O que pode o corpo?

Repensando sexualidade e identidade de gênero em Winnicott

Autores

  • Christiana Paiva Oliveira Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP
  • Maria Paula Magalhães USP
  • Lara Rosa Cobucci UFSCar

DOI:

https://doi.org/10.23925/lf.v16i2.68726

Palavras-chave:

Transexualidade, corpo, psicanálise

Resumo

O corpo é um espaço de interação e expressão da psique, como sugere Winnicott. Ele destaca a importância da integração entre corpo e mente para o desenvolvimento saudável do sujeito, enfatizando que um ambiente adequado facilita a personalização e a adaptação à realidade. Essa relação contínua entre corpo e psique é fundamental para o amadurecimento emocional e a construção da identidade. O texto discute a escuta analítica no contexto da transexualidade, destacando a importância de reconhecer o sofrimento psíquico associado à disforia de gênero, exemplificado pelo caso de Lara, personagem trans do filme “Girl” (2018). O artigo defende que a identidade de gênero não está intrinsecamente ligada ao corpo, sendo influenciada por construções sociais que perpetuam estigmas e normatizações. Logo, a psicanálise tem o papel de desafiar essas normas, contribuindo para que os sujeitos expressem suas identidades de forma autêntica e espontânea, conectando-se com o âmago do verdadeiro Self.

Biografia do Autor

Christiana Paiva Oliveira, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP

Psicóloga clínica graduada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2013). Acompanhante Terapêutica (2014). Mestranda no Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Clínica - núcleo de Psicanálise - pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2016), pesquisadora do Laboratório de Psicopatologia Fundamental da PUC-SP e Bolsista CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Pesquisadora colaboradora na Associação Universitária de Psicopatologia Fundamental.

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Publicado

2024-12-17