Os efeitos sociais do crime na dinâmica de Fortaleza, Ceará, Brasil

Autores

Palavras-chave:

facção, violência, cidade, território, deslocamentos

Resumo

Este artigo aborda o choque das facções criminosas na cidade de Fortaleza, Ceará, destacando a influência no cotidiano, na dinâmica política e na situação de moradia em bairros populares. A pesquisa utilizou uma abordagem qualitativa, envolvendo análise de matérias de jornais, entrevistas e incursões aos territórios afetados. A perspectiva compreensiva adotada no artigo considera o ponto de vista de múltiplos agentes envolvidos, evidenciando o domínio consistente das facções em determinados territórios e seu influxo substantivo na vida das comunidades locais. Essa influência ocorre no âmbito das políticas públicas de habitação, afetando diretamente as decisões diárias das pessoas ante o controle ilegal exercido pelos grupos armados.

DOI:

https://doi.org/10.1590/2236-9996.2024-6164807-pt

https://doi.org/10.1590/2236-9996.2024-6164807-en

Biografia do Autor

Luiz Fábio S. Paiva, Universidade Federal do Ceará

Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Laboratórios de Estudos da Violência. Fortaleza, CE/Brasil.

Suiany Silva de Moraes, Universidade Federal do Ceará

Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Laboratório de Estudos da Violência. Fortaleza, CE/Brasil.

Valéria Pinheiro, Universidade Federal do Ceará

Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Laboratório de Estudos da Habitação. Fortaleza, CE/Brasil.

Referências

ADORNO, S. (2002). Exclusão socioeconômica e violência urbana. Sociologias [on-line] n. 8, pp. 84-135.

ARANTES, P. F.; FIX, M. (2009). Como o governo Lula pretende resolver o problema da habitação. Brasil de fato, São Paulo. Disponível em: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16004 Acesso em: 20 fev 2024.

BARBOSA, A. R. (2012). Considerações introdutórias sobre territorialidade e mercado na conformação das Unidades de Polícia Pacificadora no Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Segurança Pública, v. 6, n. 2, pp. 256-65.

BARREIRA, C. (1998). Crimes por encomenda. Violência e pistolagem no cenário brasileiro Rio de Janeiro, Relume Dumará.

BARREIRA, C (2008). Cotidiano despedaçado: cenas de uma violência difusa. Campinas, Pontes.

BIONDI, K. (2018). Junto e misturado: uma etnografia do PCC São Paulo, Terceiro Nome.

BOURDIEU, P. (1996). A economia das trocas linguísticas São Paulo, Edusp.

BRICEÑO-LEÓN, R.; BARREIRA, C.; AQUINO, J. P. D. de (2022). 'Facções' de Fortaleza y colectivos de Caracas: dos modelos de gobernanza criminal. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social Rio de Janeiro, v. 15, pp. 21-49.

CALDEIRA, T. P. do R. (2000). Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo São Paulo, Editora 34.

CANTOR, D. J. (2014). The new wave: Forced displacement caused by organized crime in Central America and Mexico. Refugee survey quarterly, v. 33, n. 3, pp. 34-68.

CANDOTTI, F. M.; MELO DA CUNHA, F.; SIQUEIRA, I. L. (2017). "A grande narrativa do Norte: considerações na fronteira entre crime e Estado". In: MALLART, F.; GODOI, R. BR 111: a rota das prisões brasileiras. São Paulo, Veneta.

CAVALCANTE, C. T. L. (2019). As dinâmicas das ruas de Fortaleza: os processos e transformações nas vidas de pessoas às margens da cidade. Dissertação de mestrado. Fortaleza, Universidade Federal do Ceará.

CERQUEIRA, D.; COELHO, D. S. C. (2017). Democracia racial e homicídios de jovens negros na cidade partida. Texto para discussão 2267. Rio de Janeiro, Ipea.

DAS, V. (2011). O ato de testemunhar: violência, gênero e subjetividade. Cadernos Pagu, pp. 9-41.

DAS, V. (2020). Vida e palavras: a violência e sua descida ao ordinário. São Paulo, Editora Unifesp.

