Caçadores-coletores: Ciência e caça nas expedições científicas norte-americanas no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.23925/1980-7651.2021v27;p24Palavras-chave:
História da Ciência, Ciência no Brasil, Trânsito de conhecimento, Trânsito de materiais, Expedições científicas norte-americanasResumo
Em 1933, o Governo Provisório liderado por Getúlio Vargas criou o Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas no Brasil (CFE), com o objetivo de coibir a saída do país de objetos de seu patrimônio natural e artístico e garantir uma parte do que fosse coletado no país para as instituições brasileiras. Num momento de aproximação do Brasil com os Estados Unidos, que competia com a Alemanha por influência no país mesmo antes da eclosão da Segunda Guerra, cientistas e outros exploradores norte-americanos realizaram expedições para coleta de animais e outros objetos naturais, que foram exportados para enriquecer as coleções de museus e outras instituições científicas nos Estados Unidos. Nesse contexto, o Conselho não cumpriu propriamente seu trabalho de fiscalização. Em parte, isso ocorreu em benefício das relações diplomáticas com os norte-americanos; por outro lado, por interesses particulares e disputas institucionais que impediam o pleno exercício de suas funções. Ambos os fatores impediram um trânsito de conhecimento maior entre os dois países, como a incorporação de mais animais às coleções nacionais e um contato maior entre cientistas dos dois países. Além disso, caçadores e colecionadores usaram justificativas científicas para levar um sem-número de animais para o exterior. Os casos analisados neste trabalho demonstram como, mesmo um governo autoritário de inspiração nacionalista, não deu conta de impedir o afluxo de objetos do patrimônio natural para um país aliado. A tese busca mostrar, ainda, como as fronteiras entre caça e ciência eram borradas no período e como isso se refletiu na fiscalização do CFE.Downloads
Publicado
2021-07-15
Edição
Seção
Resumo de Dissertação