As Representações Religiosas e Teológicas na Saga Literária de Star Wars  
Religious and Theological Representations in the Star Wars Literary Saga 

José Fábio Bentes Valente*
Fanuel Santos de Souza**
*Mestre em Ciências das Religiões pela Faculdade Unida de Vitória-Es (FUV). Professor dos Cursos de Graduação. por essa mesma Instituição. Contato: fbarmas@gmail.com 
**Doutorando em Sociedade e Cultura pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Coodenador do curso de Direito da Fculdade Boas Novas - AM (FBN). Contato lattes: http://lattes.cnpq. br/8962277137668312 

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Resumo:

Este artigo trata sobre as representações religiosas e teológicas que a ficção literária de Star Wars possui, destacando-se a figura icônica dos Jedis e Siths, concernente a utilização da Força. Devido a extensibilidade literária que a saga possui, os pressupostos de Daniel Wallace, conhecidos como o Caminho Jedi e o livro do Sith delimitaram a temática doravante abordada, suscitando as possíveis representações de caráter religioso e teológico que essa literatura possui. Dos resultados esperados, constatasse que a epistêmia que se figura nessa saga literária, por seus agentes, Jedis e Siths, suas ações denotam relações estritamente ligadas ao universo dicotômico das religiões, e que apresentam diferentes representações do campo religioso e consequentemente teológico.   

Palavras chave: Representações religiosas; Teológico; Daniel Wallace; Star Wars. 

Abstract

This This article deals with the religious and theological representations that the literary fiction of Star Wars has, highlighting the iconic figure of the Jedi and Siths, concerning the use of Force. Due to the literary extensibility that the saga has, the assumptions of Daniel Wallace, known as the Jedi Way and the book of the Sith delimited the theme from now on, raising the possible representations of religious and theological character that this literature has. From the expected results, it could be seen that the epistemic that appears in this literary saga, by its agents, Jedis and Siths, their actions denote relations strictly linked to the dichotomous universe of religions, and that feature different representations of the religious and consequently theological field.  

Keywords: Religious representations; Theological; Daniel Wallace; Star Wars. 

Introdução 

Esse artigo, sua proposta prelúdica, está em sugerir as representações religiosas e teológicas que a ficção literária de Star Wars possui. Devido ao universo de Star Wars ser muito amplo, escolheu-se os pressupostos das obras literárias produzidas por Daniel Wallace, denominadas: O Livro do Sith: Segredo do lado Negro (2014); o Manual do Império (2015); o Caminho Jedi: Um Manual Para Estudantes da Força (2016), todos publicados pela editora Bertrand Brasil, a fim de delimitar a temática a ser pesquisada. 

Star Wars é uma figura ímpar cinematográfica, que desde sua gênese em meados de 1976, pelo campo literário e depois em 1977 pela telas do cinema, acabam por originar histórias em quadrinhos, brinquedos, jogos e uma infinidade de produtos, além de servir de inspiração para a criação de obras literárias que acabam por coadunar as histórias e ações de seus personagens em analogia as diversas cognições sejam estas: Filosóficas, religiosas, sociológicas psicológicas dentre outras obras do campo cognitivo. 

Cabe ressaltar que essa forma imagética da humanidade não há como se dissociar do processo constituinte do ethos humanus ao longo de sua história, pois seria inconcebível destituir a formação desse axioma, a produção, bem como o consumo dessas imagens, para assim construir, segundo a ótica moriniana, o “homo sapiens demens” (Morin, 2011, p. 45), sendo aquele ser racional composto de bases imaginárias, bem como poesia, cinema, arte e literatura, cujos ideários somam-se a seus epítetos (sapiens e demens), que não se excluem e acabam sendo indissociáveis. 

A representatividade dessas imagens, imaginações e símbolos corrobora com o diálogo entre a epistemé religiosa e a cultura pop, pois se utilizam de signos, em seus escopos cognitivos a fim de compor suas cognições. Santaella ao se referir dessa comunicação, e das importâncias dos signos sustenta que “tudo é relativo, pois tudo depende dos signos de modo absoluto, onde houver vida haverá signos” (1995, p. 10). 

A cultura pop surge como figura ímpar, através da utilização das mídias, que de modo holístico vem se propagando por seus diversos canais na sociedade, pois na arte cinematográfica há o destaque para a polissemia cultural, que dentre seus vários gêneros, por exemplo, a ficção científica, acaba possuindo uma posição privilegiada, pois sua linguagem de discurso envolve o real e imaginário, contribuindo para a formação de arquétipos (modelos) de diferentes interpretações. 

Nesse aspecto a literatura da saga Star Wars (doravante LSW), por mais que sua arché literária siga princípios basilares sui generis, ou seja, em que as figuras de um signo em si permanecem as mesmas, nesse sentido, as histórias de formação de seus elementos de seus personagens centrais os Jedis e Siths, geram diferentes significados que podem correlacionar suas ações às diferentes figuras epistêmicas dos campos do saber, seja cientifico, religioso ou popular, devido a multiplicidade de interpretações e as diferentes condições de recepção que cada pessoa pode efetuar. 

É justamente nesse mote de ficção do imaginário e real, suscitados nos parágrafos anteriores, servirá como ferramenta preponderante nesta pesquisa, a fim de correlacionar as representações religiosas e teológicas com a LSW, sendo necessário in limine suscitar como se originou essa saga, quer seja pelo seus aspectos fílmicos e literários, bem como ocorreu seu modo de expansão ao longo dos anos. 

1. A Saga Star Wars: Gênese, literatura e expansão

Não há como mensurar a importância que as literaturas de origem cinematográficas possuem para a expansão de mercado fílmico, bem como o aumento de fãs de determinadas produções do mundo do cinema. A expansão da saga Star Wars não foi diferente, pois contou com um forte apoio de divulgação mercadológico do campo, seja este midiático ou extra midiático no seu início, nos planos de George Lucas, o criador da Saga Star Wars, cineasta americano, que escreveu e dirigiu os seis filmes da franquia que compõe essa filmografia em dois estágios. O primeiro filme da trilogia original se chama Star Wars: A New Hope (Uma Nova Esperança - 1977). O segundo filme é The Empire Strikes Back (O Império Contra-Ataca - 1980), e o terceiro filme se chama Return of The Jedi (O Retorno de Jedi - 1983). 

Concernente ao segundo estágio de produção fílmica de Star Wars, a primeira película se chama Star Wars: Episode I -The Phantom Menace (Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma - 1999). O segundo filme é Star Wars: Episode II - Attack of the Clones (Star Wars: Episódio II - O Ataque dos Clones 2002), e por último fechando a franquia desse segundo estágio cinematográfico, Star Wars: Episode III - Revenge of the Sith (Star Wars: Episódio III - A Vingança do Siths - 2005), ao qual todas essas produções tanto do primeiro estágio como segundo, foram feitas pela Twentieth Century Fox e Lucas Film Ltd. 

É interessante frisar que há um terceiro estágio dessa saga, que diferente das duas anteriores, suas produções e suas direções não hão mais George Lucas, e sim vários diretores e produtores, cuja distribuição ocorre pela Walt Disney Studio Motion Pictures e Lucasfilm Ltd. O primeiro filme se chama Star Wars: The Force Awakens (Star Wars: O Despertar da Força - 2016); o segundo filme é Star Wars: The Last Jedi (Star Wars: O Último Jedi - 2017) e por último fechando essa trilogia, Star Wars: The Rise of Skywalker (Star Wars: A Ascensão de Skywalker - 2019). 

