Usos insurgentes nas arquiteturas do trânsito: atuações como plano, truque e finta

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/2236-9996.2024-6016

Palavras-chave:

relação centro-periferia, espaços de trânsito, mobilidade metropolitana, usos insurgentes, projeto urbano

Resumo

A condição de trânsito é um fenômeno comum para as populações periféricas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Ao conformarem um ‘espaço coletivo compulsório’, as infraestruturas de mobilidade têm um enorme potencial político-social. Certas práticas ‘insurgentes’ de grupos que se utilizam de ‘brechas arquitetônicas’ dessas infraestruturas estimulam esse potencial. Este artigo observa usos culturais, políticos e econômicos acoplados às infraestruturas de trânsito à luz de três formas de projetar – plano, truque e finta –, com o objetivo de discutir como a arquitetura e o planejamento urbano podem se aliar à construção de realidades menos desiguais. São analisados usos comerciais no entorno da estação de metrô Pavuna, usos político-culturais do Cine Taquara (BRT), Viaduto de Realengo e Viaduto Negrão de Lima (Madureira).

Biografia do Autor

Pedro Vitor Costa, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação em Urbanismo. Rio de Janeiro, RJ/Brasil.

Maria Rúbia Pereira, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação em Urbanismo. Rio de Janeiro, RJ/Brasil.

Cauê Capillé , Universidade Federal do Rio de Janeiro

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação em Urbanismo. Rio de Janeiro, RJ/Brasil.

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Publicado

2024-06-01

Como Citar

Costa, P. V., Pereira, M. R., & Capillé , C. (2024). Usos insurgentes nas arquiteturas do trânsito: atuações como plano, truque e finta. Cadernos Metrópole, 26(60), 757–780. https://doi.org/10.1590/2236-9996.2024-6016