NEBIL (Núcleo de Estudos Bíblia e Literatura, CNPq): Constituição e Pesquisas sobre Bíblia e Literatura1
NEBIL (Bible and Literature Studies Center): Constitution and Research on the Bible and Literature    

João Cesário Leonel*
Cristhiano Motta Aguiar**
Anderson Oliveira Lima*** 
*Professor na Gradução e Pós-Graduação em Letras, Universidade Presbiteriana Mackenzie, pesquisando Literatura e Bíblia e Literatura e Religiosidade. Contato: joao.leonel@uol.com.br
**Professor na Graduação e Pós-Graduação em Letras, Universidade Presbiteriana Mackenzie.Contato: 
cristhianoaguiar@gmail.com 
***Doutor em Ciências da Religião pela UMESP e em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Contato: anderson.angela.lima@gmail.com


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Resumo:

Este artigo apresenta o Núcleo de Estudos Bíblia e Literatura (NEBIL, CNPq), assim como indica seus membros, atividades e produção bibliográfica. Como principal produção do Núcleo, tem sido desenvolvido o projeto de pesquisa “Análise literária dos evangelhos canônicos: novas abordagens para a interpretação bíblica”. Dessa forma, serão acrescentados novos elementos à interpretação literária de um grupo particular de narrativas presentes no Novo Testamento: os evangelhos canônicos. O projeto se circunscreve ao campo de estudos intitulado “Bíblia como literatura”, com amplo desenvolvimento na Europa e nos EUA. No Brasil, tais estudos ainda dão seus primeiros passos. Para o desenvolvimento do projeto faz-se uso de teorias literárias, teorias da recepção, história do livro e da leitura. Faz parte do escopo do projeto a realização de eventos que reúnam pesquisadores e interessados, assim como a publicação de artigos científicos e de um livro de coletânea com trabalhos dos pesquisadores e convidados. 

Palavras chave: Bíblia como Literatura; Teoria Literária; Crítica Narrativa; Interpretação Bíblica; Evangelhos Canônicos. 

Abstract

This article presents the Bible and Literature Studies Center (NEBIL, CNPq), as well as indicates its members, activities and bibliographic production. As the Nucleus’ main production, the research project “Literary analysis of the canonical gospels: new approaches to biblical interpretation” has been developed. In this way, new elements will be added to the literary interpretation of a particular group of narratives present in the New Testament: the canonical gospels. The project is limited to the field of studies entitled “Bible as Literature”, which has been widely developed in Europe and the USA. In Brazil, such studies are still taking their first steps. For the development of the project, literary theories, reception theories and book and reading histories are used. It is part of the scope of the project to carry out events that bring together researchers and interested parties, as well as the publication of scientific articles and a collection book with works by researchers and guests.   

Keywords: Bible as Literature; Literary Theory; Narrative Criticism; Biblical Interpretation; Canonical Gospels.   

Introdução 

Este artigo apresenta e descreve o Grupo de Pesquisa NEBIL (Núcleo de Estudos Bíblia e Literatura (certificado pelo CNPq), coordenado pelo professor Dr. João Leonel. 

Para tanto, são relatadas as atividades do grupo, a partir de seus pesquisadores e também por meio dos eventos realizados. Com isso, busca-se trazer visibilidade à contribuição do NEBIL ao campo que une os estudos da literatura aos estudos acadêmicos da Bíblia. 

A seguir, será apresentado o NEBIL e suas produções, um resumo descritivo do campo de estudos conhecido como “Bíblia como literatura”, as questões teóricas que o envolvem e subsidiam as pesquisas desenvolvidas pelo NEBIL. Na sequência, virá a indicação das principais publicações do grupo e a quantificação dessa publicação. Por fim, os participantes do NEBIL serão apresentados. 

1. Apresentação do grupo de pesquisa

O Núcleo de Estudos Bíblia e Literatura (NEBIL), grupo de pesquisa certificado pelo CNPq, surge em 2018 dando prosseguimento às pesquisas desenvolvidas pelo Núcleo Multidisciplinar de Estudos do Protestantismo (NUMEP, CNPq). 

O NEBIL desenvolve seus trabalhos inserido na Pós-Graduação em Letras, Universidade Presbiteriana Mackenzie, SP, à qual o coordenador do projeto, João Leonel, e o professor Cristhiano Aguiar, estão vinculados como professores e pesquisadores, além de alunos de graduação e de pós-graduação da referida universidade. 

Na estrutura da pós-graduação, o NEBIL está ligado à área de concentração “Estudos discursivos e textuais”, dentro da linha de pesquisa “Língua, literatura e sociedade: discurso na comunicação, discurso religioso, discurso pedagógico, discurso político”. 

1.1 Descrição da proposta

A proposta de trabalho do NEBIL se apresenta em duas áreas, ambas se desenvolvendo a partir de estudos, pesquisas, orientações de alunos de graduação e de pós-graduação, realização de eventos e produção bibliográfica. A primeira pesquisa a Bíblia como texto literário. A segunda estuda a Bíblia e sua presença na literatura ficcional, principalmente a nacional. Em ambas as áreas se aplicam principalmente teorias advindas dos campos da teoria da literatura e da crítica literária. 

