“Taís recusa-se a tirar a roupa”

Disputas de sentido e representações em torno da Xica da Silva na televisão

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.23925/2176-2767.2024v80p108-134

Mots-clés :

Xica da Silva, representação, televisão, personagem

Résumé

O artigo propõe uma análise da construção da Xica da Silva na televisão a partir das disputas de sentido e representação da personagem nos anos 1990. Para isso, recorre à imprensa que, ao mesmo tempo em que é o campo desse debate, evidencia as expectativas em como essa Xica da Silva se comportaria. Nesse sentido, Taís Araújo, Walter Avancini e Walcyr Carrasco reivindicam essa Xica da Silva que, além das demandas do tempo em que a novela foi produzida, deveria mediar também os atributos que fizeram sua história tão famosa.

Bibliographies de l'auteur

Rhayller Peixoto, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro vinculado à linha de pesquisa Mídias e Mediações Socioculturais (2022 - presente). É Mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e graduado em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas (2020). É membro do NECHS - Núcleo de Estudos em Comunicação, História e Saúde, atuando na linha de pesquisa "História das produções comunicativas sobre saúde", que investiga as representações do passado, do presente e do futuro, o lugar da mídia na organização social e a historicidade das figurações da saúde nas tramas comunicacionais. Participa do OBITEL - Brasil (Rede Brasileira dos Pesquisadores de Ficção Televisiva) e do Grupo de Pesquisa em Televisão e Televisualidades da Intercom. Tem interesse nas áreas de telenovela, história da televisão, ficção seriada, raça e streaming.

Igor Sacramento, Universidade Federal do Rio de Janeiro

É doutor (2012) e mestre (2008) em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ), tendo realizado estágio pós-doutoral na mesma instituição. É pesquisador do Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Laces/Icict/Fiocruz) e professor do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGCOM/UFRJ). Na UFRJ, atua também como pesquisador do Núcleo de Estudos e Projetos em Comunicação (NEPCOM/ECO/UFRJ) e como coordenador da linha de pesquisa Mídia e Mediações Socioculturais do PPGCOM. Na Fiocruz, trabalha como editor científico da Revista Eletrônica de Comunicação, Informação Inovação em Saúde (RECIIS), como professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS) e como coordenador do curso de especialização em Comunicação e Saúde (CS),

Références

ABREU, G. F. de. É difícil como o que? Escravidão e usos públicos do passado nas telenovelas Escrava Isaura (1976) e Xica da Silva (1996). Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em História. Porto Alegre, 2018.

ADAMATTI, M. M. Crítica de cinema e patrulha ideológica: o caso Xica da Silva de Carlos Diegues. Revista Famecos, v. 23, n. 3, p. ID23120, 7 jul. 2016.

BAKHTIN, M. Problemas da poética de Dostoiévski. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.

BOURDIEU, P. “Campo intelectual e projeto criador”. In: POUILLON, J. (org.). Problemas do estruturalismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1968. p. 105-145.

BORGES, R. da S. Mídias, racismos e representações do outro: ligeiras reflexões em torno da imagem da mulher negra. In: BORGES, R. da S. Mídia e racismos, negras e negros: pesquisas e debates. Rio de Janeiro: Petrópolis, 2012.

CALEIRO, R. C. L.; NASCIMENTO, V. A. Chica que manda: história e literatura no mundo das representações de Agripa Vasconcelos. História & Perspectivas (Online), v. 5, p. 217-253, 2011.

CHARTIER, R. O mundo como representação. Estudos Avançados, São Paulo, v. 5, n. 11, abril 1991.

FERRO, M. Historia Contemporánea y Cine. Barcelona: Ariel, 1995.

FURTADO, J. F. Chica da Silva e o contratador — o outro lado do mito. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

GUIMARÃES, A. S. A. Nacionalidade e novas identidades raciais no Brasil: uma hipótese de trabalho. In: SOUZA, J. (org.). Democracia hoje: novos desafios para a teoria democrática contemporânea. Brasília, Universidade de Brasília. 2001, p. 387-414.

KORNIS, M. Cinema, televisão e história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

LAURETIS, T. de. Alice doesn’t: feminism, semiotics, cinema. Bloomington: Indiana University Press, 1984.

MITCHELL, J. Imagining the Mulatta: Blackness in U.S. and Brazilian Media. Urbana, IL: University of Illinois Press, 2020.

MOURA, C. O negro – de bom escravo a mau cidadão. Rio de Janeiro: Conquista, 1987.

MULVEY, L. Prazer Visual e Cinema Narrativo. In: XAVIER, I. A Experiência do Cinema. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983.

NASCIMENTO, V.; FERNANDES, T. R. Chica da Silva e o Mito da Democracia Racial a partir dos romances de Paulo Amador e João Felício dos Santos. Revista Parajás, v. 02, p. 27-48, 2019.

NWABASILI, M. Além do que se vê: Xicas da Silva e os signos ideológicos. XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), São Paulo, 2016.

NWABASILI, M. Carnaval, carnavalização e discursos de representação negra no Brasil na construção estética e narrativa do filme Xica da Silva. Revista Transversos. Rio de Janeiro, n. 19, ago. 2020.

REYNA, C.; EIRAS, R. Carnavalização e a representatividade equivocada da mulher negra em Xica da Silva. Revista Teoria e Cultura. v.15 n. 3. dezembro 2020.

