Antonio Geraldo Cantarela*
Tânia Dias Jordão**
Alair Matilde Naves***
*Doutorado em Letras (literatura) pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Professor adjunto da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e professor titular do Instituto Santo Tomás de Aquino (ISTA). Contato: agcantarela@yahoo.com.br
**Doutora em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa “Religião, Pluralismo e Diálogo” (PUC Minas). Contato: tdjordao@gmail.com
***Doutorando em Ciências da Religião pelo PPGCR da PUC Minas. Contato: alairnaves@pucminas.br
Resumo:
Este artigo apresenta a linha de pesquisa Religião, Linguagem e Literatura, que integra o grupo de pesquisa Religião, Pluralismo e Diálogo (REPLUDI), ligado ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da PUC Minas. O texto descreve algumas atividades do grupo, em seu conjunto, e, mais particularmente, a produção acadêmica da linha, bem como as referências teóricas e metodológicas que sustentam suas pesquisas. O objetivo principal deste relato, repercutindo o que a revista Teoliterária tem realizado em seus 10 anos de existência, associa-se ao interesse de compartilhar nossas pesquisas com outros pesquisadores e grupos que debatem as interfaces entre teologia/ ciências da religião e literatura. Os dados históricos e bibliométricos aqui apresentados foram buscados no site do PPGCR, nas redes sociais do grupo de pesquisa e na plataforma lattes. As questões teóricas e metodológicas foram extraídas das produções acadêmicas dos pesquisadores.
Palavras chave: Repludi; Grupo de pesquisa; Teopoética; Linguagem
Abstract
This paper presents the line of research Religion, Language and Literature, which is part of the Research Group Religion, Pluralism and Dialogue (REPLUDI), linked to the Graduate Program in Religious Studies at PUC Minas. The text describes some activities of the group, and, more particularly, the academic production of the line, and the theoretical and methodological references that supports its research. The main objective of this report, reflecting what the journal Teoliterária has accomplished in its 10 years of existence, is associated with the interest of sharing our research with other researchers and groups that debate the interfaces between Theology/Religion Studies and Literature. The historical and bibliometric data presented here were searched on the PPGCR website, and on the research group’s social networks and on the Lattes platform as well. The theoretical and methodological issues were extracted from the researchers’ academic productions.
Keywords: Repludi; Research group; Theopoetics; Language
Este texto apresenta algumas atividades, referências teóricas e produções acadêmicas do grupo de pesquisa Religião, Pluralismo e Diálogo (REPLUDI/PUC Minas), particularmente o que se associa a uma de suas linhas de pesquisa, intitulada “Religião, linguagem e literatura”. Para evitar dúvidas, esclarecemos desde já que nossa “linha de pesquisa”, dentro do REPLUDI, não deve ser confundida com a “linha de pesquisa” Pluralismo Religioso, Diálogo e Linguagem, do nosso PPGCR, ainda que muitas de suas atividades se entrelacem. Assim, todas as vezes que usarmos aqui a expressão “linha de pesquisa”, estaremos nos referindo a um dos eixos de atuação do referido grupo REPLUDI. Usaremos o termo “pesquisador” para qualquer membro do grupo de pesquisa, independentemente de sua titulação.
Ao longo do texto, utilizaremos o termo teopoética para designar tanto o exercício de tecer correlações entre o texto literário e o discurso teológico, quanto o debate teórico, epistemológico ou metodológico sobre aquele mister. Assim, enquanto substantivo, “teopoética” identifica um determinado campo de conhecimento; enquanto adjetivo, caracteriza o tipo ou os traços da produção germinada naquele terreno. Da mesma forma, utilizaremos o termo Teologia de forma genérica, para referir o discurso sistemático associado a qualquer sistema de crença, seja aquele de uma forma tradicional e institucionalizada de religião, seja o de uma espiritualidade vaga e difusa.
Sabemos que a palavra “teopoética”, ainda que cunhada no contexto do diálogo entre literatura e teologia, tem sido usada também no campo específico dos estudos ou ciências da religião. Mais que a falta de um termo próprio para designar esse lugar relativamente novo do diálogo entre ciências da religião e literatura, sentimos a carência de referências e debates epistemológicos pertinentes a esse campo em particular.
Seguimos, pelo menos em parte, a proposta do dossiê comemorativo dos 10 anos de Teoliterária, e organizamos nosso texto em três tópicos: 1) Apresentação do grupo de pesquisa REPLUDI, particularmente de sua linha: Religião, Linguagem e Literatura; 2) Aspectos teóricos e metodológicos, remetendo às principais referências e preocupações da linha; 3) Aspectos bibliométricos, relativos aos pesquisadores e à sua produção.