Neste momento, no contexto das atividades do NEBIL, está em desenvolvimento o projeto de pesquisa intitulado “Análise literária dos evangelhos canônicos: novas abordagens para a interpretação bíblica”. O projeto é financiado pelo Fundo Mackenzie de Pesquisa – Mackpesquisa, com prazo de duração de doze meses e com encerramento previsto para o final deste ano. 

O atual projeto de pesquisa pretende desenvolver e aprofundar aspectos teóricos e analíticos centrados na Teoria Literária e, mais particularmente, na Teoria Narrativa, especificamente aplicados às narrativas neotestamentárias. Dessa forma, o projeto acrescentará novos elementos à interpretação literária de um grupo particular de narrativas presentes no Novo Testamento: os evangelhos canônicos. 

O projeto se circunscreverá ao campo de estudos intitulado “Bíblia como literatura”, com amplo desenvolvimento na Europa e nos EUA. No Brasil, tais estudos ainda dão seus primeiros passos. O projeto visa, como produto, produzir material didático e de divulgação que seja relevante para alunos de graduação e de pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, principalmente dos cursos de Letras e Teologia, mas também a alunos de outros cursos no campo das ciências humanas, assim como a interessados em geral. 

1.2 Principais atividades

Em virtude da pandemia de Covid-19, desde o ano passado o grupo de pesquisa se reúne apenas virtualmente, em encontros periódicos para estudo e palestras de temas relevantes à pesquisa. Entre os pesquisadores do projeto, os professores Cristhiano Aguiar e João Leonel, docentes da Graduação e Pós-Graduação em Letras, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, trabalham na linha de pesquisa “Literatura e discurso religioso”, na referida pós-graduação, a partir da qual têm ministrado as matérias: 

    Projeto Integrador: Literatura e Religiosidade (Oferecido a alunos de graduação dos cursos de Letras, Jornalismo e Comunicação). 
    A narrativa bíblica como fenômeno literário/discursivo (Oferecida a alunos da pós-graduação em Letras). 
    Literatura e religiosidade (Oferecida a alunos da pós-graduação em Letras); 
    Textos religiosos como literatura: da produção à recepção (Oferecida a alunos da pós-graduação em Letras). 

Além disso, os referidos professores orientam graduandos (Trabalhos de Conclusão de Curso) e pós-graduandos (dissertações e teses) em temáticas ligadas ao projeto de pesquisa, como segue (últimos quatro anos): 

    Lucas Romaryo. Uma leitura do Cântico dos Cânticos. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso. Orientador: Cristhiano Aguiar. 
    Esdras Alexandre Silva da Rocha. The Screwtape Letters de C. S. Lewis no Brasil (1964-2014). 2018. Dissertação. Orientador: João Leonel. 
    Audrey Carine Cerqueira Santos. Da Calormânia para Nárnia: a reconstrução da identidade em O cavalo e seu menino. 2018. Dissertação. Orientador: João Leonel. 
    Leni Soares Vieira Fernandes. Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar: os efeitos dos cronotopos no evangelho de Mateus. 2019. Tese. Orientador: João Leonel. 
    Giovanna Lima. Religiosidade no conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga. 2020. Trabalho de Conclusão de Curso. Orientador: João Leonel. 
    Antonio Rodrigues Lima. Intertextualidade entre a Bíblia e “Dois Irmãos”, de Milton Hatoum. 2020. Trabalho de Conclusão de Curso. Orientador: João Leonel. 
    Cássia Ester. “O Cavalo e seu Menino”, de C. S. Lewis. 2020. Trabalho de Conclusão de Curso. Orientador: João Leonel. 
    Carlos Roberto Miranda. Lendo a Bíblia como literatura: análise de Marcos 5.21-43. 2020. Dissertação. Orientador: João Leonel. 
    Rony Santos Silva. Religiosidade em Morte e vida Severina. Trabalho de Conclusão de Curso. 2021. Orientador: João Leonel. 
    Fábio de Oliveira. Narrador e personagens em Lucas 24: a construção do sentido. 2021. Dissertação. Orientador: João Leonel. 
    Marcelo da Silva Figueiredo. Parábolas no evangelho de Lucas como literatura. Início: 2018. Tese. Orientador: João Leonel. Em andamento. 
    Ricardo César Toniolo. Livros de Crônicas como literatura. Início: 2019. Tese. Orientador: João Leonel. Em andamento. 
    Ueslei Fatarelli. Bíblias de estudos e a formação do leitor. Início: 2019. Tese. Orientador: João Leonel. Em andamento. 
    Lucas Viana de O. Jr. Evangelho de Lucas como literatura. Início: 2020. Dissertação. Orientador: João Leonel. Em andamento. 
    Marina Beatriz Mendonça Barone. As mulheres no evangelho de João. Início: 2021. Iniciação Científica. Orientador: João Leonel. Em andamento.

