Alejandra Pizarnik: trazida (também) ao espanto da luz
Alejandra Pizarnik: brought (also) to the amazement of light

*Mariano Carou
* Profesor adjunto de Teología en Universidad del Salvador. Contato: marianitenc@yahoo.com.ar
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Resumen
Alejandra Pizarnik (1936-1972) y Sophia de Mello Breyner (1929-2004) son dos de las poetas más reconocidas en sus países. Fueron muy diferentes entre sí, pero compartieron un “espanto” por la luz, entendiendo “espanto” con la ambigüedad que presenta en portugués: como ‘horror’ y como ‘asombro’. En el caso de la poeta argentina, su preferencia por la noche y la oscuridad muestra claramente su inclinación a la luz como horror; en el caso de la poeta portuguesa, por el contrario, la luz es sinónimo de asombro y de claridad.

Palavras chave:Alejandra Pizarnik; Sophia de Mello; “espanto”; luz; poesía

 

Abstract
Alejandra Pizarnik (1936-1972) and Sophia de Mello Breyner (1929-2004) are two of the most celebrated poets in their countries. They were both very different, but they shared an “espanto” for light, if we understand “espanto” with the ambiguous meaning it has in Portuguese: as ‘horror’ and as ‘astonishment’. In which concerns to the Argentinian poet, it was clear that she preferred thinking about light as horror; on the other hand, in which concerns to the Portuguese poet, the light is a synonym for astonishment and clearness.

Keywords:Alejandra Pizarnik; Sophia de Mello ; “espanto”; light; poetry

Introdução

Aluz, como símbolo, sempre aparece associada ao positivo. No discurso quotidiano, “dar à luz”, “trazer à luz”, “a luz foi feita” ou simplesmente “é uma luz” são expressões que se referem à busca da verdade, dos afetos mais profundos ou de uma realidade feliz . Na Bíblia, a primeira coisa que Javé faz é separar a luz das trevas, e é a primeira das criações a que ele qualifica de “boa” (cf. Gn 1, 3-4). Isaías anuncia que uma grande luz brilhará sobre as pessoas que andam nas trevas (cf. Is 9, 2). E na plenitude da Revelação, Cristo é a luz que nasce do alto, que vem iluminar os que vivem na sombra da morte (cf. Lc 1, 78- 79), e ele próprio é a Luz do Mundo (cf. Jo 8, 12). Contudo, as Escrituras também reúnem outros significados para a luz: para Habacuque, a luz de Deus provoca medo, pois demonstra seu poder que estremece a Terra (cf. Ha 3, 3ss). Paulo, cercado pela luz que revelará sua vocação, fica cego (cf. Atos 9, 2-9). É que, embora um relacionamento com o bem, a verdade e a beleza predominem em seu significado, a luz deixa a porta aberta para uma certa ambiguidade.

Essa ambiguidade também aparece em português na palavra “espanto”, que significa tanto “assombro” quanto “horror”. Portanto, a escolha do verso “Trazida ao espanto da luz” para animar estas jornadas reflete a polissemia dos dois termos. A luz pode ser percebida como assombro, mas também, se for muito poderosa, como causa de dor. Não devemos esquecer que o verbo μύω aparece na raiz da palavra “misticismo”, que pode indicar abrir ou fechar lábios ou olhos, e está associado a piscar; entende-se que pelo excesso de luz. Por outro lado, é um fenômeno quotidiano fácil de verificar: nem sempre estamos em posição de receber a luz, pois muitas vezes nos incomoda ou nos machuca. No caso de Pizarnik, a luz era frequentemente uma causa de dor e, podemos também dizer, de espanto.

