Pessoas que gaguejam sob o olhar da diversidade comunicacional e inclusão no trabalho

uma revisão bibliográfica integrativa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/2176-2724.2025v37i1e68656

Palavras-chave:

Gagueira, Centralidade do trabalho, Comunicação, Estigma e Diversidade

Resumo

Introdução: a centralidade do trabalho é essencial para a realização dos indivíduos, igualmente para aqueles que enfrentam barreiras adicionais, como quem gagueja. Este grupo pode encontrar no trabalho um ambiente de inclusão ou exclusão, dependendo das oportunidades oferecidas. Objetivo: esta revisão integrativa objetiva identificar os desafios e estratégias para o exercício do trabalho por pessoas que gaguejam, com base na Bioética do Cuidado, sob uma abordagem inclusiva que valorize a diversidade comunicacional. Método: a pesquisa seguiu as etapas de uma revisão integrativa, incluindo a seleção de bases de dados, definição de descritores, critérios de inclusão e exclusão, resultando na análise de 24 artigos relevantes. Os temas principais identificados foram: Gagueira e trabalho (interseccionalidades, discriminação, estigma); Barreiras sociais (deficiência, identidade, desconhecimento público sobre a gagueira, universidade) e Atendimento clínico e ocupacional. Resultados: os resultados mostram que, apesar das políticas inclusivas, há uma necessidade urgente de se discutir a garantia dos direitos humanos e a inclusão social para pessoas que gaguejam, devido a problemas estruturais no mercado de trabalho e à falta de conscientização sobre a gagueira. Conclusão: é essencial considerar tais fatores a fim de assegurar acesso igualitário a cuidados de saúde e inclusão, eliminando barreiras que perpetuam discriminação e estigma.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

No metrics found.

Biografia do Autor

Leila Coelho Nagib, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Fonoaudióloga com experiência docente com os transtornos de fluência há 37 anos consecutivos e clínica (atendimento, supervisão e orientações) há 40. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva em Associação das IES: UFRJ, FIOCRUZ, UERJ e UFF. Mestre em Ciências pela UFRJ com a dissertação sobre Bullying e Gagueira em Adolescentes. Especialista em Linguística Aplicada/UFRJ e Educação e na Área da Saúde pela UFRJ. Coordena o Ambulatório de Fluência da Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina, Campus Ilha do Fundão no Rio de Janeiro, ambulatório que é parte das atividades acadêmicas do Curso de Fonoaudiologia e no qual se atende às pessoas com gagueira, taquilalia e taquifemia. Intitulada Especialista em Fluência e Linguagem pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia em 2018. Convidada a representar o Rio de Janeiro após a fundação do Instituto Brasileiro de Fluência (IBF), organiza as campanhas do Dia Internacional de Atenção à Gagueira no RJ e organizou, por muitos anos, o Grupo de Orientação Discutindo-Gagueira. Tem se apresentado na mídia com frequência devido a representar a UFRJ, bem como em congressos, simpósios e seminários. Organizadora responsável do I e do II Fórum Científico IBF/UFRJ. Foi coordenadora da Graduação em Fonoaudiologia da FM da UFRJ por 4 anos e assumiu a presidência do Conselho Federal de Fonoaudiologia em abril de 2009 à abril 2010. Foi presidente da Comissão de Ética do Conselho Regional do Rio de Janeiro por duas gestões(1997 à 2004) e em Brasília, de 2007 à 2009 no Conselho Federal de Fonoaudiologia. 

Christine Sodré Fortes, Universidade Federal de Santa Catarina

Auditora Fiscal do Trabalho na área de Segurança e Saúde no Trabalho aposentada.

Graduada em Medicina pela UNI-RIO e Ciências Sociais pela UFSC.

Especialista em Medicina do Trabalho pela UFF.

Mestre em Saúde Pública e Sociologia e doutoranda em Saúde Coletiva pela UFSC.