Dessa forma, a partir de orientações e matérias oferecidas, os docentes integram graduação e pós-graduação à temática desenvolvida pelo grupo de pesquisa. 

Suzana Schwarts, vinculada ao projeto de pesquisa sobre os evangelhos canônicos, professora do Departamento de Línguas Orientais, ligado à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, e diretora do Centro de Estudos Judaicos na mesma universidade, pesquisando principalmente a Bíblia Hebraica, contribui a partir de cursos e orientações (últimos quatro anos), como segue: 

    A Esterilidade na Bíblia Hebraica (matéria oferecida a alunos de pós- -graduação em Letras). 
    Metodologias de pesquisa aplicadas aos Estudos Judaicos (matéria oferecida a alunos de pós-graduação em Letras). 
    Cultura do Israel Bíblico I (matéria oferecida a alunos de graduação em Letras). 
    Cultura do Israel Bíblico II (matéria oferecida a alunos de graduação em Letras). 
    Conceitos da Bíblia Hebraica I (matéria oferecida a alunos de graduação em Letras). 
    Conceitos da Bíblia Hebraica II (matéria oferecida a alunos de graduação em Letras). 
    Lucas Iglesias. Vítima e agente: ironia e o ofício profético na Bíblia hebraica. 2019. Tese. 
    Tiago Viudes Barboza. Cântico dos Cânticos e o teatro performático: ruptura ou retorno? 2021. Trabalho de Conclusão de Curso. 
    André Kanasiro Spinelli Guimarães. Balaaão: um estudo crítico. Início: 2019. Dissertação. Em andamento. 
    Quefren de Moura Eggers. A virgem e o clã: um estudo sobre filhas e irmãs na Bíblia hebraica. Início: 2019. Tese. Em andamento. 
    Jonas Araújo Saboia. “erwat hadavar”- o uso da expressão na Bíblia hebraica. Início: 2020. Dissertação. Em andamento. 

Com respeito a eventos, descrevem-se abaixo os ocorridos durante o biênio 2019/2020 e os previstos para este ano: 

     4ª. Jornada “Bíblia e Literatura”. 2019. Em parceria com a Pós- -Graduação em Letras e a Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie e com o CELTA - UNICAMP (Centro de Estudos de Literatura, Teorias do Fenômeno Religioso e Artes). Palestras proferidas pelos doutores Daniel Santos Jr. (Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper – Instituto Presbiteriano Mackenzie). Título: “Caracterização e personificação na literatura sapiencial”; Paulo Augusto de Souza Nogueira (Universidade Metodista de São Paulo - UMESP). Título: “Os arquétipos religiosos e as dinâmicas de sua recriação na literatura”; Thiago Mio Salla (USP). Título: “A Bíblia Sagrada de Graciliano Ramos: A Leitura do Texto Religioso enquanto Desmistificação e Metáfora”; e Alexandre Carneiro (Unicamp). Título: “O Evangelho da Cananéia interpretado por Gil Vicente (1534)”. 
     5ª. Jornada “Bíblia e Literatura”. 2020. Evento online. Em parceria com a Pós-Graduação em Letras e a Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie e com o CELTA - UNICAMP (Centro de Estudos de Literatura, Teorias do Fenômeno Religioso e Artes). Palestras proferidas pela doutora Guadalupe Seijas de los Ríos-Zarzosa (Universidade Complutense de Madri). Título: “Una aproximación a la recepción del libro de Génesis”; e pelo doutor Marcio Cappelli Aló Lopes (Universidade Metodista de São Paulo). Título: “Bíblia, ‘modos de usar’: a metamorfose da religião na poesia de Adília Lopes”. 
     Diálogos PPGL. Realização do Programa de Pós-Graduação em Letras – Universidade Presbiteriana Mackenzie. Evento online ocorrido em 13 de agosto. Palestra proferida pelo dr. Alex Villas Boas (PUC/PR e CITER – Universidade Católica Portuguesa). 
     Coordenação do Simpósio “Literatura e Religiosidade”, pelo dr. João Leonel, no contexto dos congressos da ABRALIC (Associação Brasileira de Literatura Comparada). 
•     Edição 2019: juntamente com os doutores Marcos Lopes (Unicamp) e Alex Villas Boas (PUC/PR e CITER – Universidade Católica Portuguesa); 
•     Edição 2020: coordenação com o doutor Marcos Lopes (Unicamp) e a doutora Ana Claudia da Silva (UnB); 
• Edição 2021 (ocorrerá em setembro): coordenação com os doutores Marcos Lopes (Unicamp) e Alex Villas Boas (PUC/PR e CITER – Universidade Católica Portuguesa);

Congresso Internacional Literatura e Religiosidades. Evento online (ocorrerá em 04 e 05 de outubro). Parceria do NEBIL com pesquisadores das universidades Presbiteriana Mackenzie, USP, Unicamp, PUC/SP, PUC/Campinas, UMESP, Universidade Católica Portuguesa, Universidad Complutense de Madrid e Universidad de Barcelona. 

