A Presença da Religiosidade em Augusto dos Anjos

The Presence of Religiosity in Augusto dos Anjos

 

Miguel Graciano Silva da Costa
Mestre em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Contato: miguel_graciano@hotmail.com


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RESUMO: O presente artigo tem como proposta promover uma reflexão sobre a presença da religiosidade na obra de Augusto dos Anjos, elencando e analisando os elementos e os símbolos nela presentes que possam ser entendidos como de natureza religiosa. Para enriquecer a discussão, foram destacados da fortuna crítica do poeta trabalhos como o de Márcia Peters Sabino (2005), que discorre sobre a presença (ou não) da religiosidade na obra do poeta, defendendo que esse promoveu a desconstrução dos símbolos e temas religiosos, e o de Maria Olívia Garcia Ribeiro de Arruda (2009), que, ao discorrer sobre o poema A um carneiro morto, traz uma análise que o associa mais a um contexto histórico do que a uma temática religiosa. Por meio da análise parcial de alguns trechos de poemas citados por Sabino e da análise detalhada do poema A um carneiro morto, citado por Arruda, esse trabalho propõe uma versão de análise alternativa àquelas das referidas autoras.

PALAVRAS-CHAVE: Augusto dos Anjos, poema, religiosidade, símbolos religiosos 

 

ABSTRACT: The purpose of this article is to promote a reflection on the presence of religiosity in Augusto dos Anjos' work, listing and analyzing the elements and symbols present in it that can be understood as religious in nature. To enrich the discussion, works such as Márcia Peters Sabino (2005), who discusses the presence (or not) of religiosity in the poet's work, arguing that he promoted the deconstruction of religious symbols and themes, and Maria Olívia Garcia Ribeiro de Arruda (2009), who, when discussing the poem A um carneiro morto, brings an analysis that associates it more with a historical context than with a religious theme. Through a partial analysis of some excerpts from poems quoted by Sabino and a detailed analysis of the poem A um carneiro morto, quoted by Arruda, this work proposes an alternative version of analysis to those of the aforementioned authors.

KEYWORDS: Augusto dos Anjos, poem, religiosity, religious symbols

 

Introdução 

A presença da religiosidade na produção poética de Augusto dos Anjos provoca posicionamentos distintos de críticos e estudiosos acerca do tema. No trabalho A questão da religiosidade em Augusto dos Anjos, Márcia Peters Sabino (2005) discorre sobre a presença (ou não) da religiosidade na obra do poeta, defendendo que esse promoveu a desconstrução dos símbolos e temas religiosos. Parece evidente que tal posicionamento ampara-se nas teorias com as quais o poeta teve contato em seu tempo.

A leitura da obra de Augusto dos Anjos permite entendê-lo como uma espécie de intérprete de uma realidade que conduzia os seres vivos do nada ao nada, colocando o homem como protagonista passivo de sua jornada. Assim, não houve espaço, na obra, para temáticas como o amor ou afins. Em relação à forma, predominou o soneto, mas, como afirma Bosi (1970), a expressividade do poeta encontrou o que o teórico chamou de “forma ideal” nos “quartetos decassílabos, com versos sáficos, marcados pela sonoridade, pelas rimas ricas e por palavras raras e esdrúxulas”. A originalidade e a intensidade acabaram por justificar cada palavra que pudesse ser considerada apoética, mas que foi capaz de traduzir, na visão de Proença (1980) tudo aquilo que ficou incompleto, e, consequentemente, a própria condição humana em sua complexidade, aproximando os opostos na sua condição universal, como complementos indissociáveis, como a vida e a morte. A aproximação desses elementos desdobrou-se na abordagem dos mais variados temas relacionados ao homem em sua realidade física, moral, social, religiosa, filosófica, enfim, em sua realidade como um todo.

A teoria da evolução de Darwin apresentou o homem como parte da natureza, assim como qualquer outro animal, e, portanto, sujeito à lei da seleção natural. Isso significou dizer que aquele, antes oriundo da criação Divina, feito sua imagem e semelhança, dotado de inteligência e centro do mundo, agora equiparava-se a um bicho e era dominado pelos seus instintos animais. Essa característica foi amplamente explorada nos poemas do Eu, único livro de poemas publicado pelo poeta em 1912, por meio da apresentação do homem como ser sujeito a todas as condições do meio, tanto do ponto de vista biológico como do ponto de vista social.  Em linhas gerais, essa teoria tornou-se uma explicação alternativa à origem do homem e ganhou força entre os intelectuais, levando a religiosidade a ter que dividir espaço com o evolucionismo.

Devido ao fato de muitos poemas apresentarem elementos que fazem referência a essa teoria, Sabino entende que há uma negação por parte do poeta à religiosidade, o que não parece necessariamente verdadeiro, como será observado adiante na análise de um dos poemas. Note-se que, no Naturalismo literário, o homem foi desenhado como um ser condicionado pelos seus instintos, pela sua raça e pelo ambiente, aproximando-o das outras espécies animais, cabendo lembrar que isso mostrou-se como uma evidência de que a religiosidade não era um tema de interesse naquele momento literário.

