Alterações eletrocardiográficas em pacientes portadores de doença renal crônica ao iniciar terapia renal substitutiva
Palavras-chave:
doença renal crônica, diálise renal, eletrocardiografia, hipertrofia ventricular esquerda, hiperpotassemiaResumo
Introdução: as complicações cardiovasculares são as principais causas de morte nos pacientes com Doença Renal Crônica desde os estágios 2 e 3 até o estágio 5 (terminal), sendo responsáveis por cerca de 50% dos óbitos nesse grupo de pacientes. O estádio 5 do doença é caracterizado pela filtração glomerular inferior 15 mL/mim/1,73m² e suas principais causas são a hipertensão arterial e o Diabetes mellitus tipo 2. Objetivo: descrever as alterações eletrocardiográficas observadas nos pacientes com doença renal crônica estádio 5 no momento em que iniciam tratamento dialítico e correlacioná-las com a doença de base que causou a doença renal crônica. Resultados: foram avaliados os eletrocardiogramas de 199 pacientes de um único centro de diálise no período de quatro anos. A maioria dos pacientes tem doença renal crônica por Diabetes mellitus tipo 2 (36,5%), hipertensão arterial (30%) e glomerulopatias (12%). Observamos apenas 12% de exames eletrocardiográficos com traçados normais. As alterações mais comuns foram a sobrecarga atrial esquerda (31%), a sobrecarga ventricular esquerda (30%), as alterações de repolarização ventricular por hiperpotassemia (26%) e o prolongamento do intervalo QTc. A sobrecarga ventricular esquerda foi mais prevalente nos pacientes com hipertensão arterial como causa da doença renal crônica e o padrão strain bastante comum (47% dos casos com sobrecarga ventricular esquerda). Conclusão: as alterações eletrocardiográficas são muito prevalentes nos pacientes com doença renal crônica estádio 5 e precisam ser conhecidas pelos profissionais que os atendem.
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