Pensando com Marilda Cavalcanti:

Reinvenção da linguística aplicada, grupos minoritarizados e complexidade sociolinguística

Autores

  • Daniel Silva Universidade Federal de Santa Catarina
  • Ana Cecilia Cossi Bizon Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.1590/1678-460x202259698

Palavras-chave:

Marilda Cavalcanti; linguística aplicada; ALAB; grupos minoritarizados; complexidade sociolinguística.

Resumo

Este texto apresenta o número especial de DELTA “Pensando com Marilda Cavalcanti: Reinvenção da linguística aplicada, grupos minoritarizados e complexidade sociolinguística”. Em particular, o texto revisita a produção acadêmica e política de Marilda Cavalcanti, docente e pesquisadora que, ao longo de sua carreira no Departamento de Linguística Aplicada da Universidade Estadual de Campinas, colaborativamente participou da produção de conceitos (e.g., educação linguística ampliada, Cavalcanti, 2013), metáforas (e.g., “línguas como caleidoscópios de recursos”, César & Cavalcanti, 2007; Cavalcanti & Maher, 2018), campos de pesquisa (e.g., educação indígena, práticas de linguagem em cenários sociolinguisticamente complexos) e instituições (e.g., a Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB), o Departamento de Linguística Aplicada do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp), os quais, historicamente, ajudaram a firmar o campo aplicado como área vibrante e promissora de produção de conhecimento sobre a linguagem em sociedade. Além desse panorama histórico, o texto detalha as contribuições ao número especial: dezesseis artigos de pesquisa que não apenas homenageiam o trabalho de Marilda Cavalcanti, mas também ajudam a ampliar o seu legado.

Referências

Bloch, E. (1986). The principle of hope. MIT Press.

Blommaert, J. (2015). Chronotopes, scales, and complexity in the study

of language in society. Annual Review of Anthropology, 44, 105-116. Blommaert, J. (2019). Sociolinguistic restratification in the online-offline nexus: Trump’s viral errors. Tilburg Paper in Culture Studies, 234.

https://pure.uvt.nl/ws/portalfiles/portal/48995544/TPCS_234_Blommaert.pdf.

Blommaert, J. (2020). Daniel N. Silva entrevista Jan Blommaert. Canal

ALAB. https://www.youtube.com/watch?v=LPwxX6fDgh0&t=423s

(accessed October 16, 2022).

Bonnin, J. E. (2021). Discourse analysis for social change: voice, agency

and hope. International Journal of the Sociology of Language, 267-268, 69-84

Bonnin, J.E., & Unamuno, V. (2021). Debating translanguaging. A

contribution from the perspective of minority language speakers. Language, Culture and Society, 3(2), 231–254. https://doi. org/10.1075/lcs.20016.bon.

Borba, R. (2019a). Injurious signs: The geopolitics of hate and hope in the linguistic landscape of a political crisis. In A. Peck, C. Stroud, Q. Williams (Eds.), Making Sense of People and Place in Linguistic Landscapes (pp. 161-181). Bloomsbury.

Borba, R. (2019b). Gendered politics of enmity: language ideologies and social polarisation in Brazil. Gender & Language, 13(4), 423-448.

Bortoni-Ricardo, S. M. (2021). Português brasileiro, a língua que falamos. Editora Contexto.

Bortoni-Ricardo. S. M. (2022). Análise linguística do Português Brasileiro por meio de quatro contínuos: Encontrando o trabalho de Marilda Cavalcanti. DELTA, 38(4), 202259478. https://dx.doi. org/10.1590/1678-460X202259478.

Canzian, Fernando, Fernanda Mena, & Lalo Almeida. (2019). Brazil’s super-rich lead global income concentration. Folha de S. Paulo. August 19, 2019. https://temas.folha.uol.com.br/global-inequality/ brazil/brazils-super-rich-lead-global-income-concentration.shtml.

Carr, E., & Lempert, M. (2016). Introduction: Pragmatics of Scale. In E. S. Carr & M. Lempert (Eds.), Scale: Discourse and Dimensions of Social Life (pp. 1-18). University of California Press.

Cavalcanti, M. C. (1986). A propósito de linguística aplicada. Trabalhos em Linguística Aplicada, 7(2): 5-12.

Cavalcanti, M. C. (1996). Collusion, Resistance, and Reflexivity: Indigenous Teacher Education in Brazil. Linguistics and Education, 8, 175-188.