DIAS, C. C. N. (2009). Da guerra à gestão: trajetória do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas prisões de São Paulo. Revista Percurso Maringá, v. 10, n. 2, pp. 79-96.

DIAS, C. N.; PAIVA, L. F. S. (2022). Facções prisionais em dois territórios fronteiriços. Tempo Social São Paulo, v. 34, pp. 217-238.

DIÓGENES, G. M. dos S. (1998). Cartografias da cultura e da violência: gangues, galeras e o movimento hip hop São Paulo, Annablume.

DIOGO, P. (2022). Da cadeia à fronteira: a expansão territorial do Primeiro Comando da Capital. Revista de Ciências Sociais: RCS Fortaleza, v. 53, n. 3, pp. 53-91.

DUARTE, T. (2021). PCC versus Estado? A expansão do grupo pelo Brasil. Contemporânea-Revista de Sociologia da UFSCar São Carlos, v. 11, n. 1.

DURIEZ, T. (2014). Les Déplacements Forcés Intra-Urbains dans les Comunas 4 et 6 de Soacha (Colombie): Entre Violences Urbaines et Urbanisation de la Guerre. Tese de doutorado. Nice, Université Nice--Sophia Antipolis.

FELTRAN, G. (2018). Irmãos: uma história do PCC São Paulo, Companhia das Letras.

FELTRAN, G. et al. (2022). Variações nas taxas de homicídios no Brasil: uma explicação centrada nos conflitos faccionais. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social Rio de Janeiro, v. 15, pp. 311-348.

FERREIRA, J. S. W. (org.) (2012). Produzir casas ou construir cidades? Desafios para um novo Brasil urbano. São Paulo, Labhab - Fupam.

GEERTZ, C. (1989). A interpretação das culturas Rio de Janeiro, LTC.

GHIDINI, R. (2011). A caminhabilidade: medida urbana sustentável. Revista dos Transportes Públicos -ANTP. São Paulo, v. 33, pp. 21-33.

GRILLO, C. C. (2019). Da violência urbana à guerra: repensando a sociabilidade violenta. Dilemas-Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, v. 12, n. 1, pp. 62-92.

HIRATA, D. V.; GRILLO, C. C. (2019). Crime, guerra e paz: dissenso político-cognitivo em tempos de extermínio. Novos Estudos CEBRAP São Paulo, v. 38, n. 3, pp. 553-571.

HIRATA, D. V.; GRILLO, C. C.; TELLES, V. da S. (2023). Guerra urbana e expansão de mercados no Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais São Paulo, v. 38, p. e3811003.

LALANDA, P. (1998). Sobre a metodologia qualitativa na pesquisa sociológica. Análise social Lisboa, v. 33, n. 148, pp. 871-883.

LOURENÇO, L.; ALMEIDA, O. (2013). "Quem mante´m a ordem, quem cria desordem" Gangues prisionais na Bahia. Tempo Social São Paulo, v. 25, n. 1, pp. 37-59.

MACHADO DA SILVA, L. A. (org.) (2008). Vida sob cerco: violência e rotina nas favelas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Faperj/Nova Fronteira, pp. 47-76.

MANSO, B. P.; DIAS, C. N. (2018). A guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil. São Paulo, Todavia.

MARQUES, A. (2010). "Liderança", "proceder" e "igualdade": uma etnografia das relações políticas no Primeiro Comando da Capital. Etnográfica. Revista do Centro em Rede de Investigação em Antropologia, Lisboa, v. 14, n. 2, pp. 311-335.

MATOS JÚNIOR, C. C. de; SANTIAGO NETO, J. P. de; PIRES, A. de F. (2022). Mercados ilegais e dinâmicas criminais: notas sobre as transformações do tráfico de drogas nas periferias de Fortaleza, Ceará. Revista Tomo. Aracaju, n. 40, pp. 39-39.

MATOS JÚNIOR, C. C. de; SANTIAGO NETO, J. P. de. (2022). Facções, controles e gestão das periferias: mobilidades e direito à moradia em Fortaleza, Ceará, Brasil. Revista de Ciências Sociais: RCS Fortaleza, v. 53, n. 3, pp. 27-52.