Quanto a gênese literária da saga para Rodrigues (2018), o lançamento do primeiro filme iria ser em concomitância ao lançamento de um livro que se chama Star Wars: From the Adventure of Luke Skywalker, só que por problemas técnicos de produção cinematográfica, essa obra literária foi lançada em 12 de novembro de 1976, seis meses antes do lançamento do filme ocorrido em cinco de maio de 1977, em vários Estados Norte Americanos. 

Nesse caso, Star Wars: From the Adventure of Luke Skywalker inaugurou em termos literários, o que se chama de Universo Expandido é o espaço narrativo de um livro ou filme transposto em outras formas midiáticas, como quadrinhos, livros, jogos, e até novos episódios com os mesmos personagens. Essas transformações acabam se expandindo e criando infinitas possiblidades de novas histórias, ou seja, um verdadeiro mutatis mutandis transmidiatico, não é acaso que, até hoje, a franquia Star Wars “é uma das bem-sucedidas do planeta, abrangendo desde jogos de vídeo game, até animações, em que sempre há o acréscimo de uma nova informação ao enredo original” (Rodrigues, 2018, p. 75). 

Conforme foram surgindo mais e mais produções com o topônimo Star Wars, foi preciso criar um padrão canônico de regulamentação cuja sigla UESW (Universo Expandido de Star Wars), George Lucas está diretamente envolvido, permitindo que os editores da Lucasfilm Ltd. trabalhem em concomitância com autores de outras editoras, possuindo um selo de aprovação desses novos projetos que mesmo recebendo a devida aprovação da UESW, não quer dizer que os mesmos sejam considerados obras canonizadas, a não ser que essas histórias possam fazer parte das historiografias cinematográficas, que compõe essa saga. (Hidalgo, 2012, p. 8). 

Das diversas obras literárias que foram aprovadas pelo crivo da UESW, destaca-se que ano de 1990, Timothy Zanh, renomado escritor de ficção cientifica, devidamente contratado pelos studio Lucasfilm Ltd., escrevendo uma continuação da trilogia fílmica que nunca havia sido passado nas películas do cinema, sendo três obras: Heir to the Empire (Herdeiro do império - 1991), Dark Force Rising (Ascenção da Força sombria - 1992) e Last Command (O último comando - 1993), obras estas produzidas pela editora Batam em solos Estadunidense, e em terras tupiniquins foram publicadas pela editora Aleph (Rodrigues, 2018, p. 78). 

Convém relatar que, tal foi o sucesso dessas produções literárias, que o período de silêncio, ou seja, de jejum de obras literárias ligadas a saga cessou, ocasionando extensas obras que foram escritas por diferentes autores, desde 1994 até dezembro de 2017. Segundo Rodrigues, ao mapeá-las se obtém a marca impressionante de 164 obras, publicadas entre as editoras Estadunidenses, Random House, Ballantine Books e Del Rey Books. 

É interessante frisar que a produção dessas obras do universo expandido de Star Wars, continuam com força total, pois até a data e que essa pesquisa foi realizada há o acréscimo de mais 05 obras, que foram produzidas até a data desta pesquisa, sendo as obras de 2018: Most Wanted (Rae Carson), Last Shot (Daniel José Older), Thawn Alliances (Timothy Zanh), e as obras de 2019: Master Apprentice, (Claudia Grey) e Queen’s Shadow (E. K). Totalizando até o momento cerca de 169 livros considerados canônicos. (Combo, 2016). 

Concernente a canonicidade destas obras, George Lucas no ano 2000, desenvolveu um sistema de bancos de dados denominado de Holocron, cuja finalidade está em trazer um certo grau hierárquico dessas obras da UESW, cuja classificação segue premissas quanto a sua originalidade e confiabilidade à história da saga conforme dados do quadro abaixo: 

Quadro 1: Os níveis canônicos da UESW e suas especificidades 

Fonte: Quadro criado por estes pesquisadores, baseados Cf.: (RODRIGUES, 2012, p. 86). 

Para Coral (2012), embora os dados acima possam descrever bem o grau de canonicidade de cunho literário, fílmico, televisivo ou de anime da saga, em meados de 2012, a Lucasfilm foi comprada pela Walt Disney Co., o que acrescentou novos parâmetros ao sistema de classificação, agregando a partir deste ano novas obras a franquia Star Wars, permanecendo as obras que já faziam parte do canon anterior. 

Nesse aspecto Rodrigues (2018, p. 100), afirma que na parte literária de publicação em solos Estadunidenses, a editora responsável pela literatura adulta é a Del Rey Books, e a parte infanto-juvenil ficou com a Disney-Lucasfilm Press. Em solo brasileiro as editoras responsáveis pela literatura adulta, são: As editoras Aleph, Bertrand Brasil e Darkiside, enquanto as editoras que publicam livros para o público infanto-juvenil vem ser as editoras Universo e a Cia do Livros. 

Quando George Lucas vendeu a Lucas Film Ltd. para Disney, em 2012, ocorreu que outras obras de diferentes autores e editoras acabaram por fazer parte da canon de Star Wars, tais premissas deram oportunidades para se criar diferentes composições literárias que causariam sabores e dessabores para os fãs. 

Esses dessabores, pode-se citar o exemplo do próprio George Lucas que segundo Breznican (2015), Lucas se indignou com essa nova forma de conduzir as histórias da saga. Quando procurou a Disney, em meados de 2012, com a finalidade de produzir uma nova trilogia cinematográfica, em que Lucas afirmou que não deram crédito ao que ele já possuía de escrito, e decidiram fazer suas próprias histórias sem a participação dele. Quanto aos sabores dessas obras, pode-se relacionar as publicações da editora DK Random, em concomitância com a editora Disney, cujos trabalhos tem somado e contribuído para preencher as lacunas da saga fílmica. 

Outras literaturas que são bem vistas, são as obras produzidas pela editora Chronicle Books, escritos por Daniel Wallace lançada no ano de 2013, uma série intitulada de Star Wars: Secret of The Galaxy, composta por 05 livros sendo os seguintes: Book of Sith (2013), The Bounty Hunter Code (2014), The Jedi Path (2015), Imperial Handbook (2016) e The Rebel Files (2018), os quais vêm acrescentar e desvendar mistérios nunca antes revelados, como detalhes dos treinamentos dos Jedis, Siths, caçadores de recompensa, entre outras curiosidades (Rodrigues, 2012, p. 93). 

Sendo esta mesma série foi lançada no Brasil pela editora Bertand Brasil no ano de 2014, intitulada de Os Segredos da Galáxia, sendo composta pelas mesmas obras traduzidas como: Livro do Siths (2014), O Código do Caçador de Recompensas (2015), O Caminho Jedi (2016), Manual do Império (2015) e O Arquivo Rebelde (2018). 

2. A literatura Star Wars e sua correlação com o campo religioso

Ao se estabelecer parâmetros de uma possível correlação da literatura de Star Wars com o campo cognitivo religioso, a proposta desta seção não é formar uma axiologia, mas seguir a possibilidade interpretativa através da “espontaneidade de pensamento não se pode restringir, mas deve “sem dúvida analisar, examinar, mas também provocar, fazer nascer” (Cassirer, 1992, p. 10). Utilizando-se desta proposta idiossincrática, essa secção abordasse-a o que vem ser a Força na LSW, definindo-a e classificando-a, bem como as relações que ela possui com princípios do campo religioso. 

