).

Análise da utilização da conjunção (δέ) em at 2,1-13

Partindo do pressuposto de que a conjunção δέ consiste numa marca do desenvolvimento narrativo, At 2,1-13 está organizado em seis momentos de progressão (cf. At 1,12-2,4; 5.6.7.12.13).

ΔΈ na primeira parte da narrativa de At 1,12-2,4

O primeiro instante constitui-se de At 1,12-2,4. Embora At 2,1 tenha seu início com a expressão temporal Καὶ ἐν τῷ συμπληροῦσθαι τὴν ἡμέραν τῆς πεντηκοστῆς – o que marca o início de uma nova perícope –, dentro da estratégia narrativa do autor de Atos, parece haver um bloco maior que está sendo desenvolvido desde At 1,12, o que se constata pela utilização do advérbio τότε, que por sua vez, marca o início de um novo conjunto textual narrativo.

É importante ressaltar que os advérbios temporais também são usados como marcadores de desenvolvimento no Novo Testamento Grego, particularmente em Mateus e Atos, de acordo com RUNGE (2010). Portanto, trata-se, aqui, do τότε narrativo.

Na obra clássica A Greek Grammar of the New Testament and Other Early Christian Literature, Blass, Debrunner e Funk citam At 1,12 para exemplificar o emprego do advérbio τότε como partícula conectiva e que marca o desenvolvimento narrativo de um novo bloco. Nesse sentido, sua função se parece com a da conjunção δέ[3]. Apenas para constar, a Bíblia de Jerusalém, por exemplo, traduz τότε como “então”.

Assim, em sua estratégia comunicativa, o foco do narrador deixa de ser os eventos da última conversa de Jesus com os discípulos e de sua subida aos céus, ocorridos no Monte das Oliveiras (cf. At 1,6-11.12) e se volta para dentro da sala de cima (cf. At 1,13), para todos os acontecimentos que ali se sucederam: a perseverança na oração (cf. At 1,14); a substituição de Judas (cf. At 1,15-26); e, por fim, a chegada do dia de Pentecostes e a descida do Espírito Santo (cf. At 2,1-4).

O sintagma preposicional εἰς τὸ ὑπερῷον ἀνέβησαν de At 1,13b, ressalta o fato de que a atenção do leitor-ouvinte deve estar voltada para o interior da sala de cima. Além disso, a oração subordinada temporal καὶ ὅτε εἰσῆλθον (cf. At 1,13a) que antecede ao sintagma referido reforça justamente esse enfoque do autor.

A utilização de δέ em at 2,5

Ao antecipar o adjunto adverbial de lugar εἰς Ἰερουσαλὴμ e ao situa-lo logo depois de δέ, alterando assim a ordem sintática direta das orações na língua grega, em At 2,5, o narrador alerta ao leitor-ouvinte de que seu foco deve se voltar para o que está fora da sala de cima, mais especificamente para o seu entorno, a cidade de Jerusalém.

Ademais, o leitor-ouvinte é direcionado, em sua atenção, para quem estava em Jerusalém, no dia de Pentecostes: “judeus piedosos, homens oriundos de todas as nações que existem debaixo do céu”. Essa informação será retomada em v.6b (multidão) e de forma mais especificada na lista dos vv.9-11.

Diante disso, a utilização de δέ, no v.5, constitui-se como uma abertura para o próximo bloco da narrativa, correspondente ao modo como as pessoas reagiram à ação do Espírito Santo dentro da sala de cima.

Isso está em consonância com o pensamento de TALBERT que afirma que as narrativas da obra lucana, em Atos, que tratam de intervenções divinas, seguem uma sequência determinada: primeiro, uma narrativa tipológica; segundo, um discurso que explana o sentido do evento; terceiro, um diálogo que responde a uma pergunta; e, por último, um sumário com os resultados dos eventos. Nesse caso, o v.1 situa o tempo e o local no evento; os vv. 2-4 relatam os eventos (audição, visão e ação); os vv. 5-13 explicam o ocorrido no v.4[4].

A utilização de ΔΈ no v.6

Mais uma vez, aparece a conjunção δέ na sequência narrativa, agora no v.6. Com isso, o autor chama a atenção do leitor-ouvinte para o fato de que “a multidão acorreu e ficou perplexa, pois cada um ouvia falar em seu próprio idioma”.

Nesse instante, o autor narra mais um evento milagroso, agora público, e a reação da multidão, utilizando uma construção sintática: o genitivo absoluto, uma oração reduzida de particípio genitivo anártrico, precedendo o verbo principal da sentença principal. Essa forma tem o valor pragmático de embasar a ação da oração principal, ou seja, é uma oração subordinada adverbial, nesse caso, temporal.

