Conflitos sociais na era da (pos)austeridade de Portugal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/ls.v24i44.52218

Palavras-chave:

(pós)austeridade, precariedade, greves, protestos sociais, enfermeiros.

Resumo

As políticas de austeridade adotadas nos países da periferia da “zona Euro” foram o corolário da crise económica internacional do subprime americano de 2008. Mais de uma década decorrida, importa analisar de que modo a “era de austeridade” produziu impactos nas formas de resistência social em contextos, como o português, particularmente afetados pela designada crise das dívidas soberanas. Para o efeito analisam-se dois ciclos políticos com orientações distintas (2011-2015 e 2015-2019) para mostrar como, apesar de superação da austeridade formal com a transição de um ciclo “liberal” para um ciclo “progressista”, não desapareceram os focos de contestação social. Tais focos podem ser vistos como uma oportunidade (porventura também como um oportunismo) para desafiar as organizações sindicais tradicionais, assim como para enfatizar como a precariedade se propagou ao período “pós-austeridade”. Confere-se destaque às greves dos enfermeiros às cirurgias.

Biografia do Autor

Hermes Augusto Costa, Universidade de Coimbra

Doutor em Sociologia. Professor Associado com Agregação da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Investigador do Centro de Estudos Sociais, Coimbra, Portugal.

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Publicado

2021-01-06

Como Citar

Costa, H. A. (2021). Conflitos sociais na era da (pos)austeridade de Portugal. Lutas Sociais, 24(44), 48–62. https://doi.org/10.23925/ls.v24i44.52218