Fazendo o caminho ao andar – Verdade, poder e subjetivação em Michel Foucault
Abstract
Situado no prolongamento de pesquisas anteriores dedicadas a Michel Foucault no Brasil, o presente artigo, baseado em projeto de investigação em andamento, volta-se para dois aspectos do pensamento do filósofo diagnosticados como insuficientemente explorados pelos estudiosos brasileiros e internacionais: (1) o “caminho feito ao andar”, como sugere o poema de Antonio Machado, ou seja, as considerações metodológicas sempre presentes (e sempre mutantes) nos livros e cursos de Foucault datados das décadas de 1970 e 1980; (2) as relações existentes entre as inflexões experimentadas, no mesmo período, pelas análises foucaultianas dos saberes, poderes e modos de subjetivação, e a diversidade das práticas militantes em que o filósofo esteve então envolvido — relativas à medicina moderna, à psiquiatria, às prisões, à sexualidade, aos imigrantes e exilados, aos direitos dos governados, aos movimentos de libertação em diferentes países etc. Como resultado da investigação proposta, exemplificada no artigo mediante um exercício-piloto, divisamos uma apreciação do pensamento de Michel Foucault que não separe teoria e método, tampouco filosofia e vida, e que, nesse sentido, contribua para que tal pensamento se constitua efetivamente em um equipamento ético-político para ações de caráter libertário no presente.
Palavras-chave: Foucault; métodos; militância; filosofia; vida.
ABSTRACT
This article, based on an ongoing research project, focuses on two aspects of the philosopher's thinking diagnosed as insufficiently exploited by Brazilian and international scholars: (1) the "way constructed by walking" as suggested by Antonio Machado's poem, that is, the methodological considerations that are always present (and always mutant) in Foucault's books and courses dating from the 1970s and 1980s; (2) the existing relations between the inflections experienced in the same period by Foucauldian analyzes of the knowledges, powers and modes of subjectivation, and the diversity of the militant practices in which the philosopher was then involved — concerning modern medicine, psychiatry, prisons, sexuality, immigrants and exiles, the rights of the governed, liberation movements in different countries, etc. As a result of the proposed research, exemplified in the article by means of a pilot exercise, we see an appreciation of Michel Foucault's thought that does not separate theory and method, nor philosophy and life, and that, in this sense, contributes to an ethical-political apparatus for actions of a libertarian character in the present.
Keywords: Foucault; methods; militancy; philosophy; life.