Além da visão antropocêntrica do mundo, a visão religiosa do homem, pautada numa explicação divina e estruturada na fé medieval, também perdeu espaço à medida que o evolucionismo biológico se consolidava. Para a fé, o sofrimento era visto como uma forma de purificação, aprimoramento moral e evolução espiritual do homem. Charles Darwin rebateu tal visão afirmando que há muitos outros seres vivos que não são passíveis de aprimoramento moral ou de evolução espiritual e que estão igualmente sujeitos ao sofrimento, sendo revoltante aceitar a ideia de que um Deus caracterizado pela bondade infinita permitisse tal situação. Dessa forma, é mais coerente a ideia de que o sofrimento a que todas as espécies estão sujeitas é uma das condições da seleção natural.

Em relação ao sofrimento humano, antes de dizer que o poeta aderiu cegamente ao pensamento de Darwin, negando, portanto, a religiosidade, ou que ele se manteve ligado à visão religiosa tradicional, parece pertinente afirmar que a obra de Augusto dos Anjos transformou as particularidades do sofrimento em expressão poética, à medida que retratou em seus textos as mazelas enfrentadas pelo ser humano, tanto as de natureza biológica, como as de natureza social, como as de natureza existencial. O poema Eterna Mágoa (ANJOS, 2016, p. 191) sintetiza esse sofrimento:


O homem por sobre quem caiu a praga

Da tristeza do Mundo, o homem que é triste

Para todos os séculos existe

E nunca mais o seu pesar se apaga!

 

Não crê em nada, pois, nada há que traga

Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.

Quer resistir, e quanto mais resiste

Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.

 

Sabe que sofre, mas o que não sabe

É que essa mágoa infinda assim não cabe

Na sua vida, é que essa mágoa infinda

 

Transpõe a vida do seu corpo inerme,

E quando esse homem se transforma em verme

É essa mágoa que o acompanha ainda!

A questão do sofrimento das espécies também foi abordada por Haeckel, outro pensador muito apreciado por Augusto dos Anjos. Segundo ele, cada indivíduo do planeta está em constante batalha contra os outros indivíduos pela sobrevivência e, inevitavelmente, alguns têm que sucumbir para que outros sobrevivam. De acordo com esse pensamento, indivíduo é todo e qualquer ser vivo, ou seja, incluem-se os germes, as larvas, entre outros, amplamente presentes na poesia de Augusto dos Anjos. Ao considerar os animais, os vegetais, os germes ou as larvas seres assolados pela dor e pelo sofrimento e representá-los em sua poesia, Augusto dos Anjos reproduz, por meio da expressão poética, o pensamento de Haeckel, para quem tais seres têm inclusive alma. Essa, de cunho psicológico, é a soma das sensações, das vontades e dos pensamentos, ou seja, uma função do cérebro. Aqueles seres acéfalos, como as plantas, têm suas atividades psíquicas manifestadas em todas as células de seu corpo. Observe-se o poema A árvore da serra (ANJOS, 2016, p. 191), em que a fala do filho converge para esse pensamento:

- As árvores, meu filho, não têm alma!

E esta árvore me serve de empecilho...

É preciso cortá-la, pois, meu filho,

Para que eu tenha uma velhice calma!

 

- Meu pai, por que sua ira não se acalma?!

Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!

Deus pôs almas nos cedros... no junquilho...

Esta árvore, meu pai, possui minh’alma!...

 

- Disse – e ajoelhou-se, numa rogativa:

“Não mate a árvore, pai, para que eu viva!”

E quando a árvore, olhando a pátria serra,

 

Caiu aos golpes do machado bronco,

O moço triste se abraçou com o tronco

E nunca mais se levantou da terra!

No caso dos protistas, a alma, constituída de sensações, ideias e atos de vontade, é manifestada pela irritabilidade, sensibilidade e mobilidade. Para o pensador, a alma humana nada mais é do que o desenvolvimento da alma dos seres inferiores. Naqueles animais que têm cérebros, há ainda a figura da consciência, a mais perfeita função do sistema nervoso central, e um trabalho mecânico das células. Assim, enquanto, na doutrina cristã, a alma é imaterial e imortal, no monismo, a alma é orgânica, o que faz da vida um conjunto de fenômenos, os quais foram amplamente explorados pelo poeta. 