MATTOS, G. (2017). Flagrantes de racismo: imagens da violência policial e as conexões entre o ativismo no Brasil e nos Estados. Revista de Ciências Sociais: RCS Fortaleza, v. 48, n. 2, pp. 185-217.

MELO, J.; PAIVA, L. F. S. (2021). Violências em territórios faccionados do Nordeste do Brasil: Notas sobre as situações do Rio Grande do Norte e do Ceará. Revista USP São Paulo, n. 129, pp. 47-62.

MISSE, M. (2010). Crime, sujeito e sujeição criminal: aspectos de uma contribuição analítica sobre a categoria" bandido". Lua Nova: Revista de Cultura e Política São Paulo, n. 79, pp. 15-38.

MOTTA, L. et al. (2022). Fora do crime no 'mundo do crime': Experiências juvenis em meio à guerra em periferias de Maceió e Belo Horizonte. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social Rio de Janeiro, v. 15, pp. 387-414.

MUNIZ, J. de O.; DIAS, C. N. (2022). Domínios armados e seus governos criminais: uma abordagem não fantasmagórica do "crime organizado". Estudos Avançados, v. 36, pp. 131-152.

NASCIMENTO, F. E. de M.; SIQUEIRA, I. B. L. (2022). Dinâmicas "faccionais" e políticas estatais entre o dentro e o fora das prisões do Ceará. Revista Tomo, Aracaju, n. 40, pp. 123-123.

PACÍFICO, A. P. et al. (2020). O Estado da Arte sobre refugiados, deslocados internos, deslocados ambientais e apátridas no Brasil: atualização do Diretório Nacional do ACNUR de teses, dissertações, trabalhos de conclusão de curso de graduação em João Pessoa (Paraíba) e artigos (2007 a 2017). Campina Grande, EDUEPB.

PAIVA, L. F. S. (2014). Contingências da violência em um território estigmatizado. Campinas-SP, Pontes.

PAIVA, L. F. S. (2019). "Aqui não tem gangue, tem facção": as transformações sociais do crime em Fortaleza, Brasil. Caderno CRH Salvador, v. 32, n. 85, pp. 165-184.

PAIVA, L. F. S. (2022). O domínio das facções nas periferias de Fortaleza-CE. Revista Tomo. Aracaju, n. 40, pp. 87-87.

PAIVA, L. F. S.; BARROS, J. P. P.; CAVALCANTE, R. M. B. (2019). Violência no Ceará: as chacinas como expressão da política e do conflito entre facções. O Público e o Privado. Fortaleza, v. 17, n. 33, pp. 73-98.

PAIVA, L. F.; DIAS, C. N.; LOURENÇO, L. C. (2022). Dinâmicas de crime e prisão: a atuação de grupos criminosos em diferentes contextos. Revista de Ciências Sociais: RCS Fortaleza, v. 53, n. 3, pp. 15-26.

PAIVA, L. F. S.; FREITAS PIRES, A. de (2023). Quem manda no Ceará?. Sobre o enfrentamento às facções criminosas em um estado do Nordeste do Brasil. Espacio abierto: cuaderno venezolano de sociología. Caracas, v. 32, n. 2, pp. 97-121.

PEQUENO, L. R. B.; ROSA, S. V. (2015). Inserção urbana e segregação espacial: análise do programa Minha casa Minha Vida em Fortaleza. In: XVI ENANPUR ESPAÇO, PLANEJAMENTO E INSURGÊNCIAS. Anais Belo Horizonte.

PEQUENO, L. R. B.; ROSA, S. V. (2016). O Programa Minha Casa Minha Vida na Região Metropolitana de Fortaleza-CE: análise dos arranjos institucionais. Cadernos Metrópole São Paulo, v. 18, n. 35, pp. 191-216.

RODRIGUES, F. de J. (2020). "Corro com o PCC", "Corro com o CV", "Sou do crime": facções, sistema socioeducativo e os governos do ilícito em Alagoas. Revista Brasileira de Ciências Sociais São Paulo, v. 35, n. 103, pp. 1-21.