Ao se conceituar a Força, parte-se da compreensão de duas tipificações distintas, a saber como ela é composta: A Força, viva e a Força unificadora. A primeira é delineada como um campo energético criado por todas as coisas vivas, sendo uma energia pessoal inteiramente acessível. A segunda, entretanto, é um poder cósmico, onipotente, que está presente no tempo e espaço, cujo acesso é somente através da reflexão e a paciência. Essa dupla natureza da Força ocorre de maneira simbiótica, pois a primeira é uma energia criada por todos os seres, cuja compreensão cognitiva está ligada a uma entidade sensível dotada de pensamento inteligente, como um tipo de deus, ou ainda, a algo que pode ser manipulado e usado simplesmente como se fosse uma ferramenta ou até uma arma de guerra (Wallace, 2016, p. 23-24). 

Cabe aqui ressaltar que estas duas propostas hermenêuticas da Força, suscitadas anteriormente, definem sua utilização, seja para praticar o bem, ou para fazer o mal, cujos princípios de medição de intensidade são proporcionais a quantidade de midi-clorians, definido como um tipo de organela inteligente que vive dentro de cada célula em cada indivíduo, sendo responsável pelo uso da Força nos corpos, ou seja, em sua essência essas vidas inteligentes são a conexão entre a mente do ser e a Força, ao qual faz com que certos indivíduos sejam capazes de manipula-las, no caso os Jedis e Siths.(Wallace, 2016, p. 28). 

Outro conceito a Força, sua relação está intrinsicamente ligada ao campo científico, saindo do “misticismo romântico” (Wallace 2014, p. 129), para inferências que se baseiam em experiências científicas, procurando compreender os princípios motores que regem a Força, “em vez de ser criada pela vida, a Força acaba criando a própria vida” (Wallace, 2014, p. 130). Esse tipo de epistemologia se concatena com a capacidade da humanidade em construir o mundo a sua maneira, um self mad man, que liga o mundo do Eu interior com o Eu exterior, sai de cognições providencialistas (míticas, divinas, espirituais), para cognições mais científicas pautadas na razão. 

Ao classificar a Força segue-se um princípio dicotômico determinado pelos agentes que a utilizam, no caso os Jedis, portadores do lado luminoso e os Siths, possuidores do lado negro. É interessante frisar, quem são, bem como, a interpretação da Força para cada um. Os Jedis são um conjunto de indivíduos que tem por princípios laborais agir em comum acordo com a Força, respeitando seus limites, fugindo de tentações como: A paixão, medo, raiva e o ódio. Sua filosofia está compilada em um código de conduta, uma espécie de canon Jedi, guiado por cinco preceitos, a saber: 

Quadro 2: Os Preceitos e as diretrizes do Código Jedi. 

Fonte: Quadro criado por estes pesquisadores, Cf. os dados: (Wallace, 2016, p. 46). 

Os preceitos estabelecidos no quadro denotam princípios de moralidade, ética, espiritualidade e religiosidade, o que acaba se transmutando, seja das películas cinematográficas, seja das obras literárias da saga, para o campo da realidade, influenciando indivíduos que se encantam com os preceitos Jedis, interpretando como um caminho filosófico moderno de vida, ou uma religião, originando o jediism (jediismo). 

O jediism obteve destaque na imprensa midiática em um censo realizado no ano de 2001, no Reino Unido, onde pessoas se declararam adeptos do jedi knight (no Brasil, jediismo). Na época isso tornava essa religião como a quarta maior do país. Este fenômeno sociorreligioso não foi um fato isolado, pois ocorreu na Austrália, com cerca de setenta mil adeptos, Nova Zelândia, com cinquenta e três mil e no Canadá cerca de vinte mil Jedis (Dalymail, 2006). 

Existe uma expansão do Jediismo em terras tupiniquins, nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, onde seus preceitos se baseiam no código Jedi, cujas reflexões e estudos são compartilhados na sua página da internet, onde marcam eventos virtuais, por programas de vídeo conferência. Para a Ordem Jedi do Brasil (2016), tais encontros intitulados de templos virtuais, em que um de seus pressupostos está em requerer que seus participantes apenas estude os princípios cognitivos da Força, sem necessidade de abandono de uma confessionalidade anterior. Tal prerrogativa denota vieses de caráteres não exclusivistas. 

Os Siths são aqueles que divergem dos princípios Jedis. Sua premissa se associa as emoções negativas e fortes, ligado a morte e a destruição, cujas características estão associadas a percepções de empregabilidade individuais, ligados a sentimentos de raiva, medo, frustração, inveja e ódio, pois este último preceito (ódio), se torna a principal mola propulsora de empoderamento que emana deste tipo de Força. Assim como os Jedis, eles se baseiam em um código de conduta, que funciona como um tipo de mantra, pois ao se fazer inúmeras repetições se sentem mais fortes: 

Quadro 3: Os Preceitos e as diretrizes do Código Sith. 

Fonte: Quadro criado por estes pesquisadores, Cf. os dados: (Wallace, 2016, p. 47). 

Esses nuances estigmáticos que o lado negro da Força propõe aos Siths, denotam narcisismo, maquiavelismo e psicopatia, conhecida dentro do campo da psicologia como tríade da personalidade malévola, ou tríade sombria, gerando o egoísmo, falta de empatia, manipulação, falta de moralidade, foco em interesses particulares, comportamento de misantropia, forte impulsividade, falta de sensibilidade, remorso, ou arrependimento de seus atos (Jakobwitz; Egan, 2006, p. 331-339). 

O lado negro e o lado luminoso da Força, por mais que seus modus operandi sejam divergentes em muitos sentidos, ambos, de sua maneira, chegam a um possível equilíbrio e ataraxia (paz de espírito) pode-se dizer, seguindo princípios altruístas e misantropos que a Força lhe pode proporcionar respectivamente. Neste sentido, faz-se necessário suscitar algumas similitudes religiosas e filosóficas, pois muitos de seus ideários doutrinários são análogos como a Força. 

Tanto as tramas cinematográficas, como as literárias da saga Star Wars, de maneira análoga são inspiradas em preceitos e arquétipos (modelos) que partem da mística, espiritualidade e religiosidade de algumas religiões orientais, como, confucionismo, zen-budismo, taoísmo, xintoísmo, religiões de origens abraãmicas, como o judaísmo, cristianismo e islamismo e religiões de menores proporções como dos povos das ilhas Polinésias e dos povos indígenas das Américas. (Garcia, 2013). 

O fluxo natural de energia da Força, sua similitude é idêntica ao Qi, Chi, ou Ki, termos estes utilizados nas religiões de origem oriental, como o Xintoísmo, Budismo e Confucionismo, sendo-os caracterizados como uma Força vital, ou energia vital, que está presente em todos os seres (Yoke, 2015, p. 46). No Taoísmo, a energia espiritual se apresenta como o Yin e Yang, sendo dois tipos de forças dicotômicas necessárias para o equilíbrio e a existência do cosmos, ou seja, um conjunto diferenciado de tudo que existe, mas também um princípio que está na origem do caminhar de cada um, sendo ainda compreendido como o que há de mais profundo e misterioso, que faz com que tudo seja como é. 