O Grupo de Pesquisa Religião, Pluralismo e Diálogo (REPLUDI), originado de grupo anterior chamado Campo Religioso e Sociedade, iniciou suas atividades como grupo autônomo em 2012, com o objetivo geral de investigar temáticas relativas ao diálogo inter-religioso. Desde seu surgimento, o REPLUDI expôs em sua ementa propostas específicas para analisar o fenômeno religioso na perspectiva de sua interação com a sociedade; compreender as diversas expressões religiosas, mesmo aquelas não institucionalizadas; investigar a pluralidade cultural e religiosa, a partir dos desafios do diálogo inter-religioso; pesquisar expressões de teologias contextuais, novas espiritualidades, bem como o papel da religião ante a crise planetária, e, ainda, dinâmicas do âmbito religioso como o fundamentalismo e os sincretismos.
Em razão de acolher novas demandas de pesquisas do PPGCR da PUC Minas, o REPLUDI, já no princípio, ampliou seu leque de objetivos e começou a pesquisar também temas relacionados às manifestações artísticas e, particularmente, literárias concernentes às religiões ou em interface com a religião. Mais tarde, em 2017, o grupo acolheu uma nova perspectiva de investigação: a mística. Assim, o REPLUDI apresenta-se, hoje, como um grupo de pesquisa plural e multifacetado, com pesquisas que se voltam para a crise das instituições religiosas no mundo contemporâneo, a busca por novas espiritualidades, as identidades religiosas em movimento, os desafios e tendências do diálogo inter-religioso, as relações entre a linguagem da religião e a linguagem das artes, as relações entre religião e o sistema discursivo literário, as místicas que alicerçam diversas experiências e movimentos religiosos, a linguagem própria da mística.
Um mesmo grupo de pesquisa que investigue desde diversidade religiosa e diálogo inter-religioso até relações entre teologia e literatura, passando por espiritualidade e mística apresenta, certamente, desafios para manter em alto nível o interesse de todos os pesquisadores sobre temas que nem sempre são os de seu particular campo de pesquisa. Todavia, conforme avaliam os membros do REPLUDI , a riqueza da convivência e a troca de experiências e conhecimentos advindos das diferentes pesquisas superam qualquer dificuldade.
Algumas perspectivas teóricas ofereceram especial sustentação e liame à diversidade de pesquisas do REPLUDI. Destacamos, de modo particular, os estudos sobre a linguagem simbólica, objeto de interesse de muitos pesquisadores do grupo. De fato, o imaginário simbólico mostra-se constitutivo basilar tanto do poético quanto da experiência religiosa, com sua riqueza de gestos, imagens e narrativas; destaca-se aí a linguagem da mística. Os estudos sobre o símbolo construíram a compreensão de que, ao fim e ao cabo, as linguagens da experiência religiosa, da mística e da literatura, em sua relativa autonomia e em sua diversidade, nascem da capacidade humana de imaginar e simbolizar.
Desse modo, frente a questões práticas – como o desafio de fazer coincidir a agenda de quatro dezenas de pesquisadores, dentre professores, discentes e egressos –, o REPLUDI se organiza atualmente em três linhas de pesquisa: Pluralismo e Diálogo inter-religioso, com dezoito pesquisadores, coordenados pelo Prof. Roberlei Panasiewicz; Espiritualidade e Mística, com quatorze integrantes, sob a liderança do Prof. Carlos Frederico Barboza de Souza; e Religião, Linguagem e Literatura, com dez membros, tendo à frente o Prof. Antonio Geraldo Cantarela.
Esta última, cujas atividades constituem o objeto principal deste paper, investiga questões na perspectiva da teopoética, ou seja, do vínculo entre linguagem religiosa e dimensão estética e, particularmente, relações entre religião e literatura. Seu escopo se resume nesta ementa, conforme expresso no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq:
A linha Religião, Linguagem e Literatura estuda as relações entre linguagem religiosa, linguagem literária e linguagem em geral. Discute, particularmente, estes aspectos: as interfaces entre os saberes literário e teológico, o lugar do sistema discursivo literário nas Ciências da Religião, o uso do texto literário como matéria para o estudo do fenômeno religioso, as contribuições de teorias semióticas e de crítica literária para a leitura do “texto” religioso, a linguagem religiosa de saberes tradicionais.
Financiado pela PUC Minas, FAPEMIG e CNPq, o grupo de pesquisa REPLUDI tem realizado investigações diversas que vêm sendo apresentadas em colóquios, simpósios, congressos e publicadas. Esses trabalhos, por versarem sobre distintas expressões religiosas e culturais, enriquecem sobremaneira o próprio grupo e querem ser uma contribuição de relevo para a sociedade. O viés aberto e dialogal do REPLUDI se manifesta também pela construção de projetos em parceria, como é o caso da articulação em rede acadêmica com a UNICAP e a UFJF, constituindo o Grupo Interinstitucional Espiritualidades Contemporâneas e Pluralidade e Diálogo.
