O diálogo entre literatura e estudos de religião e teologia no Grupo de Pesquisa sobre Protestantismo, Religião e Arte da PUC Minas  
The Dialogue Between Literature and Religious Studies and Theology in the Research Group on Protestantism, Religion and Art of PUC Minas   

Carlos Ribeiro Caldas Filho*
Diego Genu Klautau
** 
*Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (2000), pós-doutor em Teologia (PNPD-CAPES) pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. Contato: crcaldas2009@hotmail.com
**Doutor em Ciências da Religião pela PUC São Paulo. Pós-doutorando no Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da PUC MinasContato: dklautau@gmail.com


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Resumo:

O artigo apresenta a trajetória do GPPRA – Grupo de Pesquisa sobre Protestantismo, Religião e Arte – do Programa de Pósgraduação em Ciências da Religião da PUC Minas e sua contribuição para o diálogo entre literatura e teologia no Brasil. O grupo, organizado em 2018, tem como um de seus eixos de investigação acadêmica o diálogo entre a literatura e os estudos de religião e a teologia. O artigo apresenta um diferencial da atuação do grupo, a saber, a “opção preferencial” (mas de modo algum exclusiva) pelas literaturas fantástica e de fantasia como seus objetos de estudo. No artigo são também apresentadas as principais referências teóricas para a hermenêutica literária e para o diálogo entre literatura e estudos de religião e teologia utilizados nas pesquisas do grupo, e, de igual maneira, para a análise dos autores aos quais o grupo dedica atenção especial, a saber, J. R. R. Tolkien e C. S. Lewis.  

Palavras chave: Literatura fantástica e religião; Literatura de fantasia e religião; J. R. R. Tolkien; C. S. Lewis 

Abstract

The article shows the trajectory of the GPPRA – Research Group on Protestantism, Art and Religion of the Graduate Department of Religious Studies of PUC Minas and its contribution to the dialogue between literature and theology in Brazil. The group was organized in 2018, and one of its axes of academic research is the dialogue between literature and both religious studies and theology. The article shows a differentiated aspect of its activities, viz., the “preferential option” (but absolutely not exclusive) for fantastic literature and fantasy literature as its focus of research. The article shows also the main theoretical references for literary hermeneutics and for the dialogue between literature and religious studies and theology that have been used in the research done by the group and for the analysis of the authors to whom the group gives special attention, viz, J. R. R. Tolkien and C. S. Lewis.   

Keywords: Fantastic Literature and Religion; Fantasy Literature and Religion; J. R. R. Tolkien; C. S. Lewis 

Introdução 

Procurar estabelecer a origem das relações entre religião e arte é uma tarefa tão árdua quanto a demanda pelo início do pensamento do homem. As duas manifestações da inteligência fundamentam a cultura e atravessam os séculos plasmando-se em seus contextos, polêmicas e transformações. A sua distinção é fluída, ora mais acentuada, ora mais inextrincável. Na Europa, a partir do século XVI, juntamente com o renascimento cultural, o humanismo filosófico e a revolução científica moderna, a Reforma Protestante inaugura uma série de movimentos artístico-literários que promovem uma discussão pública sobre as formas de interação entre religião, povo e cultura. Essa dinâmica impacta todas as instituições europeias, de origem protestante ou não, que historicamente lança suas influências e mediações para os demais continentes, inclusive o latino-americano. 

Dessa forma, o Grupo de Pesquisa Protestantismo, Religião e Arte, sediado no Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da PUC Minas e liderado pelo Prof. Dr. Carlos Ribeiro Caldas Filho, propõe linhas de pesquisa fundamentadas nessa dinâmica entre as manifestações religiosas e artísticas. Embora as pesquisas não sejam circunscritas necessariamente nas relações entre as diversas manifestações do Protestantismo e a arte, é importante considerar a presença dos elementos do fenômeno religioso cristão – em suas múltiplas constituições teológicas e institucionais - enquanto fator constituinte das formas de produção, interpretação e crítica da cultura. Para além de recortes limitantes e sectarismos conceituais, o Grupo de Pesquisa Protestantismo, Religião e Arte oferece aos seus participantes uma reflexão metodologicamente rigorosa e abordagens teóricas que dialogam com as produções artísticas antigas e contemporâneas, nacionais e internacionais, buscando consolidar alicerces de pesquisa que contribuam para o desenvolvimento científico e acadêmico da área. 

Em termos empíricos, a delineação dos objetos investigados historicamente aponta para uma maior concentração (não limitação) dos produtos da cultura pop, isto é, livros, filmes, séries de televisão e histórias em quadrinhos (HQs). Ressalta-se a preponderância (não a exclusividade) nos estudos sobre os britânicos C. S. Lewis e J. R. R. Tolkien, assim como produções da mencionada cultura pop veiculada principalmente pelas revistas das editoras dos EUA Marvel Comics e D.C., evidenciando suas relações com as escrituras bíblicas e pressupostos das Ciências da Religião, assim como componentes filosóficos, éticos e desdobramentos teóricos da literatura e das contextualizações históricas. 

1. Apresentação do grupo de pesquisa

1.1Apresentação da proposta e vínculo institucional

O Grupo de Pesquisa sobre Protestantismo, Religião e Arte – doravante, GPPRA – do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da PUC Minas, registrado desde 2018 no Diretório de Grupos de Pesquisa da CAPES, tem por proposta, tal como já explicitado no seu nome, dois loci de investigação acadêmica, quais sejam, temas que têm a ver, grosso modo, com o mundo do protestantismo, de maneira bem ampla, e o diálogo entre a arte, com “opção preferencial” (mas não exclusiva) pela literatura com os estudos – ciências – da religião e com a teologia. A proposta original do grupo era trabalhar apenas com estudos de religião/teologia e arte. Todavia, por conta de uma necessidade do PPG-CR PUC Minas, o escopo do grupo foi ampliado com a inclusão de temas ligados ao protestantismo, entendido de maneira abrangente, pois inclui em seus interesses de pesquisa o protestantismo “clássico”, por assim dizer, os diversos grupos evangélicos livres e os pentecostalismos. Todavia, para os interesses do artigo, a atenção estará voltada para o locus que se constitui no carro-chefe das atividades do grupo: a arte, notadamente a literária, como objeto de estudo do fenômeno e da experiência religiosa e como parceira de diálogo com a reflexão teológica. 