No Hinduísmo existe um termo denominado de Prana, cujos princípios religiosos são análogos ao da Força em Star Wars, pois seu significado denota uma força vital ou princípio vital, relacionado a realidade em seus diferentes tipos de estrutura. Esse preceito é uma das tipificações dos vayu, diretriz esta que faz parte da composição do corpo humano, sendo o: Prana, processo de respiração de imperar e aspirar; Apãna, sua localização parte dos sistemas de excreção do corpo humano, como quadris e intestinos; Uñana, tipo de energia cuja localização se situa na garganta, pelas cordas vocais, explicitado no ato de falar, cantar, rir e chorar; Samana, localize-se no intestino, responsável pela digestão; e por último o Vyana, energia do sistema circulatório do corpo cujos ensinos epistêmicos estão descritos nos Vedas e Upanishads (Wilkinson, 2011. p. 168-172). 

Alguns povos das ilhas da Polinésia, do Havaí, da Nova Zelândia e do Taiti possuem sistemas de crenças que preconizam o Mana, sendo compreendido como uma energia espiritual sagrada e impessoal, de objetos da natureza ou de pessoas, que, ao possuir esse tipo de energia, ganha prestígio e autoridade, cujo empoderamento ocorre por ações pessoais, sendo volátil (Tikanga, 2014). Neste sentido, não há como desvincular essa peculiaridade no que diz respeito ao prestígio e a autoridade que a Força, na saga Star Wars, realiza na vida daqueles que a possuem. 

Os povos indígenas da América do Norte (Iroquios, Alonquinos entre outros grupos étnicos) tem crença pautada em uma força espiritual denominada de: Manitou, Orenda ou ainda de Iroquios. Esta força, que se encontra em todos os ambientes, pode ser transmitida e manipulada de acordo com a vontade de seu detentor (Hewitt, 2009). Esse hábito de transmissão como de manipulação, se assemelha a maneira como a Força é utilizada em Star Wars pelas classes Jedis e Siths. 

Convém relatar que as religiões de origens Abraãmicas, o termo do judaísmo, Ruach, no cristianismo, Pneuma (termo emprestado dos gregos), islamismo, o Ruh, denotam aquilo que entendemos em português como espírito, sendo oposto alma (Nefesh, judaísmo, Psiquê do cristianismo e Nasf do islamismo). Estas divergências ontológicas sobre a composição tricotômica ou dicotômica do ser humano coadunam com a dualismo da Força de Star Wars, como suscitados anteriormente. O lado luminoso sempre preza pelo conhecimento e foge dos desejos e paixões, para que determinado indivíduo possa alcançar uma paz interior, ou paz de espírito, contrariando o lado negro que utiliza dessas vontades e paixões para conseguir os seus objetivos finais. 

3. A Literatura Star Wars e o dualismo religioso 

 Ao fazer uma relação analógica do dualismo religioso com a literatura de Star Wars, cabe aqui suscitar que existem vários ideários de cunho religioso que possuem premissas de embate entre a figura do bem contra o mal, do sagrado versus o profano em seu corpus doutrinário. Neste aspecto essa seção tomará como locus delimitador os preceitos do zoroastrismo, maniqueísmo, cristianismo e judaísmo, bem como suscitar a relevância que essas aporias dualísticas cognitivas são essenciais na trama da LSW. 

Ao relacionar o zoroastrismo com a literatura da saga tem-se o paralelo epistemológico da Força para com os Jedi e Sith, pois como suscitado em parágrafos anteriores a Força para a ordem Jedi representa a vida (bem), enquanto para os Sith representam sinônimo de poder, destruição e morte (mal). Na concepção Zoroastra quanto a esse embate entre o bem e o mal, esses tipos de dualismo são permanentes em que a salvação de um indivíduo consiste na separação destas duas Forças e não na destruição de uma delas, ocasionando assim uma espécie de paz temporária e certo equilíbrio entre essas duas concepções antagônicas, esse dualismo poderá ser reduzido ao que é bom ou mal, havendo assim um isolamento de ambas as Forças (Wilkinson, 2011, p. 2015). 

Conforme os preceitos do parágrafo anterior desse controle do bem sobre o mal e não a destruição do mal por completo, representa a epistemé Jedi em sua essência quanto a sua filosofia de vida, uma vez que o Jedi deve dominar os desejos permissivos e sombrios que o lado negro da Força pode oferecer. Para Wallace (2015, p. 25-27), esse domínio constará em manter a calma e meditar e a constância desse hábito o fará alcançar determinado equilíbrio, será um com a Força. 

Diferindo da concepção zoroastra, o ideário dicotômico judaico e cristão suas perspectivas partem de diretrizes em que o mal tem que ser extirpado com o intuito que cada indivíduo alcance um final de vida a contento, pois, na aversão entre deus e satanás, como se vê no cristianismo e no judaísmo, temos apenas um dualismo temporário, e não um verdadeiro dualismo pois a diretriz da doutrina judaico-cristã, é que o mal será extirpado, ocorre uma hierarquização de caráter unívoca, que o mal sempre há de ser sobrepujado pelo bem. 

No maniqueísmo, em comparação as vertentes religiosas citadas nos parágrafos anteriores em relação a LSW, há essa irreconciliação dessas diretrizes dicotômicas (bem e mal), no tocante a questão do mal moral no indivíduo, que segundo as notas introdutórias da obra: O livre Arbítrio, de Agostinho de Hipona, ao fazer uma síntese sobre o maniqueísmo quanto ao mal moral afirma: 

Havia duas divindades supremas a presidir o universo: o princípio do bem e do mal, A luz e as trevas. Como consequência moral, afirmavam ter o homem duas almas. Cada uma presidida por um desses dois princípios. Logo, o mal é metafísico e ontológico. A pessoa não é livre nem responsável pelo mal que faz. Esse lhe imposto (Hipona, 1995, p. 3). 

Quanto a citação acima, destaca-se a imposição do mal ao homem, ou seja, o mal moral que há em cada indivíduo independe de suas decisões, sendo de caraterísticas intrínsecas e metafísicas, cujas vontades estão sempre a mercê desse mal que há em cada indivíduo e fora dele. 

A relação dessa teoria maniqueísta diverge e muito das normas do cânon Jedi, pois por mais que um Jedi sinta a presença do mal sondando constantemente sua vida cognitiva, desde seu treinamento até a sua formação, ele pode evitar esse tipo de mal moral que existe na Força, pois ela não o obriga a nada, ou seja, “um destino pode ser aceito ou rejeitado e todas as escolhas ao longo do caminho cada indivíduo está livre para se fazer o que bem entender” (Wallace, 2016, p. 23-25). 

Como pode-se constatar, a sistematização e unidade do arcabouço cognitivo em Star Wars, seus axiomas cognitivos ocorrem diretamente ao que os Jedis e Siths preconizam durante o desenrolar dessa trama literária-cinematográfica, sendo que o equilíbrio desse enredo ficcional pode-se fazer uma relação ao aforismo de Bourdier (1994, p. 45), do “opus operantum está correlacionado com o modus operantum”, pois Pierre Bourdier ao sugerir esses termos, estava se referindo ao equilíbrio das classes sociais, cujo gosto está relacionado com a posição em que cada indivíduo se encontra na sociedade, ou seja, os modelos disponíveis e que definem seus estilos de vida, cuja praticidade não é livre mais sendo autodeterminante pelo habitus, que delineia todo o sistema, sendo entendida como a estrutura social, que ao ser interiorizada pelo indivíduo se transforma em estrutura mental. 