Alejandra Pizarnik (1936-1972), uma notável poetisa argentina, teve uma vida difícil e tempestuosa. Sua morte trágica e precoce alimentou o mito em torno a ela como “poeta maldita”, embora seja justo e importante dizer que na vida ele foi considerado uma figura de culto por personalidades como Octavio Paz e Julio Cortázar, por seu particular estilo e por tornar sua vida uma obra de arte, como postularam os surrealistas. Sophia de Mello, por outro lado, morreu idosa, cercada de reconhecimentos e num lugar privilegiado do cânone da poesia portuguesa. Mas há algo que as une: as dois perceberam que a luz era causa de espanto, isto é, de assombro e horror. De fato, para Pizarnik, a luz poderia ser “un sol horrendo” (2004: 57), e o próprio sol “un gran animal oscuro” (p. 420), incapaz de matar a noite (p. 449). Porque o seu ambiente natural era a noite:

Toda la noche hago la noche.
Toda la noche me abandonas lentamente como el agua cae lentamente. Toda la noche escribo para buscar a quien me busca.
Palabra por palabra yo escribo la noche. (Pizarnik, 2004: 420)

Quem a procura durante a noite? É, como os místicos, algum tipo de Presença que responde à sua sede? Ou será que a mesma presença será tão ambígua quanto a luz? Indagando a verdade das coisas, e em particular de suas próprias feridas, ela diz o seguinte:

Si te atreves a sorprender
la verdad de esta vieja pared;
y sus fisuras, desgarraduras,
formando rostros, esfinges, manos, clepsidras,
seguramente vendrá
una presencia para tu sed,
probablemente partirá
esta ausencia que te bebe. (Pizarnik, 2004: 193)

Essa sede e essa ausência fazem o eu lírico retirar-se ainda mais. Por isso, ela pedirá que a noite não a deixe, nem a entregue à luz:

no me entregues, tristísima medianoche, al impuro mediodía blanco. (Pizarnik, 2004: 186)

Tanto o eu lírico quanto o eu biográfico de Alejandra Pizarnik, que muitas vezes são difíceis de distinguir, reconheceram que não pertenciam à luz. Ou melhor ainda: que a luz, com toda sua carga vital e benevolente, era uma prisão que obrigava ao heroísmo suportar a vida de pé:

[…] El dorado día no es para mí. Penumbra del cuerpo fascinado por su deseo de morir […] Y yo me digo: Vende tu luz extraña, tu cerco inverosímil. Un fuego en el país no visto. Imágenes de candor cercano. Vende tu luz, el heroísmo de tus días futuros. La luz es un excedente de demasiadas cosas demasiado lejanas.
En extrañas cosas moro. (Pizarnik, 2004: 345)

Do que a luz pode ser excedente? Se perguntarmos a Alejandra, possivelmente a resposta é que a luz é a clareza que ilumina tudo o que ela não desfrutará novamente, que ela não terá, o reservado para os outros. Ela se reconhece

lejos de lo nacido
de lo que vibra con soles
y lleva espanto en su ritmo. (Pizarnik, 2004: 328)
Antes fue una luz
en mi lenguaje nacido
a pocos pasos del amor.
Noche abierta. Noche presencia. (Pizarnik, 2004: 167)

Ela não está no reino do amor, mas a alguns passos dele; poucos, mas o suficiente para torná-lo inacessível. Por esse motivo, a luz não lhe mostra a presença, mas é uma lembrança permanentemente do imenso vazio da ausência; a presença não está na luz, mas na noite. O excesso de luz lembra-lhe a felicidade reservada para os outros. Algo semelhante - talvez demais - ao que Pessoa, ou melhor, Bernardo Soares, declara no Livro do Desassossego: “Entre mim e a vida há um vidro ténue. Por mais nitidamente que eu veja e compreenda a vida, eu não lhe posso tocar […] A (minha) vida é como se me batessem com ela” (Pessoa, 1982: 344). A luz não serve para apagar a distância; sua nitidez não nos permite mergulhar na aventura da presença, nem evita a dor da ausência. O excesso, em qualquer caso, é de solidão.