Cavalcanti, M.C. (1999). Estudos sobre educação bilíngue e escolarização em contextos de minorias linguísticas no Brasil. DELTA, 15(spe), 385–417.

https://doi.org/10.1590/S0102-44501999000300015.

Cavalcanti, M. C. (2000). Entre escolas da floresta e escolas da cidade: olhares sobre alguns contextos escolares indígenas de formação de professores. Trabalhos em Linguística Aplicada, 36, 101-119.

Cavalcanti, M. C. (2004). Applied Linguistics: Brazilian Perspectives. AILA Review, 17, 23-30.

Cavalcanti, M. C. (2005). Applied Linguistics in South America. In K. Brown. (Ed.), Encyclopedia of Language and Linguistics (pp. 370- 375). Elsevier.

Cavalcanti, M. C. (2006). Um olhar metateórico e metametodológico em pesquisa em linguística aplicada: implicações éticas e políticas. In L. P. Moita Lopes (Ed.), Por uma linguística aplicada indisciplinar (pp. 232-252). Parábola Editorial.

Cavalcanti, M. C. (2011). Multilinguismo, transculturalismo e o (re) conhecimento de contextos minoritários, minoritarizados e invisibilizados. In M. C. C. Magalhães & S. S. Fidalgo (Eds.) Questões de método e de linguagem na formação docente (pp. 171-185). Mercado de Letras.

Cavalcanti, M.C. (2013). Educação linguística na formação de professores de línguas: intercompreensão e práticas translíngues. In L.P. Moita Lopes (Ed.), Linguística Aplicada na Modernidade Recente: Festschrift para Antonieta Celani (pp. 211– 226). Parábola.

Cavalcanti, M. C. (2019). O pós-ápice da migração haitiana no país em notícia recortada em portal de notícias: algumas notas sobre escolhas epistemológicas. DELTA, 35, 1-22.

Cavalcanti, M. C., & Bizon, A. C. (2020). Threads of a hashtag: Entextualization of resistance in the face of political and sanitary challenges in Brazil. Trabalhos em Linguística Aplicada, 59(3), 1966-1994.

Cavalcanti, M. C., & Maher, T. (Eds.). (2018). Multilingual Brazil: Language resources, identities and ideologies in a globalized world. Routledge.

César, A. L. S., & Cavalcanti, M. C. (2007). Do singular para o multifacetado: o conceito de língua como caleidoscópio. In M. C. Cavalcanti & S. M. Bortoni-Ricardo (Eds.), Transculturalidade, linguagem e educação (pp. 45-66), Mercado de Letras.

Cesarino, L. (2020). How social media affords populist politics: remarks on liminality based on the Brazilian case. Trabalhos em Linguística Aplicada, 59(1), 404-427.

Cesarino, L. (2022). O mundo do avesso: Verdade e política na era digital. Ubu Editora.

Charalambous, C., Charalambous, P., Zembylas, M., & Theodorou, E. (2020). Translanguaging, (In)Security and Social Justice Education. In J. Panagiotopoulou, L. Rosen & J. Strzykala (Eds.), Inclusion, Education and Translanguaging (pp. 105-126). Springer.

https://doi. org/10.1007/978-3-658-28128-1_7.

Dovchin, S., Pennycook, A., & Sultana, S. (2018). Popular Culture, Transglossic Practices and Pedagogy. Palgrave Macmillan.

Dryden, S., & Dovchin, S. (2021). Accentism: English LX users of migrant background in Australia. Journal of Multilingual and Multicultural Development, 1-13.

Facina, A., Silva, D., & Lopes, A. C. (2019). Sobrevivência, linguagem e diferença: política no tempo do agora. In A. C. Lopes, A. Facina & D. Silva (Eds.), Nó em pingo d’água: sobrevivência, cultura e linguagem (pp. 15-30). Mórula.

Garmany, J., & Pereira, A. W. (2018). Understanding Contemporary Brazil. Routledge.

Gonzalez, L. (1998). A categoria político-cultural de Amefricanidade, Revista Tempo Brasileiro, 92/93, 69-82.

Gramling, D. (2016). The invention of monolingualism. Bloomsbury. Guimarães, T., & Szundi, P. T. C. (2020). 30 anos da ALAB: desafios, rupturas e possibilidades de pesquisa em Linguística Aplicada [Entrevista com Marilda do Couto Cavalcanti] Raído, 14(36), 465-

https://doi.org/10.30612/raido.v14i36.13241.

