A EAD no divã: uma proposta da psicanálise para a evasão
Palabras clave:
Ead, Psicanálise, EvasãoResumen
O atual modelo epistêmico da EAD sobre a fenomenologia da evasão tem se mostrado parcialmente defectível e refratário, pois não consegue reduzir o alto índice de abandono dos cursos a distância. Em decorrência do uso metodológico da teoria racional-positivista, as pesquisas quantitativas e qualitativas sobre o tema, não percebem outros fatores relacionados ao fenômeno da evasão além daqueles material e racionalmente provados, assim como não preveem a possibilidade de reclassificar e/ou recategorizar numa perspectiva semiótica as variantes linguísticas causa-sintoma, para que se chegue a outro diagnóstico do problema. Devido à hiância de um modelo teórico-procedimental, que perceba simbolicamente a evasão, como uma afasia virtual moderna, decorrente das relações castradoras no ambiente virtual e dos transpavores da realidade material, que afetam profundamente a relação demanda-deseja, é que surgiu esse artigo. Estruturado no modelo de revisão de literatura previsto por Marcone & Lakatos (2000), mas também na Metodologia Analítica de Lacan (1952-53) usada na psicanálise, buscou-se apresentar através da ressignificação dos signos linguísticos supracitados e do uso de uma metáfora (BACHELARD, 1996), outra forma de se entender o fenômeno da evasão e como resultado, uma nova forma de diagnóstico e intervenção. Pode-se inferir por catarse, que não apenas é possível, mas necessário perceber a evasão dos cursos EAD como um fenômeno psicanalítico, já que teoricamente é possível provar o impacto das alterações psicossomáticas que ocorrem no comportamento e nas decisões do discente diante de situações de pressão ante a obrigatoriedade de adaptação ao modelo linguístico, mecânico e procedimental da EAD, assim como é perceptível à inexistência da estrutura procedimental e estrutural no discente em sua grade cognitiva, fatores obrigatórios para o bom êxito ao se estudar a distância.Citas
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