1 - A questão da religiosidade segundo Sabino 

De acordo com Sabino (2005, p. 5), Augusto dos Anjos refuta as crenças cristãs ao promover em seus poemas a destruição, a contestação, a contradição e a subversão de elementos e símbolos cristãos e cita como exemplos os poemas Apocalipse (ANJOS, 2016, p. 221), Último credo (ANJOS, 2016, p. 124), O Deus-verme (ANJOS, 2016, p. 100), A um carneiro morto (ANJOS, 2016, p. 127) e Sonetos, dedicados ao Pai, (ANJOS, 2016, p. 168-169). Ela afirma ainda que os termos Deus e Cristo aparecem nos poemas para serem criticados e derrubados ou com uma nova significação, ou em contextos de devaneios, de sonhos, de intoxicação, de embriaguez, em que não é possível a atitude científica. A oposição às ideias religiosas efetiva-se na ironia, no sarcasmo e no humor dos textos de Augusto dos Anjos e a abordagem do sofrimento existente no mundo, como ocorre em As montanhas (ANJOS, 2016, p. 262-263), A floresta (ANJOS, 2016, p. 236) e Versos a um cão (ANJOS, 2016, p. 99), é um argumento contra a existência de Deus. No entanto, uma leitura mais atenta dos textos em questão possibilita um entendimento diferente daquele apresentado por Sabino. Em vez de refutar as crenças cristãs, os poemas apresentam as temáticas, inclusive as cristãs, com uma linguagem poética permeada pelas correntes de pensamento da época.

No poema Apocalipse (ANJOS, 2016, p. 221), ocorre, na verdade, se não uma confirmação, um reconhecimento da passagem bíblica, porém de um ponto de vista pautado na ordem natural das coisas:

 

Minha divinatória Arte ultrapassa

Os séculos efêmeros e nota

Diminuição dinâmica, derrota

Na atual força, integérrima, da Massa.

 

É a subversão universal que ameaça

A natureza, e, em noite aziaga e ignota,

Destrói a ebulição que a água alvorota

E põe todos os astros na desgraça!

 

São despedaçamentos, derrubadas,

Federações sidéricas quebradas...

E eu só, o último a ser, pelo orbe adiante,

 

Espião da cataclísmica surpresa,

A única luz tragicamente acesa

Na universalidade agonizante!

 

Nesse soneto, é possível destacar duas observações da crítica sobre a obra de Augusto dos Anjos. Uma é a convicção do poeta de que sua arte ultrapassaria seu tempo levando a mensagem do universo; nesse caso, a arte testemunharia a degradação do universo ou o apocalipse. Esse binômio permite dizer que aqui há uma concordância entre religião e ciência, o que faz supor que a relação entre ambas é marcada por uma complexidade que extrapola a mera oposição. A outra é a teoria de Alcides, para quem “o referente mais seguro de Eu é o próprio livro que interpela o leitor como um longo predicado” (2006, p.124); nesse caso, a obra do poeta como um todo, uma vez que esse poema não fez parte do livro publicado em vida. Essa segunda observação encontra respaldo na combinação dos dois primeiros versos da primeira estrofe com o terceiro verso da terceira: “Minha divinatória Arte ultrapassa/Os séculos efêmeros e nota”/”E eu só, o último a ser, pelo orbe adiante”.

O soneto Último credo (ANJOS, 2016, p. 124), apesar de apresentar um cunho filosófico, reconhece a figura Divina na segunda estrofe:

 

É o transcendentalíssimo mistério!

É o nous, é o pneuma, é o ego sum qui sum,

É a morte, é esse danado número Um

Que matou Cristo e que matou Tibério!

 

Os termos marcadores da religiosidade no soneto são “transcendentalíssimo mistério”, que faz referência à condição Divina incompreensível ao homem e que, nas atividades litúrgicas da Igreja Católica, referem-se aos milagres atribuídos a Jesus Cristo, “ego sum qui sum” que representa as palavras de Deus a Moisés (Êxodo III, 14), “número Um”, que faz referência a Deus que “matou Cristo”, isto é, permitiu a morte de Cristo, outro símbolo da religiosidade no soneto.

Já o soneto O Deus-verme (ANJOS, 2016, p. 100) não apresenta nenhum indício de negação da religiosidade. Ainda que o título do poema induza o leitor a relacioná-lo a uma subversão da figura divina, a leitura atenta leva à constatação de que o texto nada mais faz do que destacar uma das temáticas abordadas por Augusto dos Anjos, representada aqui pela atividade dos vermes no processo de putrefação da carne.

Dentre os três sonetos dedicados ao pai, Sonetos (ANJOS, 2016, p. 168-169), dois apresentam trechos que comprovam a presença da religiosidade na obra. O primeiro, com o título A meu Pai doente, tem, no último terceto, um forte indício deste pensamento:

 

- Seria a mão de Deus?! Mas Deus enfim

É bom, é justo, e sendo justo, Deus,

Deus não havia de magoar-te assim!

 

No segundo soneto, com o título A meu pai morto, o último terceto também reforça a presença da religiosidade, trazendo, inclusive, uma personagem bíblica, Elias[1], como elemento de uma comparação, além de trazer à tona a temática da alma que sobe ao céu depois da morte:

 

Mas pareceu-me, entre as estrelas flóreas,

Como Elias, num carro azul de glórias,

Ver a alma de meu Pai subindo ao Céu!

 

O terceiro soneto, sem título, não apresenta nenhum trecho com referência a questões religiosas, mas também não faz negações acerca desse tema, mostrando-se mais ligado que os demais ao materialismo biológico.