O genitivo absoluto constitui-se como uma oração participial que é composta por um particípio circunstancial no genitivo (γενομένης) e um elemento substantivo relacionado que concorda no caso (τῆς φωνῆς). Dessa maneira, a tradução do segmento v.6a pode ser: “tendo acontecido o ruído”. Ou ainda, pode seguir a lógica da oração reduzida de gerúndio: “acontecendo o ruído, a multidão se reuniu...” (v.6a). Além disso, a tradução em português também pode ser feita utilizando-se de uma oração reduzida de infinitivo: “ao acontecer esse ruído”. Fato é que, em todas as possibilidades de tradução, se enfatiza a antecipação dessa oração que tem a função de adjunto adverbial temporal.

A utilização do substantivo no caso genitivo pode enfatizar a origem do ruído. Ela não surgiu dos que estavam dentro da sala de cima, mas do céu. Trata-se, então, de um fenômeno oriundo de uma ação divina.

Assim, após a ação divina, a multidão, proveniente de diversas nações, foi reunida, tornando-se apta a ouvir em sua própria língua o que se dizia. A voz ouvida foi a de Deus. A reunião da humanidade acontecerá à medida que, pela ação do Espírito, todos ouçam a Palavra de Deus.

A utilização de δέ no v. 7

Aqui, δέ introduz o primeiro discurso direto dos que estavam presentes no evento, fora da sala de cima. O início da narrativa, formado pelos verbos de pano de fundo (ἐξίσταντο, ἐθαύμαζον e λέγοντες), pois estão, respectivamente, os dois primeiros no imperfeito e o terceiro no particípio, prepara o leitor-ouvinte para a constatação espantosa explicitada nos vv.7-11: os galileus falam e todos escutam em seu próprio idioma.

Lucas usa, nesse momento da narrativa, a multidão para fornecer uma perspectiva dramática ao evento; o leitor-ouvinte, agora, aprecia o efeito da intervenção divina sobre esses observadores. Para tal, o autor utiliza uma gama de fortes reações. A multidão ficou “confusa”, no versículo anterior (συγχέω, 2,6) e, agora, no v. 7, “surpresa” (ἐξίστημι, cf. Lc 2,47; 8,56; 24,22; At 2,12; 8,9.11.13; 9,21; 10,45) e “pasma” ou “admirada” (θαυμάζω, cf. Lc 1,21.63; 2,18.33; 4,22; 7,9; 8,25; 9,43; 11,14.38; 20,26; 24,12.41; At 3,12; 4,13; 7,31; 13,41).

O conjunto iniciado pelo δέ no v.7 é seguido pelos vv.8.9.10.11. Todos eles formam o conteúdo do discurso direto. A próxima conjunção δέ aparecerá apenas depois de encerrado esse bloco narrativo.

A utilização de δέ no v. 12

Mais uma vez, abrindo uma nova parte da narrativa, Lucas utiliza o δέ para enfatizar as reações de uma parte da multidão que aqui é chamada de “todos” (πάντες). Esse termo aparece por 3x (vv.1.4.7) e designa, ao longo do relato de Pentecostes, os que estavam no interior da sala de cima. De tal modo, o autor parece apontar para o fato de que esses têm maior propensão ao aceite do projeto de Deus, ao derramar o Espírito, do que aquela outra parte que será introduzida no v.13.

A utilização de δέ no v. 13

O v.13 tem seu início também com a antecipação do termo ἕτεροι (outros), seguido de δέ. Trata-se, portanto, aqui, mais uma vez, de um novo bloco narrativo. O foco do leitor-ouvinte, agora, deve ser direcionado aos que zombaram dos discípulos. 

O autor chama a atenção do ouvinte-leitor para o fato de que, nesse momento, a multidão ficou dividida. Esse é, para os Atos dos Apóstolos, um motif comum em outros lugares do relato (cf. 14,1-2; 17,12-13.32; 19,9; 28,24). Uma parte dos que veem alguma manifestação divina ou alguma ação missionária entende ou quer entender; a outra, zomba.

Palavras finais

O contexto no qual todos esses fatos de At 2,1-13 ocorrem consiste na promessa do Ressuscitado do derramamento do Espírito, em At 1,8; na restauração de Israel, dentro de uma perspectiva simbólico-teológica da reconstituição dos doze; e na dinâmica interna, propriamente dita, da sala de cima, um ambiente privado, no qual os discípulos, se encontram perseverantes, unânimes, em oração. Por tudo isso, o ato performativo de que algo novo se inaugurou, um tempo diferente do que se vivia, no qual todas as nações, a partir de Israel, da nova aliança em Cristo, são alcançadas pela graça salvadora de Deus, podendo ouvir as maravilhas Dele, em sua própria língua, é posto dentro de um processo de progressão. Assim, esse novo período da histórica começa a partir de Israel e se expande para toda a humanidade. Em tudo isso, a conjunção δέ é utilizada para marcar essas fases.

A condição de fortuna[5] da instauração de um novo tempo de extensão da aliança a todos os povos, em Cristo, está calcada no procedimento convencional da festa de Pentecostes, na qual era celebrada a entrega da Lei e, portanto, a aliança[6]. Além disso, também, na própria ação divina. O vento veio do céu (2,2), encheu o lugar onde os discípulos se encontravam (2,2), encheu-os do Espírito (2,4), fomentando que eles falassem em outras línguas, conforme o Espírito (2,4). Ou seja, não se trata de uma força humana.