Jaqueline Gomes de Jesus, Instituto Federal do Rio de Janeiro

Professora de Psicologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Ensino de História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (PROFHISTÓRIA/UFRRJ) e do Programa Interinstitucional de Pós-Graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva da Fundação Oswaldo Cruz (PPGBIOS/FIOCRUZ). Doutora em Psicologia Social do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília (UnB), com pós-doutorado pela Escola Superior de Ciências Sociais e História da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV). Pesquisadora-Líder do ODARA - Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Cultura, Identidade e Diversidade (CNPq/IFRJ).

Referências

American Psychiatric Association (APA). Diagnostic and Statistical. Manual of Mental Disorders - DSM V; 2013 - Disponível em: http:// dsmpsychiatryonline.org/doi/book/10.1176/ appi. books.9870890425596 [citado 8 dez 2024].

Bloodstein, Oliver; Ratner, Nan Bernstein; Brundage, Shelley B. A Handbook on Stuttering. San Diego: Plural Publishing, Inc., 2021.

Oliveira CMC de, Souza HA de, Santos AC dos, Cunha D de S. Análise dos fatores de risco para gagueira em crianças disfluentes sem recorrência familial. Rev CEFAC [Internet]. 2012Oct; 14(6): 1028–35. https://doi.org/10.1590/S1516-18462011005000062

Smith Anne and Weber Christine. How Stuttering Develops: The Multifactorial Dynamic Pathways Theory. Journal of Speech, Language, and Hearing Research. Volume 60, Number 9. Pages 2483-2505. https://doi.org/10.1044/2017_JSLHR-S-16-0343

Nagib L, Mousinho R, Salles GFCM. Caracterização do bullying em estudantes que gaguejam. Rev Psicopedagogia. 2016; 33(102): 235-50. [citado 2024 Jul 1]. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v33n102/03.pdf

Bricker-Katz G, Lincoln M, Cumming S. Stuttering and work life: an interpretative phenomenological analysis. J Fluency Disord. 2013 Dec; 38(4): 342-55. doi: 10.1016/j.jfludis.2013.08.001. PMID: 24331242.

Acton CA. Conversation analytic perspective on stammering: some reflections and observations. Stammering Res. 2004 Sep;1(3).

Goffman E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4th ed. Rio de Janeiro: LTC; 1988.

De Jesus JG. Ser cidadão ou escravo: repercussões psicossociais da cidadania. Crítica Soc Rev Cult Pol. 2012 Jan-Jun; 2(1): 2237-0579

Minayo MCS, Coimbra Jr CEA. Críticas e atuantes: ciências sociais e humanas em saúde na América Latina. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ; 2005. 708 p. ISBN 85-7541-061-X. [citado 2024 Out 14]. Disponível em: http://books.scielo.org

Cavalcante LTC, Oliveira AAS. Métodos de revisão bibliográfica nos estudos científicos. Psicol Rev (Belo Horizonte). 2020 Jan-Apr; 26(1): 82-100. [citado 2024 Out 14]. doi: 10.5752/P.1678-9563.2020v26n1p82-100.

Gonçalves JR. Como escrever um artigo de revisão de literatura. Rev JRG Estud Acadêm. 2019 Ago-Dez;2(5). [citado 2024 Out 14]. Disponível em: https://www.revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/122/201

Rafique S, Noreen H, Yaqoob S, Ehsan F, Noor HS, Zahra M. Stuttering’s effect on job efficacy in five participants. The Therapist J Therap Rehabil Sci. 2023; 4(1): 46-50. [citado 2024 Jul 3]. Disponível em: https://doi.org/10.54393/tt.v4i1.83

Parsons V, Ntani G, Muiry R, Madan I, Bricker-Katz G. Assessing the psychosocial impact of stammering on work. Occup Med. 2022 Feb; 72(2): 125-31. [citado 2024 Jul 3]. Disponível em: https://doi.org/10.1093/occmed/kqab169

Priyanshu, Jain. Judgemental society and its impact on the people with stuttering: a social and legal analysis. Int J Res Appl Mod Tech. 2021 Sep; 2(9): 101-10. [citado 2024 Jul 27]. Disponível em: https://journals.ijramt.com/index.php/ijramt/article/view/1362

Plexico LW, Hamilton MB, Hawkins H, Erath S. The influence of workplace discrimination and vigilance on job satisfaction with people who stutter. J Fluency Disord. 2019; 62. [citado 2024 Jul 6]. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jfludis.2019.105725

Klein JF, Hood SB. The impact of stuttering on employment opportunities and job performance. J Fluency Disord. 2004; 29(4): 255-73. [citado 2024 Jul 6]. doi: 10.1016/j.jfludis.2004.08.001. PMID: 15639081.

