Hepatotoxicidade devido ao uso de metformina

Autores

  • José Otávio Alquezar Gozzano
  • Maria Luiza Coelho Gozzano

Palavras-chave:

hepatotoxicidade, metformina, icterícia

Resumo

INTRODUÇÃO: A metformina (MET) é a primeira droga de escolha para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Os principais efeitos adversos da metformina incluem os gastrointestinais. Com seu uso a longo tempo, também pode ocorrer redução do ácido fólico e vitamina B12 e efeitos de acidose láctica no contexto de diminuição crônica na função renal. A hepatotoxicidade da metformina foi pouco relatada. RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 66 anos, previamente hipertensa, diabética, com história de hepatite C tratada há 5 anos e controlada clinicamente, em uso de losartana e hidroclorotizida, glibenclamida e metformina. Estava em uso de metformina 500mg três vezes ao dia há 5 anos, tendo aumentado a dose nos últimos 20 dias para 850 mg três vezes ao dia. Procura atendimento médico com quadro de icterícia há 15 dias, náusea, dispepsia e acolia fecal. Ao exame físico: bom estado geral, ictérica (3+/4+), afebril, eupneica, abdome flácido, e indolor a palpação. Nos exames apresentava: bilirrubina total: 19,86mg/dl (0,3-1,3), bilirrubina direta: 11,06mg/dl (0,1-0,4), bilirrubina indireta: 5,41mg/dl (0,2-0,9), AST: 268U/L (12- 38), ALT: 346 (7-41), FA: 140U/L (35-104), GGT: 188U/L (8-41). Ao ultrassom, fígado de dimensões normais, esteatose hepática sem obstrução biliar. Outros exames dentro dos padrões de normalidade. Após suspensão de metformina por 10 dias, melhoras de sinais e sintomas, bilirrubina total: 14,4, bilirrubina direta: 9,95, bilirrubina indireta: 4,45, TGO: 228, TGP: 223, FA: 139, GGT: 158, tendo alta para acompanhamento ambulatorial. DISCUSSÃO: A hepatotoxicidade apresenta-se primeiramente com sintomas como vômitos, náuseas, fadiga e icterícia com marcadores elevados de transaminases e colestases intra-hepática após início de uso de metmorfina. A fisiopatologia da hepatotoxicidade induzida pela metformina é incerta, porém, há indícios que reações adversas idiossincrasias a metformina, mecanismos de injuria hepática diretos e interações medicamentosas10 podem provocar hepatite aguda através da inflamação portal e do parênquima. A metformina deve ser considerada como causa de hepatite em pacientes que apresentam acidose metabólica com grande intervalo de anion gap e falha hepática após tratamento com metformina. Não há tratamento específico para hepatotoxicidade induzida pela metformina. Após a descontinuação do seu uso, as enzimas hepáticas retornam aos valores normais após algumas semanas . CONSIDERAÇÕES FINAIS: Sendo a MET a droga de escolha para o tratamento de diabetes tipo 2, é essencial que a comunidade médica, assim como os pacientes, tomem conhecimento de que a MET pode causar dano hepático levando a icterícia principalmente associada a outros medicamentos, fato comum e indicado no diabetes mellitus tipo 2.

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Publicado

2019-12-02

Como Citar

1.
Gozzano JOA, Gozzano MLC. Hepatotoxicidade devido ao uso de metformina. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba [Internet]. 2º de dezembro de 2019 [citado 19º de novembro de 2024];21(Supl.). Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/view/46259