O diferencial do GPPRA está na atenção que dá ao potencial heurístico de algumas expressões da assim chamada paraliteratura, que envolve “formas não canônicas de literatura” (cf. CEIA, 2009) para o já mencionado estudo da experiência e do fenômeno religioso e/ou para o diálogo com a reflexão teológica. A “forma não canônica de literatura” que tem recebido atenção especial nas pesquisas do GPPRA é a principal veiculadora da cultura pop: as histórias em quadrinhos (doravante, HQs)1 , e, de igual maneira, o cinema. A literatura fantástica também recebido atenção especial nas investigações do GPPRA. Por literatura fantástica tem-se em mente a literatura fantástica propriamente, em suas diferentes classificações (cf. TODOROV, 2019) e a literatura de fantasia (a respeito da qual se falará com mais detalhes na seção sobre os aspectos epistemológicos das produções acadêmicas e da pesquisa em geral executadas pelo GPPRA). Há que se destacar que o GPPRA não é o único grupo de pesquisa na área de Ciências da Religião e Teologia no Brasil a eleger como objeto de estudo produções culturais literárias “de massa” (cf. ECO, 1978; 2011) para o diálogo com os estudos de religião e a teologia: pesquisas semelhantes têm sido realizadas pelo CULT DE CULTURA: Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Arte Sequencial e Cultura Pop do Programa de Pós-graduação em Teologia da Faculdades EST (São Leopoldo, RS) e pela Linha de Pesquisa “Religião e Quadrinhos” do ARTEMI – Grupo de Pesquisa sobre Arte, Religião e Memória do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Estadual do Pará. De igual maneira, pesquisas na mesma direção têm sido conduzidas por grupos de pesquisa em programas de pós-graduação em Letras – dentre estes, destaca-se o NuPeQ – Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade do Estado do Mato Grosso do Sul2 . A constatação que há grupos de pesquisa devidamente registrados no DGP/CAPES e vinculados a programas de pós-graduação também reconhecidos e avaliados pela CAPES aponta para o reconhecimento e o estabelecimento da cidadania acadêmica do diálogo entre estudos de religião e a paraliteratura da cultura pop no Brasil. Contudo, observe-se que enquanto o CULT DE CULTURA é “ciclópico”, por assim dizer, pois elegeu apenas um objeto de investigação, a saber, produções da cultura pop, o GPPRA abrange também a literatura de fantasia e a literatura canônica. 

Não é demais repetir que a proposta do GPPRA não se limita à paraliteratura. Este tem sido seu diferencial, o que não quer dizer que as pesquisas do grupo não tenham outros interesses. A assim chamada “alta literatura” ou “literatura canônica” também encontra espaço de acolhida nas investigações e produções acadêmicas do grupo. No subitem “Principais atividades” do artigo será apresentado um detalhamento a respeito deste ponto. 

1.2 Breve histórico

O GPPRA, tal como afirmado, foi organizado em 2018. É provavelmente (certamente?) o “caçula” da família dos grupos de pesquisa que trabalham com o tema literatura e teologia e estudos de religião da Área 44 da CAPES (Ciências da Religião e Teologia). Em 2018 realizou reuniões mensais nas quais discutiram-se temas ligados a expressões artísticas variadas, como música popular brasileira, cinema e HQs como portadoras de conteúdo do interesse de cientistas da religião e de teólogos. Em algumas destas reuniões alguns convidados apresentaram “falas”, seguidas de debates com os pós-graduandos. Dentre estes podem ser mencionados o Prof. Dr. Arnaldo Érico Huff Junior, do Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora (que compartilhou sobre religião e MPB), e o Prof. Dr. Daniel Rocha, pós-doutorando no PPG-CR PUC Minas, que compartilhou sobre religião e cinema. 

Em 2019 houve a sequência da dinâmica de reuniões mensais, nas quais os pós-graduandos puderam apresentar e discutir seus temas de pesquisa, e nos dias 5-6 de dezembro realizou-se o primeiro colóquio do grupo, nas dependências da PUC Minas, com o tema Religião, cultura e arte – perspectivas e possiblidades de diálogo. O evento teve como preletores principais os Profs. Drs. Nataniel dos Santos Gomes, do anteriormente mencionado NuPeQ, e Gustavo Soldati Reis, da Universidade Estadual do Pará, e contou com 12 apresentações ao todo (CALDAS FILHO, LIMA, 2020), em sete sessões temáticas. O evento foi realizado de maneira totalmente “artesanal”, sem qualquer ajuda de órgão governamental de fomento à pesquisa3

O II Colóquio foi realizado em 10-11 de dezembro de 2020, e por conta das restrições impostas pela pandemia de Covid19, aconteceu totalmente online, transmitido pela plataforma Zoom. O tema foi Arte e religião – diálogos possíveis4 . A palestra de abertura, com o tema J. R. R. Tolkien, Max Müller, Andrew Lang e as ciências da religião foi ministrada pelo Prof. Dr. Diego Genu Klautau, que no momento está a realizar pesquisa de pós-doutorado no PPG-CR PUC Minas, e é membro do GPPRA. Na manhã do dia 11 o evento teve uma mesa temática com o tema Bíblia como literatura, com duas apresentações: o Prof. Dr. Antonio Geraldo Cantarela, do PPG-CR PUC Minas expôs o tema O gênero narrativo tipo saga a partir do ciclo de Gideão em Juízes 6-8, e o Prof. Dr. Ricardo Almeida de Paula, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Maranhão compartilhou o tema A existência segundo os Qohelets e a literatura bíblica em Haroldo de Campos. Houve um total de 24 comunicações, feitas por pós-graduandos e por pesquisadores seniors em duas sessões temáticas, a saber, Religião e literatura e Religião e cultura pop. 

O III Colóquio está programado para 9-10 de dezembro de 2021, com o tema Religião, mito e literatura. A novidade da terceira edição do Colóquio do Grupo é que a palestra de abertura será ministrada pelo Prof. Dr. Claudio Testi, notável tolkienista italiano, do Studio Filosofico Domenicano de Bolonha, e do Istituto Filosofico di Studi Tomistici di Modena, onde coordena o Tolkien Lab. Desta maneira, o GPPRA dá seu primeiro passo no caminho da internacionalização. 

