O Processamento do sujeito nulo na doença de Alzheimer

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1678-460X202339458487

Palavras-chave:

Alzheimer, Sujeito Nulo, Linguagem, Demência

Resumo

Com este estudo pretendemos conhecer melhor o impacto da Doença de Alzheimer (DA) na linguagem, mais concretamente o impacto no contexto da utilização do sujeito nulo. Analisamos as produções de doze pessoas com DA e de um grupo de controlo com a mesma dimensão, em tarefas de leitura de três tipos de frases: Simples com verbo em tempo simples; simples com verbo conjugado num tempo composto; complexas formadas por duas orações. As frases, traduzidas de um estudo prévio em italiano e inglês, foram repetidas ao longo de três dias por cada um dos participantes e gravadas para posterior tratamento de dados. As pessoas com DA apresentaram um desempenho inferior em relação ao grupo de controlo, sendo, no entanto, algumas diferenças entre os dois grupos, não significativas. Os dados recolhidos em Portugal quando comparados com os do estudo efetuado em Inglaterra, permitiram concluir que as pessoas com DA têm uma maior tendência para a produção de sujeitos nulos, tendência que se verifica com maior predominância nas frases mais longas e mais complexas. Os participantes portugueses apresentaram também uma menor tendência para a produção de sujeitos nulos do que os italianos.

Referências

AA. (2022). Alzheimer’s Association (AA) Report: 2022 Alzheimer’s disease facts and figures. Alzheimer’s & Dementia, 18(4), 700-789. https://doi.org/10.1002/alz.12068

AE. (2019). Dementia in Europe Yearbook 2019: Estimating the prevalence of dementia in Europe. Alzheimer Europe (AE), Luxembourg, Luxembourg.

Almeida, M. C. da S., Gomes, C. de M. S., & Nascimento, L. F. C. (2014). Spatial distribution of deaths due to Alzheimer’s disease in the state of São Paulo, Brazil. Sao Paulo Medical Journal, 132(4), 199-204. https://doi.org/10.1590/1516-3180.2014.1324610

Arevalo-Rodriguez, I., Smailagic, N., Roqué i Figuls, M., Ciapponi, A., Sanchez-Perez, E., Giannakou, A., Pedraza, O. L., Bonfill Cosp, X., & Cullum, S. (2015). Mini-Mental State Examination (MMSE) for the detection of Alzheimer’s disease and other dementias in people with mild cognitive impairment (MCI). Cochrane Database of Systematic Reviews. https://doi.org/10.1002/14651858.CD010783.pub2

Au, R., Albert, M. L., & Obler, L. K. (1989). Language in normal aging: Linguistic and neuropsychological factors. Journal of Neurolinguistics, 4(3-4), 347-364. https://doi.org/10.1016/0911-6044(89)90026-2

Bayles, K., McCullough, K., & Tomoeda, C. (2020). Cognitive-Communication Disorders of of MCI and Dementia: Definition, Assessment, and Clinical Management (3rd ed.). Plural Publishing.

Bencini, G. M. L., Pozzan, L., Biundo, R., McGeown, W. J., Valian, V. v., Venneri, A., & Semenza, C. (2011). Language-specific effects in Alzheimer’s disease: Subject omission in Italian and English. Journal of Neurolinguistics , 24(1), 25-40. https://doi.org/10.1016/j.jneuroling.2010.07.004

Bertolucci, P. H. F., Okamoto, I. H., Brucki, S. M. D., Siviero, M. O., Toniolo Neto, J., & Ramos, L. R. (2001). Applicability of the CERAD neuropsychological battery to Brazilian elderly. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 59(3A), 532-536. https://doi.org/10.1590/S0004-282X2001000400009

Boxtel, W., & Lawyer, L. (2021). Sentence comprehension in ageing and Alzheimer’s disease. Language and Linguistics Compass, 15(6). https://doi.org/10.1111/lnc3.12430

Buthers, C., & Duarte, F. (2012). Português Brasileiro: uma língua de sujeito nulo ou de sujeito obrigatório? Diacrítica, 26(1), 63-87. http://www.letras.ufmg.br/fbonfim/pdf/pb_lingua_sujeito_nulo_ou_obrigatorio.pdf (Acessado 07 de março, 2023)

Callone, P., Kudlacek, C., Vasiloff, B., Manternach, J., & Brumback, R. (2006). A Caregiver’s Guide to Alzheimer’s Disease. Demos Medical Publishing.

Camacho, J. (2013). Null Subjects. Cambridge University Press.

Caramelli, P. (2013). Doença de Alzheimer. In J. Neto, & O. Takayanagui (Eds.), Tratado de Neurologia da Academia Brasileira de Neurologia. Elsevier.

Chomsky, N. (1993). Lectures on Government and Binding (7th ed.). Mouton de Gruyter.