As atividades do REPLUDI se organizam em quatro modalidades principais: a) Encontros mensais de compartilhamento de leituras e projetos; b) Fórum da Espiritualidade Contemporânea; c) Religião e cinema; d) Colóquio anual.
a) Dos inícios até 2019, em reuniões mensais, discutiam-se tópicos comuns relacionados ao planejamento e avaliação das atividades do grupo e, depois, alternadamente, partilhavam-se pesquisas. Alguns membros do grupo encarregavam-se de preparar, antecipadamente, uma leitura/avaliação das pesquisas que seriam apresentadas no encontro, à guisa de uma banca examinadora. Conhecer trabalhos diversos e ter a possibilidade de obter distintos olhares sobre a própria investigação enriqueciam o grupo. Porém, à medida que este foi se ampliando, fez-se necessária uma alteração no formato das reuniões.
Atualmente, a reunião mensal se divide em dois momentos, um com todos os integrantes, e outro, por linha de investigação. Na reunião por linhas, ocorre o compartilhamento de pesquisas – de dissertação, tese ou para a escrita de artigo ou capítulo de livro – ou a discussão de algum texto/tema de interesse da linha. No momento da reunião geral, debate- -se um tema de relevância mais ampla, a partir de textos previamente lidos ou, ainda, pode haver uma palestra proferida por pesquisador convidado. Em 2021 o REPLUDI reflete sobre o tema decolonialidade, preparando-se para o colóquio do grupo que se realizará ao final do ano.
b) O Fórum da Religiosidade Contemporânea, chamado anteriormente Observatório da Religiosidade Contemporânea, realiza-se em duas etapas: uma “visita guiada” a uma instituição religiosa e o fórum propriamente dito, que consiste na vinda de membros daquela instituição à Universidade para falar de sua instituição.
Até 2016, esta atividade limitava-se a trazer aos espaços da Universidade diferentes instituições religiosas; em geral, aquelas que tinham em sua membresia algum estudante de nosso PPGCR. Nesse formato, recebemos em 2014 a visita de Hare Krishna e Budismo; em 2015 recebemos Espiritismo e Wicca; em 2016, Judaísmo e um grupo de Espiritualismo Científico: Iluminação e Autoconhecimento Espiritual e Cósmico. Utilizava-se um roteiro para auxiliar na apresentação de cada expressão religiosa, a qua se dava por membros da própria religião. Tal roteiro surgiu para que o interesse em conhecer a instituição não resvalasse no risco de proselitismo. Em geral, abordavam-se brevemente sua história, narrativas, princípios éticos, concepção do Transcendente, rituais e cerimônias, concepção de vida e de morte, espiritualidade, percepção por outros grupos, abertura ao diálogo com as demais religiões e modos de divulgação da própria religião. Havia também a possibilidade de apresentação de pequenos vídeos, durante o encontro.
A partir de 2017, houve uma mudança no formato dessa atividade, que passou a ser realizada apenas uma vez no ano, começando com uma visita de integrantes do grupo de pesquisa à instituição religiosa, no primeiro semestre; e, posteriormente, no segundo semestre, aquela mesma comunidade era acolhida nos espaços da PUC Minas, em um fórum aberto aos estudantes e professores do PPGCR e a outros estudantes da Universidade. Assim, em 2017, integrantes do REPLUDI visitaram um centro de Umbanda e, posteriormente, membros dessa mesma comunidade estiveram na PUC. Em 2018, a visita foi a um espaço sagrado do Candomblé, cujos membros foram recebidos depois na Universidade. Em 2019, conheceu-se uma comunidade do Islã, mas, por impossibilidade do fórum na PUC Minas, com os mesmos componentes da comunidade visitada, houve uma palestra acerca de Sufismo da Ordem Naqshiband. Ainda em 2019, a convite de um dos integrantes do REPLUDI, monge do Hare Krishna, visitou-se aquela instituição. Em 2020, não houve o fórum. Em 2021, realizou-se uma apresentação on- -line sobre Candomblé Jeje Savalu, por um sacerdote daquela religião, mestrando de nosso Programa.
