Neurodireitos e seus desafios éticos à luz da regulação das Neurotecnologias e da Inteligência Artificial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/2596-3333.v1n1.72345

Palavras-chave:

Neurodireitos, Inteligência Artificial, Dignidade humana, Privacidade, Ética

Resumo

O presente artigo investiga a evolução dos neurodireitos no âmbito jurídico contemporâneo, a partir do avanço das neurotecnologias e de suas implicações éticas e normativas. O estudo percorre a trajetória histórica das neurotecnologias, desde o eletroencefalograma até as modernas interfaces cérebro-computador (BCIs), destaca o seu potencial emancipador e simultaneamente, seus perigos invasivos. Aprofunda os fundamentos da Neuroética como eixo articulador entre ciência e Direito, e aborda propostas da NeuroRights Initiative, que defende direitos como liberdade cognitiva, neuroprivacidade e integridade mental. A análise se equipara à regulação da experiência chilena de constitucionalização dos neurodireitos, o GDPR europeu e os esforços da UNESCO. Utiliza-se o método dedutivo. Com base em revisão bibliográfica e análise de marcos regulatórios nacionais e internacionais, a pesquisa parte da hipótese de que os princípios éticos, por si sós, são insuficientes para conter os riscos de manipulação mental, violação da privacidade cognitiva e uso discriminatório de dados neurais. Conclui-se que os neurodireitos devem ser entendidos como extensão da dignidade humana, e exigem não apenas normas jurídicas, mas uma cultura de respeito à interioridade como espaço inviolável da liberdade.

Biografia do Autor

Maria Celeste Cordeiro Leite dos Santos, PUC-SP

Professora Livre-Docente em Direito Penal pela USP, Doutora em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela PUC- SP, Pós Doutora em Psicologia pela PUC-SP, Professora do Programa de Pós-Graduação em Direito (Mestrado e Doutorado) da PUC-SP, Mestre em Direito Penal pela PUC-SP, Doutora em Ciências da Religião da PUC-SP, Líder do Grupo de Pesquisas: “Percepções Cognitivas na Interpretação da Norma”, credenciado pelo CNPq, PUC- SP, Coordenadora e Editora da Revista digital da PUC-SP: Fronteiras Interdisciplinares do Direito, Advogada.

Maria Aparecida de Souza Nanartonis, PUC-SP

Mestranda em Direito Previdenciário pela PUC-SP, Especialista em Direito Tributário pela PUC-Campinas, Especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário pela FGV-SP, Graduada em Matemática pela Universidade Paulista, Graduada em Direito pela PUC-Campinas, Graduada em Ciências Contábeis pela Faculdade Santa Lúcia, Advogada e Contadora.

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Publicado

2025-10-21

Como Citar

Santos, M. C. C. L. dos ., & Nanartonis, M. A. de S. (2025). Neurodireitos e seus desafios éticos à luz da regulação das Neurotecnologias e da Inteligência Artificial. Revista Fronteiras Interdisciplinares Do Direito, 1(1), e72345. https://doi.org/10.23925/2596-3333.v1n1.72345