2. Aspectos epistemológicos

Indica-se, a seguir, a descrição resumida do campo de estudos “Bíblia como Literatura”, no qual se inserem as pesquisas do NEBIL. Os fundamentos teóricos desse campo são centrais para as pesquisas do grupo, mesmo com as necessárias complementações. 

2.1 Bíblia como literatura

Os estudos bíblicos, no contexto acadêmico e científico, têm se movido no decorrer do tempo a partir da aplicação de metodologias variadas. Se no primeiro século do cristianismo, momento de produção dos textos canônicos neotestamentários, foi praticada uma leitura cristocêntrica das Escrituras da Bíblia Hebraica, nos séculos seguintes seguiu-se uma teologia e hermenêutica guiadas por escolas filosóficas, produzindo em larga escala interpretações de cunho alegórico. No século 16 os reformadores, sob influência do Renascimento e do Humanismo, abandonaram a alegoria e se dedicaram ao estudo das línguas em que foram escritos o Antigo e o Novo Testamentos – hebraico, aramaico e grego – e aplicaram-se à análise dos textos bíblicos utilizando como ferramentas principalmente a filologia, a gramática e a história, de onde surgiu o método histórico-gramatical, utilizado ainda nos dias atuais. 

Nos séculos 17 e 18, sob o impulso do Iluminismo e do Racionalismo, nasceu e se desenvolveu o método histórico-crítico, amplamente aplicado aos estudos da Bíblia. Como o próprio nome indica, tal método tem seu foco na reconstrução crítica de fatos históricos narrados nas Escrituras, mediada por processos racionalistas de interpretação. Expressam concretamente essa abordagem ao estudo da Bíblia as metodologias intituladas de História da Tradição, História das Fontes, História das Formas e História da Redação. O método histórico-crítico ainda é empregado em trabalhos acadêmicos de exegese bíblica. 

Nos anos 1970, no contexto dos estudos acadêmicos de hermenêutica e exegese bíblicos, começou a se desenvolver a análise literária da Bíblia2 . Ainda que em diálogo com os métodos histórico-gramaticais e histórico-críticos, os estudos literários voltados para textos bíblicos priorizaram a análise sincrônica, com o objetivo de identificar processos retóricos de comunicação. Dessa forma, há uma alteração de paradigma interpretativo: da ênfase na reconstrução histórica para a atenção aos processos comunicacionais que os textos apresentam em seu diálogo com os leitores. 

A atenção de hermeneutas e exegetas bíblicos à interpretação literária foi estimulada pelo livro de Erich Auerbach, Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental, publicado em 19463 . De modo particular, foram fundamentais os dois primeiros capítulos, “A cicatriz de Ulisses” e “Fortunata”, nos quais o autor desenvolve uma comparação entre narrativas do Antigo Testamento e de Homero e a apresentação realista de personagens neotestamentários em relação com o estilo clássico de descrição, respectivamente. 

Outros teóricos e críticos literários passaram a se interessar pelo texto bíblico e a escrever sobre ele. Entre os mais conhecidos estão Robert Alter, com o livro A arte da narrativa bíblica, publicado originalmente em 19814, e o Guia literário da Bíblia, que organizou juntamente com Frank Kermode em 19875 ; assim como Harold Bloom, com suas incursões pelos textos bíblicos em Abaixo as verdades sagradas, de 19876 , O livro de J, de 19907 , e The shadow of a great rock: a literary appreciation of the King James Bible, de 2011, entre outros; e Northrop Frye, com O código dos códigos: a Bíblia e a literatura, de 19828.

Com a abertura do caminho iniciada por Erich Auerbach e seu alargamento pelos teóricos e críticos da literatura, começaram a surgir, principalmente no mundo de fala inglesa, análises de livros bíblicos mediadas por teorias narrativas por parte de teólogos e exegetas. Como o projeto de pesquisa “Análise literária dos evangelhos canônicos” tem foco específico nos evangelhos, cita-se algumas dessas obras, a título de exemplificação: Literary Criticism for New Testament Critics (PETERSEN, 19789 ); Mark as Story: An Introduction to the Narrative of a Gospel (RHOADS; DEWEY; MICHIE, 198210); Anatomy of the Fourth Gospel: A Study in Literary Design (CULPEPPER, 198311); Matthew’s Story of Jesus (EDWARDS, 1985); Matthew as Story (KINGSBURY, 198612); The Narrative Unity of Luke-Acts: A Literary Interpretation, 2 volumes (TANNEHILL, 1986 e 199013); What is Narrative Criticism? (POWELL, 199014); John as Storyteller (STIBBE, 199215); Matthew: Storyteller, Interpreter, Evangelist (CARTER, 199516); Narrative Criticism of the New Testament: an introduction (RESSEGUIE, 2005); Anatomies of Narrative Criticism: The Past, Present, and Futures of the Fourth Gospel as Literature (TATCHER; MOORE, 2008); Mark as Story: Retrospect and Prospect (IVERSON; SKINNER, 2011); The Theological Intentions of Mark’s Literary Devices (DEPPE, 2015); Characters and Characterization in Luke-Acts (DICKNEN; SNYDER, 2016); Modern and Ancient Literary Criticism of the Gospels (CALHOUN; MOESSNER; NICKLAS, 2020); The Gospels as Stories: A Narrative Approach to Matthew, Mark, Luke, and John (BROWN, 2020). 