Esses fóruns, além de propiciar o conhecimento no encontro com diferentes expressões religiosas, constituíram-se em momentos significativos de partilha, reflexão e debate, além de interação do grupo de pesquisa tanto com demais membros da comunidade acadêmica quanto com a comunidade externa. Em razão da pandemia da Covid-19, em 2020 e 2021 não realizamos o fórum.
c) A partir de 2019, o grupo de pesquisa iniciou a atividade Religião e Cinema. Trata-se de um fórum semestral sobre filmes com temáticas religiosas. Cada integrante assiste previamente o filme escolhido; e dois ou três membros do grupo conduzem o debate no dia do fórum. Realizamos, neste formato, debates sobre estes filmes: Alma Imoral (2019), do diretor Sílvio Tender, baseado no livro de mesmo nome do rabino Nilton Bonder. Devoção (2008), de Sérgio Sanz, sobre sincretismo religioso no Brasil. O vento será tua herança (1960), de Stanley Kramer, baseado nos históricos conflitos jurídicos ocorridos no Tennessee, em 1925, entre dogmas criacionistas e teorias evolucionistas. Abençoe-me Última: a Feiticeira (2013), do diretor Carl Franklin, sobre uma curandeira que partilha seus saberes tradicionais com um garoto e põe em questão ensinamentos da doutrina católica. Ex Pajé (2018), documentário brasileiro dirigido por Luiz Bolognesi, coloca em contraste a ótica evangelizadora de missionários cristãos e a perspectiva da religião originária dos índios Pater Saruí.
d) O Colóquio Anual é uma atividade que somente agora está se consolidando. Em 2013 o grupo de pesquisa realizou o Primeiro Seminário Religião e Educação: Cultura de Paz e Solidariedade. O evento contou com a participação de professores e discentes, que discutiram a contribuição das religiões na construção de uma cultura de paz. Retomou-se essa atividade em 2019, com o II Colóquio do Grupo de Pesquisa Religião, Pluralismo e Diálogo (REPLUDI), com o tema: Diálogo Inter-Religioso na Ciência da Religião Aplicada: perspectivas epistemológicas e práticas. O III Colóquio, em 2020, foi realizado conjuntamente com o VIII Colóquio do Grupo de Pesquisa Religião e Cultura, também do PPGCR PUC Minas. O evento celebrou o sesquicentenário de obras de Max Müller, algumas das quais foram traduzidas para o português por membros do grupo. Neste ano de 2021 encontra-se em fase de preparação o IV Colóquio do REPLUDI, a ser realizado em dezembro, em pareceria com outro grupo de pesquisa do PPGCR, sobre o tema decolonialidade.
Além dessas atividades, de caráter mais permanente, o REPLUDI, por meio de alguns de seus integrantes, assessorou a Secretaria de Desenvolvimento Social de Minas Gerais, com a confecção de uma cartilha sobre diversidade religiosa e violência religiosa. O material escrito está sendo transformado em vídeo-aulas que serão utilizadas na formação e treinamento de pessoal ligado a órgãos públicos estaduais, como policiais e professores.
As atividades do REPLUDI, assim como as produções acadêmicas de seus membros, são compartilhadas através do seu blog (https://repludi.wixsite.com/grupodepesquisa) e podem ser conhecidas também pela página do PPGCR da PUC Minas. O grupo encontra-se também nas redes do facebook, instagram e youtube.
Apresentamos, neste tópico, algumas preocupações, escolhas metodológicas e referências teóricas que têm guiado nossas pesquisas. Não se pretende, aqui, oferecer uma epistemologia ou uma metodologia, no sentido estrito de fundamentar teoricamente as escolhas que subjazem às nossas produções em teopoética. Trata-se, na prática, de algumas observações nascidas de leituras diversas e ampliadas no debate acadêmico, particularmente nos grupos de trabalho da SOTER e da ANPTECRE. Destacamos quatro aspectos que nos preocupam: a) A relativa falta de autonomia do sistema discursivo literário em relação ao discurso teológico; b) A exigência de fundamentar teoricamente as produções teopoéticas, quer no âmbito da teologia, quer no dos estudos literários; c) A busca por ampliar o campo da teopoética, no sentido de que possa apresentar mais interesse para as Ciências da Religião; d) O desafio de pensar o diálogo entre teologia e literatura considerando não apenas os assuntos oferecidos pela obra literária, mas privilegiando seus aspectos formais. Nossa preocupação em focar esses aspectos advém da constatação de que com eles se relacionam alguns “defeitos” ou limites apontados em produções teopoéticas, no contexto de defesas de dissertações e teses. Alguns desses pontos se imbricam. De qualquer modo, abordaremos separadamente cada aspecto.
