Ogum vai a Coyoacán para enfrentar Tio Sam: Os trotskistas brasileiros e a América Latina, 1930-1947
DOI:
https://doi.org/10.23925/1982-6672.2020v13i38p138-167Palavras-chave:
América Latina, Leon Trotsky, Mario Pedrosa, Livio XavierResumo
RESUMO: O Brasil, em suas relações com os países do continente americano, usualmente é entendido como uma nação bifronte. Ao mesmo tempo em que se submeteu a relações subordinadas com os Estados Unidos, manteve uma longa trajetória de comedido relacionamento com os demais países. É senso comum a afirmativa de que o Brasil não se vê como latino-americano, embora também se possa objetar que a recíproca seja plausível. Essa maneira de ver o outro se consolidou ao longo do primeiro século depois das independências das colônias espanholas e portuguesa e adentrou o século XX. De certo modo, no caso da esquerda marxista brasileira, esta postura também encontrou manifestações nas primeiras décadas do século XX. No exame das publicações e periódicos das correntes trotskista e stalinista em seus primórdios nas raras menções encontradas a respeito de outros países do continente ou se dá sob a apresentação de eventos políticos ou por meio da simples informação sobre as atividades das organizações nacionais. Não se dá sob a percepção de pertencimento a uma unidade continental. No caso dos stalinistas ela se dá sob a percepção de envolvimento dos países latino-americanos em “disputas interimperialistas”. Já no caso dos trotskistas brasileiros, nesse período, ocorre uma mudança significativa. A partir da chegada de Leon Trotsky ao México, os trotskistas brasileiros começam a atentar para o papel do imperialismo estadunidense no continente e sobre suas consequências sobre o movimento operário. Como ocorre esta mudança entre os seguidores de Leon Trotsky no Brasil e quais são suas implicações e limites são os objetos desta apresentação.
Downloads
Metrics
Referências
- BREITMAN, George (Ed.). The Founding of the Socialist Workers Party: Minutes and resolutions, 1938-1939. Nova Iorque: Pathfinder, 1982.
- CAMBOA, M. et LYON, L. Esquisse d’une analyse de la situation économique et sociale au Brésil. La Lutte de Classes. Paris, ano IV, nº 28-29, fev.-mar. 1931, p. 149-158. In: ABRAMO, Fulvio e KAREPOVS, Dainis (Orgs.). Na contracorrente da história: Documentos do trotskismo brasileiro, 1930-1940. 2ª ed. São Paulo: Sundermann, 2015, p. 62-74.
- DEL ROIO, Marcos. A classe operária na revolução burguesa. A política de alianças do PCB: 1928-1935. Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1990.
- GALL, Olivia. Trotsky en México y la vida política en el período de Cárdenas, 1937-1940. México (DF): Era, 1991.
- HOFMEISTER, Wilhelm. No obediencia, pero mayor interdependencia: la relación del Brasil con sus vecinos. In: COSTA, Sérgio; SANGMEISTER, Hartmut; e STECKBAUER, Sonja (Orgs.). O Brasil na América Latina: Interações, percepções, interdependências. São Paulo: Annablume; Adlaf; Fundação Heinrich Böll, 2007.
- KERSFFELD, Daniel. Contra el império: Historia de la Liga Antimperialista de las Américas. México (DF): Siglo XXI, 2012
- PEDROSA, Mario. A opção brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966; PEDROSA, Mario. A opção imperialista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
- PALEOLOGO, Constantino. Brasil en América Latina: Una experiencia de periodismo internacional. Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1960.
- PEREYRA, Carlos. Prologo. In: LIMA, Manoel Oliveira. Formación histórica de la nacionalidad brasileña. Madrid: Editorial-América, 1918.
- A REDAÇÃO. A “Revista Americana”. In: FUNDAÇÃO Alexandre de Gusmão (Org.). Revista Americana: Uma iniciativa pioneira de cooperação intelectual (1909-1919). Brasília: Senado Federal, 2001, p. 19.
- SANTOS, Luís Cláudio Villafañe Gomes. A América do Sul no discurso diplomático brasileiro. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2014.
- TROTSKY, Leon. Déclaration a Tampico. In: _____. Oeuvres. Volume 12: Décembre 1936 à février 1937. Grenoble; Paris: Institut Leon Trotsky; EDI, 1982, p. 84.