O organismo como resistência ao meio: consequências ético-políticas da epistemologia histórica de Georges Canguilhem

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/poliética.v8i2.50883

Palavras-chave:

Resistência, organismo, meio, biologia, história das ciências, epistemologia histórica, Georges Canguilhem

Resumo

Conceber a vida como o conjunto das funções que resistem à morte, na esteira da célebre definição do fisiologista Xavier Bichat (1771-1802), implica conceber o organismo como resistência ao meio exterior, e não como uma mera adaptação. Essa é uma das principais questões investigadas por Canguilhem em diversos momentos de sua obra. Neste artigo, propomos compreender o modo como Canguilhem concebeu o meio (num artigo publicado na coletânea O conhecimento da vida), passando depois à sua tese sobre o conceito de reflexo e, por fim, à sua crítica às psicologias adaptacionistas. O objetivo é demonstrar as conotações ético-políticas do seu pensamento, para além de seu mero alcance epistemológico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARISTÓTELES [~350 a.C.] De anima. Tradução Maria Cecília Gomes dos Reis. São Paulo: Editora 34, 2006.

BACHELARD, Gaston [1939] La psychanalyse du feu. 3a ed. Paris : Gallimard, 1992.

BRAUNSTEIN, Jean-François [1999] “La critique canguilhemienne de la psychologie”. IN: Bulletin de psychologie, tome 52 (2), 440, mars-avril 1999, p. 181-190.

BRAUNSTEIN, Jean-François [2007] “Psychologie et milieu. Éthique et histoire des sciences chez Georges Canguilhem”. IN: ______. (org.) Canguilhem: histoire des sciences et politiques du vivant. Paris: PUF, 2007, p. 63-89.

BRAUNSTEIN, Jean-François [2011] “À la découverte d´un « Canguilhem perdu »”. IN: Œuvres Complètes, vol. I: écrits philosophiques et politiques (1926-1939). Paris: Vrin, 2011, p. 101-137.

CANGUILHEM, Georges [1943] Le normal et le pathologique. 5ª ed. Paris: PUF, 1984.

CANGUILHEM, Georges [1947] “Milieu et normes de l´homme au travail”. IN: Œuvres Complètes, vol. IV: résistance, philosophie biologique et histoire des sciences (1940-1965). Paris: Vrin, 2015, p. 291-306.

CANGUILHEM, Georges [1952] La connaissance de la vie. 2ª ed. Paris: Vrin, 2009.

CANGUILHEM, Georges [1955] La formation du concept de réflexe aux XVIIe et XVIIIe siècles. Paris: PUF, 1955.

CANGUILHEM, Georges [1968] Études d´histoire et de philosophie des sciences concernant les vivants et la vie. 7ª ed. Paris: Vrin, 2002.

CANGUILHEM, Georges [1980] “Le cerveau et la pensée”. IN: CANGUILHEM, Georges [2018] Œuvres Complètes, vol. V: histoire des sciences, épistémologie, commémorations (1966-1995). Paris: Vrin, 2018, p. 895-932.

DAGOGNET, François [1997] Georges Canguilhem: philosophie de la vie. Le Plessis-Robinson: Synthélabo, 1997.

DAGOGNET, François [2009] “Postfacce aux Œuvres Complètes: un témoignage posthume de François Dagognet sur les livres de Georges Canguilhem”. IN: ______. [2018] Œuvres Complètes, vol. V: histoire des sciences, épistémologie, commémorations (1966-1995). Paris: Vrin, 2018, p. 1303-1311.

DEBRU, Armelle [1997] Le corps respirant: la pensée physiologique chez Galien. Leiden: Brill, 1997.

DEBRU, Claude [2004] Georges Canguilhem: science et non-science. Paris: Éditions Rue d´Ulm, 2004.

DUPONT, Jean-Claude [2008] “Le concept de réflexe : Georges Canguilhem et l´histoire de la physiologie”. IN: FAGOT-LARGEAULT, Anne; DEBRU, Claude; MORANGE, Michel (dir.), HAN, Hee-Jin (éd.) [2008] Philosophie et médecine: en hommage à Georges Canguilhem. Paris: Vrin, 2008, p. 91-111.

FRIEDMANN, Georges [1946] Problèmes humains du machinisme industriel. Paris : Gallimard, 1946.

GOLDSTEIN, Kurt [1934] Structure de l´organisme: introduction à la biologie à partir de la pathologie humaine. Tradução francesa E. Burckhardt e Jean Kutz. Paris: Gallimard, 1983.

RAMOS, Mauricio de Carvalho [2009] A geração dos corpos organizados em Maupertuis. São Paulo: Editora 34, 2009.

ROUDINESCO, Elisabeth [1993] “Situation d'un texte: « Qu'est-ce que la psychologie? »”. IN: BALIBAR, Étienne; CARDOT, Mireille; DUROUX, Françoise; FICHANT, Michel; LECOURT, Dominique; ROUBAUD, Jacques (org.) [1993] Georges Canguilhem: philosophe, historien des sciences. Actes du coloque (6-7-8 décembre 1990). Paris: Albin Michel, 1993, p. 139-150.

SOUTO, Caio [2019] “Um caso exemplar de ideologia científica no século XX: o behaviorismo radical de B. F. Skinner”. IN: Kínesis, Vol. XI, n° 28, julho 2019, p. 38-56. Marília. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/9131, acesso em 10/10/2020.

SOUTO, Caio [2020] “Considerations about the Origins of the French Style in the History of Sciences”. IN: Transversal: International Journal for the Historiography of Science 2019 (8): 134-147. Belo Horizonte. Disponível em https://www.historiographyofscience.org/index.php/transversal/article/view/127/222, acesso em 10/10/2020.

UEXKÜLL, Jacob von [1934] Mondes animaux et monde humaine. Tradução francesa Phillipe Muller. Paris: Denoël, 1965.

WOLFF, Francis [2010] Nôtre humanité: d´Aristote aux neurosciences. Paris: Fayard, 2010.

Downloads

Publicado

2020-12-30

Edição

Seção

Dossiê