1.3 Principais atividades

As atividades principais do GPPRA consistem em: 

• Uma reunião por mês, com uma dinâmica que envolve uma partilha de algum tema ligado aos interesses definidos do grupo, ou por um de seus integrantes, ou por uma pessoa convidada especialmente para este fim, que poderá ser ou não integrante sênior do grupo, seguida por um momento de interação entre os participantes e o/a apresentador/a. A reunião também pode ser realizada apenas em âmbito “doméstico”, quando os pós-graduandos compartilham seus projetos de pesquisa; 

• O colóquio, uma vez por ano, sempre na primeira quinzena de dezembro; 

• A publicação dos anais do colóquio, sempre no ano posterior à realização do mesmo. 

2. Aspectos epistemológicos

Após termos descrito a trajetória do grupo, desde sua organização formal em 2018 passaremos ao ponto que julgamos o mais importante do artigo, a saber, a apresentação dos aspectos epistemológicos e teórico-metodológicos empregados nas pesquisas realizadas pelo GPPRA. Para tanto, serão apresentados, posto que em síntese, como os principais referenciais teóricos utilizados pelo GP têm sido utilizados e, na sequência, estas referências teóricas serão alistadas. 

O pressuposto central do qual toda a investigação acadêmica que o GPPRA tem tentado realizar é o seguinte: é possível desenvolver uma hermenêutica de manifestações artísticas literárias (independentemente de serem a paraliteratura das HQs ou obras canônicas) a partir de chaves de leitura das ciências da religião e/ou da teologia. Para a realização deste empreendimento acadêmico o GP precisa obrigatoriamente trabalhar com referenciais teóricos específicos de teoria e crítica literária juntamente com referenciais que tratam especificamente do diálogo entre literatura e teologia/estudos de (ciências da) religião. No que diz respeito aos referenciais teóricos de teoria da literatura e crítica literária, o GP tem trabalhado com, inter alia, as contribuições de Umberto Eco (ECO, 1991, 1994, 2008, 2010, 2011, 2015). As contribuições de Eco são no campo da hermenêutica literária, com ênfase (mas não exclusivamente) na distinção que estabelece entre intentio auctoris, intentio lectoris e intentio operis (respectivamente, “intenção do autor”, “intenção do leitor” e “intenção da obra”). Conforme Eco, o texto narrativo diz pelo que diz, mas também pelo que não diz: o que o texto não diz é o que “não [está] manifestado em superfície, em nível de expressão, mas é justamente este não-dito que tem que ser atualizado a nível atualização do conteúdo” (ECO, 2011, p. 36, grifos do autor). A partir da intuição de Eco, que o texto narrativo tem interstícios que precisam ser preenchidos pelo leitor, a pesquisa levada a cabo pelo GPPRA trabalha com a pressuposição que elementos de cunho teológico e/ou religioso podem e devem ser utilizados para a interpretação de peças literárias, mormente de literatura de fantasia e da cultura pop. Ainda conforme Eco, “um texto é um mecanismo preguiçoso (econômico) que vive da valorização de sentido que seu destinatário ali introduziu [...] porque à medida que passa da função didática para a estética, o texto deixa ao leitor a iniciativa interpretativa” (ECO, 2011, p. 37). Além disso, há que se destacar que o mesmo Eco foi um dos primeiros (o primeiro?) crítico a trabalhar especificamente com obras de paraliteratura, reconhecendo nestas valor estético e literário que outros críticos não admitiram (ECO, 1991; 2008). A partir daí, o GPPRA tem procurado trabalhar com análises de elementos religiosos e/ ou teológicos em HQs e em obras de literatura de fantasia. 

Outro teórico que o GPPRA tem utilizado à farta em suas pesquisas é o crítico literário canadense Northrop Frye (FRYE, 2004). A tese de Frye é que a Bíblia está na base da arte ocidental, notadamente a literatura. A pesquisa levada a cabo pelo GP até o momento tem comprovado a tese de Frye. 

No que diz respeito ao embasamento teórico utilizado pelas pesquisas levadas a cabo pelo GP especificamente no que diz respeito ao diálogo entre teologia e literatura, um dos principais teóricos utilizados tem sido José Carlos Barcellos (1991). Em síntese, Barcellos defende que a literatura pode ser uma “forma não teórica de teologia”, e que o texto literário em si é/pode ser uma reflexão de caráter teológico. Desta maneira, o GPPRA tem utilizado o pressuposto de Barcellos, entendendo que mesmo uma HQ pode veicular conteúdos que possibilitam um diálogo com a teologia e com as ciências da religião. Afinal, assim como a alta literatura, HQs e literatura de fantasia também falam do humano, constituindo-se assim no ponto de encontro entre a literatura (independentemente de qual seja seu gênero ou estilo) e a reflexão teológica. Esta é a tese de Manzatto (1994), outro pressuposto teórico utilizado nas pesquisas desenvolvidas pelo GPPRA. 

E no que tem a ver especificamente com a leitura de elementos teológicos e/ou religiosos em expressões artísticas da cultura pop o GP tem se valido das contribuições de, entre outros, Iuri Andreas Reblin (2014; 2015; 2020 a; 2020 b). Em artigo recente, no qual defende o “método cartográfico-crítico” para leitura de elementos religiosos e teológicos na cultura pop, o jovem pesquisador brasileiro afirmou: 

O método cartográfico-crítico como uma alternativa sólida para mergulhar nos meandros dos artefatos da cultura pop com o intuito de compreender como neles são engendrados os sentidos relacionados ao fenômeno religioso, objeto de interesse direto, em linhas gerais e para os fins aqui apresentados, da área de ciências da religião e teologia. E por quê? Primeiro, porque não há como olhar para os artefatos da cultura pop sem se ocupar com suas linguagens, sua produção e sua expressão. E tais elementos são pauta instrumental do método, ao se ocupar com sua estrutura narrativa (linguagens), seu contexto criativo (produção) e sua historicidade (expressão). Segundo, porque dentro desses parâmetros também reside um olhar à relação dos artefatos com sua audiência, sua comunidade de fãs. Por fim, por sua própria estrutura, o método possibilita perceber a tensão que há entre construção e articulação de sentidos com intencionalidades dos agentes da cultura pop. Em virtude disso, o método se torna um exercício possível para compreender os emaranhamentos e as artimanhas em torno de um retrato (ora mais nítido, ora mais difuso) do fenômeno religioso na cultura pop (REBLIN, 2020 a, p. 24).

