Ser-para-o-sexo e a partilha dos sexos

Authors

  • Rithée Cevasco

DOI:

https://doi.org/10.5546/peste.v5i2.27935

Abstract

Resumo: Com a expressão “ser-para-o-sexo”, o psicanalista francês toma
sua distância do “ser-para-a-morte” de inspiração heideggeriana. Situará
no mais íntimo de cada sujeito a referência a sua singular modalidade
de gozo, em seu encontro com o corpo sexuado. Ele não duvida em falar
de uma “escolha de gozo”, para acentuar uma escolha que é assunto de
cada um, em sua relação com o gozo sexual, enquanto determinado pelo
inconsciente. Essa escolha não pode ser reduzida, nem às determinações
do  sexo  (anatômico)  nem  a  uma  questão  de  gênero  (construto  social feito  de  coações,  idealizações  e  normas  que  constituem  a  base  das identi'cações sexuais). Ela mostrará como cada um pôde situar-se com relação a falta-a-ser e a falta-a-gozar, que são a cota comum para nós, os que estamos habitados pela linguagem. Lacan, a partir dessa relação com o gozo, propõe uma original construção da diferença dos sexos. Se, para cada um, identi'cados como homem ou mulher, não há senão um signi'cante no inconsciente para denotar sexualidade, cada um ou uma tem uma opção diferencial quanto ao seu gozo. Gozo fálico inteiramente referido a esse signi'cante (gozo masculino) ou “não-todo” em relação ao  gozo  fálico  (gozo  feminino).  Com  essa  distinção, Lacan  subverte radicalmente  a  divisão  dos  sexos,  concebida  como  oposição  binária  e complementar. Essa formalização da diferença dos sexos não deixa de ter uma repercussão no campo da Filoso'a, ao 'ssurar a concepção do ser como Um, assim como no campo da política: a concepção do “não-todo”, como incompletude, sendo um antídoto contra a con'guração de um pensamento totalitário. Podemos contar mais de um sexo, mas nãodois... O “não-todo” feminino não pode contar-se como um para suprir dois. Subversão, pois, da concepção da diferença, tal como é concebida tradicionalmente no Ocidente.
Palavras-chave: sexo; gozo; Lacan; masculino, feminino.

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How to Cite

Cevasco, R. (2016). Ser-para-o-sexo e a partilha dos sexos. A PESTE: Revista De Psicanálise E Sociedade E Filosofia., 5(2). https://doi.org/10.5546/peste.v5i2.27935

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