A continuidade da narrativa, o discurso de Pedro (cf. At 2,14-36), terá como contexto e elemento de condição de fortuna toda essa progressão (cf. At 2,1-13).

A segunda condição para a fortuna de que um novo tempo se instaurou consiste, justamente, e isso é mostrado na progressão narrativa, marcada pela conjunção δέ, na participação efetiva de todos os que se encontravam em Jerusalém, pois “cada um” (ἕκαστος) da multidão – esse adjetivo que foi ressaltado, por Lucas, três vezes (vv.3.6.8) – ouvia os discípulos em sua própria língua (v.6.8). Portanto, há uma confirmação dos partícipes.

A terceira condição que está posta como garantidora da fortuna do enunciado de que um novo tempo de cumprimento da promessa de derramamento do Espírito Santo ocorreu, inaugurando a nova aliança estendida às nações, em sua totalidade, é que os participantes se comportaram conforme o ato realizado. Na continuidade narrativa, sobretudo depois do discurso petrino, em At 2,37, os que lá estavam sentiram o coração traspassado, perguntaram o que deviam fazer e passaram a compor o grupo da nova aliança (cf. At 2,41).

A partir do que foi exposto, por fim, é preciso sempre se ter no horizonte, quando se lê a obra lucana, a perspectiva de que o relato é embebido de um tônus histórico. Lucas pretendia transmitir ao Teófilo uma narrativa dos fatos com provas incontestáveis. O ouvinte-leitor, portanto, ao tomar conhecimento da história faz a experiência de, situando-se nela, crer que se encontra no período inaugurado e que a Igreja, o Novo Israel, em Cristo, agora atuante, leva a cabo a missão da propagação da Palavra de Deus até os confins do mundo.

Referências

ARNDT, W.; DANKER, F. W. . B. W.; GINGRICH, F. W. A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature. Chicago: University of Chicago Press, 2000.

BLASS, F.; DEBRUNNER, A.; FUNK, R. W. A Greek Grammar of the New Testament and Other Early Christian Literature. Chicago: University of Chicago Press, 1961.

BRUCE, F. F. The Book of the Acts, The New International Commentary on the New Testament. Grand Rapids: Eerdmans Publishing Co., 1988.

CONZELMANN, H. Acts of the Apostles: A Commentary on the Acts of the Apostles: Hermeneia — a Critical and Historical Commentary on the Bible. Philadelphia: Fortress Press, 1987.

FITZMYER, J. A. The Acts of the Apostles: A New Translation with Introduction and Commentary Anchor Yale Bible. New Haven; London: Yale University Press, v. 31, 2008.

LEVINSOHN, S. H. Textual connections in Acts. Atlanta: Scholars Press, v. 31, 1987. 187 p.

OBARA, E. M. Las acciones lingüísticas: el influjo del texto sobre el contexto. In: GRILLI, M.; GUIDI, M.; OBARA, E. M. Comunicación y Pragmática en la Exégesis Bíblica. Navarra: Editorial Verbo Divino, 2018. p. 77-104.

RUNGE, S. E. Discourse Grammar of the Greek New Testament: A Practical Introduction for Teaching and Exegesis. Bellingham: Lexham Press, 2010.

TALBERT, C. H. Reading Acts: A Literary and Theological Commentary on the Acts of the Apostles. Macon: Smyth & Helwys Publishing, 2005.

VAN EMDE BOAS, E. et al. The Cambridge grammar of classical Greek. Cambridge: Cambridge University Press, 2019.

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Notas 

[1] RUNGE, S. E. Discourse Grammar of the Greek New Testament: A Practical Introduction for Teaching and Exegesis, p. 28.

[2] ARNDT, W. et al. A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature, p. 213.

[3] BLASS, F. et al. A Greek Grammar of the New Testament and Other Early Christian Literature, §459 (2).

[4] TALBERT, C. H. Reading Acts: A Literary and Theological Commentary on the Acts of the Apostles, p. 23.

[5] Aqui, condição de fortuna constitui-se como o conjunto de elementos que asseguram o bom resultado de um enunciado performativo. Para maiores informações sobre esse conceito, consultar OBARA, E. M. Las acciones lingüísticas: el influjo del texto sobre el contexto, pp. 77-104.

[6] Embora os registros de que a festa de Pentecostes celebre a entrega da Lei no Sinai ao povo hebreu não apareçam nas Escrituras, é possível que já tenham existido tradições orais e escritas veiculadoras dessa concepção no período no qual Lucas escreve Atos dos Apóstolos. Para um maior aprofundamento, consultar BRUCE, 1988, pp. 49-50; FITZMYER, 2008, p. 233; CONZELMANN, 1987, p. 16.