Hernández RM, Martinez LME. Tartamudez y trabajo: un estudio exploratorio. Rev Cari Psicol. 2021 Ago 13. [citado 2024 Set 26]. Disponível em: https://revistacaribenadepsicologia.com/index.php/rcp/article/view/5607

Connery A, McCurtin A, Robinson K. The lived experience of stuttering: a synthesis of qualitative studies with implications for rehabilitation. Disabil Rehabil. 2019; 42(16): 2232-42. [citado 2024 Jul 9]. Disponível em: https://doi.org/10.1080/09638288.2018.1555623

Çağlayan A, Özdemir RS. The attitudes of employers towards stuttering and people who stutter: descriptive research. Turkiye Klin J Health Sci. 2022; 7(2): 339-48. [citado 2024 Jul 13]. Disponível em: https://dx.doi.org/10.5336/healthsci.2021-84148

Gerlach H, Totty E, Subramanian A, Zebrowski P. Stuttering and Labor Market Outcomes in the United States. J Speech Lang Hear Res. 2018 Jul 13;61(7): pg.1649-1663. [Acesso em: 12/07/2024] Disponível em: doi: 10.1044/2018_JSLHR-S-17-0353. PMID: 29933430; PMCID: PMC6195060

Seitz SR, Choo AL. Stuttering: Stigma and perspectives of (dis)ability in organizational communication, Human Resource Management Review, Vol. 32, Issue 4, (2022), 100875 [Acesso em: 13/07/2024] Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1053482221000541

Yan Ma, Oxley JD, Yaruss JS, Tetnowski JA. Stuttering experience of people in China: A cross-cultural perspective, Journal of Fluency Disorders, Vol. 77, (2023), 105994, ISSN 0094-730X [Acesso em: 12/07/2024] Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jfludis.2023.105994

Chu SY, Unicomb R, Lee J, Cho KS, St Louis KO, Harrison E, McConnell G. Public attitudes toward stuttering in Malaysia. J Fluency Disord. 2022 Dec; 74:105942. doi: 10.1016/j.jfludis.2022.105942. Epub

Lefort MKR, Erickson S, Block S, Carey B, St. Louis KO. 2021. Australian attitudes towards stuttering: A cross-sectional study, Journal of Fluency Disorders, Vol. 69, 105865, ISSN 0094-730X [Acesso em: 15/07/2024] Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jfludis.2021.105865 https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0094730X21000449

Iimura D e Miyamoto S. Public attitudes toward people who stutter in the workplace: A questionnaire survey of Japanese employees, Journal of Communication Disorders, Vol. 89, 2021,106072, ISSN 0021-9924 [Acesso em: 03/07/2024] Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jcomdis.2020.106072 https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0021992420301404

Allport GW. The nature of prejudice. Addison-Wesley google scholar 2 (1954): 59-82

Gilman, J. Disability or Identity? : Stuttering, Employment Discrimination, and the Right to Speak Differently at Work, 77 Brook. L. Rev. (2012) [Acesso em: 08/07/2024] Disponível em: https://brooklynworks.brooklaw.edu/blr/vol77/iss3/7

Boyce JO, Jackson VE, van Reyk O, Parker R, Vogel AP, Eising , Horton E, Gillespie NA, Scheffer IE, Amor DJ, Hildebrand MS, Fisher SE, Martin NG, Reilly S, Bahlo M, Morgan AT. (2022) Self-reported impact of developmental stuttering across the lifespan. Developmental Medicine and Child Neurology, 64(10), pg. 1297–1306. [Acesso em: 18/07/2024]. Disponível em: https://doi.org/10.1111/dmcn.15211

