Fístula tardia entre cúpula vaginal pós-histerectomia total e cavidade abdominal: revisão de literatura

Autores

  • Joe Luiz Vieira Garcia Novo
  • Isabela Dias dos Santos
  • Matheus Rauen Oliveira
  • Danilo Moulin Sales

Palavras-chave:

endometriose, sangramento, fístula

Resumo

INTRODUÇÃO: A histerectomia total é a cirurgia realizada por via abdominal e/ou vaginal, que remove a totalidade uterina, culmina com a fixação e síntese total da cúpula vaginal com os ligamentos uterinos. Sangramentos irregulares ou cíclicos semelhantes a fluxos menstruais, nestas pacientes histerectomizadas são raros e associados a endometriose com implantes e/ou fistulizações peritoniais na cúpula vaginal, com subsequente eliminação sanguínea pela vulva. A literatura tem poucos casos citados. OBJETIVO: Realiza-se a revisão de literatura pertinente de fístula tardia entre a cúpula vaginal pós-histerectomia total e a cavidade abdominal, com 4 casos descritos, aos quais associa-se o relato atual. RELATO: paciente 44 anos, histerectomia total há 07 anos (mioma uterino), sangramento genital tardio simulando perdas menstruais, após 02 anos de cirurgia. RNM de 2017 identificou volumoso endometrioma ovariano E (641,6 cm3), com provável fistulização peritônio-vaginal. Em 2018 após tentativas frustradas: cirúrgica, em virtude de múltiplas aderências pélvicas e de contraceptivos orais, optou-se idealmente por ser medicada com dienogeste. Em 2019 observa-se gradual redução volumétrica do endometrioma (volume = 143 cm3), e a interrupção dos sangramentos genitais há 60 dias. O caso continua em acompanhamento. DISCUSSÃO: A endometriose é doença crônica, em cerca de 10% das mulheres entre sua menarca e a menopausa e apresenta etiologia e patogênese ainda controversas. O tratamento clínico compreende o uso de progestágenos como o acetato de medroxiprogesterona, noretindrona, dienogeste, sistema intrauterino com levonorgestrel e/ou análogos agonistas do GnRH. Muito embora as complicações analisadas sejam extremamente raras, a implantação iatrogênica de tecido endometrial, deva ser considerada no diagnóstico diferencial, de quadros hemorrágicos tardios em pacientes que tenham sido histerectomizadas, quando outros diagnósticos tenham sido excluídos. Em outro raciocínio, em virtude da natureza destas lesões poderem ter alta e significante recorrência, o tratamento preferencial como qualquer endometriose extra pélvica, é a sua remoção cirúrgica. CONCLUSÃO: Apresentou-se este relato de caso pela sua extrema raridade, à valorização da queixa dolorosa pélvica associando-se aos sangramentos genitais periódicos sugerindo conteúdos menstruais, à grande dimensão do endometrioma ovariano, e, também, à condução do caso voltado para o acompanhamento direcionado a sua real patologia.

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Publicado

2019-12-02

Como Citar

1.
Novo JLVG, Santos ID dos, Oliveira MR, Sales DM. Fístula tardia entre cúpula vaginal pós-histerectomia total e cavidade abdominal: revisão de literatura. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba [Internet]. 2º de dezembro de 2019 [citado 19º de abril de 2024];21(Supl.). Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/view/46250