Qualidade da recuperação após administração de morfina ou metadona para analgesia pós-operatória imediata em pacientes submetidos à colecistectomia videolaparoscópica e anestesia venosa total
Resumo
Justificativa e Objetivos: O controle da dor pós-operatória é um dos maiores desafios da prática anestésica e permanece como uma das queixas mais frequentes entre os pacientes. Nos últimos anos, com a necessidade de recuperação e alta hospitalar precoce se popularizou o uso de anestesias baseadas em remifentanil. Apesar dos benefícios em segurança e velocidade do despertar, seu uso se mostrou relacionado à um pior controle álgico pós operatório, justificado por fenômeno de hiperalgesia e tolerância. aos opioides. Estudos tem demonstrado superioridade da metadona em relação à morfina, salientando controle da dor mais efetivo e mais prolongado, sem intensificação de efeitos colaterais dos opioides. Entretanto poucos destes foram realizados em cenários de anestesia venosa com remifentanil. O presente estudo propõe uma análise prospectiva, randomizada e duplo cego para avaliar a qualidade da recuperação em pacientes submetidos a colecistectomia laparoscópica sob anestesia endovenosa total e recebendo metadona ou morfina como prevenção da dor pós-operatória. Método: Foram selecionados 62 pacientes, estado físico ASA I ou II, submetidos à colecistectomia videolaparoscópica, randomizados em dois grupos para receber metadoa(0,1mg/kg) ou morfina(0,1mg/kg) imediatamente após indução. O nível de dor foi avaliado no período após extubação orotraqueal, com o paciente em repouso e ao tossir, a cada 15 minutos na SRPA e durante permanência em enfermaria. Pacientes também foram analisados sobre qualidade da recuperação utilizando o questionário QoR-40 no período pré e pós-operatório, assim como tempo para despertar, necessidade de doses de resgate de opioides, tempo para alta da SRPA e efeitos colaterais, como nível de sedação, náusea e vômitos. Resultados: O grupo que recebeu morfina apresentou maior sensação de dor após a cirurgia (p=0,01), assim como maior consumo de opióides (diferença mediana [IC 95%], -2 mg; p=0,02) e maior nível de sedação na SRPA (p<0,01). No entanto o nível de dor dos pacientes na sala de RPA e na enfermaria foi igual para ambos os grupos. Não foi demonstrado diferença significativa no tempo de alta da SRPA, assim como incidência de efeitos colaterais. O grupo metadona apresentou aumento do tempo de despertar (diferença média [IC 95%], +2,5 min; p=0,02). Conclusões: A administração de metadona intra operatória em comparação à morfina reduziu as demandas por opioides na SRPA, sem aumentar incidência de efeitos colaterais. Entretanto não otimizou a qualidade da recuperação dos pacientes através do método de avaliação utilizado.Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores no momento da submissão transferem os direitos autorais, assim, os manuscritos publicados passam a ser propriedade da revista.
O conteúdo do periódico está licenciado sob uma Licença Creative Commons 4.0, esta licença permite o livre acesso imediato ao trabalho e que qualquer usuário leia, baixe, copie, distribua, imprima, pesquise ou vincule aos textos completos dos artigos, rastreando-os para indexação, passá-los como dados para o software, ou usá-los para qualquer outra finalidade legal.