Por fim, uma referência, ainda que breve, a J. R. R. Tolkien e C. S. Lewis, considerando que ambos têm sido, há um só tempo, referenciais teóricos e objetos de estudo propriamente das investigações do GPPRA: no caso das referências teóricas acerca das relações entre literatura de fantasia e religião, o grupo tem se dedicado a estudos sobre a obra On Fairy-Stories, de Tolkien. Este ensaio é um marco nas investigações acerca da intersecção entre mitos, estórias de fadas, filosofia e teologia, servindo de base para desdobramentos teóricos que estruturam um aparato crítico, analítico e contemplativo das obras de fantasia. Igualmente, as obras de Lewis, como Alegoria do Amor, Cristianismo Puro e Simples, A Abolição do Homem, Milagres, Sobre Estórias e Um experimento em Crítica Literária trazem uma robusta coletânea de reflexões sobre a arte literária e seus enlaces com a religião. 

Na próxima seção do artigo, serão alistados todos os referenciais teóricos com os quais o GPPRA tem trabalhado.  

2.1 Principais referências teóricas (atuais e/ou já trabalhadas no grupo)

2.1.1 Referências em hermenêutica literária  

Estas referências apresentam as ferramentas teóricas de hermenêutica literária que fundamentam e orientam a aproximação aos textos literários que se constituem nos objetos de estudo do grupo. 

AUERBACH, Erich. Figura. São Paulo: Ática, 2006 
AUERBACH, Erich. Ensaios de literatura ocidental. São Paulo: Editora 34, 2012 
AUERBACH, Erich. Mimesis. A representação da realidade na literatura ocidental. 7ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2021 
CHIAMPI, Irlemar. O realismo maravilhoso. São Paulo: Perspectiva, 2008 
ECO, Umberto. O Super-Homem de massa. São Paulo: Perspectiva, 1991 
ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. São Paulo: Companhia das Letras, 1994 
ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. 6ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2008 
ECO, Umberto. Os limites da interpretação. 2ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2010 
ECO, Umberto. Lector in fabula: a cooperação interpretativa nos textos narrativos. São Paulo: Perspectiva, 2011 
ECO, Umberto. Obra aberta. 10ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2015 
FRYE, Northtrop. Código dos códigos: a Bíblia e a literatura. São Paulo: Boitempo, 2004. 
FRYE, Northrop. Anatomia da crítica. Quatro ensaios. São Paulo: É Realizações, 2014 
FRYE, Northrop. A imaginação educada. Campinas: Vide Editorial, 2017 
PROPP, Vladimir. As raízes históricas do conto maravilhoso. São Paulo: Martins Fontes, 2002 
RICOEUR, Paul. A metáfora viva. São Paulo: Loyola, 2005. RICOEUR, Paul. Teoria da interpretação: o discurso e o excesso de significação. Lisboa: Edições 70, 2009 
TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. 4ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2019 
VOLOBUEF, Karin. Mito e magia. São Paulo: Editora da UNESP, 2011 
VOLOBUEF, Karin. WIMER, Norma. 
HERRERA ALVAREZ, Roxana Guadalupe (Orgs.). Vertentes do fantástico na literatura. São Paulo: Anablumme, 2012 

2.1.2 Referências para a interface entre literatura, teologia e religião

Estas referências fundamentam especificamente a interpretação do texto literário pela perspectiva do diálogo propriamente entre literatura e teologia e/ou estudos (ciências da) de religião. 

BARCELLOS, José Carlos. Literatura e espiritualidade. Bauru: EDUSC, 2001 
BARCELLOS, José Carlos. Literatura e teologia. In. ALMEIDA, Edson Fernando de. LONGUINI NETO, Luiz (Orgs.). Teologia para quê? Rio de Janeiro: Mauad, 2007, p. 113-128 
GROSS, Eduardo (Org.). Manifestações literárias do sagrado. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 2002. 
KUSCHEL, Karl-Josef. Os escritores e as escrituras: retratos teológicos-literários. São Paulo: Loyola, 1999. 
MANZATTO, Antonio. Teologia e literatura. Uma reflexão teológica a partir da reflexão contida nos romances de Jorge Amado. São Paulo: Loyola, 1994 
VILLAS BOAS, Alex. Teologia em diálogo com a literatura: origem e tarefa poética teologia. São Paulo: Paulus, 2016 

2.1.3 Referências para a temática literatura, mito, ética, teologia e religião

Estas referências fundamentam pesquisas realizadas sobre as relações entre literatura, mito, ética, teologia e religião, desde o desenvolvimento da cultura grega clássica até às discussões sobre hermenêutica e fenomenologia contemporâneas. 

ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Editora 34, 2015. Edição bilíngue grego-português. 
BERTI, Enrico. No Princípio era a maravilha: As grandes questões da filosofia antiga. São Paulo: Edições Loyola, 2010. 
CASSIRER, Ernst. Linguagem e Mito. São Paulo: Perspectiva, 2013. ECO, Umberto. Arte e beleza na estética medieval. Rio de Janeiro: Record, 2010. 
ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 
ELIADE, Mircea. Mito e realidade. São Paulo: Perspectiva, 2007. 
JAEGER, Werner. Cristianismo primitivo y paideia griega. México: Fondo de Cultura Económica, 1965. 
JAEGER, Werner. Paideia: a formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 
LEWIS, C. S. Alegoria do Amor. São Paulo: É Realizações, 2012. 
NUSSBAUM, Martha C. A Fragilidade da bondade: fortuna e ética na tragédia e na filosofia grega. São Paulo: Martins Fontes, 2009. 
OTTO, Rudolf. O Sagrado. São Leopoldo/Petrópolis: Sinodal/EST/ Vozes, 2007. 
PLATÃO. A República. Belém: Editora da Universidade Federal do Pará, 2016. Edição bilíngue grego-português. 
PSEUDO-DIONÍSIO AREOPAGITA. Teologia mística. Rio de Janeiro: Fissus, 2005. 
QUINTÁS, Afonso López. Inteligência criativa: descoberta pessoal de valores. São Paulo: Paulinas, 2004. 
REALE, Giovanni. O saber dos antigos: terapia para os tempos atuas. São Paulo: Loyola, 2014.  

2.1.4 Referências para a temática cultura pop, teologia e religião

Estas referências fundamentam a pesquisa que tem em produções da cultura pop – histórias em quadrinhos (HQs) e cinema – seu objeto de estudo, a partir da ótica dos estudos de religião e da teologia. 