Em As montanhas (ANJOS, 2016, p. 262-263), composição formada por dois sonetos identificados como I e II, o termo alma aparece como interlocutor do eu lírico. Essa interlocução não tem caráter religioso, mas também não se pode afirmar que ela representa uma negação à religiosidade, como se pode observar na primeira estrofe do primeiro soneto:

 

Das nebulosas em que te emaranhas

Levanta-te, alma, e dize-me, afinal,

Qual é, na natureza espiritual,

A significação dessas montanhas!

 

O mesmo ocorre na primeira e na última estrofes do segundo soneto:

 

Agora, oh! deslumbrada alma, perscruta

O puerpério geológico interior,

De onde rebenta, em contrações de dor,

Toda a sublevação da crusta hirsuta!

[...]

Quem sabe, alma, se o que ainda não existe

Não vive em gérmen no agregado triste

Da síntese sombria do meu ser?!

 

Os textos em questão parecem mais uma reflexão acerca de um conflito existencial do que um questionamento religioso: “Não serão as montanhas, porventura/[...]/A representação ainda inorgânica/De tudo aquilo que parou em mim?!”.

Em A floresta (ANJOS, 2016, p. 236), o termo almas é abordado em terceira pessoa e, salvo melhor interpretação, significam, no contexto do poema, pessoas, não apresentando, portanto, nenhuma relação com religiosidade:

 

Araucárias, traçando arcos de ogivas,

Bracejamento de álamos selvagens,

Como um convite para estranhas viagens,

Tornam todas as almas pensativas.

 

Em Versos a um cão (ANJOS, 2016, p. 99), a palavra alma aparece duas vezes e, como nos poemas anteriores, não tem relação nenhuma com religião. No primeiro caso, “A incógnita alma, avoenga e elementar/Dos teus antepassados vermiformes”, a palavra parece assumir o significado de natureza ou origem. Já no segundo caso, “Cão! – Alma de inferior rapsodo errante!”, a palavra alma parece ter o significado de ser ou de indivíduo.

Apesar de não ter ocorrido aqui uma análise profunda dos textos em questão, é possível observar que não há uma subversão dos símbolos e dos temas religiosos. Parece mais acertado dizer que tais símbolos e temas, assim como os termos científicos, representaram um instigante material poético para o fazer criativo de Augusto dos Anjos. É pertinente esclarecer que os poemas Apocalipse, As montanhas e A floresta não fizeram parte do Eu, uma vez que foram publicados postumamente.

A religiosidade é evidente no poema A um carneiro morto (ANJOS, 2016, p. 127) em virtude do diálogo com a passagem bíblica segundo a qual o ritual do sacrifício do cordeiro compensava os pecados cometidos pelos homens. O ritual foi ampliado na figura de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, sacrificado para salvar a humanidade. Enquanto Agripino Grieco (1996, p 81-89) julga este poema cristianíssimo devido aos símbolos nele presentes, Sabino (2005, p. 16) considera-o “uma subversão dos símbolos cristãos”. Na análise do poema apresentada neste trabalho fica evidente a discordância com a ideia de Sabino, sem, contudo, concordar plenamente com Grieco, pois o entendimento é de que o texto explora uma temática cristã, mas de forma comedida e racional e, portanto, sem o envolvimento emocional e fervoroso como ocorria, por exemplo, nos sonetos religiosos de Gregório de Matos. 

2 - Análise do poema “A um carneiro morto” 

2.1 - A um carneiro morto

Misericordiosíssimo carneiro
 Esquartejado, a maldição de Pio
 Décimo caia em teu algoz sombrio
 E em todo aquele que for seu herdeiro!
 
 Maldito seja o mercador vadio
 Que te vender as carnes por dinheiro,
 Pois, tua lã aquece o mundo inteiro
 E guarda as carnes dos que estão com frio!
 
 Quando a faca rangeu no teu pescoço,
 Ao monstro que espremeu teu sangue grosso
 Teus olhos — fontes de perdão — perdoaram!
 
 Oh! tu que no Perdão eu simbolizo,
 Se fosses Deus, no Dia do Juízo,
Talvez perdoasses os que te mataram

2.2 – A análise e um ponto de divergência

O poema A um carneiro morto (ANJOS, 2016, p. 127) traz, em sua superfície textual, elementos que, se analisados apenas superficialmente, poderão levar a uma interpretação que ficará aquém das possibilidades de significação.  Essa análise tem a pretensão de quebrar essa barreira da superficialidade e apresentar uma construção sólida e coerente de significado para o texto. Antes, porém, parece pertinente conhecer o que afirma ARRUDA (2009) a respeito desse poema, lembrando que seu trabalho resultou de uma pesquisa sobre Augusto dos Anjos, com o objetivo de desvendar as entrelinhas de sua produção poética:

A um Carneiro morto é um soneto que faz alusão a alguém que foi morto e esquartejado, provavelmente Tiradentes, por ter ficado na mesma masmorra n° 3, em que ficaram João Cândido e seus companheiros. Tiradentes saiu dali somente para ser enforcado e esquartejado. O poeta deseja ao carrasco dessa vítima que sofra da maldição de Pio X, e também seus herdeiros. Ora, esse papa foi o que considerou anátemas todos os professores que ensinassem pela luz da ciência, e não da Igreja. Muitos foram afastados do cargo e até mesmo ficaram desempregados por esse motivo, o que deve, também, ter prejudicado Augusto dos Anjos no Liceu Paraibano e no Instituto Maciel Pinheiro, mas a história oficial não conta esses detalhes.  O último terceto é bastante forte, pois após dizer, no terceto anterior, que Tiradentes perdoou o seu carrasco, o poeta diz: ―Oh! tu que no Perdão eu simbolizo,/Se fosses Deus, no Dia de Juízo,/Talvez perdoasses os que te mataram! Conforme os ensinamentos da Igreja, todo cristão simboliza Cristo no perdão, portanto o que ele diz é que se Cristo fosse Deus, nós já estaríamos livres das dores do mundo, pois Ele já teria perdoado os que o mataram, não havendo necessidade de todos os homens pagarem por esse erro. Ele se refere a um personagem histórico ou a Cristo?  Como vêem, muitas interrogações ainda restam sem uma resposta que satisfaça na construção de sentidos de alguns poemas. (ARRUDA, 2009, p. 289)

Não obstante o trabalho de ARRUDA ter se amparado em ampla pesquisa, não parece haver indícios sólidos no texto que deem consistência à afirmação de que o poema faz alusão a Tiradentes. Talvez, o fato de Tiradentes ter sido esquartejado e sua sentença ter sido estendida aos seus herdeiros tenha levado a pesquisadora a esta conclusão. Porém, quando se considera o texto como um todo, observa-se que a execução de Tiradentes foi diferente daquela apresentada no texto; além disso, ao desejar a maldição aos herdeiros, o eu lírico refere-se aos herdeiros do algoz e não aos da vítima da execução, como ocorreu com a referida sentença. Outro ponto que parece equivocado é a relação da maldição de Pio X, citada no poema, com as dificuldades enfrentadas por Augusto dos Anjos em sua carreira como Professor, pois o poema em si não apresenta qualquer fundamento para essa relação, ficando ela, portanto, amparada apenas nas impressões pessoais da pesquisadora. Parece menos provável ainda que, na terceira estrofe, o poeta tenha dito “que Tiradentes perdoou o seu carrasco”, pois, em primeiro lugar, há aí uma incoerência temporal, uma vez que não faz sentido ter havido o perdão antes da execução e, em segundo lugar, mesmo que isso tivesse acontecido, não há registro histórico de tal perdão. A pergunta “Ele se refere a um personagem histórico ou a Cristo?” mostra que a própria pesquisadora não se convenceu com tais afirmações. No entanto, a mesma pergunta revela um ponto de convergência que merece ser destacado aqui: houve na história uma tentativa, principalmente no início da República, de associar a figura de Tiradentes à figura de Jesus Cristo, o que resultou numa iconografia tradicional que permeia a história, notadamente em relação a sua aparência física.

Segundo trabalho apresentado por Laura Morales Borges (2020)[2], a iconografia que envolve a figura de Tiradentes foi construída a partir da visão de alguns artistas plásticos, como Décio Vilares, com a litogravura Tiradentes (1890), Pedro Américo, com o quadro Tiradentes esquartejado, e Aurélio Figueiredo, com o quadro Martírio de Tiradentes. Nas três, a imagem de Tiradentes aproxima-se da imagem de Jesus Cristo. Destaca-se também a similaridade dos acontecimentos referentes à traição sofrida por ambos, concretizada por Joaquim Silvério e por Judas, também envolvidos com as causas dos dois condenados. Depois, seguiram as associações feitas nas letras, como o escrito de Luís Gama de 1882, À forca o Cristo brasileiro, que reforça a aproximação associando o alferes a Cristo, o Rio de Janeiro a cidade de Jerusalém, a forca a cruz; ou como a peça teatral Gonzaga ou a Revolução de Minas, de Castro Alves (1875), em que Tiradentes é aclamado como “O Cristo da multidão”. É importante destacar ainda que tais representações iconográficas foram construídas para a criação de um herói nacional. 

De acordo com os historiadores, tal imagem não se mostra verossímil, pois as regras de encarceramento da época determinavam que os detentos tivessem os cabelos sempre aparados, para evitar a incidência de piolhos, e a barba feita[3]. Desta forma, mostra-se mais consistente a interpretação de que o poema refere-se a Jesus Cristo, o que pode ser observado na análise adiante. 