A lista bibliográfica que apresentamos ao final diz respeito a autores e obras que constituem referências importantes no desenvolvimento de nossas pesquisas. Ao longo deste tópico, citamos aqueles autores de modo sumário, sem trazê-los ao debate.
a) A autonomia dos campos literário e teológico
Uma das primeiras questões com que nos deparamos, ao nos inteirarmos da história dos debates no campo da teopoética, diz respeito à crítica, tecida por alguns teóricos, acerca de certo risco de subordinação do texto literário pelo discurso teológico. Segundo tal juízo, esse tipo de leitura tenderia a reduzir a literatura ao papel de provedora de perguntas existenciais para as quais o discurso teológico da revelação disporia de respostas. Aquela crítica sustentava-se sobre o pressuposto da autonomia dos campos dos saberes literário e teológico. E rejeitava a concepção reducionista de que o discurso teológico seja um corpus acabado e não passível de rasuras. Aquele modelo de leitura, caso tenha em alguma dose existido, parece estar superado. Uma leitura atenta da história dos debates em Teopoética indica, mais adequadamente, certa tensão na recepção de trabalhos acadêmicos então produzidos. A tensão, que em parte provinha de certo desconhecimento recíproco dos campos literário e teológico, demandava esclarecer os pressupostos dos espaços de produção e recepção próprios dos debates. Tomada certa distância temporal, pode-se dizer que a tensão foi superada; discussões teóricas recentes indicam isso.1 Entretanto, nossos primeiros contatos com as produções em teopoética – talvez marcados pelo entusiasmo de conhecer o campo – não lograram, então, alcançar a profundidade da questão.
Duas leituras, em particular, ajudaram nosso grupo de pesquisa a aprofundar o assunto e, de algum modo, escapar de possíveis armadilhas reducionistas: O drama da salvação, de José Carlos Barcellos (2008), e Os escritores e as escrituras, de Karl-Josef Kuschel (1999). Os “retratos teológico-literários” construídos por Kuschel mostraram-se fundamentais para nossa compreensão da autonomia da literatura, no sentido de que o que ela diz e o modo como o diz só ela e nenhuma teologia conceitual se mostra capaz de expressar. A obra de Barcellos, por sua vez, particularmente em seu primeiro capítulo, aponta com agudeza os princípios de hermenêutica literária e os fundamentos do método teológico, bem como as perspectivas teórico-metodológicas que possibilitam o diálogo proveitoso entre teologia e literatura. Outros autores, como veremos em seguida, contribuíram para o aprofundamento da questão.
b) A exigência de fundamentação teórica
A expressa referência à Bíblia em inúmeras obras literárias torna-se um possível caminho para quem deseja adentrar os espaços da teopoética. Bastaria lembrar, dentre inúmeros autores, Machado de Assis, Clarice Lispector, José Saramago, Moacir Scliar, José Tolentino de Mendonça. O estudo de obras que configuram algum tipo de recepção literária da Bíblia mostra-se um fato frequente na área. Também outros temas de matiz religioso, como valores morais, virtudes, abertura ao Transcendente, religiosidade popular, conflitos religiosos se fazem presentes na literatura e constituem o ponto de partida de muitos trabalhos em teopoética. Lembramos, por exemplo, o grande número de produções em torno da obra de Fernando Pessoa, Jorge Luiz Borges, Adélia Prado, Mia Couto, Ariano Suassuna. Os índices textuais oferecidos por muitos textos literários permitem, de fato, sem grandes dificuldades, estabelecer paralelismos e correlações com temáticas do campo bíblico e teológico.
Entretanto, encontramos com certa frequência correlações que não avançam muito além do que aflora à superfície do texto. Esse nível mais superficial de convergências se pode explicar pela recorrência de certos temas na literatura de todos os tempos, como amor, ódio, aliança, traição, dor, esperança. Reconhecemos que, já nesse nível, encontramos produções acadêmicas instigantes e de grande interesse no que diz respeito às intuições e percepções que lhes servem de alicerce. Falta, contudo, a esses trabalhos a necessária fundamentação teórica exigida pela tradição acadêmica.
Frente a tais pressupostos e constatações, nosso grupo de pesquisa tem buscado referências e inspiração nas produções acadêmicas de pesquisadores “veteranos” do campo da teopoética. O objetivo é averiguar como sustentam sua produção em termos teóricos e metodológicos. Além de Barcellos (2008), destacam-se duas outras obras que, por terem se alçado ao lugar de “clássicos” da área, tornam-se leitura obrigatória: Teologia e literatura, de Antonio Manzatto (1994), e Deus no espelho das palavras, de Antonio Magalhães (2000). Outros autores, sob perspectivas variadas, enriquecem o rol das leituras indispensáveis para quem deseja conhecer o campo. Indicamos, dentre outros, pela liderança na área, pelo volume de sua produção e, particularmente, pela presença de fundamentação teórica em seus textos, Maria Clara Bingemer, Alex Villas Boas, Salma Ferraz, João Leonel, Douglas Conceição, Eduardo Gross, Suzi Sperber, Alessandro Rocha – a lista é bem maior. Para uma visão panorâmica dos diversos “modelos” de leitura representados pelas produções na área, indicamos o mapeamento feito por Antonio Cantarela (2018). Destacamos, ainda, o importante serviço prestado pela revista Teoliterária às pesquisas do tipo “estado da arte” para temas do âmbito da teopoética.