Neste aspecto esta máxima resume de como se torna essencial para o modus operandi de Star Wars, esses ideários de vieses antagônicos, fazendo com que a trama ficcional desta saga possa fluir de um modo que haja um certo equilíbrio desta luta dos contrários pois, sem estes personagens, essa ficção não teria o mesmo brilhantismo imagético. Nesse interim os Jedis segundo Wallace (2016), seguem pressupostos mais institucionalizados, pois seu modus vivendi se baseia não em emoções ou raivas triviais que podem desfocar de seus labores hodiernos, mas em preceitos pautados no que a Instituição (Ordem Jedi), já estabeleceu por cognições normativas ditas como correta (código Jedi), ou seja uma epistemologia cujo cerne tem por axiomas um canon pautado de modo triádico na tradição, institucionalização e no objetivismo, ou seja, “o conselho Jedi não tolera mais hereges que acreditam ter achado um caminho superior que vai de encontro aos 24.000 anos de sabedoria acumulada pela ordem Jedi” (Wallace, 2016, p. 150). 

Nesse sentido, quanto a essa rigidez, pautada no tradicionalismo institucional e preceitos cognitivos objetivistas, as instituições sejam religiosas ou não, seguem essas premissas, mas pelo viés religioso, tais preceitos são bem visíveis, como por exemplo, no cristianismo, o tradicionalismo do catolicismo romano que perdura por séculos, mantém suas bases estritamente fundamentais, pela tradição da Igreja, pela tradição escrita, que sistematizam seus principais “dogmas e doutrinas religiosas” (Bento XVI, 2005). 

Os Siths ao contrário dos Jedis, seus pressupostos têm por cernes o medo, a raiva, como molas motoras, não seguindo um padrão institucionalizado, nem tão pouco tradicional tendo por premissas valores pautados na subjetividade e na individualidade de seus agentes, pois se baseiam em seus sistemas de crenças (código Sith), cujas premissas estão a “desafiar as restrições da ortodoxia” (Wallace, 2016, p. 144), no caso os dogmas doutrinas vigentes da ordem Jedi. 

Concernente a subjetividade e a individualidade que os Siths possuem, em paralelismo as cosmovisões seculares que acabam enveredando por esse processo do saber, corroborando na formação de uma epistemé, cujo cerne tem por princípios a pluralidade bem como a relativização de valores dogmáticos gerados no contexto das religiões. Neste aspecto vive-se hoje em dia, por uma ótica, onde a religião, magia e o misticismo, suas representatividades não são mais a força motriz das sociedades desenvolvidas, pois a razão passou a ser o centro das atenções, a fim de compreender a vida tanto individual, como social da humanidade. 

Entretanto esse raciocentrismo na contemporaneidade possui uma cosmovisão não excludente da magia, do misticismo ou da religião, mas sim de unificação, em muitos casos, destes preceitos cognitivos há a necessidade de sentido para certas crises que a humanidade possui, sejam financeiras, amorosas, existenciais entre outras, que não são preenchidas em sua totalidade somente pelo viés racional (Crespi (1999, p. 38-39). 

Tal fator é bem visível cada vez mais quando as pessoas descobrem novas formas de conhecimento que priorizam a racionalidade, sem deixar que suas relações sociais com as instituições preexistentes desapareçam por completo, ou seja, há um novo modo de viver, que abrange tanto a esfera, mítica e religiosa, quanto a esfera cientifica, pois, esse modus vivendi dos indivíduos, pelo viés cientifico, pode-se resumir na seguinte proposição em que “os filhos do saber crítico e científico estão se tornando religiosos e místicos” (Boff, 1991, p. 59), gerando assim um hibridismo da humanidade. 

Quanto a este hibridismo da humanidade em sua forma epistêmica, de seguir preceitos tanto cientifico, como mítico, espiritual ou religioso, pode-se fazer uma analogia com o desejado equilíbrio da Força da saga Star Wars, evocando a figura do Jedi cinza, como aquele que consegue alcançar o equilíbrio da Força utilizando tanto dos poderes do lado luminoso como do lado negro, sem no entanto sucumbir para o lado sombrio, ou ainda sendo o ser que não quis mais seguir as ordens do conselho Jedi, por achar que os preceitos estabelecidos por esta organização restringia-os a possuir família, os iniciados só poderiam ser treinados a partir da idade de quatro anos, bem como jamais poderiam fazer uso das habilidades do lado negro. 

Destarte, cabe ao Jedi cinza nesse caso a humanidade hibrida, possuir o devido equilíbrio entre as diferentes cognições que há em seu modus vivendi, ou seja metaforicamente falando ele consegue utilizar-se de dois lados da moeda, nesse caso sabe equilibrar a razão e a fé, ciência e religião, imanência e transcendência, sem contudo ir para ambas as extremidades e sim conhecer que a essência da vida como um todo, se realiza ao saber utilizar essas duas formas cognitivas que estão inseridas na raiz axial do ethos humanus. 

4. A literatura Star Wars e seus preceitos teológicos

Para estabelecer quais os preceitos teológicos estão presentes na LSW é preciso identificar que tipos de epistemologias podem compor essa trama literária. Neste sentido utiliza-se como princípio de delimitação metodológica o embate entre os Jedis e Siths. Os primeiros, se autodefinem como defensores da galáxia, respeitando a vida e lutando sempre pelo bem comum de todos, e os Siths, como aqueles que utilizam da Força por princípios fixados nos desejos e vontades individuais, sendo suas emoções de caráter destrutivas, a serviço do ódio e da cobiça. 

Quanto a esse antagonismo, Wallace (2014), argumenta que os Siths utiliza suas crenças, bem como suas vontades, para desafiar as restrições da ortodoxia, tendo por bases princípios individuais e egoístas, em contrapartida os Jedis seguem princípios mais ortodoxos, ou éticos, pode-se assim dizer, cujo cerne está na humildade e no bem coletivo de todos. 

Nesses princípios de desejos antagônicos dos agentes, suas ações preconizam de perto a “moralidade do mestre-escravo de Nietzsche”1 . Nos Siths, o cerne de suas ações, é análoga a moralidade do mestre dos pressupostos nietzschianos que seguem padrões que visam a valorização do poder e orgulho, enquanto a moralidade do escravo, no caso os Jedis, se baseia em princípios que valorizam a bondade, empatia entre outros princípios altruístas. 

Nesse ideário de batalhas dos contrários, concernente aos preceitos teológicos que compõe essa seção, destaca-se: A teologia da moral (da parte dos Jedis), a teologia Pragmática ou utilitária (da parte dos Siths), e uma teologia messiânica por conta da origem de Darth Vader (Anakin Skywalker). 

4.1 A teologia da moral

A teologia da moral que se encontra presente na trama literária em Star Wars, está concatenada aos dogmas que os Jedis têm em sua filosofia de vida, seguindo um ideário de princípios morais, éticos e bons costumes. Tais preceitos se relacionam as cognições do cristianismo, campo que será delimitador epistemológico nesta seção, embora em outras religiões como budismo, islamismo, taoísmo, entre outras também haja princípios análogos da ética e moral. 

Para Valls (1994), compreende moral como sendo um conjunto de regras, padrões e normas adquiridos em uma sociedade por meio da cultura, cotidiano e costumes advindo da sociedade e da família, ou seja, aquilo que deve ser considerado padrão normativo, correto e ético em uma sociedade, seja por princípios religiosos, filosóficos ou sociais, de um período de tempo ou lugar. 

Sobre esses princípios éticos e morais cabe uma explicação, pois tem-se o entendimento que tais práticas segue a premissa de que cada indivíduo tem a escolha de participar ou não de determinadas práticas, sejam elas imputadas ou não por sistemas religiosos, filosóficos, políticos, sociais e econômicos. Por exemplo no início da era cristã, os primeiros cristãos escolheram não aceitar práticas religiosas, culturais e até políticas do sistema romano, motivo pelo qual foram acusados de misantropia, infanticídio, canibalismo entre outras mazelas, sendo perseguidos e mortos. 