No entanto, se perguntarmos a Sophia, talvez a resposta seja que a luz e a manhã são uma possibilidade da vida mostrar sua própria excedência:

Como um fruto que mostra
Aberto pelo meio
A frescura do centro
Assim é a manhã
Dentro da qual eu entro. (Mello, 2018: 171)

Além disso, a luz revela a imensidão das coisas. Para Sophia, ver a vida e admirar o mistério que é revelado mostra como são maravilhosas as coisas mais simples:

Ia e vinha
e a cada coisa perguntava
que nome tinha. (Mello, 2018: 81)

Devemos, no entanto, ser prudentes. Sophia de Mello não anula jamais a tensão e a angústia: só que o eu lírico costuma vir à luz para encontrar o sentido das coisas. Mas ele conhece de perto o espanto e a dor das trevas:

Este é o tempo
Da selva mais obscura
Até o ar azul se tornou grades
E a luz do sol se tornou impura
Esta é a noite
Densa de chacais
Pesada de amargura
Este é o tempo em que os homens renunciam. (Mello, 2018: 132)

O último versículo é a chave: os homens renunciam. O uso da terceira pessoa do plural nos permite inferir: “homens, outros, renunciam; eu não”. O eu lírico permanece firme à noite e é capaz de recusar o abandono. Em vez disso, Pizarnik vive essa possibilidade com desassossego. Olha para o mundo a partir do abismo e assegura-nos que descobrir a essência das coisas em seu ser mais íntimo é sem dúvida um gesto de resistência, mas que, por sua vez, causa a autodestruição do olhar:

una mirada desde la alcantarilla puede ser una visión del mundo la rebelión consiste en mirar una rosa hasta pulverizarse los ojos (Pizarnik, 2004: 125)

Por que não consegue encontrar a felicidade em admirar uma rosa? Parece que, ao contrário do que Silesius expressou, para ela a rosa tem um Warum: o problema é que esse por que, quem ela procura desesperadamente, não será revelada a menos que se adentre à noite:

Mensajeros en la noche anunciaron lo que no oímos.
Se buscó debajo del aullido de la luz. (Pizarnik, 2004: 75)

Sophia é mais sutil: ela não fala de uivos, mas sugere, na ambiguidade da palavra, que as coisas devem necessariamente ser trazidas à luz, com os riscos, as promessas e a aventura que isso implica:

O cardo floresce na claridade do dia. Na doçura do dia se abre o figo.
Eis o país do exterior onde cada coisa é:
trazida à luz
trazida à liberdade da luz
trazida ao espanto da luz. (Mello, 2018: 215)

Algo impensável para Alejandra, para quem o cardo não pode florescer, mas apenas trazer dor. Sophia de Mello abraça a ambivalência da palavra “espanto”; Alejandra Pizarnik fica com o lado mais sombrio, o do horror, o do vazio. Com as palavras, tentará cavar aquele vazio que mostra a luz, para chegar a algum lugar dentro da noite que lhe revele o ritmo vital:

Palabras emitidas por un pensamiento a modo de tabla del náufrago. Hacer el amor adentro de nuestro abrazo significó una luz negra: la oscuridad se puso a brillar. Era la luz reencontrada, doblemente apagada, pero de algún modo más viva que mil soles. El color del mausoleo infantil, el mortuorio color de los detenidos deseos se abrió en la salvaje habitación. El ritmo de los cuerpos ocultaba el vuelo de los cuervos el ritmo de los cuerpos cavaba un espacio de luz adentro de la luz. (Pizarnik, 2004: 279)

No entanto, nem tudo está perdido. Tenta encontrar no poema a chave que permita exorcizar a dor. Em uma entrevista, ela disse o seguinte:

Entre otras cosas, escribo para que no suceda lo que temo; para que lo que me hiere no sea; para alejar al Malo. Se ha dicho que el poeta es el gran terapeuta. En este sentido, el quehacer poético implicaría exorcizar, conjurar y además reparar. Escribir un poema es reparar la herida fundamental, la desgarradura. Porque todos estamos heridos. (Pizarnik, 2010b: 312)

Não está longe do que a própria Sophia dirá sobre o poema:

…] Este é o poema — engano do teu rosto No qual eu busco a abolição da morte. (Mello, 2018: 56)
Tú lloras debajo del llanto,
tú abres el cofre de tus deseos
y eres más rica que la noche.
Pero hace tanta soledad
que las palabras se suicidan. (Pizarnik, 2004: 77)