As pesquisas em teopoética pressupõem um conhecimento mínimo dos fundamentos e métodos teológicos, bem como das teorias e métodos dos estudos literários. Ocorre, entretanto, que somente alguns poucos membros do nosso grupo de pesquisa têm formação em alguma dessas áreas. Frente à lacuna, adotamos uma concepção mais ou menos ampla de teologia, na esteira da sistematização empreendida por Paul Tillich. Em sua Teologia Sistemática (2005), encontramos a conhecida categoria “preocupação última” à qual se associa a concepção do que constitui o teológico. A obra Teologia da Cultura (2009), por seu turno, oferece importantes pistas para a compreensão teológica da criação artística. A propósito dessas correlações, há um elemento que permeia tanto as linguagens da religião como as linguagens da arte: o símbolo. Para tratar o assunto, além de Ricoeur (1973), seguimos também Durand (1993 e 2004).
Em relação ao campo literário, esbarramos frequentemente na confusão que tende a dirigir o olhar, acriticamente, do texto literário para fora do texto. Certamente, a obra literária configura uma leitura de mundo. Trata-se, entretanto, de uma redescrição de mundo, de figuração de mundos possíveis. No texto literário, as hierofanias e outras encenações do sagrado fazem parte da estratégia de criação. Para dirimir questões que dizem respeito às relações entre história e literatura, seguimos a voz autorizada da Mimesis, de Auerbach (2004), a concepção de transcriações, na obra Metalinguagem & outras metas, de Haroldo de Campos (1992), e o panorama sobre as teorias críticas de literatura, de Luiz Costa Lima (2002 e 2006). Também a perspectiva de Koselleck (2006), sobre as relações entre história e linguagem, pode ser de grande interesse. Para os processos relacionados aos palimpsestos, seguimos Genette (1982).
Na lida com textos bíblicos, para um debate de maior amplitude acerca das relações entre Bíblia e literatura, lemos e sugerimos os clássicos Código dos códigos, de Northrop Frye (2004), e Deus: uma biografia, de Jack Miles (1997). Para os trabalhos de literatura comparada, indicamos, dentre outros, Haroldo de Campos, com a transcriação: Qohélet/O-QueSabe (1991), e A Bíblia Hebraica como obra aberta, de Eliane Branco Malanga (2005). Em relação à recepção da Bíblia como literatura, encontramos algumas vezes certa dificuldade em avançar para além dos limites da leitura religiosa ou devocional. A proposta de uma abordagem literária da Bíblia, na linha de Robert Alter (2007), oferece uma excelente ferramenta para a crítica literária das narrativas bíblicas, sem desmerecer seu valor enquanto livro sagrado.
c) A ampliação do campo, em direção às Ciências da Religião
A grande maioria dos pesquisadores de temas nas interfaces entre teologia e literatura realizou sua pós-graduação stricto sensu nessas áreas de conhecimento. Mestres e doutores em Ciências da Religião, com pesquisas em teopoética, somam pouco mais da metade do número de pesquisadores teólogos; e não chegam a um terço do total dos mestres e doutores em Teologia e Letras.2 Entretanto, muitos pesquisadores teólogos trabalham em programas de pós-graduação em Ciências da Religião e orientam dissertações e teses com temas característicos da teopoética. Isso ocorre em quase todos os programas de pós-graduação em Ciências da Religião no Brasil. E indica, segundo nossa compreensão, a necessidade de ampliar o campo da teopoética para além do diálogo entre teologia e literatura.
Para que as pesquisas em teopoética possam construir vínculos mais estreitos com as Ciências da Religião – e consolidar esses vínculos – faz-se necessário pensar, em perspectiva mais ampla, a articulação entre religião e linguagem; e, mais particularmente, a articulação entre linguagens da religião e linguagens das artes/da literatura. Em vista de responder a essa necessidade, nosso grupo de pesquisa tem seguido algumas pistas indicadas por Paulo Nogueira (2012 e 2016). Nessa direção, realizamos algumas leituras e debatemos alguns temas: as relações entre símbolo e metáfora em Paul Ricoeur (1973), a linguagem da religião na perspectiva da semiótica da cultura, a partir de Iuri Lotman (1996), os gestos na linguagem da religião, na esteira de Vilém Flusser (1994).