RODRIGUES, F. de J. et al. (2022). Apresentação do Dossiê Políticas, Mercados e Violência no Norte e Nordeste do Brasil. Tomo. Aracaju, v. 40, pp. 9-38.

RODRIGUES, F. de J.; FELTRAN, G.; ZAMBON, G. (2023). Apresentação: expansão das facções, mutação dos mercados ilegais. Novos Estudos CEBRAP. São Paulo, v. 42, pp. 11-18.

ROLNIK, R. et al. (2015). O Programa Minha Casa Minha Vida nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas: aspectos socioespaciais e segregação. Cadernos Metrópole São Paulo, v. 17, n. 33, pp. 127-154.

ROLNIK, R.; NAKANO, A. K. (2009). As armadilhas do pacote habitacional. Le monde diplomatique Brasil São Paulo, mar., pp. 1-5.

ROSA, S. V.; PEQUENO, L. R. B.; SILVA, H. A. (2014). Panorama dos primeiros empreendimentos entregues do Programa MCMV da faixa 1 na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). In: CONGRESSO INTERNACIONAL: SUSTENTABILIDADE E HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL? CHIS 2014, 2014, Porto Alegre. Congresso Internacional: Sustentabilidade e Habitação de Interesse Social Porto Alegre, EDIPUCRS.

SCHUTZ, A. (2012). Sobre fenomenologia e relações sociais. Petrópolis, Vozes.

SILVA, F. R. do N.; FREITAS, G. J. de (2018). Práticas poéticas: juventude, violência e insegurança em Fortaleza. Tensões Mundiais. Fortaleza, v. 14, n. 26, pp. 129-155.

SILVA FILHO, F. C. O. (2019). Acesso ao serviço público e capitalismo periférico: estado de exceção no Conjunto Novo Perimetral. Dissertação de mestrado. Fortaleza, Universidade Federal do Ceará.

SILVA FILHO, F. C. O.; MARIANO, C. M. (2020). Fronteiras invisíveis e deslocamentos forçados: impactos da "guerra" de facções na periferia de Fortaleza (Ceará, Brasil). Revista Direito e Práxis Rio de Janeiro, v. 11, pp. 1548-1570.

SIQUEIRA, I. B. L.; PAIVA, L. F. S. (2019). "No Norte, tem Comando": as maneiras de fazer o crime, a guerra e o domínio das prisões do Amazonas. Revista Brasileira de Sociologia São Paulo, v. 7, n. 17, pp. 125-154.

SIQUEIRA, I. B. L.; NASCIMENTO, F. E. de M.; MORAES, S. S. de (2022). Inter-Regional Dynamics of Markets and Criminal Governance in Fortaleza and Manaus in Comparative Perspective. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social. Rio de Janeiro, v. 15, pp. 441-468.

TELLES, V. da S. (2015). Cidade: produção de espaços, formas de controle e conflitos. Revista de Ciências Sociais: RCS Fortaleza, v. 46, n. 1, pp. 15-41.

TELLES, V. da S. (2020). Apresentação: Figurações da "guerra urbana": Perspectivas Rio de Janeiro-São Paulo. Novos Estudos CEBRAP. São Paulo, v. 38, pp. 521-527.

VALLADARES, L. do P. (2005). A invenção da favela: do mito de origem a favela.com Rio de Janeiro, FGV.

VIANA, R. S. L. (2019). Deslocadas internas: violência urbana como vetor de mobilidade no estado. Dissertação de mestrado. Fortaleza. Universidade Estadual do Ceará.

WEBER, M. (2000). Economia e sociedade, v. 1. Brasília, Editora Universidade de Brasília.

ZALUAR, A. (2012). A máquina e a revolta Rio de Janeiro, Brasiliense.

Publicado

2024-10-16

Como Citar

Paiva, L. F. S., Moraes, S. S. de, & Pinheiro, V. . (2024). Os efeitos sociais do crime na dinâmica de Fortaleza, Ceará, Brasil. Cadernos Metrópole, 26(61), e6164807. Recuperado de https://revistas.pucsp.br/index.php/metropole/article/view/64807