CALDAS, Carlos (Org.). Teologia Nerd. São Paulo: Garimpo, 2015 
CALDAS FILHO, Carlos Ribeiro. MANZATTO, Antonio (Orgs.) Teologia e literatura no universo das histórias em quadrinhos. Teoliterária. V. 9, N. 18, 2019. 
CALDAS FILHO, Carlos Ribeiro. MANZATTO, Antonio (Orgs.) Teologia e literatura no universo das histórias em quadrinhos. 2ª parte. Teoliterária. V. 9, N. 19, 2019 
REBLIN, Iuri Andreas. Intersecções entre Religião e Histórias em Quadrinhos: balões de pensamento a partir de um olhar à superaventura. Paralellus. v. 5, p. 161-178, 2014. REBLIN, Iuri Andreas. O alienígena e o menino. Jundiaí: Paco, 2015 
REBLIN, Iuri Andreas. Método cartográfico-crítico para análise de artefatos da cultura pop a partir da área de ciências da religião e teologia. 
REVER. v. 20, p. 11-26, 2020 a REBLIN, Iuri Andreas. VIANA, Nildo (Orgs.). Super-heróis, cultura e sociedade. Goiânia: REDELP, 2020 b 
VERGUEIRO, Waldomiro. Pesquisa acadêmica em histórias em quadrinhos. São Paulo: Criativo, 2017 

2.1.5 Referências para a temática C. S. Lewis, literatura, teologia e religião  

Estas referências fundamentam pesquisas realizadas sobre as teorias, obras literárias e ensaios acadêmicos relacionados à obra de C. S. Lewis. As fontes primárias, isto é, o conjunto do corpus lewisiano, não são aqui mencionadas: 

BASSHAM, Gregory. WALLS, Jerry L. (Orgs.). As Crônicas de Nárnia e a filosofia. O leão, a feiticeira e a visão do mundo. São Paulo: Madras, 2006 
KREEFT, Peter. O diálogo. Um debate além da morte entre John F. Kennedy, C. S. Lewis e Aldous Huxley. São Paulo: Mundo Cristão, 1986 
KREEFT, Peter. C. S. Lewis for the Third Millennium. San Francisco: Ignatius Press, 1994 LEWIS, C. S. Alegoria do amor. São Paulo: É Realizações, 2012 
LEWIS, C. S. A abolição do homem. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017 a 
LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017 b 
LEWIS, C. S. Sobre histórias. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2018 
LEWIS, C. S. Um experimento em crítica literária. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2019 
LEWIS, C. S. Milagres. São Paulo: Thomas Nelson, 2021 
MAGALHÃES FILHO, Glauco. O imaginário em As Crônicas de Nárnia. São Paulo: Mundo Cristão, 2005 
McGRATH, Alister. The Intellectual World of C. S. Lewis. Indianapolis: Wiley-Blackwell, 2013 
VASCONCELLOS, Márcio Simão de. O canto de Aslam. Uma abordagem do mito na obra de C. S. Lewis. São Paulo: Reflexão, 2010 
VASCONCELLOS, Márcio Simão de. Teologia e literatura fantástica. A redenção na trilogia cósmica de C. S. Lewis. Rio de Janeiro: Editora PUC Rio. São Paulo: Reflexão, 2017 

2.1.6 Temática J. R. R. Tolkien, literatura, teologia e religião

Estas referências fundamentam pesquisas realizadas sobre as teorias, obras literárias e ensaios acadêmicos relacionados à obra de J. R. R. Tolkien. Por oportuno, observe-se que à exceção de uma obra do próprio Tolkien, na qual ele explicita conceitos teóricos importantes para a compreensão de sua obra, as demais fontes primárias, isto é, o corpus tolkieniano, não são aqui citadas. 

ANDERSON, Douglas A.; FLIEGER, Verlyn (eds.). Tolkien on fairy-stories. London: HarperCollins, 2014. 
BIRZER, Bradley J. J.R.R. Tolkien’s Sanctifying Myth: Understanding Middle-earth. Wilmington: ISI Books, 2002 
CALDAS FILHO, Carlos Ribeiro. (Org.) O evangelho da Terra-Média: leituras teológico-literárias da obra de J.R.R. Tolkien. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2011. 
CALDECOTT, Stratford. The Power of the Ring: The spiritual vision behind The Lord of the Rings and The Hobbit. New York: The Crossroad Publishing Company, 2012 
CURRY, Patrick. Defending Middle-Earth: Tolkien, Myth & Modernity. London: Harper Collins Publishers, 1997. 
FLIEGER, Verlyn. Splintered Light: Logos and Language in Tolkien’s World. Revised edition. Kent, Ohio: The Kent State University Press, 2002. 
KLAUTAU, Diego. Metafísica da Subcriação: A Filosofia do Mito em J. R. R. Tolkien. São Paulo: A Outra Via, 2021. 
KREEFT, Peter. The Philosophy of Tolkien. The Worldview behind The Lord of the Rings. San Francisco: Ignatius Press, 2005 McINTOSH, Jonathan. The flame imperishable: Tolkien, St. Thomas and the metaphysics of Faërie. Kettering: Angelico Press, 2017. 
MILBANK, Alison. Tolkien and Chesterton as Theologians. New York: T&T Clark, 2007. 
SEGURA, Eduardo; HONEGGER, Thomas. Myth and Magic: Art according to the Inklings. Zurich: Walking Tree Publishers, 2007. 
SHIPPEY, Tom. The Road to Middle-earth: how J. R. R. Tolkien created a new mythology. London: HarperCollins, 1992. 
TESTI, Claudio A. Pagan Saints in Middle-earth. Zurich: Walking Tree Publishers, 2018. 
TOLKIEN, J.R.R. The Monsters & the Critics and other Essays. London: Harper Collins Publishers, 1997.