Concluímos pela importância de incluir esses teóricos – e outros, do mesmo cabedal – nas pesquisas em teopoética. Ademais, o alargamento do debate, no sentido de um foco mais amplo nas relações entre linguagem em geral, linguagens da religião e linguagens das artes permite integrar no campo da teopoética pesquisas que vão além do interesse pelo sistema discursivo literário, como o cinema, a dança, as artes visuais e, no extremo, os saberes tradicionais expressos em gestos, símbolos e narrativas presentes, por exemplo, nas festas de padroeiro e nas benzeções.
d) O desafio do diálogo entre teologia e literatura com ênfase na forma artística
Parece razoável pensar que a literatura – como as demais artes, em geral – tenha o seu ponto de partida nas vivências cotidianas, na história. Não existe texto sem mundo – já dissera Ricoeur (1973), seja o mundo que está na origem do discurso, seja o mundo possível para onde o texto aponta. Neste sentido, qualquer obra de arte e, dentre as artes, qualquer texto literário são documentos e intérpretes de seu tempo. As leituras que vinculam a obra literária ao cenário referencial que lhe deu origem e à história de suas primeiras recepções certamente podem ser de grande interesse. Entretanto, as leituras de foco vinculante tendem a desprestigiar os traços formais, estritamente estéticos, do texto literário.
A questão acerca do lugar secundário da forma, nos debates acerca da interface entre teologia e literatura, a encontramos em Gross (2012), em sua crítica à perspectiva do teólogo uruguaio Juan Luís Segundo, que afirmava o papel possível da literatura como lugar teológico. Tratase de uma questão, a nosso ver, de grande importância nos debates em teopoética. Diferentemente de alguns tipos de arte, como a dança, a música instrumental, a pintura abstrata, em que os traços formais tendem a sobrepujar o conteúdo, na literatura, com raras exceções, ocorre o inverso. Diante disso, reiteramos a pergunta: como pensar o diálogo entre literatura e teologia considerando, não apenas, mas primordialmente, seus aspectos formais?
Na busca por responder à pergunta, encontramos, ainda que de forma incipiente, duas rotas. A primeira, indicada por Paul Tillich (2005 e 2009), concebe o discurso teológico como o discurso que se associa àquilo que nos preocupa de forma última. Pressupondo a preocupação do artista com a qualidade de sua criação, o resultado formal de tal esmero poderia ser lido como valor de transcendência, de sacralidade. Outro caminho para a compreensão da forma artística como discurso que conduz para o mistério poderia ser o da mística apofática, conforme a leitura de Polo Cabezas (1993) sobre a linguagem em São João da Cruz. Seu pressuposto fundamental afirma a impossibilidade de falar a realidade misteriosa de Deus senão por balbucios. Daí o caráter intensamente performático da linguagem dos místicos. Na esteira dos esforços por tomar essas rotas, concluímos que as formas poéticas configuram, elas mesmas, um discurso sobre Deus porque sua beleza é capaz de iluminar o mistério humano – talvez mais que os discursos teológicos sistemáticos.
A linha de pesquisa Religião, Linguagem e Literatura, cujas investigações circunscrevem-se no âmbito mais geral e teórico das relações entre religião e linguagem e, mais particularmente, nas temáticas da interface entre religião/teologia e literatura, extrapola a perspectiva comum de estudos relativos à teopoética. Inserem-se dentre nossos estudos também algumas pesquisas que se interessam pela questão da linguagem religiosa dos saberes tradicionais, associados a benzimentos e milagres de curas, e às festas populares. A perspectiva teopoética, contudo, é a que sobressai, quantitativamente, no conjunto das pesquisas. Seguem-se a apresentação dos pesquisadores, com seus temas de pesquisa, e um quantitativo de suas produções acadêmicas.
Destacamos alguns temas e abordagens que formam um corolário de proposições presentes entre os pesquisadores da linha: as linguagens da religião, a mitopoética religiosa, o imaginário religioso, a religiosidade popular, os temas religiosos na literatura de cordel, as linguagens e as tecnologias digitais, a inter e a transtextualidade, o processo palimpséstico de escrita, a recepção literária de textos e temas bíblicos, os símbolos, as linguagens e gestos, as formas e as cores como reveladoras de sentido, dentre outros.
Em relação a aspectos mais gerais da interface entre religião e literatura, situam-se as pesquisas do Prof. Antonio Cantarela, na perspectiva dos debates de caráter epistemológico e metodológico. Incluemse, nesse horizonte, seu mapeamento das produções acadêmicas em teopoética no Brasil e a identificação de alguns modelos hermenêuticos subjacentes a essas produções. Outro eixo de sua pesquisa interessa-se pela recepção literária de textos e temas bíblicos e pela contribuição dos estudos literários para os estudos bíblicos. Duas outras preocupações subjazem às produções do pesquisador: o debate epistemológico acerca do lugar do sistema discursivo literário na área de conhecimento das Ciências da Religião, e a questão do valor religioso e mistagógico dos aspectos formais das artes, particularmente da literatura. No campo literário, o pesquisador trabalha com temas bíblicos e com obras de Fernando Pessoa e Mia Couto.