2.3 – Rompendo a superfície textual: a estrutura profunda do poema  

O poema A um carneiro morto (ANJOS, 2016, p. 127), como o próprio título anuncia, apresenta na primeira estrofe a fala do eu lírico dirigida a um carneiro abatido, o que se confirma pela presença do vocativo “Misericordiosíssimo carneiro esquartejado”. Por meio dessa fala, é manifestada uma imprecação contra o algoz, não identificado na superfície textual do poema, e seus filhos. A “maldição de Pio Décimo” é um elemento externo empregado no texto. Apesar de o Papa Pio X[4] ter sido contemporâneo ao contexto de criação do poema, não é possível ao leitor (posterior) saber ao certo do que se trata a referida maldição. Uma possibilidade seria o episódio ocorrido alguns dias antes de sua morte, no dia 28 de julho de 1914, data de início da Primeira Guerra Mundial, quando um embaixador austríaco, ao dar ao Papa Pio X a notícia de que seu Imperador, Franz Josef, havia declarado guerra à Sérvia e pedir-lhe que abençoasse as armas e o exército da Áustria, teve como resposta: "Diga ao Imperador que eu não posso abençoar nem a guerra, nem aqueles que desejaram a guerra. Eu abençoo a paz". Insistindo então que o Papa desse uma bênção pessoal ao Imperador, teve ainda como resposta: "Eu só posso rezar para que Deus possa perdoá-lo. O Imperador deve considerar-se sortudo por não receber a maldição do Vigário de Cristo!". Observe-se que mesmo esta fala não dá pistas sobre o que fora essa maldição, permitindo apenas deduzir que deve ter sido algo muito ruim, já que não a receber era considerado sorte. Ainda que esse episódio permita uma construção de significado para “a maldição de Pio Décimo”, faz-se necessária uma pesquisa mais aprofundada para eliminar uma inconsistência temporal que o impede de se tornar explicação sólida para a referida maldição, pois o poema em questão compôs o livro “Eu”, lançado em 1912, e, portanto, apesar de, a exemplo de vários outros poemas de Augusto dos Anjos, não ser conhecida a data exata de sua produção, foi escrito antes da fala do Papa.

A imprecação estende-se, na segunda estrofe, a um alvo hipotético futuro, um mercador vadio, que tem a maldição condicionada à ação de “vender as carnes (do animal) por dinheiro”, sob a justificativa de que a lã do carneiro “aquece o mundo inteiro e guarda as carnes dos que estão com frio”. Observe-se que o mercador assume o papel daquele que vai se beneficiar da morte do carneiro, o que, para o eu lírico, torna-o merecedor da imprecação. O termo “carnes” aparece duas vezes: sendo a primeira do próprio carneiro e a segunda daqueles que são aquecidos pela sua lã. O contraste entre lã e carnes (daqueles que são aquecidos) evoca um questionamento sobre o que vale mais: as carnes do carneiro, as quais vão matar a fome de alguém uma só vez, ou sua lã, que vai aquecer as carnes de muitos em mais de um momento? A estrofe, em si, não apresenta esse questionamento, mas provoca uma reflexão a respeito desse tema. Com isso, fica evidente que há uma clara reprovação da prevalência dos interesses particulares, representados pela figura do mercador, em detrimento do bem comum, a ser desfrutado pelos “que estão com frio”. É importante destacar que a combinação das palavras nessa estrofe não apresenta, pelo menos em um primeiro momento, muitas possibilidades de construção de significados.

Há, na terceira estrofe, em relação ao momento representado no início do poema, a retomada de um tempo/momento passado em que o carneiro foi abatido. Os três versos impõem, de maneiras distintas, uma força expressiva capaz de sintetizar cenas de grande impacto no leitor mais sensível. O primeiro verso tem seu sentido literal e figurado ao mesmo tempo. O sentido literal é evidente porque a ação nele expressa representa a técnica geralmente utilizada para o abatimento de animais; o único termo que se distancia um pouco do sentido literal é o verbo “rangeu”, o qual será retomado à frente, mas que pode ser entendido como “cortou” e, portanto, não prejudica a denotação. Já o sentido figurado desse verso pode ser observado à medida que, como expressão poética, provoca no leitor um calafrio e uma repulsa capazes de criar um conflito interno, levando-o a não querer nem mesmo imaginar a cena ali representada, o que mostra a transposição da fronteira do sentido literal. O segundo verso simboliza a crueldade e a frieza daquele responsável pelo abate. A força expressiva dessa cena é pautada na figura sugerida do monstro, que, como sugestão, permite ao leitor construir seus próprios monstros, e na ação desse monstro de espremer o sangue da vítima, como uma atitude deliberada e friamente executada. O terceiro verso tem seu significado amparado em duas situações: a primeira está relacionada ao fato de que o carneiro chora de verdade, ou seja, derrama lágrimas na hora do abate, porém sem berrar e sem qualquer reação para se defender, como ocorre com outros animais; a segunda é marcada pela associação do carneiro, também chamado de cordeiro, à figura de Jesus Cristo que é tratado como o Cordeiro de Deus e que, de acordo com a tradição bíblica, perdoou seus carrascos na hora da morte. No conjunto, esses versos indicam a temática do poema que será confirmada na última estrofe.

