A questão da espiritualidade e o comum

Autores

  • Claire Blencowe University of Warwick, Reino Unido

Palavras-chave:

Comuns, Espiritualidade, Biopolítica, Pentecostalismo, Colonialismo

Resumo

O artigo explora conexões entre: a fé e a espiritualidade imanentes que se originam da vida em comum; experiências de divindade como a energia carismática do espírito como uma cristandade pentecostal e as tradições africanas do espírito; e o espírito ou espiritualidade da vida da população biológica tal como manifesto no nacionalismo imperialista britânico (este último manifesto tanto nos comuns miraculosos do sistema nacional de saúde quanto na sanha por vida pura que alimenta a pulsão de morte biopolítica racista e radicalmente exploradora. Em uma genealogia especulativa, o artigo sugere que o espírito santo da tradição pentecostal e outras tradições carismáticas pode ser entendido como um tipo de versão desterritorializada, despossuída de espiritualidade dos comuns. A experiência do espírito santo pode ser vista como uma resposta ao problema de como viver em comum na ausência do comum material da terra, da posse ou do lugar – o que explicaria sua prevalença entre o proletariado transatlântico revolucionário radicalmente desterritorializado dos séculos XVII, XVIII e XIX (assim como sua proliferação atual). Além disso, o artigo sugere que a espiritualidade da biopolítica, forjada no corpo de classe da burguesia do século XIX, pode derivar não apenas da invenção ou descoberta científica dos fenômenos populacionais e da prática disciplinar, como argumenta Foucault, mas também pode ser visto como uma apropriação burguesa da espiritualidade do proletariado revolucionário transatlântico – o monstro – contra a qual a burguesia imperial havia passado dois séculos lutando. O artigo pode ser lido como uma advertência quanto à duplicidade e perigos dessa espiritualidade multifacetada dos comuns – que a fé que nos inspira pode ser também uma armadilha. Porém, conclui-se com uma esperança: que o reinvestimento do espírito em questões mundanas relativas a lugar, propriedade e ecologia podem se contrapor ao canto da sereia biopolítico de vida, crescimento, riqueza e saúde infinitos que tem gerado tanta injustiça e violência.

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Biografia do Autor

Claire Blencowe, University of Warwick, Reino Unido

Professora Associada e diretora do Centre for Social Theory

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Publicado

2018-06-28