Por uma teopoética do perdão a partir de Paul Ricoeur

Autores

  • René Armand Dentz FAJE

DOI:

https://doi.org/10.23925/2236-9937.2019v9n18p355-386

Palavras-chave:

Nome de Deus. Dom. Promessa. Perdão.

Resumo

O nome de Deus adquire significado por meio de relações diferenciais nas quais sempre aparecem Deus/humano, Deus/mundo, Deus/deuses, infinito/finito, eterno/temporal, etc. Seja qual for o poder nominativo desse nome, e o status real de seu referente - o nome “infinito” é finito, o conceito “inconcebível” é concebível, e o nome “inefável” é bastante exprimível em palavras. Assim, é permitida a abertura à dimensão da promessa. A promessa, ela sim, inscreve-se na linguagem, à qual estamos sempre respondendo. Não se trata de um ato particular de fala, mas a promessa da própria linguagem. Não existe aqui salvação que salve ou prometa salvação. Mas o fato de que não exista necessariamente determinado conteúdo na promessa feita ao outro, e na linguagem do outro não torna menos indisputável a abertura da fala a algo que se pareça com messianismo, soteriologia ou escatologia. Trata-se de abertura estrutural, de messianismo, sem o qual o messianismo em si não seria possível. A linguagem dada a nós agita-se com diversos dons, e se inquieta com palavras de força donativa, como “dom”. A indeterminação é justamente o que permite a promessa, que, por sua vez, possibilita o perdão. A inquietação descreve os gemidos da história e da linguagem para produzir o evento da vinda do totalmente outro, do futuro imprevisível. A história e a linguagem movimentam-se no ambiente da promessa, do espaço aberto entre o passado e o futuro.

Biografia do Autor

René Armand Dentz, FAJE

Professor Universitário e Psicanalista. Pós-Doutorando em Teologia pela PUC-Rio, Pós-Doutor em Educação pela Warsaw University (2018), com a pesquisa "Education in the 21st century: alterity and hermeneutics as ways to innovation", Doutor em Teologia pela FAJE (2017), com tese intitulada "A liberdade e o perdão a partir do pensamento de Paul Ricoeur". Autor do livro "O Conceito de Pessoa em Paul Ricoeur" (2010). Membro da Society for Ricoeur Studies (EUA), da ALALITE (Associação Latino-americana de Literatura e Teologia) e da International Association of Scholars of Mimetic Theory (EUA). Sócio da SOTER (Sociedade de Teologia e Ciências das Religiões). É Fellow (Pesquisador) do International Institute for Hermeneutics (ALEMANHA). Desde 2012 apresenta trabalhos e ministra conferências em congressos no exterior: 2012 (Università del Salento-Lecce-ITÁLIA), 2013 e 2014 (PUC-Santiago-CHILE), 2015 (Jesuit University - Cracóvia-POLÔNIA), 2016 (Universidad Catolica Argentina-Buenos Aires-ARGENTINA e Universidad Santo Tomás-Tunja-COLÔMBIA), 2017 (Universidade Lusófona-Lisboa-PORTUGAL e Faculté de Paris/Fonds Ricoeur-Paris-FRANÇA) e 2018 (Universidad Santo Tomás-Bogotá-COLÔMBIA e Faculté de Paris/Fonds Ricoeur-Paris-FRANÇA). É Pesquisador dos Grupos de Pesquisa CAPES "Interfaces da Antropologia na Teologia Contemporânea" e "Diversidade afetivo-sexual e teologia", ambos na Faculdade Jesuíta de Belo Horizonte; Líder do Grupo de Pesquisa "Ética. Linguagem e Hermenêutica" (Projeto de Pesquisa atual: "Ricoeur e o Direito") na Universidade Presidente Antônio Carlos/Mariana, em parceria com o International Institute for Hermeneutics. Colunista de jornal na cidade de Mariana-MG. Coordenador do Fórum Temático na SOTER "O legado de Ricoeur: crítica e convicção" e da Sessão Temática da ALALITE "Ricoeur: crítica, convicção e poética".

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Publicado

2019-09-03

Como Citar

Dentz, R. A. (2019). Por uma teopoética do perdão a partir de Paul Ricoeur. TEOLITERARIA - Revista De Literaturas E Teologias, 9(18), 355–386. https://doi.org/10.23925/2236-9937.2019v9n18p355-386