2.2 Principais temáticas desenvolvidas   

Como se pode observar a partir de um exame das ferramentas teóricas utilizadas para o diálogo teologia e literatura levado a cabo pelo GPPRA, as principais temáticas desenvolvidas pelo grupo têm a ver com a literatura fantástica, amplamente entendida como englobando a literatura de fantasia, a literatura de ficção científica e a literatura das HQs. No que tange às temáticas desenvolvidas no campo específico da literatura de fantasia, os autores J. R. R. Tolkien e C. S. Lewis têm recebido atenção especial. Mas não é demais repetir que a escolha da literatura fantástica como interlocutora de diálogo com os estudos de religião e a teologia feita pelo GPPRA é “opção preferencial”, mas de modo algum exclusiva. Por isso, temáticas relacionadas a autores da “alta literatura” ou “literatura canônica”, também encontram acolhida nas pesquisas desenvolvidas pelo grupo. 

2.3 Principais publicações

Até o momento o GPPRA publicou, como mencionado, os Anais de seu primeiro colóquio, estando o do segundo em preparação. Mas já há também outras publicações relacionadas evidentemente com as temáticas que se constituem nos objetos de estudo do grupo: 

2.3.1 Artigos  

CALDAS, Carlos. Religião e HQs: análise de Demolidor: diabo da guarda, de Kevin Smith e Joe Quesada. Numen, v. 21, p. 211-222, 2018. 
CALDAS, Carlos. Migrações e deuses de ontem e de hoje: perspectivas a partir de Deuses Americanos, de Neil Gaiman. Teoliterária. v.8, p. 373-389, 2018 
CALDAS, Carlos. Quadrinhos e teologia: o Demolidor da Marvel como um cavaleiro cristão. Teoliterária.v. 9, p. 104-132, 2019 
CALDAS, Carlos. SILVA, Alexandre Sugamosto. Terra-média na penumbra: a natureza teológica do mal em O expurgo do Condado. Estudos Teológicos, v. 60, p. 900-917, 2020 
CALDAS, Carlos. LIMA, Evane Adegundes Soares. A teologia imaginativa de C. S. Lewis: O sobrinho do mago e a visão lewisiana da criação. Caminhos, v. 18, p. 840-858, 2020 
CALDAS, Carlos. Shazam – aspectos teológicos e religiosos do ‘mortal mais poderoso do mundo’ a propósito dos 80 anos de sua criação. Web-Revista Discursividade: Estudos Linguísticos, v. 25, p. 130-140, 2020 
CALDAS, Carlos. Space Angels: Angelology in C. S. Lewis’s Cosmic Trilogy. Perspectiva Teológica, v. 52, p. 417-439, 2020 
CALDAS, Carlos. Influência da Bíblia na cultura pop: leitura do simbolismo e da linguagem bíblica na HQ A queda de Murdock de Frank Miller e David Mazzucchelli. Revista de Cultura Teológica, v. 95, p. 65-86, 2020 
KLAUTAU, Diego Genu. A virtude da fortaleza entre espartanos e hobbits. TEOLITERÁRIA: REVISTA BRASILEIRA DE LITERATURAS E TEOLOGIAS, v. 9, p. 46-82, 2019. 
KLAUTAU, Diego Genu. Paideia Medieval e Mythopoeia: Filosofia e Literatura em Tolkien. Revista Antíteses, v. 13, p. 470-497, 2020.  

2.3.2 Capítulos de livros

No princípio era a imagem: leitura da linguagem não verbal em ‘Guerra Silenciosa’ (Justiceiro) da Marvel. In: SIMÕES, Darcília. GOMES, Nataniel. (Orgs.). Ensino de línguas e histórias em quadrinhos - Jornada 5. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2021, p. 42-62. 

Lobo Solitário e a perseguição aos cristãos no Japão do século XVI. In: PAZ, Ravel Giordano. GOMES, Nataniel dos Santos. NASCIMENTO, Mateus Martins. (Orgs.). Animando as mangas - Ensaios sobre animes e mangás. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2020, v. 1, p. 143-169. KLAUTAU, Diego Genu. Tolkien e suas referências. In: Casagrande, Cristina; Klautau, Diego; Cunha, Maria Zilda da. (Org.). A subcriação de Mundos - Estudos sobre a literatura de J.R.R. Tolkien. São Paulo: FFLCH/USP, 2019, v. 1, p. 15-54. 

2.3.3 Trabalhos completos publicados em anais de congressos  

CALDAS, Carlos. ‘Está tudo em Platão’ - A compreensão platônica da realidade em A última batalha de C. S. Lewis. Comunicação apresentada na II Jornada Científica - Religião e contemporaneidade: política, ciência e cultura dos Programas de Pós-graduação em Ciências da Religião das PUCs MInas e Campinas, Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora e Programa de Pós-graduação em Teologia da PUC Paraná, 2020 
KLAUTAU, Diego Genu. Tolkien e a Alegoria. In: II JORNADA CIENTÍFICA INTERNACIONAL 2020, 2020, Campinas. CADERNO DE RESUMOS II JORNADA CIENTÍFICA INTERNACIONAL 2020. Campinas: PUC-Campinas, 2020. v. 1. p. 30-31. 
KLAUTAU, Diego Genu. A natureza entre Fäerie e Laudato Si: um diálogo entre Tolkien e Francisco. In: XV Simpósio Internacional de Filosofia e Teologia da FAJE (Faculdade Jesuíta), 2019, Belo Horizonte. Anais do XV Simpósio Internacional de Filosofia e Teologia da FAJE (Faculdade Jesuíta). Belo Horizonte: FAJE, 2019. v. 1. p. 1-8. 
KLAUTAU, Diego Genu. ARTE E MAGIA NAS ESTÓRIAS DE FADAS: A CONTEMPLAÇÃO DA NATUREZA EM TOLKIEN. In: VII Congresso da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião (ANPTECRE), 2019, Rio de Janeiro. ANAIS do VII Congresso da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião: Religião e Crise Socioambiental. Rio de Janeiro: PUC Rio de Janeiro, 2019. v. 1. p. 779-785. 
KLAUTAU, Diego Genu. MITO E NATUREZA COMO PERCEPÇÃO DE DEUS SEGUNDO J. R. R. TOLKIEN. In: V SIMPÓSIO INTERNACIONAL do PEPG em TEOLOGIA da PUC/SP, 2019, São Paulo. Anais do V SIMPÓSIO INTERNACIONAL do PEPG em TEOLOGIA da PUC/SP. São Paulo: PUC-SP, 2019. v. 1. p. 36-43. 
KLAUTAU, Diego Genu. O diálogo inter-religioso na análise de J.R.R. Tolkien do poema Beowulf. In: XIV SIMPÓSIO INTERNACIONAL FILOSÓFICO E TEOLÓGICO DA FAJE & VIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DAS CIÊNCIAS DA RELIGIÃO (PUC Minas), 2018, Belo Horizonte. ANAIS DO SIMPÓSIO INTERNACIONAL - FAJE/PUC MINAS. Belo Horizonte: FAJE, 2018. v. 01. p. 01-14. 

