Fé e modernidade no pensamento de Joseph Ratzinger/Bento XVI
DOI:
https://doi.org/10.23925/rct.i104.60470Palabras clave:
Joseph Ratzinger, Bento XVI, Concílio Vaticano II, Modernidade, SecularizaçãoResumen
Objetiva-se compreender a relação entre Igreja e modernidade a partir do pensamento de Joseph Ratzinger/Papa Bento XVI, na esteira do Concílio Vaticano II, que propôs uma postura renovada da Igreja perante o mundo moderno, pautada pelo diálogo, abertura, esperança e reconciliação. Joseph Ratzinger defende a compatibilidade entre fé cristã e racionalidade ocidental, recorrendo ao cristianismo primitivo para explicar a novidade da fé cristã quando comparada às religiões pagãs. Ratzinger reafirma a pretensão de verdade do cristianismo como um aspecto originário, que não pode ser abandonado e que se contrapõe ao relativismo. No pensamento de Joseph Ratzinger, há uma dupla relação entre Igreja e modernidade: por um lado, de abertura, a Igreja considerando-se ainda herdeira legítima da racionalidade ocidental (a fides et ratio, duas asas de um único pássaro); por outra via, de tensão, separação e estranhamento. Numa época pós-metafísica, Bento XVI apresenta a doutrina cristã com realismo, defendendo a liberdade religiosa como herança positiva da modernidade e afirmando a necessidade de a liberdade individual estar associada à compreensão mais profunda da vocação de cada pessoa e à responsabilidade social. Joseph Ratzinger/Bento XVI, afirma o papel público da fé cristã e sua importância na construção de um verdadeiro desenvolvimento humano integral. Mais uma vez o cristianismo ocupa seu espaço como ator relevante e profético do processo de secularização, apontando as ambivalências e as contradições da sociedade e marcando sua posição. Desse modo, a sadia secularização ajuda a Igreja para que encontre “a verdadeira separação do mundo”, sem negá-lo ou alienar-se.
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