As palavras cometem suicídio porque sabem que são incapazes de mergulhar tanto quanto o eu lírico pede. A riqueza existe, mas não há como alcançá-la. Isso inevitavelmente submerge-a no desassossego:

lloro, miro el mar y lloro.
canto algo, muy poco.
hay un mar. hay la luz.
hay sombras. hay un rostro.
un rostro con rastros de paraíso perdido.
he buscado.
sino que he buscado.
sino que agonizo. (Pizarnik, 2004: 376)

É surpreendente que neste poema ela use símbolos tão presentes na poética de Sophia de Mello, mas com um significado oposto. O mar não é promessa, mas infelicidade; a luz apenas revela a profundidade das trevas e as sombras. Nelas, um rosto “do paraíso perdido”, que ela procura, mas que não alcança. E essa busca sem sentido leva-lhe à agonia. Em vez disso, a autora portuguesa também parte das sombras, mas convencida de que os deuses confirmarão sua intuição: que tudo faz sentido.

[…] Desde a sombra do bosque
Onde se ergueu o espanto e o não-nome da primeira noite e onde aceitei em meu ser o eco e a dança da consciência múltipla
Desde a sombra do bosque desde a orla do mar caminhei para Delphos porque acreditei que o mundo era sagrado e tinha um centro […]
Só Antinoos mostrou o seu corpo assombrado
Seu nocturno meio-dia. (Mello, 2003: 112)

Se a beleza do deus pagão revela que, em um horizonte de significado, num ordenamento sagrado, luz e noite podem viver juntas, o Deus cristão fará ainda muito mais:

[…] Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro sabendo que o real o mostrara
Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento
A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto […] (Mello, 2018: 226)

Caminha com sentido, sabendo que a vida (a biografia e o rosto) dependem da nudez com a qual passa entre eles. Pergunta às coisas, à Criação, como Agostinho no Livro X das Confissões; e ela sabe que as coisas responderão. Mas o eu lírico de Pizarnik acha difícil resignar-se a essa nudez: ele se armou demais para aceitar a intempérie. O seu é um ascetismo bastante estudado. Como Piña (1999) argumenta,

este proceso de potenciar por medio de la sustracción -de énfasis, de cantidad de palabras, de recursos-, entraña una cuidadosa selección del léxico utilizado, que va reduciéndose cada vez más a las palabras, altamente estilizadas y selectas, de una lengua culta, prestigiosa y alejada de los escenarios y las experiencias propias de la vida cotidiana. (Piña, 1999: 109)

É por isso que ela não tem escolha a não ser continuar perguntando:

[…] ¿Quién es el heredero del viento,
quién me llena la boca de días,
quién hace que yo viva?
¿Quién prueba una verdad
en mi dolor sin fondo? (Pizarnik, 2004: 332)

O Deus judaico-cristão (lembre-se de que ela foi educada no judaísmo, ao qual pertenciam seus pais, exilados da Europa Oriental) não é consolo, porque, como Moisés (cf. Ex 33, 22-23), ele revela apenas as costas. Em seu diário íntimo, ela escreve para um destinatário que claramente não é humano:

¿Por qué me hiciste llena de sed?
¿Para qué pusiste en mí todos los deseos y todos los anhelos?
¿Por qué me formaste las manos en posición de estrechar otras?
[…] ¿Por qué me obligaste a ser deseo puro?
Si sabías que la desposesión es la llave de mi reino.
[…] Y por qué estoy en el final de mi vida.
Pregunto porque para ello fui hecha. (Pizarnik, 2010a : 294)

Confrontado com as questões mais profundas da existência, o eu lírico parece endereçar ao (D)estinatário a quem havia endereçado uma questão dramática muitos anos antes. Pergunta ainda válida:

…] ¡Pudiera ser tan feliz esta noche! Aún quedan ensueños rezagados. ¡Y tantos libros! ¡Y tantas luces! ¡Y mis pocos años! ¿Por qué no? La muerte está lejana. No me mira. ¡Tanta vida Señor! ¿Para qué tanta vida? (Pizarnik, 2004: 57-58)