2.3.4 Apresentações de comunicações ou conferências em eventos acadêmicos

CALDAS, Carlos. Era C. S. Lewis um inclusivista? Comunicação apresentadas no Simpósio Filosófico-Teológico FAJE-PUC Minas, 2018 CALDAS, Carlos. HQ’s e teologia: intertextualidade entre o Apocalipse de João e Reino do Amanhã, de Mark Waid e Alex Ross. Comunicação apresentada no GT “Religião, Arte e Literatura” da SOTER, 2018 
CALDAS, Carlos. Crítica ao mito do progresso e à devastação da natureza em ‘As Duas Torres’ de J. R. R. Tolkien. Comunicação apresentada no V Simpósio Internacional de Teologia do Programa de Pós-graduação em Teologia da PUC São Paulo, 2019 
CALDAS, Carlos. A angelologia cósmica em Aquela fortaleza medonha, de C. S. Lewis. Comunicação apresentada no GT “Religião, Arte e Literatura” da SOTER, 2019 
CALDAS, Carlos. O grotesco - Considerações sobre um elemento (quase) inexplorado nos estudos de religião e linguagem. Estação das Brumas (Sandman, V. 5) de Neil Gaiman como estudo de caso. Comunicação apresentada no V Cult de Cultura - Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Arte Sequencial, Mídias e Cultura Pop do Programa de Pós-graduação em Teologia da Faculdades EST, 2020 
CALDAS, Carlos. Quadrinhos e hermenêutica bíblica - abordagem a partir de O menino mais bonito do mundo, de Ziraldo. Conferência apresentada no I Colóquio da Linha de Pesquisa “Religião e Quadrinhos” do Grupo de Pesquisa Arte, Religião e Memória do Grupo de Pesquisa Arte, Religião e Memória do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Estadual do Pará, 2021 
CALDAS, Carlos. Por que precisamos de heróis? Conferência apresentada na I Jornada de Estudos Mitopoéticos - Monstros e heróis: Tolkien, mito e fantasia do Grupo de Estudos Mitopoéticos da FFLCH/USP, 2021. 
KLAUTAU, Diego. O diálogo inter-religioso na análise de J.R.R. Tolkien do poema Beowulf. Comunicação apresentada no XIV SIMPÓSIO INTERNACIONAL FILOSÓFICO-TEOLÓGICO (FAJE) e VIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DAS CIÊNCIAS DA RELIGIÃO (PUC Minas), 2018. 
KLAUTAU, Diego. Tolkien e suas Referências. Conferência apresentada no curso de Extensão A Subcriação de Mundos, promovido pelo Grupo de Estudos Mitopoéticos da FFLCH/USP, 2018. 
KLAUTAU, Diego. A natureza em Faërie e Laudato Si: Um diálogo entre J.R.R. Tolkien e Papa Francisco. Comunicação apresentada no XV Simpósio Internacional Filosófico-Teológico da FAJE (Faculdade Jesuíta), 2019. 
KLAUTAU, Diego. Tolkien e suas referências. Conferência apresentada na X Jornada de Estudos Medievais da UNIRIO / Lá e de Volta Outra Vez: os caminhos de Tolkien entre o universo acadêmico e o fantástico, 2019.
KLAUTAU, Diego. Mito e Natureza como percepção de Deus segundo J.R.R. Tolkien. Comunicação apresentada no V Simpósio Internacional de Estudos Pós-Graduados em Teologia da PUCSP, 2019. 
KLAUTAU, Diego. Arte e Magia nas estórias de fadas: a contemplação da natureza em Tolkien. Comunicação apresentada no VII Congresso da ANPTECRE (Associação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião), 2019. 
KLAUTAU, Diego. Tolkien e a Alegoria. Comunicação apresentada na II Jornada Científica Internacional 2020 - Religião e Contemporaneidade: política, ciência e cultura dos Programas de Pós-graduação em Ciências da Religião das PUCs Minas e Campinas, Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora e Programa de Pósgraduação em Teologia da PUC Paraná, 2020 
KLAUTAU, Diego. Tolkien, Max Müller, Andrew Lang e as Ciências da Religião. Conferência apresentada no II Colóquio do Grupo de Pesquisa Protestantismo, Religião e Arte. PUC Minas, 2020. 
KLAUTAU, Diego. Tolkien e Newman. Conferência apresentada no evento Cardeal Newman, Guardião da Consciência, promovido pela Pastoral Universitária da PUC-SP, 2020. 
KLAUTAU, Diego. A imagem do Pai: a construção da figura pública de J. R. R. Tolkien como monumento. Conferência apresentada no Curso de Extensão As obras póstumas de J. R. R. Tolkien: Uma homenagem a Christopher, promovido pelo Grupo de Estudos Mitopoéticos da FFLCH/USP, 2020. 
KLAUTAU, Diego. Newman, Tolkien e a Ideia de Universidade. Conferência apresentada na Semana Teológica J. H. Newman e G. K. Chesterton - Centro Universitário Católico de Quixadá, 2021. 
KLAUTAU, Diego. A monstruosidade dos Orques de J. R. R. Tolkien: ontologia, corrupção e redenção. Conferência apresentada na I Jornada de Estudos Mitopoéticos Monstros e Heróis: Tolkien, Mito e Fantasia do Grupo de Estudos Mitopoéticos da FFLCH/ USP, 2021.    

3. Aspectos bibliométricos

3.1. Quantidade de publicações

As publicações do grupo, desde sua organização em 2018, estão todas alistadas no item 2.3 acima (“Principais publicações”). 