RIBEIRO, A. P. G.; GUIMARÃES, B.; ANTUNES, E. Linguagem, sentido e contexto: considerações sobre comunicação e história. Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia, vol. 24, núm. 3, setembro-dezembro, 2017.

RODRIGUES, F. O nu feminino no cinema: uma estratégia sensível. Baleia na rede, v. 5, p. 198-204, 2008.

SANTOS, F. B. dos. Estado e movimentos sociais negros (1980-2010). Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 10, n. 25, p. 144 - 182, jul./set. 2018.

SANTOS, J. F. dos. Memórias do Distrito Diamantino. Rio de Janeiro: Ed. Typ Americana, cap. XV, 1868.

SCHWARCZ, L. M. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

SELIGMAN, F. Um certo ar de sensualidade: o caso da pornochanchada no cinema brasileiro. Sessões do Imaginário, v.8, n. 9, p. 38-40, 2003.

SILVA, F. M. Quando a crítica encontra a TV: uma abordagem cultural para a análise da crítica televisiva. Revista FAMECOS (Online), v. 23, p. 22177, 2016.

SORLIN, P. El cine, reto para el historiador. Istor, n° 20, México, 2005.

Consultas aos acervos digitais

APOLINARIO, S. Crise atinge reta final de Xica da Silva. Estado de São Paulo, São Paulo, 01 jun.1997, Telejornal, p. 292.

CASTRO, D. Avancini ressuscita “Xica da Silva” em versão politicamente correto. Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 set.1996. TVFolha, p. 3.

CASTRO, D. Emissora grava nudez proibida. Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 set. 1996. TVFolha, p. 5.

CASTRO, D. Polêmica pode levar Taís Araújo à Globo. Folha de S. Paulo, São Paulo, 26 mai.1997, Ilustrada, p. 5.

CASTRO, D. Xica despida perde audiência. Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 set.1996. TVFolha, p. 3.

CALDAS, A. Avancini quer sua Xica da Silva. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 09 jul.1996. Caderno B, p. 6.

CORRÊA, E. A mais nova Xica da Silva. O Globo, Rio de Janeiro, 15 set. 1996. Revista da TV, p. 18.

CORREA, E. Manchete será autuada por cena de nudez. O Globo, Rio de Janeiro, Revista da TV, p. 4.

CORREA, E. Taís só quer ficar nua em cena. O Globo, Rio de Janeiro, 24 nov. 1996. Revista da TV, p. 19.

DA MATTA. A hierarquia e o poder dos fracos. Opinião, 15 out. 1976, n. 206, p. 19.

DIEGUES, C. Por um cinema popular sem ideologias. Entrevista concedida a Pola Vartuck. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 31 ago. 1978, p. 16.

Discriminação. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 08 jun. 1997. Opinião dos leitores, p. 10.

“EU SOU meio tinhosa”. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 jul.1996.

FREDERICO, C. Abacaxica. Opinião, n. 206, 15 out. 1976, p. 18.

GUERREIRA também na ficção. O Globo, Rio de Janeiro, 21 jul. 1996. Revista da TV, p. 17.

GUEIROS, P. M. Xica da Silva exige estômago. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 13 jun. 1997. Caderno B, p. 4.

HASENBALG, C. Copiando o senso comum. Opinião, n. 206, 15 out. 1976, p. 19.

LIMA, E. Xica da Silva: a escrava que virou novela. Revista Manchete, Rio de Janeiro, v.1, n. 2.319, 14 set. 1996, p. 33-44.

NASCIMENTO, B. A senzala vista da casa grande. Opinião, n. 206, 15 out. 1976. p. 20-21.

PRONTA para um desafio. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 jul. 1996. Caderno B, p. 6.

REIS, R. O Fastasma da teledramaturgia. O Globo, Rio de Janeiro, 10 nov. 1996. Revista da TV, p. 20.

RIGITANO, C. Manchete será autuada por nudez em Xica. Folha de S. Paulo, São Paulo, 28 nov. 1996. Ilustrada, p. 4.

RIGITANO, C.; CASTRO, D. Nudez de Xica da Silva fica adiada. Folha de S. Paulo, São Paulo, 24 nov. 1996. TV Folha, p. 6.

SOARES, M. Globo quer Xica da Silva. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 29 mai. 1997. Caderno B, p. 6.

TAIS recusa-se a tirar a roupa. Estado de São Paulo, São Paulo, 25 mai. 1997. Telejornal, p. 302.

TV Pesquisa: Consulta. Disponível em https://www.tv-pesquisa.com.puc-rio.br/. Acesso em 30 de março de 2023.

XICA Preciosa. O Globo, Rio de Janeiro, 27 nov. 1996. Segundo Caderno, p. 10.

Téléchargements

Publiée

2024-08-23

Comment citer

Peixoto, R., & Sacramento, I. . (2024). “Taís recusa-se a tirar a roupa”: Disputas de sentido e representações em torno da Xica da Silva na televisão. Projeto História : Revista Do Programa De Estudos Pós-Graduados De História, 80, 108–134. https://doi.org/10.23925/2176-2767.2024v80p108-134

Numéro

Vol. 80 (2024): REPRESENTAÇÕES IDENTITÁRIAS E DISPUTAS CULTURAIS

Rubrique

Artigos Dossiê

Licence

(c) Tous droits réservés Projeto História : Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História 2024

Creative Commons License

Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.