No Brasil, tal pesquisa ainda está em fase inicial. Há poucas obras traduzidas, e ainda menos aquelas produzidas por autores nacionais. Por conseguinte, o projeto sobre os evangelhos canônicos tem como objetivo ampliar e aprofundar os estudos literários da Bíblia, e de modo particular as pesquisas sobre os evangelhos em nosso país. 

Em relação ao estudo literário dos evangelhos, pouco tem sido feito para o desenvolvimento do campo em contexto nacional. A produção literária ainda continua vinculada majoritariamente a estudos voltados para aspectos devocionais, que procuram atender a necessidades de comunidades cristãs, ou então se destinam a pregadores e exegetas com o objetivo de esclarecer os textos bíblicos principalmente em aspectos contextuais. Em ambas as abordagens, permanecem as perspectivas teóricas já mencionadas, principalmente o historicismo, que traz como produto final a ênfase no passado, via de regra em detrimento dos aspectos retóricos e literários dos textos, centrais para que sejam atualizados e aplicados aos leitores contemporâneos. 

Tal situação está vinculada à avaliação negativa dos evangelhos enquanto produção literária realizada no início do século 20 pela escola crítica, exemplificada em seus dois expoentes maiores, Martin Dibelius e Rudolf Bultmann. Para eles, os textos evangélicos eram coletâneas de memórias e fragmentos textuais, sem maior nexo, carecendo, em muitas situações, de veracidade histórica. Daí decorreram duas conclusões: a inexatidão histórica dos relatos e, como pressuposto dela, a limitada capacidade literária dos autores e de seus textos. 

O que se seguiu foi a definição dos evangelhos como literatura própria do cristianismo, gênero literário rudimentar, sem conexões com os gêneros do mundo grego. Cabe notar que tal classificação é seguida, em caráter majoritário, pela hermenêutica e exegese conservadoras que, em oposição aos pressupostos do criticismo, afirmam a veracidade histórica dos relatos evangélicos. Configura-se, dessa forma, a centralidade do aspecto histórico, seja para criticá-lo, seja para defendê-lo, o que traz, na maioria dos casos, a pouca atenção aos aspectos literários (cf. ZABATIERO; LEONEL, 2011, p. 23-28). 

As pesquisas do NEBIL, e do projeto sobre os evangelhos canônicos em particular, inserem-se nesse contexto, afirmando a centralidade da análise literária da Bíblia, uma vez que as Escrituras devem ser abordadas, antes de tudo, a partir de seu status de “texto”. Como decorrência, discussões mais amplas, relativas ao gênero literário dos evangelhos, devem ser retomadas a partir de suas características literárias, assim como a atualização da definição e análise de gêneros menores que estão incorporados a eles, como parábolas, ditos de sabedoria, profecias, genealogias etc. 

Não se pretende negar a tradição hermenêutica e exegética desenvolvida ao longo de séculos do cristianismo, mas incorporar a essa tradição uma nova perspectiva teórico-analítica, cujas contribuições mais expressivas se dão na compreensão dos textos e de seus mecanismos de comunicação, assim como a atenção ao processo de recepção e interpretação desses textos. Tal pesquisa vincula-se, em seus frutos, não apenas à evolução dos estudos acadêmicos dos evangelhos, mas também às comunidades religiosas que serão beneficiadas com ferramentas interpretativas úteis ao ensino dos evangelhos. 

2.2 Referenciais teóricos

Estudar a Bíblia, e mais especificamente os evangelhos bíblicos, a partir de teorias literárias, seja para discutir novas propostas de definição do gênero literário, como a biografia greco-romana (cf. MOMIGLIANO, 1993; OPORTO, 2015), ou as estéticas que governam o fluxo narrativo, como os estudos da História Oral (cf. BYRSKOG, 2002), ou aspectos relacionados com a configuração de espaços, tempos, personagens, enredos e narradores (ZABATIERO; LEONEL, 2011, p. 112-123) trará novos perspectivas que contribuirão tanto com o desenvolvimento acadêmico da área literária e teológica, como, a partir da divulgação dos resultados da pesquisa, chegarão a um público mais amplo, contando, entre ele, comunidades religiosas. 