A quarta estrofe fecha o poema apresentando e confirmando a temática do perdão sugerida já no primeiro verso da primeira estrofe com a palavra “misericordiosíssimo” e indicada na terceira estrofe. Chama a atenção o posicionamento expresso do eu lírico em primeira pessoa, reforçando a presença de uma convicção religiosa cristã. Essa convicção é confirmada pelas figuras do “Perdão”, com letra maiúscula, de “Deus” e do “Dia do Juízo [Final]”. Tais figuras mostram um diálogo entre o poema e a bíblia, o qual permite ao leitor conhecedor dessa passagem bíblica a construção de significado e o entendimento do texto. Cabe ainda ressaltar que essa estrofe permite concluir exatamente o contrário do pensamento de Sabino (2005, p. 5), segundo o qual Augusto dos Anjos promoveu a subversão de elementos e símbolos cristãos. 

2.4 – Os recursos expressivos 

Dentre os recursos expressivos utilizados no poema está a apóstrofe. O vocativo “Misericordiosíssimo carneiro esquartejado” dá ao poema quase que um tom de oração e, ao evocar o significado da misericórdia, sugere a temática do perdão que será confirmada no final. Apesar de não ser sua finalidade, essa figura de pensamento, como foi concebida, contribui, por meio do termo “esquartejado”, para situar a fala do eu lírico num tempo presente, pois sugere a cena do eu lírico diante no animal morto. As relações temporais serão tratadas adiante.

A relação metonímica explorada na segunda estrofe também merece destaque. O eu lírico, num primeiro momento, dirige-se ao carneiro (todo) e condena a venda de suas carnes (parte); num segundo momento, dirige-se ao carneiro e exalta sua lã (parte). Até aqui, a abordagem das partes provoca uma reflexão sobre a mais valia, ou seja, a condição de mercadoria à qual seria submetida a carne do cordeiro. Na sequência, ocorre uma relação entre a lã (parte) e o mundo inteiro (todo). Por fim, o enunciado “tua lã (...) guarda as carnes dos que estão com frio” representa outra relação metonímica em que a parte (lã) guarda a parte (carnes). O uso da metonímia deu força expressiva à segunda estrofe, que contou ainda com a presença de um pleonasmo no verso “Que te vender as carnes por dinheiro”; essa figura de construção deixa subentendida no verso uma crítica ao comportamento capitalista.

Outra característica interessante é a forma como os tempos verbais foram trabalhados e como eles se relacionam no texto. O presente do indicativo representa duas situações: uma é o momento da fala do eu lírico, curiosamente marcado inicialmente não por um verbo, mas pelo termo “esquartejado” que permite depreender o tempo verbal em questão, o qual só será efetivamente expresso na última estrofe quando ocorre o posicionamento em primeira pessoa em “eu simbolizo”; a outra, em “Pois, tua lã aquece o mundo inteiro/E guarda as carnes dos que estão com frio”, traduz um fato verdadeiro e constante que não acontece apenas no momento da fala. A partir desse tempo verbal, foi construída a relação presente-passado-futuro. 

Ainda na primeira estrofe, o verbo “caia” (presente do subjuntivo) representa um acontecimento futuro desejado ao “algoz” pelo eu lírico no momento de sua fala. O verbo “for” (futuro do subjuntivo) estende o desejo do eu lírico a um possível herdeiro daquele. O presente e o futuro do subjuntivo ocorrem novamente nos dois primeiros versos da segunda estrofe com os verbos “seja” e “vender”; nesses também é manifestado o desejo de um acontecimento futuro, porém, há uma diferença: na primeira estrofe, os verbos “caia” e “for” referem-se a sujeitos diferentes, ao passo que os verbos “seja” e “vender” referem-se ao mesmo sujeito. Essa diferença pode passar despercebida ao leitor menos atento.

A terceira estrofe, apesar de também representar a fala do eu lírico dirigida ao carneiro, é marcada pelo pretérito perfeito do indicativo com os verbos “rangeu”, “espremeu” e “perdoaram”. Cada um desses refere-se a um sujeito e todos retomam o momento do sacrifício que ocorreu num tempo passado em relação ao momento da fala. Desses, o primeiro merece uma atenção especial por conta do efeito produzido. De acordo com o dicionário Aurélio, ranger tem duas acepções: “1. Produzir ruído áspero, como o do atrito entre 2 objetos duros; rinchar. 2. Roçar (os dentes), apertando a mandíbula contra os maxilares”. Nenhuma dessas pode ser atribuída ao referido verbo no verso “Quando a faca rangeu no teu pescoço”, pois ele assume, como citado anteriormente, o significado de “cortou”; no entanto, o seu sentido literal associado ao sentido figurado no texto contribui com a produção, no leitor, de uma sensação auditiva, como se estivesse ouvindo o passar da faca no pescoço do carneiro, o que desperta outras sensações. O verbo “espremeu” representa mais uma força de expressão com o objetivo de retratar a frieza do algoz do que uma ação efetivamente executada, haja vista não ser necessário espremer o sangue de um animal abatido. O verbo “perdoaram” tem a dupla função de ilustrar, de certa forma, as lágrimas derramadas de fato por um carneiro na hora do abate e de antecipar a temática principal do poema que será confirmada na última estrofe. Fica evidente, nessa estrofe, a relação presente e passado.

