Exterminadores do além contra a loira do banheiro (2018)
Humor, horror e guerras culturais na paródia brasileira de Ghostbusters
DOI:
https://doi.org/10.23925/1982-6672.2024v17i49p115-135Palavras-chave:
Humor, Horror, Guerras Culturais, MisoginiaResumo
Na trama de Exterminadores do Além contra a Loira do Banheiro (2018), um grupo de caçadores de fantasmas (todos homens brancos e cisgênero) enfrenta a assombração perigosa de uma menina, retratada como um monstro manipulador. Assim como ela, todas as outras personagens femininas do filme são sistematicamente ridicularizadas e eventualmente mortas. A obra combina humor sexista e horror alegórico para normalizar os ataques de seus personagens às mulheres. Neste artigo, investigo até que ponto essa narrativa reflete as guerras culturais do Brasil contemporâneo, convertendo a retórica misógina da ultradireita nacional em batalhas fictícias contra as mulheres. Também discuto como as construções cômicas do filme alinham-se a discursos conservadores que tentam equiparar a luta feminista com uma cultura de vitimização. Por fim, considero como seus usos do humor e do horror relacionam-se com a esfera pública brasileira, também permeada de forma massiva por essas qualidades tonais.
Downloads
Metrics
Referências
ALBUQUERQUE, A.; QUINAN, R. Crise epistemológica e teorias da
conspiração: o discurso anti-ciência do canal “professor terra plana”. Mídia e
Cotidiano, p. 83-104, 2019.
ALMEIDA, M. M. D. M. A banalização da violência contra as mulheres e a
“cultura do estupro” no Brasil. Revista Ágora: políticas públicas, comunicação e
governança informacional, Belo Horizonte, v. 1 n. 1, p. 121-126, 2016.
ALMEIDA, R. Bolsonaro presidente: conservadorismo, evangelismo e a crise
brasileira. Novos Estudos: Cebrap, p. 185-213, Jan-Abr 2019.
_______. The broken wave: Evangelicals and conservatism in the Brazilian crisis.
HAU: Journal of Ethnographic Theory, p. 32-40, 2020.
ALONSO, A. A política das ruas: protestos em São Paulo de Dilma a Temer.
Novos Estudos Cebrap, p. 49-58, 2017.
AVELAR, I. Alegorias da Derrota: A ficção pós-ditatorial e o trabalho do luto na
América Latina. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
BANET-WEISER, S.; MILTNER, K. #MasculinitySoFragile: culture, structure,
and networked misogyny. Feminist Media Studies, v. 16(1), p. 171-174, 2016.
BEERMANN, U. Sick Humor. In: ATTARDO, S. Encyclopedia of Humor
Studies. Los Angeles: Sage, 2014. p. 691-693.
BERLANT, L. The female complaint: The unfinished business of sentimentality
in American politics. Durham: Duke University Press, 2008.
_______. Cruel Optimism. Durham: Duke University Press, 2011.
BLODGETT, B.; SALTER, A. Ghostbusters is For Boys: Understanding Geek
Masculinity’s Role in the Alt-right. Communication Culture & Critique, v. 11,
p. 133-146, 2018.
BORGES, L.; FERNANDES, M. Cyberativismo e Educação: o conceito de raça e
racismo na cibercultura. Revista Espaço Acadêmico, p. 75-87, 2018.
CAMPBELL, B.; MANNING, J. The Rise of Victimhood Culture:
Microaggressions, Safe Spaces, and the New Culture Wars. Cham: Palgrave
Macmillan, 2018.
CAMPOS, C. et al. Cultura do estupro ou cultura antiestupro? Revista Direito
GV, p. 981-1006, 2017.
CARROLL, N. Horror and Humor. The Journal of Aesthetics and Art Criticism,
p. 145-160, 1999.
CASEMIRO, F. C.; MARTINEZ, V. Humor mórbido: defesa e tradução do horror
na Shoah. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 70:1, p. 276-290, 2018.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Aurora. Revista de Arte, Mídia e Política
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.