A teologia crítica de Kant: da fé racional à fé reflexionante

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DOI:

https://doi.org/10.23925/rct.i99.53427

Palavras-chave:

Teologia, Moral, Fé racional, Fé reflexionante, Pensamento

Resumo

O rigor com que Kant nega a possibilidade de demonstração teórica da existência de Deus, aliada a uma hermenêutica que focaliza o sistema kantiano a partir da teoria do conhecimento, induziu numerosos intérpretes a considerar a expressão “teologia kantiana” como um oximoro. Intérpretes prestigiados o veem como agnóstico ou, na melhor das hipóteses, deísta. Em todo caso, Kant não admitiria um fundamento racional para a religião e a teologia. O presente artigo tem a intenção de examinar os princípios e condições de legitimidade que viabilizam a teologia kantiana. A teologia encontra fundamento numa necessidade subjetiva da razão. Trata-se de uma necessidade moral de representação teleológica, sem a qual a vontade não pode ser determinada. Embora esteja fundamentada na moral, a teologia se constitui em uma disciplina autônoma. A fé está enraizada na racionalidade e não pode ser ignorada sem que a razão entre em contradição consigo mesma. A fé racional pura deve ser a bússola e o parâmetro seguro para a fé reflexionante, ou seja, para o pensamento sobre o incomensurável e obscuro espaço do suprassensível. Kant legitima o pensamento – por oposição a conhecimento – como alargamento do puro conceito do entendimento.

Biografia do Autor

Francisco das Chagas de Oliveira Freire, SEM AFILIAÇÃO

Doutor em Filosofia pela Universidade de Coimbra. Mestre em Filosofia pelo Ateneo Pontificio Regina Apostolorum de Roma. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Batista Brasileira. Bacharel em Teologia pelo Instituto de Ciências Religiosas. Possui experiência no ensino e pesquisa em Filosofia e Teologia, com ênfase em Ética, Filosofia Política e Filosofia do Direito.

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Publicado

2021-09-30

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Artigos