Heller, M. (2002). Globalization, the new economy and the commodification of language and identity. Journal of Sociolinguistics, 7(4), 473-492. Heller, M. (2005). Language, skill and authenticity in the globalized new

economy. Revista de Sociolingüística, 2, 1-7.

Heller, M. (2010). The commodification of language. Annual Review of

Anthropology, 39(1), 101–114.

Heller, M., & Duchêne, A. (2012). Pride and profit: Changing discourses of

language, capital and nation-state. In A. Duchêne & M. Heller (Orgs.),

Language in late capitalism: pride and profit (pp. 1-21). Routledge. Heller, M., & Duchêne, A. (2016). Treating language as an economic resource: Discourse, data and debate. In N. Coupland (Org.), Sociolinguistics: Theoretical debates (pp. 139-156). Cambridge University Press. https://dx.doi.org/10.1590/1678-460X202259477.

Irvine, J. T., & Gal, S. (2000). Language ideology and linguistic differentiation. In P. Kroskrity (Org.), Regimes of language: Ideologies, polities, and identities (pp. 35-84). School of American Research Press.

Khalil, S., Silva, D. N., & Lee, J. W. (2022). Languaging Hope: The transgressive temporality of Marielle Franco in Brazil. In S. Makoni, A Kaiper-Marquez & L. Mokwena (Eds.), The Routledge Handbook of Language and the Global South/s (pp. 19-29). Routledge.

Kleiman, A., & Cavalcanti, M. C. (Eds.) (2007). Linguística Aplicada: suas faces e interfaces. Mercado de Letras.

Kroskrity, P.V. (2000). Language ideologies in the expression and representation of Arizona Tewa identity. In P. V. Kroskrity (Ed.), Regimes of language: ideologies, polities, and identities (pp. 329– 359). SAR Press. https://sarweb.org/wp-content/uploads/2017/07/ sar_press_regimes_language_chapter9.pdf.

Lee, J. W. (2017). The politics of translingualism: After Englishes. Routledge.

Lee, C., & Lee, J. W. (2021). Show me the monolingualism: Korean hip-hop and the discourse of difference. Inter-Asia Cultural Studies, 22(1), 1-15.

Lillis, T., & Scott, M. (2007). Defining academic literacies research: issues of epistemology, ideology and strategy. Journal of Applied Linguistics, 4, 5-32.

Lopes, A. C. (2022). Como são ouvidos os nossos pretos-velhos? Ideologias linguísticas, racismo e resistência em falas de terreiros. DELTA, 38(4), 202259475.

Lopes, A. C., Facina, A., & Silva, D. N. (Eds.). (2019). Nó em pingo d’água: sobrevivência, cultura e linguagem. Mórula Editorial. Maher, T. M. (2007). A educação do entorno para a interculturalidade e o

plurilinguismo. In Kleiman, A. & Cavalcanti, M. C. (Eds.), Linguística

Aplicada: suas faces e interfaces (pp. 255-270). Mercado de Letras. Maher, T., Mendes, J., & César, A. (2022). Produções acadêmicas sobre a Educação Escolar Indígena: um tributo a Marilda Cavalcanti. DELTA,

(4): 1-22. https://dx.doi.org/10.1590/1678-460X202259451. Maly, I. (2020). Algorithmic populism and the datafication and gamification of the people by Flemish Interest in Belgium. Trabalhos em Linguística Aplicada, 59(1), 444-468.

Martins, L. (2003) Performances de Oralitura: corpo, lugar da memória.

Letras, 26, 63-81. https://doi.org/10.5902/2176148511881. Mbembe, A. (2003). Necropolitics. Public Culture 15(1), 11-40.

Miyazaki, H. (2004). The method of hope: Anthropology, philosophy, and Fijian knowledge. Stanford University Press.

Moita-Lopes, L. P. (Ed.) (2006). Por uma linguística aplicada indisciplinar. Parábola.

Moita Lopes, L. P. (2022) “Quem matou Diego?”: projeções escalares em paisagens semióticas onlineOffline. DELTA, 38(4): 202259477.

Moita-Lopes, L. P., & Pinto, J. P. (2020). Colocando em perspectiva as práticas discursivas de resistência em nossas democracias contemporâneas: uma introdução. Trabalhos em Linguística Aplicada, 59(3), 1590-1612.

