A corporeidade na nova teonomia
DOI:
https://doi.org/10.23925/rct.i103.57896Palavras-chave:
Corporeidade, Nova Teonomia, Moral, Corpo, AntropologiaResumo
A corporeidade, em teologia, compreende-se a partir da fronteira entre a sistemática (antropologia) e a moral. Das compreensões do humano às decorrências antropológicas. Assumindo um panorama de valor positivo quanto ao corpo, o presente artigo objetiva discutir sua experiência que, superadas a heteronomia e a mera autonomia, dá espaço, através da Revelação, para a vivência da teonomia. A metodologia empregada é bibliográfica com análise e discussão de conteúdo. Para tanto, foram contemplados os seguintes objetivos: (i) construir uma breve distinção entre heteronomia, autonomia e teonomia; (ii) indicar a compreensão da Revelação como ponto de superação do conflito; e (iii) explorar a aplicação da nova teonomia às experiências do corpo, a sexualidade, o gênero, a família. Desta forma, evidencia-se que as orientações morais cumprirão o papel de formação da consciência e que, somente esta será base da tomada de decisões. Superado o moralismo e o amoralismo, portanto, a prática do amor se abre às possibilidades. Estas que, diante do fracasso, não se sujeitam a resignação, mas abrem-se à novas tentativas. Assim, as experiências dos corpos dissidentes também são compreendidas, das questões da diversidade sexual às novas configurações familiares. Conclui-se, portanto, que a corporeidade, ao encontrar sua plenitude na sexualidade – como dado antropológico – obtém, através da autonomia fundada em Deus, uma moral da qualidade das relações. Complexa, relaciona-se com o discernimento, com a criatividade (ou subversão) fiel. Desta forma, o itinerário da presente reflexão apresenta e elabora argumentos em perspectiva inclusiva e identitária, isto é, reconhecendo a subjetividade como ponto fundamental para a hermenêutica da tradição. Assim, a máxima expressão do corpo dá-se através da teonomia enquanto prática do amor.
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