A pesquisadora Tânia Dias Jordão, mestre em Letras e doutora em Ciências da Religião, egressa do PPGCR, realizou sua pesquisa doutoral sobre a obra de Clarice Lispector, mais particularmente A maçã no escuro e A paixão segundo G.H.. Investigou processos palimpsésticos relacionados ao tema bíblico do pessach. Conforme a tese, Clarice se apropria do texto bíblico decalcando a escritura sagrada para escrever, a partir dela, sua própria narrativa.
Alair Matilde Naves, mestre e doutorando em Ciências da Religião, pesquisou, no mestrado, a presença do personagem Diabo na literatura de cordel, particularmente na obra do repentista e cordelista Manoel d’Almeida Filho. Seu atual foco de pesquisa, no doutorado, continua a ser a literatura de cordel, tratando a questão teológica mais ampla do bem e do mal. Destaca-se, no bojo da pesquisa, a leitura comparada do cordel A mulher que enganou o Diabo, de Almeida Filho, com as narrativas bíblicas de Gênesis 1-3.
Felipe Tristão da Silva Neto, mestrando do Programa, pesquisa o catolicismo sertanejo na obra O Romance da Pedra do Reino, de Ariano Suassuna. Trata-se de uma forma de religiosidade popular, feita das mesclas entre catolicismo português sebastianista, religiões ameríndias e religiões africanas, e figurada, no romance, na personagem Quaderna.
Além das pesquisas que contemplem a interface entre religião e literatura, temos ainda três mestrandos que estudam temas relacionados à religiosidade popular e sua linguagem. Giulia Quinteiro pesquisa o benzimento na cidade de Poços de Caldas, MG, e propõe um plano de salvaguarda do ofício de benzer enquanto cultura imaterial. Jonatan Vila Nova aborda os ritos e as práticas solidárias na tessitura das festas de Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora de Lourdes e Santo Antônio, na cidade de Prudente de Morais, MG. Alfredo Marion estuda a devoção popular em torno da beata Nhá Chica, conhecida como a “santinha de Baependi”.
Alguns integrantes de nossa linha de pesquisa, mestres em Ciências da Religião, egressos do nosso PPGCR, ainda que não participem assiduamente de todas as atividades do grupo, mantêm o vínculo e expressam sua intenção de dar continuidade aos estudos com temáticas da teopoética. É o caso de Rogério Tiago Miguel, que pesquisou temas relacionados à presença e à linguagem das instituições religiosas em ambientes digitais. Sua pesquisa, sustentada na concepção de dialogismo de Mikhail Baktin, afirma o universo dos ambientes digitais como a nova “habitação” dos discursos religiosos. É também o caso de Karina Masci Silveira Raydan, que pesquisou expressões de espiritualidade ateia na obra de José Saramago. Alexandre Sugamosto e Silva, doutorando do Programa, vinculou-se a outro grupo de pesquisa. No mestrado, pesquisou a mitopoética religiosa na obra Os peãs, do poeta cearense Gerardo Melo Mourão. Há, ainda, outros pesquisadores que contribuíram com a história da linha Religião, Linguagem e Literatura; todavia, por motivos diversos, já não caminham conosco.
O levantamento bibliométrico que se segue apresenta o quantitativo da produção acadêmica dos integrantes da linha, dentro de um recorte temporal de seis anos, de 2015 a 2020. As bases deste levantamento são: a Plataforma Lattes, o acervo da Biblioteca de Teses e Dissertações da PUC Minas e a Secretaria do PPGCR, onde se encontram os projetos em fase de orientação e desenvolvimento.
As tabelas apresentadas a seguir referem-se às publicações dos integrantes da linha (Tabela 1) e sua participação em bancas, eventos e outras formas de participação acadêmica (Tabela 2). Vale destacar que a maior parte dos dados computados nas tabelas refere-se a produções e participações com temáticas relacionadas ao ramo da linguagem da religião e da teopoética.
Fonte: Elaborado pelos autores com dados extraídos dos currículos disponíveis na Plataforma Lattes.
Fonte: Elaborado pelos autores com dados extraídos dos currículos disponíveis na Plataforma Lattes.
A nosso ver, este paper não requer conclusões. De qualquer forma, desejamos encerrar nosso texto desejando longa vida à revista Teoliterária e dar os parabéns aos seus editores, de modo particular ao seu primeiro editor executivo Alex Villas Boas, por sua dedicação à revista. A propósito das bodas de estanho (ou é de zinco?) do casamento entre Teoliterária e seus leitores e colaboradores, importa dizer: para além dos relatos de atividades e debate epistemológico que o dossiê promove com este número, expressamos nossa alegria por fazer parte desta celebração.
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[1] Sobre isso, recomendamos o artigo de Alex Villas Boas (2020), indicado nas referências.
[2] As assertivas são baseadas em Cantarela (2018).