Nesse interim quanto aos Jedis, segundo Wallace (2014), sua premissa segue certa moralidade e ética que são relacionados ao altruísmo, ou seja, na humildade, no amor, no cuidar com o próximo e na paz de espírito, sendo virtudes contrarias ao egocentrismo, misantropia e ao orgulho (Siths), caraterísticas análogas a princípios cristãos bem explícitos e expostos em textos neotestamentários, como por exemplo, o de amar o próximo como a ti mesmo (Mc. 12:31), ou de viver em comunhão uns com os outros (At. 2:42-47), ou ainda de estar em alegria, cuidando uns dos outros e aconselhando (Cl. 3:16). 

4.2 Teologia pragmática ou utilitária

A teologia pragmática ou utilitária em Star Wars, está relacionado com as ações dos Siths para com todos os agentes que há na saga, pois essa classe segue princípios individualistas maquiavélicos de conquista, de poder acima de tudo e de todos, cuja ordem do discurso pode ser resumida no seguinte adágio: 

Aqueles que seguem o lado negro sempre confundem seu poder com uma prova de que encontram o caminho. Sim o lado negro oferece poder, mas é poder sem controle ou direção. Aqueles que o detém carecem de habilidades para fazê-lo com sabedoria (WALLACE, 2015, p. 123). 

Os Siths seguem a individualidade, cujas emoções destrutivas estão a serviço do ódio e da cobiça, e se possível for alcançar um poder sem controle. Quanto às características utilitárias e pragmáticas do Siths, há uma relação de caráter normativo, um certo tipo de antinomismo, em que as normas são desobedecidas em muitos casos com o intuito de alcançar seus objetivos finais. Há casos que ocorrem atos de irracionalidade e de extrema crueldade mesmo para com seus pares. Por exemplo, para Wallace (2014, p. 66), uma das prerrogativas da epistemologia Sith é conhecida como “regra de dois”, em que há a figura de apenas dois agentes, sendo um mestre (Lord) e um aluno (Darth), onde o processo cognitivo culmina com este em matar seu mestre. 

Quanto a essa metodologia de ensino dos preceitos Siths (regra de dois), segundo Wallace (2015), sua origem parte de um Sith conhecido como Darth Bane, que percebeu que o ensino didático Sith era muito parecido com os dos Jedis, repleto de mestres e aprendizes, ou seja, havia uma grande falha em seu processo organizacional quanto a quantidade de membros que detinham desse tipo de poder, sendo necessário limitar apenas a dois seres que poderiam manejar os poderes que o lado negro poderia lhes oferecer. 

Concernente a essas características antinomistas, tal preceito ético e moral, há um nítido subjetivismo exacerbado, pois, a responsabilidade do indivíduo não tem guias ou normas objetivas, cada um defende sua própria causa, ou seja, fruto nítido dos Sith, que visam cada vez mais a individualidade, bem como a irracionalidade de seus agentes. 

O individualismo, segundo Geisler (2006), surge de um tipo de “solipsismo moral”,2 em que cada situação é automaticamente distinta, não havendo comunidades de valores que transcendem a individualidade, e no caso os Siths, corrobora com esse pressuposto Geisleriano, pois cada decisão para essa casta é única e autônoma. Convém destacar que esse individualismo dos Siths, em comparação ao altruísmo dos Jedis, pode estar no modo de seu treinamento, pois os Jedis estimulam o treinamento desde a infância. À medida que seus poderes crescem, aqueles que podem usar a Força devem aprender como podem ajudar os outros, não apenas eles mesmos, diferindo da casta Siths. 

O irracionalismo, norma ética e moral bem atuante na cognição Sith, caracterizado por não tentarem quaisquer resoluções racionais dos conflitos que são estabelecidos durante toda a historiografia literária da saga, neste aspecto acaba ocorrendo uma inversão de valores, pois não há qualquer possibilidade de paz com a casta Jedi. Esse visível dualismo entre o que é certo e errado acaba por denotar não haver uma verdade nos princípios epistemológicos dos Siths, por mais que cada agente possua suas convicções individuais e poder de escolha, uma vez que seus preceitos são suplantados pela incapacidade de resolver conflitos morais, devido a seus ambientes serem de torpeza e destruição. 

4.3 O Messianismo em Star Wars 

Ao referir-se sobre a representatividade messiânica que se encontra na literatura de Star Wars, tem-se que fazer uma analogia hermenêutica de Darth Vader (quanto sua origem), com o ideário do messianismo judaico, pois sua aplicabilidade nesta secção é apenas para fins práticos e metodológicos, pois segundo Queiroz (2003, p. 27-28), há diversos tipos de messianismos encontrados ao redor do mundo seja nas tribos indígenas da américa no Norte, da África, da Oceania, bem como no cristianismo e no Islamismo. Pois segundo os pressupostos desta autora, ao traçar os cernes epistemológicos de crenças destes messianismos que há no globo, todos acabam tendo pontos em comum, como por exemplo: “O messias é alguém enviado por uma divindade para trazer a vitória do bem sobre o mal, ou para corrigir a imperfeição do mundo, permitindo o advento do paraíso terrestre tratando-se pois de um líder religioso ou social”. 

Suscitados esses aspectos peculiares pode-se chegar a um denominador comum do que vem ser esse messianismo nesta saga. Sansweet (2008), afirma que Darth Vader antes se tornar um personagem maléfico da ordem Sith, o mesmo era conhecido como Anakin Skywalker, que foi treinado pelos Jedis como aquele que traria o equilíbrio para a Força, destruiria os Siths e traria a paz, a figura arquétipa do escolhido. 

Quanto essa premissa da vinda de um personagem que seria o salvador e o redentor, que destruiria o mal de uma vez por todas e traria a paz, tem-se uma analogia com o messianismo judaico do século I e II, em que segundo Tabor (2006), Horsley (1995) e Scardelai (1998), afirmam que nesta época havia a ideário de um messias cujo cerne de sua missão era libertar Israel das nações estrangeiras que escravizavam o povo como um todo, cuja figura arquétipa (modelo) se prefiguraria como um rei de linhagem palaciana Davídica Jerusalemita, ou como a figura de um bom pastor Belemita, que se encontra tanto na literatura, como na tradição oral judaica. 

Para Knohl (2001), esses parâmetros messiânicos do século I e II concernente ao locus Jerusalemita e Belemita no contexto atual tem surgidos inúmeras hermenêuticas plausíveis de pesquisadores, que afirmam que o messianismo judaico, não era só uniforme (messias-rei), ou biforme (messias- rei e messias-bom pastor), mais surge ainda a figura de um messianismo catastrófico ou messias-eframita (ideologia que tem por paramentos a humilhação, rejeição e a morte do messias, sendo partes inseparáveis do processo redentor), bem como a composição de um messias sacerdotal. 

Sobre a tradição oral judaica no messianismo, em comparação com a ordem Sith, Wallace (2014, p.48), afirma: “O Sith’ari será livre de limites; O Sith’ari guiará e destruirá os Siths; O Sith’ari trará os Siths da Morte e os formará mais fortes que antes”. Essa de crença de tal casta é pautada na oralidade, afirmando que surgirá um tipo de Sith puro sangue cujo topônimo se chama Sith’ari, que em vez de trazer paz e equilíbrio a Força como na crença Jedi (escolhido), para os Siths este tipo de messias trará mais Força e os livrar-lhe-ás até da morte, dando um certo sentido de imortalidade a essa ordem. 

