A criança, o cadáver e a revolta
Abstract
O cadáver é o terminal do corpo, assim como para a criança o espelho lhe dá a sua dimensão. A criança ainda nova nada sabe de fantasmas, deuses, do que esperam dela. Mas fazem-na um espaço a ser habitado por alma, por supostas virtudes, um corpo a ser moldado. São poucos os que não almejam espelhar a criança a partir de si mesmo. Os investimentos em retirar a criança da condição de miséria e do perigo de morte situam-na como e objeto de modulações governamentais na tentativa de dar cabo à revolta, à presença da vida no corpo nu ou simplesmente mascarado.
Palavras-chave: criança, cadáver, revolta, heterotopia.
ABSTRACT:
A corpse is the body’s final destination as well the mirror gives to a child his own dimension. A young child still knows nothing about ghosts, gods or people’s judgement on him or her. Yet people make him/her as a space to be occupied by a soul or by allegedly virtues: a body to be modelled. A few do not want to reflect the child as their own image. The efforts to save the children from a miserable life or from dangerous situations place them both as vulnerable and as subjects for governmental modulations that intent to obliterate the revolt and the life thrill in their naked – or just masked – bodies.
Keywords: child, corpse, revolt, heterotopy.