Isaacs D e Swartz L. (2021). Lived experience of people who stutter: a descriptive review of qualitative studies from 1990–2017. Disability and Society, 36(1), pg. 81–99 [Acesso em: 16/07/2024] Disponível em: https://doi.org/10.1080/09687599.2020.1735304

Isaacs D e Swartz, L. (2020) Examining the understandings of young adult South African men who stutter: The question of disability. International Journal of Language and Communication Disorders, 57(6), pg. 1304–1317 [Acesso em: 16/07/2024] Disponível em: https://doi.org/10.1111/1460-6984.12755

Santos, AB dos. Colonização, Quilombos: modos e significados. Brasília, DF: UnB/INCTI, 2015, pg. 89

Boyle MPF, Alison N. Self-stigma and its associations with stress, physical health, and health care satisfaction in adults who stutter. Journal of Fluency Disorders, 2018, Volume 56, Pages 112-121. [Acesso em: 15/07/2024]. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0094730X17300487?via%3Dihub

Werle D, Winters KL e Byrd CT. (2021). Preliminary study of self-perceived communication competence amongst adults who do and do not stutter. Journal of Fluency Disorders, 70. [Acesso em: 15/07/2024] Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jfludis.2021.105848

Dean L, Medina AM. Stigma and the Hispanic stuttering experience: A qualitative study. J Commun Disord. 2021 Jan-Feb; 89: 106056 [Acesso em: 8/07/2024] Disponível em: doi: 10.1016/j.jcomdis.2020.106056. Epub 2020 Nov 21. PMID: 33259946

Isetti D. Disclosure of a communication disorder during a job interview: A theoretical model. J Commun Disord. (2020) Sep-Oct; 87:106038. [Acesso em: 19/07/2024] Disponível em: doi: 10.1016/j.jcomdis.2020.106038. Epub 2020 Aug 18. PMID: 32835898

Isaacs D. (2020). I Don’t Have Time For This: Stuttering and the Politics of University Time. Scandinavian Journal of Disability Research, 22(1), pg. 58–67 [Acesso em: 17/07/2024] Disponível em: https://doi.org/10.16993/sjdr.601

Parker R. Interseções entre Estigma, Preconceito e Discriminação na Saúde Pública Mundial. In: MONTEIRO, S, e VILLELA W. comps. Estigma e saúde [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2013, pg. 25-46. ISBN: 978-85-7541-534-4 [Acesso em: 28/07/2024] Disponível em: https://books.scielo.org/id/hrc5s/pdf/monteiro-9788575415344-03.pdf

Link B e Phelan J. Conceptualizing stigma. Annual Review of Sociology, Vol. 27: pg. 363-385, 2001

Akotirene, C. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019, pg.152. (Feminismos Plurais / coordenação de Djamila Ribeiro) ISBN 978-85-98349-69-5

Organização Mundial da Saúde. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde para a Família de Classificações Internacionais em português, org.: coordenação da tradução Cassia Maria Buschalla). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo/EDUSP; 2020.

Lopes JR, Trindade MA, Braga MAF, Dias OV (organizadores). Bioética e suas perspectivas sociais. Montes Claros: Ed. Unimontes, 2021. (Coleção José Geraldo de Freitas Drumond). pg.187. Acesso em: 06/10/2024. Disponível em: http://www.editora.unimontes.br/index.php/e-book/ebook-livros ISBN: 978-65-86467-26-0

Publicado

2025-04-09

Como Citar

Nagib, L. C., Fortes, C. S., & Jesus, J. G. de. (2025). Pessoas que gaguejam sob o olhar da diversidade comunicacional e inclusão no trabalho: uma revisão bibliográfica integrativa. Distúrbios Da Comunicação, 37(1), e68656. https://doi.org/10.23925/2176-2724.2025v37i1e68656

Edição

Seção

Artigos