À quarta estrofe, coube a relação temporal presente e futuro. No entanto, essa relação foi construída sem que um verbo fosse usado no futuro. Nela, aparecem os verbos “simbolizo” (presente do indicativo), “fosses”, “perdoasses” (pretérito imperfeito do subjuntivo) e “mataram” (pretérito perfeito do indicativo). A exemplo do que aconteceu na primeira estrofe com a ideia de presente, nessa, a ideia de futuro é construída com um termo que não é verbo, no caso, a expressão “no Dia do Juízo” que exerce a função de locução adverbial temporal. Essa, que representa um evento bíblico que está por vir, associada à oração condicional “Se fosses Deus” e ao fato hipotético “Talvez perdoasses”, transmite a ideia de futuro em relação ao momento da fala do eu lírico. Observe-se que, mesmo extrapolando os limites da superfície textual, essa construção ainda representa um acontecimento futuro, uma vez que a referida previsão bíblica ainda não se consolidou.

Conclusão

Feitas as considerações acima, é possível definir em cada uma das estrofes pelo menos um par de elementos antagônicos e bem representados no texto. O primeiro par é representado pela misericórdia e a intransigência no primeiro quarteto: aquela aparece na figura do carneiro e esta na figura do próprio eu lírico. O segundo mostra o conflito entre o interesse individual, na figura do mercador, e o interesse coletivo, atendido pela “lã que aquece o mundo inteiro”. O terceiro par traz a culpa e o perdão representados respectivamente pelo “monstro” e pelos “olhos – fontes de perdão”. Finalmente, o quarto par coloca em contraste o Divino, representado pela oração condicional “Se fosses Deus”, e o profano, representado pela oração “os que te mataram”.

É possível observar que a figura do carneiro é associada do começo ao fim do poema à figura divina, o que permite a observação da presença da religiosidade, ainda que de forma não convencional, claramente alinhada ao fazer poético de Augusto dos Anjos. Assim, a análise mostra que a desconstrução dos símbolos e temas religiosos proposta por Sabino (2005) não se justifica como argumento consistente, uma vez que ocorre exatamente o contrário, à medida que a estrutura mais profunda do texto revela uma proximidade com o pensamento religioso tradicional. Em relação ao pensamento de Arruda, a presente análise permitiu observar certo equívoco na associação do poema à figura de Tiradentes, ainda que, ao longo da História, este tenha sido associado à figura de Jesus Cristo, conforme revelou o trabalho de Borges (2020). O caráter inovador no texto é o fato de Augusto dos Anjos, por meio de uma linguagem que lhe é peculiar e retratando uma situação banal, abordar um tema tão antigo e inúmeras vezes explorado, como é o caso do perdão, dando-lhe uma “roupagem” completamente diferente do que se vira até então. 

Referências 

ALCIDES, Sérgio. Augusto dos Anjos e o Mito do Eu. In: FINAZZI-AGRÒ, Ettore; VECCHI, Roberto; AMOROSO, Maria Betânia (Orgs.). Travessias do Pós-Trágico: Os Dilemas de uma Leitura do Brasil. São Paulo: Unimarco Editora, 2006. p. 121-130.

ANJOS, Augusto dos. Toda Poesia de Augusto dos Anjos. 5 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2016.

ARRUDA, Maria Olívia Garcia Ribeiro de. O lamento dos Oprimidos em Augusto dos Anjos. Tese (Doutorado em Teoria e História da Linguagem). Campinas: Universidade de Campinas, 2009.

BORGES, Laura Morales. Trbalho: A construção da imagem de Tiradentes como o Cristo brasileiro nos anos iniciais da República: proposta de estudo. XXV Encontro Estadual de História da ANPUH-SP, 2020. Disponível em: https://www.encontro2020.sp.anpuh.org/resources/anais/14/anpuh-sp-erh2020/1591488445_ARQUIVO_63ddc1624a4c2bfed0aadec864eb1bff.pdf. Acesso em 27 set. 2023.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1970.

GRIECO, Agripino. "Uni livro imortal". In: Anjos, Augusto dos. Obra Completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1996. p.81-89.

PROENÇA, Ivan Cavalcanti. O poeta do euum estudo sobre Augusto dos Anjos3.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.

SABINO, Márcia Peters. A questão da Religiosidade em Augusto dos Anjos. Revista Letras & Letras, Uberlândia, v. 1, 2005. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/letraseletras/article/view/25201/14017. Acesso em 15 jul. 2023.

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Notas

[1] Elias foi uma personagem que, segundo o texto bíblico, foi arrebatado para o céu em um carro de fogo.

[2] Não obstante tratar-se de um trabalho de graduação, o documento apresenta informações consistentes sobre a construção da imagem de Tiradentes ao longo da História.

[3] A associação da figura de Tiradentes à figura de Jesus Cristo fica muito evidente quando se observam as imagens divulgadas nos livros didáticos.

[4] O Papa Pio X nasceu em 1835 e morreu em 20 de agosto de 1914. Ele foi eleito Papa no conclave ocorrido em 4 de agosto de 1903 e seu pontificado estendeu-se até a data de sua morte.