Para o desenvolvimento estruturado e sólido do projeto, determinados autores e suas teorias são fundamentais. São eles: Erich Auerbach, Northrop Frye, Robert Alter, Antonio Candido, Roger Chartier, Gerard Genette, Wolfgang Iser, Hans Robert Jauss e Frederico Lourenço. Isso não nega o fato de que outros teóricos, segundo a particularidade de abordagem de cada pesquisador, sejam agregados. 

Erich Auerbach (2011) é reconhecido como pioneiro no estudo literário da Bíblia, abrindo as portas para que biblistas trilhassem o mesmo caminho. Sua proposta de conceber como virtude literária o caráter lacônico da narrativa bíblica presente no livro do Gênesis e o realce ao desenvolvimento do personagem bíblico, elementos, entre outros, o tornam modelo de análise literária e um dos pilares teóricos das pesquisas do grupo. 

Northrop Frye (2004), com sua concepção da Bíblia como o “grande código”, a partir do qual a literatura ocidental se erigiu, e a ênfase nas relações intertextuais e interdiscursivas entre textos bíblicos, que se constituiu em modelo para a literatura ficcional, é de suma importância não apenas para as análises literárias de textos bíblicos, mas, principalmente, para a conexão de tais textos com a literatura ficcional. 

Robert Alter (1997, 2007) a partir da teoria da “arte compósita” do texto bíblico, que explica aparentes contradições entre textos, e com as análises da arte literária com que foram elaborados segmentos narrativos do Antigo Testamento, torna-se, igualmente, um dos teóricos mais importantes para pesquisadores e alunos. 

A contribuição trazida por Antonio Candido (2009) diz respeito ao conceito de “sistema literário”, que permite reconhecer, para além de unidades de textos bíblicos isoladas, ou mesmo de livros solitários, conexões formais, sociais, literárias e de contexto de produção mais amplos que são fundamentais para que as pesquisas adquiram maior amplitude. 

Roger Chartier (2011, 2014), por sua vez, contribui com elementos teóricos ligados à história do livro e da leitura, como a atenção à materialidade das obras, o papel de editores, a formação de leitores, comunidades de leitores, protocolos de leitura e a atenção entre a tensão criada entre textos estáveis em sua forma e leituras instáveis em suas leituras. 

Gerard Genette (2009) é de fundamental importância por realçar que textos sempre se apresentam envolvidos por uma série de paratextos que influenciam os leitores na percepção de seus sentidos. A identificação deles e de suas funções trazem luz e aprofundam as pesquisas desenvolvidas pelos pesquisadores. 

Autores ligados à Estética da Recepção, como Wolfgang Iser (1974, 1996, 1999) e Hans Robert Jauss (2010), com a ênfase colocada na recepção dos textos literários, são centrais para os estudos desenvolvidos no NEBIL. A definição de texto como propositor de sentidos ao mesmo tempo aberto para seu preenchimento, e também da constituição de uma história da recepção, permitem que sejam estabelecidas diferenças teóricas entre a leitura literária da Bíblia e a leitura teológica, que procura fechamento de sentido no processo interpretativo. 

A importância de Frederico Lourenço (2017, 2018, 2019), autor de traduções do grego clássico, para as pesquisas do projeto está ligada diretamente à sua tradução do Novo Testamento, a partir do texto grego, e do Antigo Testamento, segundo o texto grego da Septuaginta, publicadas originalmente em Portugal e, no Brasil, pela Companhia das Letras. Além da tradução renovada, apresenta rico aparato paratextual.

Além destes principais referenciais teóricos, também fundamentam nossa pesquisa, em caráter suplementar, obras lançadas em língua portuguesa e que propõem uma leitura dos textos bíblicos a partir de uma perspectiva interdisciplinar que também contempla a dimensão literária. Podemos destacar O livro das origens: uma leitura descomprometida do Gênesis (CAVALCANTI, 2021) e O cântico dos cânticos: um ensaio de interpretação através de suas traduções (CAVALCANTI, 2005), ambos de autoria de Geraldo Holanda Cavalcanti; História da literatura do Antigo Testamento (SCHMID, 2013); Antigo Testamento: introdução (SKA, 2018), Antigo Testamento (SKA, 2018); O tempo que resta: um comentário à Carta dos Romanos (AGAMBEN, 2016). 

Algumas obras historiográficas recentemente podem ser apontadas como referências: A Bíblia desenterrada: a nova visão arqueológica do antigo Israel e das origens dos seus textos sagrados (FINKESTEIN; SILBERMAN, 2018); Para conhecer a Bíblia: um guia histórico e cultural (SELLIER, 2011); A Bíblia (BRIQUEL-CHATONNET, 2006); A Bíblia e seus segredos (ARIAS, 2004); Bibliotecas no mundo antigo (CASSON, 2018); SPQR: uma história da Roma Antiga (BEARD, 2017). Para a compreensão de estratégias de composição retórica na Antiguidade e também de estratégias de leitura na Antiguidade e medievo, temos o clássico Literatura europeia e idade média latina (CURTIUS, 2013). 

