Politeísmo, teísmo e panteísmo em O Homem que foi Quinta-feira de G.K. Chesterton
DOI:
https://doi.org/10.19143/2236-9937.2018v8n16p348-372Palabras clave:
Chesterton, romance policial, Deus, Natureza, ortodoxiaResumen
Em O Homem Eterno, de 1925, Chesterton afirma que às vezes esquecemos que há emoção no teísmo. E que um romance no qual muitos personagens se revelassem o mesmo personagem “seria um romance emocionante”. Isto acende um lampejo de interpretação para o leitor de O Homem que foi Quinta-feira, romance policial publicado em 1907, no qual vários personagens que compõem o Conselho Anarquista Central vão se descobrindo, um a um, detetives disfarçados. O presidente, “Domingo”, por fim se revela o chefe de polícia que os designou para investigar, sem saber, apenas a si mesmos. Seguindo esta interpretação, os membros do Conselho, que recebem por codinomes os dias da semana (herdados dos deuses pagãos na maioria dos idiomas ocidentais), seriam apenas “deuses”, que nada mais são do que disfarces de uma mesma ideia fundamental, Deus, personificado por “Domingo”. Mas uma leitura atenta da obra mostra que “Domingo” é um personagem ambíguo, que ora demonstra características de Deus, ora da Natureza, e que, por isso, O Homem que foi Quinta-feira não deve ser tomado simplesmente como exemplo do pensamento de Chesterton, sendo mais adequado interpretá-lo como resposta a um pessimismo que rondava o autor à época, mas ainda não alicerçada no espírito da Ortodoxia, obra-prima de sua teologia.
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