Nota-se que ao se fazer essa analogia destas duas crenças quanto ao surgimento do escolhido (Jedi) e do Sith’ari (Siths), ocorre um certo silogismo, bem como um dualismo, no tocante a ideia de ser alguém com poderes infinitos, que independentemente das diferentes finalidades em que cada casta prediz, este trará uma certa confiança de vitória um sobre o outro, no caso a derrota do mal (Siths) pela hermenêutica Jedi, e o alcance de poder absoluto e a subjugação dos mais fracos pela interpretação Sith. 

4.4 O livre arbítrio em Star Wars

O livre arbítrio que se estabelece nessa secção consiste na relação com o personagem Anakin Skywalker, posteriormente transformado em Darth Vader, por conta de sua escolha em preferir o lado negro da Força, possuindo desejo incontrolável de deter um poder que poderia até evitar a morte de sua esposa, Padmé Amidala, constantemente revelados em sonhos deste personagem3 . Quanto a essa escolha, a relação que se cria segue princípios cognitivos cristãos e filosóficos do que vem ser o livre arbítrio em Star Wars, dado a decisão deste personagem. Entretanto nesta secção, seu arcabouço se delimitará a seguir a proposição epistemológica cristã. 

Sobre o livre arbítrio, ao longo da história do cristianismo, houve muitas controvérsias e alguns debates calorosos, como por exemplo no século IV entre Agostinho de Hipona e Pelágio, onde para Bogas, Couto e Hansen (2017, p. 169), o preceito pelagiano compreendia que a humanidade possui a capacidade de decidir quem será no futuro pelo livre arbítrio sem a necessidade de depender da graça de Deus, que se baseia no fato de resistirem por sua própria vontade a tudo que se refere a Deus. Em contrapartida a perspectiva agostiniana o livre arbítrio está ligado diretamente a graça de Deus, onde a liberdade humana deve ser entendida como a capacidade somente de pecar e de praticar a iniquidade, desconsiderando a graça divina de transformação. Colocando neste aspecto a liberdade e a soberania de Deus acima de toda a liberdade humana. 

Outro exemplo da historiografia cristã concernente ao livre arbítrio ocorreu no século VII e VII entre os Jansenistas e Jesuítas, que para Quinson, Lemaitre e Sot (1995, p. 167), essas ordens monásticas do catolicismo romano tiverem divergências quanto ao entendimento do que era o livre arbítrio e sobre a questão da graça concebida por Deus ao homem, assim como seus predecessores católicos no passado (Agostinho e Pelágio), pois para os Jansenitas que seguia uma diretriz nas ideias agostiniana, ensinava que a graça e totalmente imerecida e que o livre arbítrio do homem é exclusivamente dependente da vontade de Deus, pois tais já nasce predestinados a danação ou salvação, enquanto para a ordem jesuíta a graça é eficaz quando o homem consente e coopera com Deus através do livre arbítrio, ocorrendo assim uma espécie de sinergismo ou auxílio mutuo entre Deus e o homem para a sua salvação. 

Nessa premissa citada acima, ao analogisar os eventos literários que se preconizam em Star Wars, Quinson, Lemaitre e Sot (1995, p. 165), afirmam que “o livre arbítrio deve ser entendido como a não imposição do poder de Deus sobre a vontade e as escolhas individuais do homem”, que em comparação a diretriz Jedi quanto a este entendimento, a Força luminosa não obriga o indivíduo a fazer nada, e sim todas as suas escolhas dependem exclusivamente de cada um. 

Quanto a essa perspectiva Wallace (2016), afirma que os Jedis como principais proponentes da Força, quanto ao seu lado luminoso, cada indivíduo é definitivamente livre, podendo seu destino ser aceito ou rejeitado, pois todas as suas escolhas ao longo do seu modus vivendi, são livres para se fazer o que quiser. Neste sentido o resultado final da vida das pessoas depende de total exclusividade de cada um. 

A proposição mencionada acima pode-se correlacionar com um texto neotestamentário de I Co. 6:12, que diz: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não deixarei dominar por nenhuma”. A hermenêutica desse texto aborda sobre a proposição do livre arbítrio, o que cabe a cada indivíduo, quanto a suas escolhas, depende exclusivamente deste. Nesse aspecto essa premissa acaba corroborando com os ideários da Força, seja luminosa ou do lado negro, pois o indivíduo é que decide que lado deve seguir, mesmo que haja uma interferência, seja esta direta ou indiretamente de possíveis fatores que podem ocorrer hodiernamente as pessoas, como por exemplo: Doenças, acidentes, entre outras aporias, todavia isso não muda o poder de decisão de cada pessoa. 

4.5 A Teologia da retribuição em Star Wars

A teologia da retribuição, ou doutrina da retribuição suas bases axiomáticas segundo Lindez (2011, p. 23-29), estão pautadas em uma lógica mecânica de causa e efeito por conta de princípios legalista que servem para compreender e justificar a punição ou recompensa seja de deuses aos seus servos (ritos pagãos), ou pela perspectiva judaica por seu código de ética monoteísta, havendo em ambos os âmbitos uma mesma proposta de punir ou recompensar. No preceito judaico em comprimento a vontade do Deus de Israel, cria-se uma égide rígida da distribuição da justiça divina, originando um relacionamento Deus homem ou homem e Deus, em que se torna invariável tal proposição. 

Neste aspecto tais ações estão presentes na saga literária em Star Wars, pois, segundo Wallace (2016, p. 36-43), os Jedis usam a Força para o conhecimento e defesa, logo nunca para atacar, sendo que seu emprego fornece um locus ético, em harmonia com esse ser, trazendo equilíbrio a sua vida. Diferente do modus vivendi Sith, pois o efeito final de suas ações se concentra no individualismo, na conquista de poder as custas do caos, cujas consequências causam um certo desconforto e uma inquietude para aqueles que buscam esse lado da Força, por isso não há uma harmonia e sim um desiquilíbrio. 

No tocante a esse desiquilíbrio na vida dos Siths, quanto ao uso da Força, como suscitado em seções anteriores, tem-se o exemplo de Anakin Skywalker, que antes se tornar um mestre Jedi, mudou para o lado negro, transformando sua vida de harmonia e amor para com os outros indivíduos, em mundo cercado de perseguição, ódio, desconforto e caos. 

Ao se fazer uma analogia destes preceitos (causa e efeito), com princípios religiosos seja do cristianismo, budismo, entre outros sistemas ligados ao campo religioso, todos seguem parâmetros que estão concatenados ao resultado final, teleológico, que cada indivíduo deve alcançar, bom ou mal, devido suas ações. No Cristianismo esse processo mecanicista se liga, a lei da semeadura4 que, segundo o texto neotestamentário de Gálatas. 6:7b, diz: “Pois o que o homem semear isso também colherá”,5 que neste caso a lei da justiça se aplica ao pesoe medida pré-estabelecido pelas ações de cada um. 

Convém afirmar que nem todos os resultados finais dependem das ações pessoais, pois há certas ocasiões que nem tudo que se colhe na vida foi plantado um dia, uma vez que esse aspecto está ligado a área das relações humanas, porque é preciso analisar o ser humano em seu contexto histórico, social, psicológico e religioso específico, associado com cada caso, ou seja, a lei da causa e efeito não se aplica cegamente nesta situação. 