3.2. Número de pesquisadores ativos no Grupo

Atualmente o GPPRA conta com os seguintes pesquisadores professores doutores seniors: 

Prof. Dr. Carlos Ribeiro Caldas Filho (líder) 
Prof. Dr. Diego Genu Klautau (Fundação Educacional Inaciana, atualmente realizando estágio de pós-doutorado no PPG-CR PUC Minas sob supervisão do líder do GPPRA) 
Prof. Dr. Ricardo Almeida de Paula (Faculdade de Educação da Universidade Federal do Maranhão, realiza pesquisas sobre a interface entre a literatura do realismo fantástico latino-americano e religião) 
Prof. Dr. Luiz Carlos Ramos (Universidade São Francisco, realiza pesquisas sobre arte litúrgica no protestantismo brasileiro) 
Profa. Dra. Jaqueline Ziroldo (Programa de Pós-graduação em Teologia da Faculdade Teológica Latino-Americana, realiza pesquisas sobre o culto no protestantismo brasileiro) 

3.3. Número de discentes ativos no grupo (doutorado, mestrado e investigação científica)

No momento o GPPRA tem os seguintes discentes ativos: 

• Doutorado: 2 (Carlos Mario Paes Camacho e Cristiano Baía) 

• Mestrado: 3 (Bernardo Cunha Carvalho de Leão, Maria Clara Rezende Vieira Rousseau e Tiago Teixeira Rezende) 

Dos discentes atualmente ativos os doutorandos estão pesquisando o sentido da vida em Memórias Póstumas de Brás Cubas em diálogo com o Eclesiastes (Carlos Mário) e o testemunho profético nos diários de Etty Hillesum (Cristiano). A mestranda Maria Clara está a pesquisar as razões da rejeição de setores da Igreja Católica à série dos livros de Harry Potter, de J. K. Rowling, e Tiago pesquisa a jornada de Bilbo Bolseiro em O Hobbit, de Tolkien, como uma experiência religiosa. Além destes o grupo conta ainda com a participação dos seguintes egressos: Evane Adegundes Soares Lima e Gemyma Dantas Barbosa do Carmo Pinto, ambas egressas do mestrado, tendo defendido respectivamente em abril de 2020 e maio de 2021, e Jair Souza Leal, egresso do doutorado, tendo defendido em junho de 2020. 

Ao todo então, até o presente momento (junho de 2021) são 13 participantes: 5 pesquisadores seniors, 5 pós-graduandos e 3 egressos. 

3.4. Outros aspectos que julgar relevante

O GPPRA tem boas perspectivas. O grupo, a despeito de seu pouco tempo de atividades e de ainda não ter muitos integrantes, demonstra muito entusiasmo na execução dos seus objetivos acadêmicos. Como a pesquisa gera a demanda, a expectativa é que outras pessoas interessadas nas temáticas desenvolvidas pelo grupo sejam atraídas. 

Uma atividade do grupo que teve início em 2021 é o lançamento do Anuário C. S. Lewis, que pretende ser um levantamento de publicações, pesquisas, reportagens e semelhantes relacionadas à obra de Lewis. Com isso, o grupo pretende contribuir para a popularização e o aumento dos estudos lewisianos no Brasil. A ideia é que o anuário seja publicado uma vez por ano. 

O grupo também pretende incrementar sua presença nas redes sociais, para divulgar suas pesquisas e atrair pessoas interessadas, tanto pesquisadores seniors como pós-graduandos, nos dois níveis (mestrado e doutorado). Para tanto, contratou os serviços de uma designer gráfica para a realização de uma identidade visual que deverá ser utilizada em todas as publicações, certificados de apresentação de trabalhos, correspondências e propagandas de suas atividades. O grupo entende que em uma era predominantemente visual como a atual ter este tipo de marca é uma necessidade incontornável. 

Conclusão

As pesquisas do GPPRA são promissoras como locus de elaboração cientifica e acadêmica sobre os fundamentos dos enlaces entre arte e religião na contemporaneidade. A sociedade atual é movida pelas imagens, seja em seu ambiente virtual ou em suas constelações políticas e sociais. Cada vez mais, o conteúdo da realidade se torna alvo de disputas de narrativas, controles e interesses que buscam se impor por instrumentalizações simbólicas que emulam estruturas que mimetizam discursividades míticas. Dessa forma, a literatura de fantasia, ficção cientifica, heroica, lendária, sobrenatural ou mágica se mostra um objeto de investigação que, como metáfora, pode propiciar um desenvolvimento reflexivo e crítico sobre aspectos morais, políticos, estéticos, metafísicos e teológicos. Vale repetir, este é o diferencial do grupo: a escolha desta literatura como objeto de estudo de pesquisas do fenômeno e da experiência religiosa. 

Por fim, o componente cristão da cultura de grande parte do mundo, é uma fecunda matriz da arte. De fato, é nesta especificidade do cristianismo em sua multiplicidade fenomênica que se encontram alicerces de muitos produtos culturais da sociedade ocidental. 

Referências

CALDAS FILHO, Carlos Ribeiro. LIMA, Evane Adegundes Soares (Orgs.). Religião, cultura e arte – perspectivas e possibilidades de diálogo. Anais do I Colóquio do Grupo de Pesquisa sobre Protestantismo, Religião e Arte do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da PUC Minas. Disponível em ˂Anais do 1° Colóquio do Grupo de Pesquisa sobre Protestantismo, Religião e ...: Serviço de Descoberta para Acervo Eletrônico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (ebscohost.com) ˃ 
CEIA, Carlos. Paraliteratura. In E-Dicionário de Termos Literários. Disponível em: https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/paraliteratura/. Acesso 26.06.2021 
ECO, Umberto. O Super-Homem de massa. São Paulo: Perspectiva, 1978 
ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. 7ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2011 
REBLIN, Iuri Andreas. Método cartográfico-crítico para análise de artefatos da cultura pop a partir da área de ciências da religião e teologia. 
REVER. v. 20, p. 11-26, 2020 TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. 4ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2019 

Notas

[1]  O cinema, como veiculador de temas ligados à experiência religiosa também tem sido objeto de estudo do GPPRA. Mas por conta da especificidade do dossiê de Teoliterária, este aspecto não será explorado no presente artigo. Tal abordagem “fica para uma próxima...”.      

[2] Como se verá na sequência do artigo, a Linha de Pesquisa “Religião e Quadrinhos” do ARTEMI e o NuPeQ têm sido parceiros do GPPRA na produção de conhecimento e na realização de eventos acadêmicos. 

[3]  O início modesto das atividades do GPPRA faz lembrar o dito profético de Zacarias 4.10, que adverte para que não se despreze o dia dos humildes começos...      

[4] O volume com os textos do II Colóquio está em preparação para publicação por ocasião da escrita do presente artigo (junho de 2021).