Nascimento, G. (2020). Racismo linguístico: Os subterrâneos da linguagem e do racismo. Editora Letramento.

Paschoal, M. S. Z., & Celani, M. A. A. (Eds.). (1992). Lingüística aplicada: da aplicação da lingüística à lingüística transdisciplinar. EDUC, Editora da PUC-SP.

Santos, M. (2017). Toward an Other Globalization: From the Single Thought to Universal Conscience. Translated and Edited by Lucas Melgaço & Tim Clarke. Springer.

Signorini, I. (2002). Por uma teoria da desregulamentação linguística. In M. Bagno (Ed.), A linguística da norma (pp. 93–125). Edições Loyola. Signorini, I. (2008). Metapragmáticas da língua em uso: unidades e níveis de análise. In I. Signorini (Ed.). Situar a lingua[gem] (pp. 117-148).

Parábola Editorial.

Signorini, I. (2018). Metapragmáticas da ‘redação’ científica de ‘alto

impacto’. Revista do GEL, 14(3), 59-85.

Signorini, I., & Cavalcanti, M. (Eds.). (1998). Linguística Aplicada e

transdisciplinaridade: Questões e perspectivas. Mercado de Letras. Silva, A. L. B. C. (2019). O inglês necessário aos pilotos da “Esquadrilha da Fumaça”: quão específica pode ser a língua para fins específicos? Estudos Linguísticos, 48(1), 118-139.

https://doi.org/10.21165/el.v48i1.2131.

Silva, D. (2020a). Digital and semiotic mechanisms of contemporary

populisms (Part 1) – A presentation. Trabalhos em Linguística Aplicada, 59(1), 386-389. http://dx.doi.org/10.1590/01031813686 241220200410.

Silva, D. N. (2020b). The pragmatics of chaos: parsing Bolsonaro’s undemocratic Language. Trabalhos em Linguística Aplicada, 59(1), 507-537.

Silva, D. N. (2020c). Enregistering the Nation: Bolsonaro’s Populist Branding of Brazil. In by I. Theodoropoulou, J. Woydack (Eds.), Research Companion to Language and Country Branding (pp. 21–49). Routledge.

Silva, D. (2022a). No movimento do caleidoscópio: Escalas sociolinguísticas e o ajuste de foco na pesquisa aplicada em linguagem. DELTA, 38(4), 202259475.

https://dx.doi.org/10.1590/1678-460X202259475.

Silva, D. (2022b). Papo Reto: The politics of enregisterment amid the crossfire in Rio de Janeiro. Signs and Society, 10(2), 239–264. https:// doi.org/10.1086/718862.

Silva, D. N., & Lee, J. (2021). “Marielle, presente”: Metaleptic temporality and the enregisterment of hope in Rio de Janeiro. Journal of Sociolinguistics, 25(2), 179-97 https://doi.org/10.1111/josl.12450.

Silva, D. N., & Lopes, A. C. (2019). “Yo hablo un perfeito portuñol”: Indexicalidade, ideologia linguística e desafios da fronteira a políticas linguísticas uniformizadoras. Revista da ABRALIN, 17(2).

Silva, D., & Maia, J. (2022). Digital rockets: Resisting necropolitics through defiant languaging and artivism. Discourse, Context & Media, 49, 100630. https://doi.org/10.1016/j.dcm.2022.100630.

Silva, D. N., & Signorini, I. (2021). Ideologies about English as the language of science in Brazil. World Englishes, 40(3), 424-435. http:// https://doi.org/10.1111/weng.12454.

Silverstein, M. (1979). Language structure and linguistic ideology. In P.R. Clyne, W.F. Hanks, & C.L. Hofbauer (Eds.), The elements: A parasession on linguistic units and levels (pp. 193–247). Chicago Linguistic Society.

Silverstein, M. (1996). Monoglot ‘standard’ in America: Standardization and metaphors of linguistic hegemony. In D. Brenneis, R. Macaulay (Eds.), The matrix of language (pp. 284-306). Westview.

Publicado

2023-09-09

Como Citar

Silva, D., & Bizon, A. C. C. (2023). Pensando com Marilda Cavalcanti:: Reinvenção da linguística aplicada, grupos minoritarizados e complexidade sociolinguística. DELTA: Documentação E Estudos Em Linguística Teórica E Aplicada, 38(4). https://doi.org/10.1590/1678-460x202259698