No Budismo por exemplo, esse processo se relaciona com a doutrina da samsara, que corresponde a um ciclo de renascimento, estando concomitantemente interligado ao karma, que se refere a ação intencional do indivíduo, para os atos bons e maus, e suas devidas consequências por conta destas ações. Nesse aspecto no budismo a lei da causa e efeito corresponde a tudo que é vivo no universo, pois uma ação, uma palavra ou até mesmo um pensamento, criam uma causa, que determina os acontecimentos da vida. Para Wilkinson (2011), o efeito corresponde a causa praticada, boa ou má, desta forma, por exemplo um indivíduo que faz o mal constante, terá uma vida infeliz, que ao contrário daquele que faz o bem, sua vida será feliz. Nesse aspecto, quanto aos princípios de causa e efeito, acaba correspondendo a todo ato da vida moral da humanidade correlacionado com a reação semelhante dirigida a ele, determinados acontecimentos da vida ocorrem devido a essa “retribuição ética do cosmos”.6 

Considerações finais

Redescobrir, reinventar, convergir, remodelar, transmutar, entre outras palavras, podem sintetizar o que representa a saga Star War ao longo de seus mais de quarenta anos de existência para as diferentes áreas do saber, pois surgem diferentes interpretações das ações de seus personagens principais (Jedis e Siths), que se coadunam a situações hodiernas da humanidade, como por exemplo a epistemologia dualista que há nas religiões, no caso o embate cognitivo entre o bem versus mal, o sagrado e profano. Esse preceito dicotômico e bem visível nessa trama fílmica e literária, o que fez surgir o interesse destes pesquisadores em analisar as representações religiosas e teológicas que a literatura Star Wars possui. Nesse sentido, com o propósito de delimitar o corpus dessa pesquisa, enveredou-se pela parte literária desta saga das obras compiladas por Daniel Wallace, visto que o campo de produção de Star Wars, conhecido como universo expandido, abrange incontáveis produções que como visto antes, vão desde jogos de vídeo game, obras de culinárias, quadrinhos, animações, séries de tv, entre outros produtos. 

A correlação da literatura da saga em Star Wars, se tratando de um substrato da cultura pop com o aspecto religioso e teológico, ocorreu através de um grande mosaico cognitivo de áreas como sociologia, filosofia, teologia, ficção cientifica, entre outras, dando suportes teóricos para que o teologar fizesse mais sentido à pesquisa. De maneira alguma tentou-se fixar diretrizes que venham a ditar uma via de regra normativa, pois esse grande mosaico cognitivo aqui suscitado faz com que a tematização desta pesquisa não acabe por aqui, porém se expanda cada vez mais. 

Concernente a essa expansão, destaca-se que na contemporaneidade, o arcabouço de várias esferas do saber, seja este científico ou de senso comum, corrobora para que as semiologias e os arquétipos (modelos) imaginários, em muitos casos de interpretação da ação do cotidiano, possam englobar desde produções literárias até produções cinematográficas, surgindo com isso diversas cognições nesse mundo cosmopolitano. 

Concernente a essa interpretação do cotidiano Reblin, utiliza-se do topônimo da “Teologia do cotidiano”, sendo entendida como uma cognição que não se prende ao pragmatismo racional, ou a uma esfera religiosa, todavia o que cada pessoa interpreta da sua maneira, ou seja, que ao “debruçar-se sobre a teologia do cotidiano implica em verificar como esse senso epistemológico comum interpenetra as mais diferentes narrativas e linguagens que permeiam a vida social cotidiana” (Reblin, 2015, p. 95). 

Nesse caso a vida social do cotidiano na literatura em Star Wars acaba transmutando dos livros literários para figuras arquétipas das religiões a das cognições teológicas, ocorrendo desta forma um verdadeiro mundus imaginalis, cuja compreensão está em intermediar os enredos e personagens da literatura de Star Wars ao universo das religiões, cuja analogia patentes e latentes compiladas nessa pesquisa, procurou-se em certo sentido dar um sabor a mais a esse ícone cinematográfico. 

Convém destacar que a égide do “mundus imaginalis” (Corbin, 1972), vem ser o grande contrapeso desta pesquisa, pois esse aforismo diz respeito a um intermundo de dialogicidade entre as proposições empíricas e abstratas, ou ainda seguindo a ótica filosófica do conhecimento, um mundo que fica entre a cognição platônica (mundo inteligível) e aristotélica (mundo sensível), surgindo uma epistemologia hibrida e não há uma hierarquização dicotômica dessas esferas do saber, e sim um constante mundo de transformações, um verdadeiro mutatis mutandis cognitivo e tais ideários concatenam-se com a temática proposta dessa pesquisa a literatura de Star Wars. 

O enriquecimento desses arquétipos, não há como deixar de suscitar a clássica frase dos textos de Star Wars, a long time ago galaxy far, far away, (A muito tempo atrás em uma galáxia tão, tão distante.... Tradução nossa). Remete-se dizer que por mais que essa obra filmográfica tenha se passado a muito tempo desde sua primeira produção, de tão, tão distante, não há nada, pois a cada dia há constantes remodelações, pode-se dizer convergências para outros campos epistemológicos dessa saga. 

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Notas

[1]  Para mais informações como são formados os preceitos cognitivos do mestre e escravo nietzschianos, consultar em: NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da Moral: Uma polêmica. São Paulo: Cia das Letras, 2009, p. 36.     

[2] Kant chama de solipsismo moral, o egoísmo que se situa no sujeito a fonte de todas as normas morais, onde o indivíduo não aceita outras normas fora dele mesmo, sendo tal atitude mais vista no campo prático do que simplesmente na teoria. Para mais informações quanto a esse tipo de egocentrismo antropológico e suas implicações na área da moralidade e da ética na sociedade, favor consultar em: KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. São Paulo: Brasil S.A, 2004, p. 79.    

[3] Para mais informações sobre a origem deste personagem da saga Star Wars, consultar em: SANSWEET, Stephen. Jonh. The Complete Star Wars Encyclopedia. New York: Del Rey. 2008.     

[4] Quanto a esse princípio da semeadura o apostolo Paulo usa essa diretriz em vários de seus ensinamentos, a fim de transmitir a ideia de investimento e retorno de Deus, conforme os merecimentos das ações sejam de bondade ou de maldade de cada indivíduo, de acordo com os textos de 1Co. 9:11; 15:42; 2Co. 9:6 e Gl. 6:7. Cf.: BÍBLIA sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida: Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.  

[5] Conforme. BÍBLIA, 1995, p. 1642. 

[6] Essa visão de retribuição ética do cosmos, Max Weber afirma que “o mundo é um cosmos ininterrupto de retribuição ética, em que culpa e mérito são infalivelmente retribuídos dentro do mundo, por meio dos destinos numa vida futura pelos quais a alma deverá passar por um número infinito de renascimento, onde méritos éticos levam uma vida até o céu, mas sempre apenas temporariamente até que se esgote a conta dos méritos. Do mesmo a finitude de toda vida terrestre é a consequência da finitude dos bons e maus feitos na vida anterior da mesma alma, e os sofrimentos da vida atual que parecem injustos do ponto de vista da retribuição, são expiações de pedados de uma vida passada. No sentido mais rigoroso, é exclusivamente o próprio indivíduo que cria seu destino”. Conforme: WEBER, Max. Economia e sociedade: Fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Universidade de Brasília, 1991, p. 355.