Como a pergunta permanece válida, a falta de resposta praticamente a leva a tomar a decisão mais dramática:

¿Cómo no me suicido frente a un espejo y desaparezco para reaparecer en el mar donde un gran barco me esperaría con las luces encendidas?
¿Cómo no me extraigo las venas y hago con ellas una escala para huir al otro lado de la noche? […]
Señor
La jaula se ha vuelto pájaro
Qué haré con el miedo (Pizarnik, 2004:103)

Em 25 de setembro de 1972, Alejandra Pizarnik, internada num hospital psiquiátrico por causa de uma crise depressiva, toma uma dose letal de cinquenta comprimidos de barbitúrico. Graziano, para quem a morte de Pizarnik é uma espécie de autenticação retrospectiva da sua obra, também sustenta que, dessa maneira, os poetas malditos são irmãos de Cristo, pois neles o nexo criação / autodestruição dá origem a

un contexto en que la relación del hombre con la palabra y con el mundo no es muy diferente de la de su desventurado Dios cristiano, quien en la encarnación encontró el sentido de su muerte curiosamente entrelazado con su creación. Cristo debe haber venido al mundo […] para mostrar que la falta de sentido también es divina (Graziano, 1984: 9-10)

No momento em que Alejandra Pizarnik se rende ao espanto da luz, Sophia de Mello publica Dual, em um de cujos poemas ela diz: “Caminhei na luz nua” (Mello, 2003: 112). Essa nudez é o que lhe permitiu se deixar guiar por uma luz que vem do alto:

Eu caminhei na noite
Entre silêncio e frio
só uma estrela secreta me guiava. (Mello, 2018: 176)

Somente quem, como Sophia, acredita na nudez de sua vida, pode ser guiada por uma estrela, para que possa continuar caminhando. Dessa maneira, cumpriu o propósito que foi feito em seu primeiro poema publicado:

A pesar das ruínas e da morte
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias. (Mello, 2018: 45)

No final dos seus dias, ela deixou uma produção imensa. Em grande parte, é porque, apesar de sua desapropriação e nudez, abraçar a ambiguidade da luz fez que suas mãos nunca se esvaziassem e que seus sonhos pudessem renascer. Desde o início, a luz transfigura sua realidade e a coloca ao lado do espanto como assombro. Ou, de qualquer forma, como assombro e horror. Para Pizarnik, ao contrario, o espanto é apenas horror. Irmãs no espanto da luz - daquela luz condenada a aparecer e desaparecer ciclicamente -, elas deram respostas diferentes do ponto de vista existencial, mas igualmente pródigas do ponto de vista poético. O mistério dessa luz que é Deus – o que inclui sua fuga - e que é o amor, e que é a nossa vida, nos faz piscar. Diante do espanto da luz, Alejandra fechou e abriu os olhos repetidamente, até que decidiu fechá-los para sempre. Sophia, por outro lado, honrando seu nome, manteve-os abertos até o fim. Paradoxalmente, a poesia das duas continua a iluminar e mostra em sua validade que o horror, as trevas e a morte não têm a última palavra.

Referencias

GRAZIANO, Frank (comp.) (1984). Alejandra Pizarnik. Semblanza. México: FCE.

PESSOA, Fernando (1982). Livro do desassossego. Lisboa: Atica.

PIÑA, Cristina (1999). Poesía y experiencia de llímite: Leer a Alejandra Pizarnik. Buenos Aires: Botella al Mar.

PIZARNIK, Alejandra (2004). Poesía completa. Buenos Aires: Lumen.

PIZARNIK, Alejandra (2010) (a). Diarios. Buenos Aires: Lumen.

PIZARNIK, Alejandra (2010) (b). Prosa completa. Buenos Aires: Lumen.

MELLO BREYNER ANDRESEN, Sophia de (2018). Coral e outros poemas. São Paulo: Companhia das Letras.

MELLO BREYNER ANDRESEN, Sophia de (2003). En la desnudez de la luz. Salamanca: Ediciones de la Universidad.