Estudo de série de casos sobre voz e transexualidade: características acústicas de homens e mulheres trans brasileiras
DOI:
https://doi.org/10.23925/2176-2724.2021v33i2p257-264Palavras-chave:
Voz, Qualidade da voz, Transexualidade, Fonoaudiologia, DisfoniaResumo
Objetivo: Descrever as características acústicas na voz de homens e mulheres trans. Método: Participaram desta pesquisa seis pessoas trans, dois homens e quatro mulheres trans, com idade superior a 18 anos. Foram utilizados o software SoundForge 10.0®, o Advanced Multi- Dimensional Voice Programm (MDVP-Adv) para extração das medidas da análise acústica computadorizada e o programa Analysis Synthesis Laboratory (Computerized Speech Lab – Kay Pentax®) para análise do filtro vocal. Resultados: Os valores dos formantes se mostraram menores quando comparados à literatura nacional e internacional. As medidas de f0 apresentaram valores abaixo do esperado ao gênero feminino e aumentados ao gênero masculino. Quanto às medidas de frequência fundamental máxima (fhi) e mínima (flo), os resultados apresentaram uma grande variabilidade, sugerindo instabilidade fonatória. Os resultados de jitter e shimmer e os parâmetros relacionados ao ruído, como o Índice de turbulência vocal (VTI) e Índice de fonação suave (SPI) mostraram-se incongruentes quando relacionados aos parâmetros de normalidade. A medida de ruído/harmônico NHR se mostrou maior que os valores de normalidade, sugerindo presença de ruído ou rouquidão durante a emissão. As medidas de tremor vocal (Fatr e Ftri) apresentaram distribuição anormal quando comparadas à literatura. Não foi possível observar relação nas análises das características acústicas entre os valores de referência e as pessoas participantes desta pesquisa. Conclusão: As medidas acústicas de vozes de homens e mulheres trans apresentam análises diferentes quando comparados à literatura, evidenciando fragilidade dos programas de análise vocal acústica que não contemplam a heterogeneidade cultural e as variadas identidades de gênero.
Downloads
Metrics
Referências
Conselho Federal de Fonoaudiologia - CFFa. O que faz o fonoaudiólogo? [homepage na Internet]. Distrito Federal: Conselho Federal de Fonoaudiologia; 2015 [acesso em 5 out. 2018].Disponível em: http://www.fonoaudiologia.org/.
Dornelas R. Cunha, MC, Ghirardi ACAM. Voz e psiquismo: efeitos recíprocos em um paciente laringectomizado total. Distúrb da Comun. 2010; 22: 61-7.
Finger LS, Cielo CA, Schwarz K. Acoustic vocal measures in women without voice complaints and with normal larynxes. Braz J Otorhinolaryngol. 2009; 75(3): 432-40.
Mora R, Crippa B, Dellepiane A, Jankowski B. Effects of adenotonsillectomy on speech spectrum in children. Inter J of Pediatric Otorhinolaryngol. 2007; 71(8): 1299-304.
BRASIL. Conselho Nacional de Pesquisa. Portaria CONEP/MS nº 465 de 2012. Brasília, DF.
Behlau, M, Madazio G,Feijó D, Pontes P. Avaliação de Voz. In: Behlau, M. Voz: o livro do especialista.Vol 1. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. p.85-180.
Lima MFB, Camargo ZA, Ferreira LP. Qualidade vocal e formantes das vogais de falantes adultos da cidade de João Pessoa. Rev. CEFAC. 2007; 9(1): 99-109.
Borden GJ, Harris KS, Raphael LJ. Speech Science Primer. 4.ed.Baltimore (Maryland): Williams & Wilkins; 2002.
Monteiro MC. Uma análise computadorizada espectrográfica dos formantes das vogais orais do português brasileiro falado em São Paulo. 1995. Monografia (Especialização) - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo.
Sundberg J. The science of the singing voice. Illinois: Northern Illinois University Press, 1987.
Leino T. Long-term average spectrum study on speaking voice quality in male actors. In: STOCKHOLM MUSIC ACOUSTICS CONFERENCE, 1993, Stockholm. Proceedings of the Stockholm Music Acoustics Conference. Stockholm: Royal Swedish Academy of Music, 1993: 206-210.
Beber BC, Cielo CA. Medidas acústicas de fonte glótica de vozes masculinas Normais. Pró-Fono R Atual Cient. 2010; 22(3): 299-304.
Kazi RA, Prasad VM, Kanakalingam J, Nutting CM, Clarke P, Rhys-Evans P, Harrington KJ. Assesment of the formant frequencies in normal and laryngectomized individuals using Linear Predictive Coding. J Voice. 2007; 21(6): 661-8.
Fant G. Speech sounds and features. Cambridge: MIT Press, 1973.
Hillenbrand J, Clark M. The role of f0 and formant frequencies in distinguishing the voices of men and women. Attention, perception&Psychophysics. 2009; 71(5): 1150-66.
Santos IR. Análise acústica da voz de indivíduos na terceira idade. 2005. 189fl. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo.
Barros APB, Carrara AE. Análise acústica da voz. In: Deviditis RA, Barros APB. Métodos de avaliação e diagnóstico de laringe e voz. São Paulo: Lovise; 2002. p. 201-21.
KAYPENTAX CORPORATION. Multi-Dimensional Voice Program Model 5105. Software Instructions Manual. Lincoln Park, New Jersey: 2007, p.169-81.
Behlau MS, Tosi O, Pontes P. Determinação da frequência fundamental e suas variações em altura (Jitter) e intensidade (Shimmer) para falantes do português brasileiro. Acta AWHO. 1985; 4: 5-9.
Saxon KG, Schneider CM. Vocal exercise physiology. California: singular Publishing group, 1995. p. 69-71.
Oguz H, Demirci M, Safak MA, Arslan N, Islam A, Kargin S. Effects of unilateral vocal cord paralysis on objective voice measures obtained by Praat. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2007; 264(3): 257-61.
Oguz H, Tarhan E, Korkmaz M, Yilmaz U, Safak MA, Dermici M, Ozluoglu LN. Acoustic analysis findings in objective laryngopharyngeal reflux patients. J Voice. 2007; 21(2): 203-10.
González J, Cervera T, Miralles JL. Análisis acústico de La voz. Fiabilidade de um conjunto de parâmetros multidimensionales. Acta Otorrinolaringol Esp. 2002; 53: 256-68.
Bhuta T, Patrick L, Garnett JD. Perceptual Evaluation of voice quality and its correlation with acoustic measurements. J Voice. 2004; 18(3): 299-304,2004.
Mathew MM, Bhat JS. Soft phonation index – a sensitive parameter? Indian J Otolaryngol Head NeckSurg. 2009; 61: 127-30.
Roussel NC, Lobdell M. The clinical utility of the soft phonation index. Clinic Linguist Phon. 2006; 20(2-3): 181-6.
Ferrand CT. Harmonics-to-noise ratio: an index of vocal aging. J Voice. 2002;16(4): 480-87.
Silveira DN, Brasolotto AG. Reabilitação vocal em pacientes com doença de Parkinson: fatores interferentes. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2005; 17(2): 241-50.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Rodrigo Dornelas, Mariana Queiroz, Aline Ferreira de Brito, Ariane Pellicani
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.