Eyigoz, E., Mathur, S., Santamaria, M., Cecchi, G., & Naylor, M. (2020). Linguistic markers predict onset of Alzheimer’s disease. EClinicalMedicine, 28. https://doi.org/10.1016/j.eclinm.2020.100583

Grober, E., & Bang, S. (1995). Sentence comprehension in Alzheimer’s disease. Developmental Neuropsychology, 11(1), 95-107. https://doi.org/10.1080/87565649509540606

Horner, e., Heyman, A., Dawson, D., & Rogers, H. (1988). The Relationship of Agraphia to the Severity of Dementia in Alzheimer’s Disease. Archives of Neurology, 45(7), 760-763. https://doi.org/10.1001/archneur.1988.00520310066019

Kempler, D., & Goral, M. (2008). Language and Dementia: Neuropsychological Aspects. Annual Review of Applied Linguistics, 28, 73-90. https://doi.org/10.1017/S0267190508080045

Martins, A. L. (2014). A desintegração do tempo na demência do tipo Alzheimer: Um estudo sobre a origem do comprometimento linguístico de tempo em Alzheimer. Novas Edições Acadêmicas.

Matías-Guiu, J. A., Pytel, V., Cortés-Martínez, A., Valles-Salgado, M., Rognoni, T., Moreno-Ramos, T., & Matías-Guiu, J. (2018). Conversion between Addenbrooke’s Cognitive Examination III and Mini-Mental State Examination. International Psychogeriatrics, 30(8), 1227-1233. https://doi.org/10.1017/S104161021700268X

Mioshi, E., Dawson, K., Mitchell, J., Arnold, R., & Hodges, J. R. (2006). The Addenbrooke’s Cognitive Examination Revised (ACE-R): a brief cognitive test battery for dementia screening. International Journal of Geriatric Psychiatry, 21(11), 1078-1085. https://doi.org/10.1002/gps.1610

Monsch, A. U., Bondi, M. W., Butters, N., Salmon, D. P., Katzman, R., & Thal, L. J. (1992). Comparisons of Verbal Fluency Tasks in the Detection of Dementia of the Alzheimer Type. Archives of Neurology , 49(12), 1253-1258. https://doi.org/10.1001/archneur.1992.00530360051017

Murdoch, B. E., Chenery, H. J., Wilks, V., & Boyle, R. S. (1987). Language disorders in dementia of the Alzheimer type. Brain and Language, 31(1), 122-137. https://doi.org/10.1016/0093-934X(87)90064-2

Nespoli, J. B., & Novaes, C. V. (2016). Um estudo longitudinal de tempo e aspecto na demência do tipo Alzheimer. Letras de Hoje, 51(3), 358-366. https://doi.org/10.15448/1984-7726.2016.3.25477

Nitrini, R., Caramelli, P., Bottino, C. M. de C., Damasceno, B. P., Brucki, S. M. D., & Anghinah, R. (2005). Diagnóstico de doença de Alzheimer no Brasil: avaliação cognitiva e funcional. Recomendações do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. Arquivos de Neuro-Psiquiatria , 63(3a), 720-727. https://doi.org/10.1590/S0004-282X2005000400034

OECD. (2015). Addressing Dementia: The OECD responsive. OECD Publishing.

Peixoto, B., Beata, E., & Pimentel, P. (2013). Addenbrooke’s Cognitive Examination (pp. 1-6). CESPU-IUCS, Centro Hospitalar do Alto Minho, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Querfurth, H. W., & LaFerla, F. M. (2010). Alzheimer’s Disease. New England Journal of Medicine, 362(4), 329-344. https://doi.org/10.1002/alz.12638

Raposo, E. (1992). Teoria da Gramática: A faculdade da Linguagem. Editorial Caminho.

Richter, R., & Richter, B. (Eds.) (2004). Alzheimer’s Disease: A Physician’s Guide to Practical Management. Springer.

Rizzi, L. (2000). Comparative Syntax and Language Acquisition. Routledge.

Silva, C. (2011). Distribuição e leitura referencial de sujeitos nulos e plenos em línguas pro-drop e não prodrop: evidências da natureza semi-pro-drop do português brasileiro. Leitura, 1(47), 15-41. https://doi.org/10.28998/rl.v1i47.894

Stern, Y. (2012). Cognitive reserve in ageing and Alzheimer’s disease. The Lancet Neurology, 11(11), 1006-1012. https://doi.org/10.1016/S1474-4422(12)70191-6

WHO. (2017). Global action plan on the public health response to dementia 2017 - 2025. World Health Organization (WHO), Geneva, Switzerland.

Wright, H. (Ed.). (2016). Cognition, Language and Aging. John Benjamins Publishing Company.

Publicado

2023-12-27

Como Citar

Martinho, M. J., Capucho, F., Hall, A., & Jesus, L. (2023). O Processamento do sujeito nulo na doença de Alzheimer. DELTA: Documentação E Estudos Em Linguística Teórica E Aplicada, 39(4). https://doi.org/10.1590/1678-460X202339458487

Edição

Seção

Artigos