Paralelos entre conceitos modernistas e a dinâmica memética das redes sociais digitais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/lf.v16i1.67193

Palavras-chave:

Modernidade, Sociedade do entretenimento, TikTok

Resumo

Referenciando a espetacularização e formatação entretenida do cotidiano como forma de entorpecimento social - com base em Debord e Rincon -, este artigo teórico-reflexivo traça um comparativo entre conceitos modernistas e a dinâmica da produção de conteúdo e comportamento das celebridades digitais contemporâneas. Resgatando visões de autores modernistas, traçam-se paralelos entre a reprodutibilidade técnica à época de Benjamin e a replicação memética nas redes sociais – em particular, no Tiktok -, além da crítica às figuras alçadas à condição de celebridades como olimpianos digitais (apossando-se do conceito de Morin). Critica-se a coisificação destas referências comportamentais, cujo reconhecimento e admiração são construídos nas máquinas de produção semióticas por meio de uma reprodutibilidade efêmera e frívola de conteúdos visando a espetacularização da vida, com a retroalimentação da fama pela fama, fomentando uma indústria de prosumers de conteúdos do nada; nada (de útil) se produz, nada (de útil) se consome.

Referências

ALAVINA, Fran. Excitação midiática: Os simulacros do poder passional nas análises do presente. Cadernos Espinosanos, n. 36, p. 243-254, 2017.

ARAÚJO, Jander de Melo Marques. Capitalismo como religião: uma análise do pensamento de Walter Benjamin. Garrafa, v. 9, n. 25 (2017), pp. 100-103.

BELTING, Hans. Antropologia da Imagem. Lisboa: KKYM, 2014.

BENJAMIN, Walter (1989). O Sex Appeal do Inorgânico: Notas sobre a Reação Estética à Grande Indústria

BENJAMIN, Walter. Profanações. Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2013.

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. L&PM Editores, 2018.

BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. Tradução de Carlos Guilherme Motta. 12. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

BLANK, Grant. Who creates content? Stratification and content creation on the Internet. Information, Communication & Society, v. 16, n. 4, p. 590-612, 2013.

BLOCH, Ernst. O princípio esperança. Tradução de Nélio Schneider. Rio de Janeiro: Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro,

BLUM, Josh; SPURLOCK, Morgan. O Império dos Memes. Direção: Josh Blum. Los Angeles, Estados Unidos: Netflix, 2023-. Televisão (1 temporada, 6 episódios).

BOURDIEU, Pierre. The forms of capital.(1986). Cultural theory: An anthology, v. 1, n. 81-93, p. 949, 2011.

BOYD, Danah M.; ELLISON, Nicole B. Social network sites: Definition, history, and scholarship. Journal of computer‐mediated Communication, v. 13, n. 1, p. 210-230, 2007.

BRIGNALL III, Thomas Wells; VAN VALEY, Thomas. The impact of internet communications on social interaction. Sociological Spectrum, v. 25, n. 3, p. 335-348, 2005.

CARR, Nicholas. O fim da concentração: como a internet está nos tornando superficiais. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2011. 228 p.

CASTRO-GOMES, Santiago. Tejidos Oniricos: mobilidade, capitalismo y biopoliticas en Bogotá. Bogotá: Pensar, 2009.

CHAGAS, V. Da memética aos memes de internet: uma revisão da literatura. BIB - Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, [S. l.], n. 95, 2021.

CHU, Shan-Ying. Internet, economic growth and recession. Modern Economy, Vol 4 no. 3a, p. 209-213, 2013.

DAWKINS, Richard. O gene egoísta. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

DEBORD, Guy. Sociedade do espetáculo. 2. ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000

FOUCAULT, Michel. A sociedade disciplinar. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2007.

FREHSE, Fraya. Ô da rua!: o transeunte e o advento da modernidade em São Paulo. 2011.

GOBIRA, Pablo; LIMA, Oscar; CARRIERI, Alexandre. Uma" sociedade do espetáculo" nos/dos estudos organizacionais brasileiros: notas críticas sobre uma leitura incipiente. Cadernos EBAPE. BR, v. 13, p. 257-285, 2015.

GRANOVETTER, Mark S. The strength of weak ties. American Journal of Sociology, v. 78, n. 6, p. 1360-1380, 1973.

HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções: 1789-1848. Editora Paz e Terra, 2015.

HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor W. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, v. 1968, 1985.

KASAVINA, Nadezhda A. Man and technology: ambivalence of digital culture. Epistemology & Philosophy of Science, v. 55, n. 4, p. 129-142, 2018.

KISS, Christine; BICHLER, Martin. Identification of influencers—measuring influence in customer networks. Decision Support Systems, v. 46, n. 1, p. 233-253, 2008.

LACERDA, Ingrid. A cultura do efêmero: o formato Snapchat nas redes sociais, a vontade de exposição e a construção da imagem individual. In: Intercom: Soc Bras Estudos Interdisciplinares da Comunicação: Anais do XXII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste. Volta Redonda. 2017.

MEIJERS, Huub. Does the internet generate economic growth, international trade, or both?. International Economics and Economic Policy, v. 11, p. 137-163, 2014.

MOREIRA, Thays; RIOS, Riverson. A construção da celebridade midiática no contexto dos Digital Influencers. Intercom–Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Ceará, 2016.

MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX. Volume 1: neurose. Rio de Janeiro: Forense, 2006. – pp. 91 a 118 (cap 8 a 11)

NIE, Norman H.; HILLYGUS, D. Sunshine. The impact of Internet use on sociability: Time-diary findings. It & Society, v. 1, n. 1, p. 1-20, 2002.

RINCON, Omar. Narrativas Mediáticas: o como se cuenta la sociedade del entretenimento. Barcelona: Editorial Gedisa S.A. 2006

SANTAELLA, Lucia. O que é semiótica? São Paulo: Editora Ática, 2001.

SHIFMAN, Limor. Memes in Digital Culture. Cambridge, Massachusetts: The MIT Press, 2014.

SHKLOVSKI, Irina; KIESLER, Sara; KRAUT, Robert. The Internet and social interaction. Computers, phones, and the Internet, p. 251-264, 2006.

SCHWARZ, Roberto. As ideias fora do lugar. Cadernos de Literatura Brasileira, n. 4, p. 7-26, 1977.

SIMMEL, Georg et al. A metrópole e a vida mental. O fenômeno urbano, v. 2, p. 11-25, 1979.

TOFFLER, Alvin. A Terceira Onda. São Paulo: Editora Record, 1980.

ZENG, Michael A.; DENNSTEDT, Bianca; KOLLER, Hans. Democratizing Journalism–How User‐Generated Content and User Communities Affect Publishers’ Business Models. Creativity and Innovation Management, v. 25, n. 4, p. 536-551, 2016.

ZUBOFF, Shoshana. A era do capitalismo de vigilância: a luta por um futuro humano na era dos dados. Tradução de Sandra Martha Dolinsky. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2020

Downloads

Publicado

2024-07-01