Por fim, gostaríamos de destacar três traduções da Bíblia e/ou dos Evangelhos que se somam, também de modo suplementar, às referências apontadas nas páginas anteriores: Os evangelhos: uma tradução (CAVALLARI, 2020); The new Oxford annotated Bible (2018); The hebrew Bible: a translation with commentary (ALTER, 2018). 

3. Produção bibliográfica (últimos quatro anos).

A lista abaixo apresenta a produção bibliográfica dos pesquisadores do NEBIL. 

3.1 João Leonel

LEONEL, João, FERREIRA, J. C. L. GUIMARÃES, Alexandre Huady T. (Org.). Literatura brasileira e religiosidade. São Paulo: Editora Mackenzie, 2018. 

LEONEL, João; NOGUEIRA, Paulo Augusto de Souza; ZABATIERO, Júlio Paulo Tavares. A Bíblia em 3D: um livro, três olhares. São Paulo: Recriar, 2020. 

LEONEL, João; CARNEIRO, Marcelo da Silva (Orgs.). Bíblia, ontem e hoje: métodos e abordagens. São Paulo: Recriar (a ser publicado neste ano). 

LEONEL, João (Org.). Bíblia, literatura e recepção. São Paulo: Ateliê; Ed. Mackenzie (a ser publicado neste ano). 

Bíblia e literatura: relação e complementação. In: BRITTO, Regina Pires de; TREVISAN, Ana Lúcia; DUARTE, Marcos Nepomuceno (Org.). Estudos textuais e discursivos em múltiplas perspectivas. São Paulo: Ed. Mackenzie, 2019. Ebook. 

“Casa” como cenário no evangelho de Mateus: ficcionalização e recepção. Via Spiritus (Porto, Portugal), v. 26, p. 185-206, 2019. 

A leitura literária da Bíblia e a espiritualidade cristã. Teoliterária: Revista Brasileira de Teologia e Literaturas, v. 10, p. 11-30, 2020. 

Coautoria. TONIOLO, R. C. As voltas do filho pródigo, de Autran Dourado, e a parábola bíblica. Cerrados (UnB), v. 53, p. 250-283, 2020. 

A Arca de Noé em Bíblias de Estudo brasileiras: recepção e formação de leitores. Forma Breve (Universidade de Aveiro, Portugal), v. 1, p. 373- 388, 2020. 

Coautoria. LIMA, A. O.; AGUIAR, C. M.; HACK. Leitura literária da Bíblia: um projeto. Revista Todas as Letras (Mackenzie. Online), v. 22, p. 1-16, 2020. 

3.2 Cristhiano Motta Aguiar 

Coautoria. DELLA-FLORA, L. J. Ambivalências contemporâneas: mito e religiosidade em Estela sem Deus, de Jeferson Tenório. Cerrados (UnB), v. 29, p. 300-318, 2020. 

E pois me Deus nom val: a ideia de Deus nas cantigas de amor galego-portuguesas. Teoliterária: Revista Brasileira de Teologia e Literaturas, v. 10, p. 159-179, 2020. 

Coautoria. LEONEL, J.; LIMA, A. O.; HACK, J. L. Leitura literária da Bíblia: um projeto. Revista todas as letras (Mackenzie. Online), v. 22, p. 1-16, 2020. 

Narrativa bíblica e espaço: uma análise da representação do espaço em Gênesis 24. In: BRITTO, Regina Pires de; TREVISAN, Ana Lúcia; DUARTE, Marcos Nepomuceno (Org.). Estudos textuais e discursivos em múltiplas perspectivas. São Paulo: Ed. Mackenzie, 2019. Ebook.  

3.3 Suzana Schwarts 

As águas e o seco: um ensaio sobre Redenção e Salvação de Israel na Bíblia Hebraica. Forma breve (Universidade de Aveiro, Portugal), v. 16, p. 345-353, 2021. 

Amor, desejo e coisas que me ultrapassam: um estudo interdisciplinar da instituição do matrimônio na Bíblia hebraica. Estudos de Religião, v. 3, p. 1-288, 2020. 

Coautoria. HUBNER, M. M. Ensina-nos a contar os nossos dias: uma análise intertextual dos 120 anos da vida do homem na Bíblia Hebraica. Arquivo maaravi, v. 13, p. 1-17, 2019. 

3.4 Anderson de Oliveira Lima

Ateologia das origens: ensaios sobre o Gênesis. São Paulo: Fonte Editorial, 2020. A Bíblia de Lourenço: uma Bíblia laica. Reflexão, v. 43, p. 311-327, 2018.

Ateologia bíblica: convite a uma exegese laica. Cadernos de Fé e Cultura, v. 3, p. 57-65, 2018. 

A história da negação de Pedro: uma crítica literária e ateológica. Teoliterária: Revista Brasileira de Literaturas e Teologias, v. 9, p. 299- 331, 2019. 

Paratextos da Bíblia de Frederico Lourenço. Cerrados (UnB), v. 1, p. 15-34, 2020. 

