Uma interpretação da pedagogia de Jesus à luz da pedagogia de Paulo Freire
DOI:
https://doi.org/10.23925/rct.i96.47501Palavras-chave:
Religião. Bíblia. Reflexão-ação-reflexão. Interpretação. Conscientização. Pedagogia da Autonomia.Resumo
A interpretação libertadora e anti-imperialista da Bíblia é marcada por aspectos que surgem dos constantes desafios e preocupações contextuais. É natural, portanto, que a Hermenêutica se aproprie do estudo desenvolvido em áreas do conhecimento contemporâneo que até então não foi aplicado criteriosamente na busca de uma compreensão aguçada e crítica dos textos das Sagradas Escrituras. O presente estudo oferece aportes hermenêuticos da Pedagogia de Paulo Freire, sobretudo, a partir da consagrada obra de sua autoria, “Pedagogia do Oprimido”, com o objetivo de compreender criticamente o alcance da prática pedagógica de Jesus em trechos do Evangelho segundo Marcos. A prática pedagógica que Jesus utilizou tinha elementos próprios que, segundo a narrativa de Marcos, o diferenciavam dos escribas (1,22) e causava admiração e questionamentos sobre a autoridade com que agia (1,27). Qual a novidade desses ensinamentos que atraíam multidões? Qual a repercussão dessa prática nas pessoas que o seguiam mais de perto? Que diferença tinha entre o conteúdo que Jesus ensinava às multidões e, reservadamente, ao discipulado? O que ensinava era, de fato, libertador? Em que sentido? Para enfrentar tais questões, a metodologia utilizada neste trabalho foi de pesquisa bibliográfica, na fronteira entre Pedagogia aplicada à interpretação de textos seletos do Evangelho de Marcos que narram como Jesus ensinava e o conteúdo desses ensinamentos em sua prática missionária. Sugere-se, como resultado, ainda que preliminar, a proposição de que é possível uma abordagem hermenêutica para entender a prática pedagógica de Jesus à luz da pedagogia freiriana. Não resta dúvida que a compreensão critica e aguçada da prática pedagógica de Jesus é relevante para se perceber o alcance libertador de sua ação messiânica. Jesus pôs em prática uma pedagogia que se fundamenta numa práxis, isto é, numa tensão contínua entre reflexão-ação-reflexão; entre o que ele faz (na ação missionária junto ao povo) e o que ele pondera a partir dessa ação (na intimidade do seu discipulado).
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