INFLUÊNCIA DOS DISCURSOS RELIGIOSOS EVANGÉLICOS NA CAMPANHA PRESIDENCIAL DE 2018 NO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.23925/1980-8305.2020v23i35a2Palavras-chave:
Eleições, Neopentecostalismo, Política, ConservadorismoResumo
O avanço do conservadorismo, alinhado ao fundamentalismo religioso, é um fato na realidade brasileira, alçando um parlamentar sem nenhuma expressividade à presidência do país, demonstrando a escolha da população por um governo de extrema-direita. Diante de tal quadro, o objetivo deste estudo é abordar, através de uma revisão de literatura, a influência dos discursos religiosos na política brasileira, com ênfase nas eleições de 2018 e seu possível papel na recente mudança na política nacional. A retórica das igrejas neopentecostais, baseada nos valores morais e na família, fez com que as sociedades em que operam se tornassem mais polarizadas, com uma visão em preto e branco, que não aceita nuances e, portanto, exclui qualquer tipo de compromisso ou negociação com as pautas que divergem das suas. Esse maniqueísmo, com seu apelo populista, serviu para fortalecer as perspectivas conservadoras no Brasil, acelerando o declínio dos partidos de esquerda. Assim, se a crescente influência das igrejas evangélicas na política nacional continuar a se fortalecer e ocupar mais espaços, não se pode desconsiderar a possibilidade de sérias reversões no que diz respeito à separação entre Igreja e Estado, embora a primeira não seja mais representada pela hierarquia católica romana, mas por esses grupos religiosos recém-ascendentes. Observa-se, portanto, que os esforços dos evangélicos na legislatura e no Estado sugerem fortemente que sua voz conservadora será uma força cada vez mais poderosa a ser reconhecida.
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