Editorial


Voltar ao Sumário


Prezados   leitores, apresentamos o novo número da REVELETEO, cujos artigos apresentados trazem contribuições profícuas ao campo bíblico-teológico. O artigo “A fisiologia da revelação: representação, causalidade e movimento na exegese bíblica hobbesiana” de Luiz Felipe Sousa Santana, aborda a questão da exegese hobbesiana não como um exercício dissimulado que procura mascarar sua filosofia política, mas sim, como uma consequência de uma epistemologia que tem num corpo contíguo e em movimento a única causa de todas as representações. Para o autor, não há representação que não dependa do percurso fisiológico das imagens na mente e da causalidade natural e mecanicamente determinada. Neste sentido, mesmo que as Escrituras sejam inspiradas, elas não escapam dos elementos que conduzem sua Philosophia Prima. Sendo assim, a hermenêutica bíblica de Thomas Hobbes é adestrada por seu corporalismo radical e estabelece os paradigmas de sua exegese sub ratione materiae

Jungley de Oliveira Torres Neto, em “O princípio de jogo na hermenêutica de Gadamer: abertura à experiência”, pretende a partir da hermenêutica desenvolvida pelo filósofo Hans- Georg Gadamer, investigar o conceito de jogo e sua relação com a concepção de hermenêutica além do âmbito epistemológico, mais precisamente, em seu âmbito ontológico, através da noção de jogo. Para o autor, a partir da hermenêutica de Gadamer é possível pensar não somente epistemologicamente, mas de modo ontológico, caminho para compreensão, onde toda problemática surge e se percute. 

Carlos Eduardo, em “O Autônomo no pensamento de Santo Tomás de Aquino: uma resposta à leitura de Francis Schaeffer”, reflete acerca de uma concepção atinente ao pensamento de Santo Tomás de Aquino, conforme exposta nas obras de Francis Schaeffer, mormente em seu livreto, A Morte da Razão. Concepção essa que perpassa não apenas a trilogia à qual pertence esta obra, mas a todo o pensamento do autor em questão. Para o autor, pode-se dizer que Francis Schaeffer advoga encontrar na obra de Santo Tomás de Aquino a ideia de uma autonomia da razão, mas não apenas isso, e sim uma autonomia da razão frente ao problema soteriológico. 

Anderson Nunes de Carvalho Vieira, Cassia Patrícia da Costa Aguiar e Elisangela da Silva Carneira, em “A imutabilidade do Deus Altíssimo: Uma visão comparativa deste seu atributo nas perspectivas dos escritos do profeta Malaquias e do escritor à carta aos Hebreus”, versam sobre a imutabilidade do Deus Altíssimo, por meio do Deus Pai e do Deus Filho, numa visão comparativa entre os escritos do Livro do Profeta Malaquias e da Epístolas aos Hebreus. 

João Cláudio Rufino, em “A função da partícula AE como conjunção copulativa no processo narrativo da perícope de At 2, 1-13 e sua função pragmática”, apresenta, sob uma perspectiva do método da pragmática linguística, de que maneira a partícula δέ é utilizada como conjunção copulativa no processo narrativo de At 2,1-13, contribuindo tanto em sua cadência, como também na construção do processo da estratégia do autor cuja finalidade consiste em performar, colocando as bases para a condição de fortuna, em sua linguagem na afirmação da existência de uma nova realidade inaugurada com o evento de Pentecostes. 

Nilton Rodrigues Junior, em “Sobre Guerras e Inimigo”, afirma que a etnologia indígena vem observando entre os indígenas brasileiros que há uma narrativa acerca de inimigos e guerras. No pentecostalismo e neopentecostalismo há um forte apelo a ideia da batalha espiritual, tanto do ponto de vista teológico, mas, principalmente, comportamental. O objetivo do autor é utilizar-nos dos conceitos etnológicos para compreender o fenômeno da batalha espiritual. 

Por fim, esta edição apresenta uma resenha. Sergio Alejandro Ribaric, recenseia o Livro “Vocabulário Teológico, Teologia Patrística” de Antônio Bogaz, afirmando que o autor navega com maestria sobre todos esses campos o que torna cada encontro com sua obra, um momento de conhecimento onde é possível perceber a amabilidade ímpar, característica já bem conhecida dos paroquianos da Nossa Senhora Achiropita - Região Episcopal Sé, SP, na qual é (também!) pároco. A leitura deste volume da série “Vocabulário teológico” das Paulinas torna-se, portanto, necessária e imprescindível.

Esperamos que os artigos apresentados sejam bem aproveitados no debate teológico e ajudem a despertar o interesse pela investigação científica como meio de crescimento pessoal e acadêmico.

 

Desejamos uma boa leitura.

Equipe de edição.