Ela fez o milagre e instituiu uma nova realidade

Autores

  • Maria do Carmo Pagan Forti

Palavras-chave:

Religião, mulher, fenomenologia, símbolo

Resumo

Em março de 1889, a hóstia consagrada sangrou na boca de uma beata pobre, negra e analfabeta: Maria de Araújo. Uma primeira investigação concluiu que era milagre. Uma segunda, que era fraude grosseira da beata e seus comparsas, incluindo Pe. Cícero. Este trabalho analisa e considera que o “milagre” foi a resposta a um profundo conflito entre o catolicismo romanizado e o catolicismo popular. A resposta deu-se em forma de um símbolo que uniu duas realidades antagônicas em uma nova, pois símbolo é uma palavra que institui realidades, forjando o futuro nos moldes de um passado que se quer eternizado.

Biografia do Autor

Maria do Carmo Pagan Forti

Psicóloga, mestre em ciência da religião.

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Publicado

1998-02-20

Como Citar

Forti, M. do C. P. (1998). Ela fez o milagre e instituiu uma nova realidade. Último Andar, 1(1), 33–51. Recuperado de https://revistas.pucsp.br/index.php/ultimoandar/article/view/65110

Edição

Seção

Artigo