Aneurisma de aorta toracoabdominal gigante

Autores

  • Maria Lourdes Peris Barbo
  • Thamires Guedes Leite Moyse
  • Bianca Bernardo
  • Dayane de Oliveira Ferreira
  • Débora Paulino de Lira
  • Felipe Leonardo

Resumo

Introdução: Aneurisma da aorta é uma condição vascular pouco comum, em que ocorre a dilatação do vaso, cujas principais causas são doenças do tecido conjuntivo, anormalidades da valva aórtica e consequência da sífilis nos casos de aorta ascendente e arco da aorta, e aterosclerose na aorta descendente (Grey & Bannister, 1995). Na população geral, a prevalência dos aneurismas da aorta equivale a taxa de 2 a 4%, com variação de acordo com a faixa etária, sendo 3% acima dos 50 anos, 6% na faixa dos 65 anos e 10% após os 80 anos (Takiguchi, Cotini, & Barbo, 2017). O relato a respeito do paciente em foco, tendo em vista as medidas aneurismáticas referenciadas na literatura, apresenta sua relevância devido à descrição de achado incomum relacionado à extensão expressiva e volumosa do AATA em questão. Relato de Caso: Paciente do sexo masculino, 57 anos, negro, natural de Sorocaba, com histórico cardíaco. Na data do ocorrido, apresentou mal súbito. Foram realizadas manobras de ressuscitação cardiopulmonar, sem êxito. Paciente foi a óbito e encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO). Cadáver com sobrepeso; foi constatada no tórax a presença de cicatrizes antigas referentes a presença de prótese de aorta torácica, além de órgãos com forma e topografia alteradas. O principal achado corresponde ao expressivo aneurisma de aspecto ovoide na aorta torácica, responsável pelo alargamento do mediastino. A extensão aneurismática prolonga-se até a aorta abdominal, com dissecção longitudinal de 23 cm, e ruptura irregular a nível da crossa ascendente. O vaso apresenta parede com espessura aproximada de 0,7 cm. A luz é ampla, sendo equivalente a 6,5 cm e 10 cm em sua menor e maior dimensão, respectivamente. Encontra-se preenchimento total por trombo de hemácias e fibrina em camadas concêntricas. Além de aumento da porção mediastinal há cardiomegalia, com hipertrofia do ventrículo esquerdo e outras câmaras dilatadas. A ruptura da aorta torácica levou a intenso derrame sanguíneo na cavidade pleural esquerda e pulmonar esquerda, com consequente colapso. O quadro progrediu para choque hipovolêmico. Discussão: A peça ascendente da aorta apresenta, tipicamente, 5 cm de comprimento. O arco tem em sua origem diâmetro de aproximadamente 2,8 cm e diminuição em sua porção distal para cerca de 2 cm após a emissão de seus ramos colaterais. A aorta abdominal apresenta redução de diâmetro durante seu curso descendente (em média, de 1,8 cm para 1,5 cm, suscetível avaliação nessas medidas de aproximadamente 1 cm para mais ou para menos, conforme as particularidades anatômicas de cada indivíduo). O máximo diâmetro considerado dentro de parâmetros normais situa-se em torno de 2 a 2,5 cm, e pode alcançar até 3 cm como um achado relativamente usual associado ao envelhecimento. (Grey & Bannister, 1995). No caso do paciente em questão, as áreas aneurismáticas apresentaram de 6,5 a 10 cm de diâmetro, ultrapassando em muito o valor admitido como normal. De acordo com Szilagyi et al., um aneurisma com mais de 6 cm de diâmetro tem um risco de ruptura de 43% (Szilagyi, Smith, DeRusso, Elliott, & Sherrin, 1966). O que leva à degeneração da parede vascular da aorta é a destruição de seu tecido conjuntivo, composto essencialmente de elastina e colágeno. Além da importância como fator de ruptura da aorta, a pressão mecânica da parede do vaso também é importante para a patogênese, sendo considerados os fatores: diâmetro do vaso e pressão sanguínea aterosclerose (Wassef et al., 2001). O fato de pacientes com história familial positiva de AATA terem maior chance de desenvolver a patologia e em idades mais precoces indica que fatores genéticos são proeminentes na probabilidade de sua ocorrência (Wassef et al., 2001). Conclusão: Portanto, devido à agressividade da ruptura do aneurisma que levou o paciente a óbito antes de serem obtidas mais informações, não é possível saber qual sua origem. Fica, no entanto, evidente que esse aneurisma apresentou proporções muito aumentadas e, assim, tendo em vista sua peculiaridade, o caso em questão representa pertinente exemplo para a literatura.

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Publicado

2018-11-16

Como Citar

1.
Barbo MLP, Moyse TGL, Bernardo B, Ferreira D de O, Lira DP de, Leonardo F. Aneurisma de aorta toracoabdominal gigante. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba [Internet]. 16º de novembro de 2018 [citado 13º de novembro de 2024];20(Supl.). Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/view/40029