Para uma hermenêutica crítica da “tradição de mulheres” em literatura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/rct.i34.66709

Palavras-chave:

Literatura, crítica literária feminista, hermenêutica, crítica das ideologias, Paul Ricoeur

Resumo

O presente trabalho retoma a dicotomia entre hermenêutica e crítica das ideologias apresentada por Paul Ricoeur, particularmente a avaliação a tradição por cada um desses gestos filosóficos, de modo a comparar tal dicotomia a uma oscilação observável na história da crítica literária feminista. O modo como a tradição se apresenta para a crítica feminista, primeiramente enquanto força opressiva a ser combatida, em seguida como busca positiva de um passado (na reconfiguração de uma female tradition [Showalter, 1977]), e por fim novamente como problemática a ser criticada (mesmo em sua “versão feminista”), aponta para a oscilação entre o gesto crítico e o impulso hermenêutico intrínsecos a um mesmo campo de estudos. A crítica literária feminista poderia, dessa forma, ser reconhecida enquanto um campo de vocação dupla e dinâmica. As pontes e conexões oferecidas por Ricoeur entre hermenêutica e crítica poderão, quem sabe, inspirar tanto uma clara distinção entre tais movimentos, quanto o diálogo entre posições à primeira vista antitéticas nas propostas da crítica literária feminista.

Biografia do Autor

Erica Martinelli Munhoz, Unicamp

Doutora em Teoria Literária pelo Instituto de Estudos da Linguagem (UNICAMP). Contato: ericammz@hotmail.com

Referências

BACHELARD, Gaston. Fragmentos de Uma Poética do Fogo. São Paulo: Brasiliense, 1990.

BACHELARD, Gaston. O ar e os sonhos: ensaio sobre a imaginação do movimento. Tradução Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

CLOUGH, Patricia Ticineto. The Hybrid Criticism of Patriarchy: Rereading Kate Millett’s Sexual Politics. Sociological Quarterly. 35(3). Abril, 2005. pp. 473 – 486.

COSTA, Cristina H. “A hermenêutica crítica de Paul Ricoeur posta à prova da imaginação feminina”. Remate de Males. 35.2. Jul/Dez 2015. file:///C:/Users/user/OneDrive/novos%20artigos/artigo%20Ricoeur/A_hermeneutica_critica_de_Paul_Ricoeur_posta_a_pro.pdf

ERKKILA, Betsy. The Wicked Sisters: Women Poets, Literary History and Discord. New York/ Oxford: Oxford University Press, 1992.

FIGES, Eva.: Patriarchal Attitudes. Women in Society.Nova York: Persea Books, 1970.

FIRESTONE, Shulamith. The Dialectic of Sex: The Case for Feminist Revolution. Nova Yok: Morrow Editions, 1970.

FRIEDAN, Betty. Mística Feminina. Tradução de Áurea B. Weissenberg. Rio de Janeiro: Editora Vozes Limitadas. 1971.

HALSEMA, Annemie; HENRIQUES, Fernanda (eds). Feminist explorations of Paul Ricoeur’s Philosophy. Lanham: Lexington Books, 2016.

LAFUENTE, Maria Avelina Cecilia. “Introducción al pensamento de Paul Ricoeur. Themata Revista de Filosofia. N 19, 1998, pp. 219-223. https://idus.us.es/bitstream/handle/11441/27375/file_1.pdf?sequence=1&isAllowed=y

MILLETT, Kate.: Sexual Politics. Nova York: Doubleday, 1970.

PLAIN, Gill; SELLERS, Susan (Eds.). A History of Feminist Literary Criticism. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.

RICOEUR, Paul. Do texto à ação. Ensaios de Hermenêutica II. Tradução de Alcino Cartaxo e Maria José Sarabando. Porto: RÉS-Editora, 1990.

RICOEUR, Paul. Tempo d Narrativa 3. O tempo narrado. Tradução Claudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

SHOWALTER, Elaine. A literature of their own: British women novelists from Bronte to Lessing. Princeton: Princeton University Press, 1977.

WILLIAMS, Linda R. “Happy Families? Feminist reproduction and matrilineal thought.” In.: ARMSTRONG, Isobel. New Feminist Discourses: Critical essays on theories and texts. London: Rotledge, 1992. pp. 48-64.

WOOLF, Virginia. Um quarto só seu e três ensaios sobre as grandes escritoras inglesas: Jane Austen, Charlotte & Emily Bronte e George Eliot. Tradução Julia Romeu. São Sebastião: Bazar do Tempo, 2021.

Downloads

Publicado

2025-12-08

Como Citar

Martinelli Munhoz, E. (2025). Para uma hermenêutica crítica da “tradição de mulheres” em literatura. Revista De Cultura Teológica, 35(111), 119–139. https://doi.org/10.23925/rct.i34.66709