A Bíblia Grega traduzida por Frederico Lourenço: tradução e paratextos. Via Atlântica, v. 38, p. 11-39, 2020. 

LEONEL, J.; HACK, J. L.; AGUIAR, C. M. leitura literária da bíblia: um projeto. Revista Todas as Letras (Mackenzie. online), v. 22, p. 1-16, 2020. 

A Bíblia como literatura no brasil. Caminhando (São Bernardo do Campo), v. 25, p. 199-212, 2020. 

A Septuaginta em língua portuguesa na tradução de Frederico Lourenço. Estudos de Religião (UMESP), v. 35, p. 49-62, 2021. 

Textos religiosos na cultura secular: características das bíblias laicas a partir da análise do salmo 2. Reflexão (PUCCAMP), v. 46, p. 1-15, 2021.  

3.5 Jonathan Lui Hack

Teologia e Literatura: o texto bíblico como arte literária. São Paulo: Fonte, 2019. 

Judá e Tamar: uma abordagem literária a Gênesis 38. São Paulo: Fonte, 2019. 

Tolkien e a Bíblia: pesquisas teológicas no legendário tolkieniano. São Paulo: Fonte, 2019. 

Coautoria. LEONEL, J.; LIMA, A. O.; AGUIAR, C. M. Leitura literária da Bíblia: um projeto. Revista Todas as Letras (Mackenzie. Online), v. 22, p. 1-16, 2020. 

4. Pesquisadores – NEBIL

4.1. João Cesário Leonel Ferreira (Líder. Professor do Mackenzie).

Pós-doutorado em História da Leitura pela Universidade Nova de Lisboa, Portugal. Doutor em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professor da Graduação e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 

4.2 Cristhiano Motta Aguiar (Professor do Mackenzie. Pesquisador).

Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professor da Graduação e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie e professor dos cursos de Letras e Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 

4.3 Jonathan Luís Hack (Professor do Mackenzie. Pesquisador).

Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professor do curso de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 

4.4 Suzana Chwarts (Pesquisadora voluntária externa).

Doutora em Língua, Literatura e Cultura Judaicas pela USP. Professora Livre-Docente da Universidade de São Paulo (USP), onde coordena o Programa de Pós-Graduação em Estudos Judaicos e Árabes. 

4.5 Anderson de Oliveira Lima (Pesquisador voluntário externo).

Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Atualmente realiza pesquisa de pós-doutorado em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pelo Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo (USP).  

5. Discentes – NEBIL

5.1 Francikley Vito (aluno de doutorado – Universidade Presbiteriana Mackenzie). 

5.2 Ricardo César Toniolo (aluno de doutorado – Universidade Presbiteriana Mackenzie). 

5.3 Marcelo da Silva Figueiredo (aluno de doutorado – Universidade Presbiteriana Mackenzie). 

5.4 Priscilla Claudia Pavan de Freitas (aluna de doutorado – Universidade Presbiteriana Mackenzie). 

5.5 Wilson Bento (aluno de doutorado – Universidade Livre de Amsterdã – Holanda). 

5.6 Lucas Viana de O. Jr. (aluno de mestrado – Universidade Presbiteriana Mackenzie). 

5.7 Mário Coutinho dos Santos (aluno de mestrado – Universidade Presbiteriana Mackenzie). 

5.8 Maria Júlia Leite (aluna de graduação – Universidade Presbiteriana Mackenzie.  

Referências

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BÍBLIA, volume II: Novo Testamento: apóstolos, epístolas, Apocalipse. Tradução do grego, apresentação e notas por Frederico Lourenço. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. 
BÍBLIA, volume III: Antigo Testamento: os livros proféticos. Tradução do grego, apresentação e notas por Frederico Lourenço. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. 
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Notas

[1]  Este trabalho foi financiado em parte pelo Fundo Mackenzie de Pesquisa.   

[2] Deve-se observar que as abordagens ligadas ao método histórico-crítico já utilizavam referenciais literários. Mas o fato destes cumprirem papel secundário, apenas fornecendo elementos que encaminhassem à reconstrução histórica, alvo central de tais metodologias, permite falar do surgimento dos estudos literários da Bíblia a partir dos anos 1970. 

[3] Primeira edição brasileira pela Editora Perspectiva em 1971.     

[4] Edição brasileira de 2007. 

[5] Publicado no Brasil em 1997.  

[6] Edição brasileira de 2012.         

[7] Traduzido para o português em 1992.      

[8] Publicado primeiramente no Brasil pela Boitempo em 2004, recebeu nova edição em 2021 pela editora Sétimo Selo. 

[9] Edição atualizada em 2008.    

[10] O livro foi lançado em segunda edição em 1999 com a participação de Joanna Dewey.  

[11] Nova edição em 1987. 

[12] Segunda edição em 1988.      

[13] Novas edições: volume 1 em 1989 e volume 2 em 1991.   

[14] Nova edição em 1991.  

[15] Última edição em 1995.   

[16] Nova edição revisada em 2004.